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Por que você não gosta de Brahms? Você é louco?
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Sarastro



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Sáb Abr 25, 2009 11:33 pm    Assunto: Responder com Citação

Ricardovsky,

gostaria muito de ler as opiniões do Paulo Egídio e do Amancio a respeito de Verhey e Starker, respectivamente. Meus ouvidos apontaram o seguinte: a violinista não é, tecnicamente, de primeiro escalão (refiro-me a Stern e Oistrakh, pelo que é possível concluir que não é demérito algum não pertencer ao primeiro escalão); Starker é superior a Ma. Gostei da interpretação dos dois, principalmente do entrosamento, algo "camerístico", por assim dizer. Eles dialogam muito bem.
A orquestra faz milagres por meio das mãos do subestimado Arpad Joo. Digamos que ele obtem resultados bem melhores, comparativamente, do que os obtidos por Abbado em uