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IvanRicardo
Registado em: Domingo, 2 de Março de 2008 Mensagens: 152 Localização: Gravatá-PE
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Enviada: Qui Mar 26, 2009 9:38 pm Assunto: Por que você não gosta de Brahms? Você é louco? |
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A primeira vez que me impressionei com a música de Brahms foi há uns dez anos (hoje tenho vinte e oito) quando li numa entrevista de um jornal: o repórter perguntou ao artista plástico pernambucano Francisco Brennand qual seus três compositores favoritos. Ele respondeu: Brahms, Brahms e Brahms.
Na realidade, conheci a música dele faz só dois anos, mas aquela tacada de Brennand me impressionou demais. Como alguém poderia excluir Beethoven, Bach ou Mozart dos três primeiros lugares? Claro que a resposta de Brennand tinha um ar brincalhão, mas no fundo no fundo, foi muito séria.
Se Beethoven é o melhor exemplo de evolução artística, Brahms é um exemplo perfeito de artista que já nasce maduro. Considero um absurdo incluir o nome dele ao lado de Chopin, Schumann ou Liszt como nomes principais do romantismo. Na realidade, Brahms deveria fazer parte de uma lista que só coubesse o nome dele.
O fato é que Brahms começou a ser gerado uns vinte anos antes de nascer, ali dentro do quarteto op. 95 "Serioso" de Beethoven. Hoje considero que o trio BBB (Bach, Beethoven e Brahms, nada de Big Brother Brasil, por favor) corresponde a nove décimos daquilo que chamamos arte musical. Pode parecer exagero, mas tem muita coisa dentro da obra de Brahms que merece ser conhecido.
Detesto falar de movimentos isoladamente, mas o "rondó alla zingarese" do quarteto op.25 ou o scherzo do trio op.34, só pra citar dois exemplos, me fazem pensar "p. q. p. onde Brahms achou isso daí?"
A música de Brahms é extremamente equilibrada e expressiva. Apaixonante é o melhor termo. Uma fonte quase inesgotável de idéias. Praticamente não há nada que pudesse ser descartado. Posso estar redondamente enganado, mas acredito que no futuro, mesmo que este demore mil anos, a música de Brahms será vista como superior que a de Mozart. Ele merece demais o título de sucessor de Beethoven. Tá certo que ele não conseguiu superar Bach, nem era esse seu propósito, mas está muito, mas muito longe mesmo, do quarto colocado.
Por que você não gosta de Brahms? Você é louco? Ou você não o conhece?
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(berber)
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 468 Localização: California
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Enviada: Seg Mar 30, 2009 7:23 pm Assunto: |
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E a terceira sonata para piano, alem das sonatas com cello sao lindas. isso sem falar no concerto para piano (n. 1).
Brahms e' tao intenso que assusta algumas pessoas.
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Vitinho
Registado em: Sexta-Feira, 3 de Novembro de 2006 Mensagens: 105
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Enviada: Sex Abr 10, 2009 10:42 pm Assunto: |
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Acho que sou louco... não gosto de Brahms.
Mas, quem sabe algum dia, eu consiga gostar da obra dele.
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IvanRicardo
Registado em: Domingo, 2 de Março de 2008 Mensagens: 152 Localização: Gravatá-PE
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Vitinho
Registado em: Sexta-Feira, 3 de Novembro de 2006 Mensagens: 105
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Enviada: Seg Abr 13, 2009 11:18 pm Assunto: |
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IvanRicardo:
Vou procurar esses movimentos para ouvir sim. Quem sabe eu comece a gostar dele.
É que até mesmo o concerto para violino, que é uma obra "básica" e que seria mais fácil de gostar (sou violinista), eu ainda assim não consigo ser tão fã. Para mim, não está no meu "top melhores concertos para violino".
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Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
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IvanRicardo
Registado em: Domingo, 2 de Março de 2008 Mensagens: 152 Localização: Gravatá-PE
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Enviada: Qua Abr 15, 2009 6:22 pm Assunto: |
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As danças húngaras, Alexandre, são uma boa pedida. Mas o Brahms criador mesmo, genial de verdade, não estão nelas não, mas na sua música camerística e vocal.
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Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
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Enviada: Qua Abr 15, 2009 8:42 pm Assunto: |
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Ivan, eu já acho que a genialidade dele está em tudo, nas sinfonias e concertos também, aliás coincidentemente tenho ouvido e visto bastante o vídeo abaixo do concerto para violino com o Isaac Stern, já conhecia algumas gravações deste concerto com outros intérpretes, mas esta com o Stern, para mim tem sido a melhor. Sei que o assunto do tópico não é de gravações e sim da obra propriamente dita, mas gravações como esta não tem como deixar de compartilhar:
http://www.youtube.com/watch?v=7sv70HzqloQ
http://www.youtube.com/watch?v=ft31r8hA_c8
http://www.youtube.com/watch?v=oykarLuFoS8
Infelizmente só tem o 1º movimento, mas já estou encomendando o CD com o concerto inteiro.
abçs
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Paulo Egídio
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 155 Localização: Maringá/PR
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Enviada: Qui Abr 16, 2009 9:49 am Assunto: |
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Alexandre escreveu: |
Ivan, eu já acho que a genialidade dele está em tudo, nas sinfonias e concertos também, aliás coincidentemente tenho ouvido e visto bastante o vídeo abaixo do concerto para violino com o Isaac Stern, já conhecia algumas gravações deste concerto com outros intérpretes, mas esta com o Stern, para mim tem sido a melhor. Sei que o assunto do tópico não é de gravações e sim da obra propriamente dita, mas gravações como esta não tem como deixar de compartilhar:
http://www.youtube.com/watch?v=7sv70HzqloQ
http://www.youtube.com/watch?v=ft31r8hA_c8
http://www.youtube.com/watch?v=oykarLuFoS8
Infelizmente só tem o 1º movimento, mas já estou encomendando o CD com o concerto inteiro.
abçs |
Caríssimo, Stern é sem dúvida o mais fabuloso intérprete do concerto e de todas as obras violinísticas de Brahms: Sonatas, trios, quarteto com piano... as mais belas gravações dos sextetos são as duas que ele fez. Existe um vídeo do concerto de 60 anos dele, em que ele toca o concerto na segunda parte, com Mehta e a NYPh. É fabuloso... talvez seja o que você postou, não sei.
Meu ex-professor de violino, ainda lúcido aos quase 89 anos, não gosta e nunca gostou da obra sinfônica de Brahms. Acho uma loucura dele, mas ele sustenta isto com argumentos muito bons. E usa os mesmos argumentos pra considerar a música de câmara de Brahms um dos ápices da história da música, com o que concordo (viu, Ivan?). Mas eu sou louco pela sua música sinfônica também, particularmente a 4ª sinfonia, que vou tocar de novo este ano...
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Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
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Enviada: Qui Abr 16, 2009 1:14 pm Assunto: |
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A 4ª realmente é muito linda, muitos falam da 1º, inclusive apelidaram-na de a "10ª de Beethoven", mas gosto mais da 4ª.
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Já comentei isso aqui, mas vai de novo:
O Sarasate também era "louco", não gostava do concerto de Brahms, pois dizia que o interprete era obrigado ficar em pé assistindo o oboé desenrolar a única melodia de toda a obra!
Eu já não gosto do duplo de Brahms, já ouvi com Oistrakh, Heifetz, Kremer..., mas não tem jeito!
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IvanRicardo
Registado em: Domingo, 2 de Março de 2008 Mensagens: 152 Localização: Gravatá-PE
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Enviada: Qui Abr 16, 2009 10:49 pm Assunto: |
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Poxa, Paulo Egídio, fiquei curioso para saber quais os argumentos de seu professor Mas a música sinfônica (orquestral, melhor dizendo) incomodava o próprio Brahms, que achava que a música mundial estava se tornando uma grande massa sonora, ao invés de priorizar a precisão camerística. De fato, num âmbito de mais de trezentas obras, não contamos mais de 13 peças estritamente orquestrais desse compositor hamburguês. Mas eu digo uma coisa: onde Brahms botava a mão...
Quanto a você, Alexandre, é só uma questão de tempo. A música de Brahms não é mole não. É pesada, densa, exige muita concentração e dedicação. Às vezes tenho até medo.
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Amancio
Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 1102 Localização: Curitiba-PR
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Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
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Enviada: Sex Abr 17, 2009 12:01 pm Assunto: |
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Obrigado pela dica Amancio!
Vou colocar na minha lista, difícil não gostar de alguma coisa com o Szeryng, não é mesmo? Do Starker não tenho nada ainda, mas já ouvi falar muito bem dele também!
abçs
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Paulo Egídio
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 155 Localização: Maringá/PR
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Enviada: Sex Abr 17, 2009 4:08 pm Assunto: |
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Compadre Amancio, eu sou suspeito pra falar destas gravações, assim vamos deixar pelo comentário do Alexandre, ok?
Só me permita, caro Alexandre, mesmo endossando a maravilha da gravação Szeryng/Starker/Haitink: Se você não gosta do movimento lento de Kremer/Maiski/Bernstein, acho difícil gostar de qualquer outra gravação.
E eu gosto muito do Aaron Rosand, mas as sonatas pra piano e violino com Stern/Zakin (ou Stern/Bronfman ao vivo, por mais que o Stern aos 71 anos já não fosse o mesmo) ou Szeryng/Rubinstein são de outro patamar, cada qual ao seu modo: Szeryng leeeeeeeeeeeento, Stern rapidíssimo.
Pra quem gosta de gravações ao vivo: Francescatti/Casadesus. Violentamente rápidos e, pasme, impiedosamente elegantes. Se fosse um corredor, Zino Francescatti correria os 100 metros rasos de terno, sem suar, e bateria o recorde mundial.
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Ivan,
Meu velho professor de violino diz que a música orquestral de Brahms é densa demais, que não se consegue acompanhar auditivamente tudo que acontece em cada momento. Eu diria que ele a acha "massuda", de excesso de "massa".
Eu vou sempre ser uma fagulha do que este velho foi, aluno de um aluno de Ysaye, fabuloso violinista, com uma formação musical sólida em análise, harmonia, contraponto, composição. Humildemente eu me permito discordar dele nisto, mas não há como negar a coerência com a qual - ouvindo gravações, parando o disco no meio pra voltar e chamar a atenção em certos trechos - ele coloca as coisas.
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Ricardovsky
Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 697 Localização: Teresópolis - RJ
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Enviada: Sex Abr 17, 2009 10:45 pm Assunto: |
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Caro Paulo Egídio,
É, realmente, eu não consigo entender seu professor ao achar isso acerca de Brahms, contudo é bem provável que eu até hoje nunca tenha conseguido ouvir satisfatoriamente Bruckner por causa exatamente disso que seu mestre violinista falou. Bruckner, para meus pobres ouvidos, cria uma massa orquestral tão densa que me impede, por vezes, de adentrar na melodia. Se permite uma símile de quem não domina a teoria musical, sinto a orquestração bruckneriana como um muro que me separa da beleza da obra, que sei que existe. Mas, curiosamente, não sinto isso em Brahms (adoro sua orquestração, especialmente seu uso dos metais (será que é isso que incomoda o seu professor?)), nem em Wagner (apesar de Bruckner ser, segundo os musicólogos, o que mais se poderia esperar de um Wagner sinfonista) e nem em compositores modernos que usam orquestras imensas, como Prokofiev ou Messiaen.
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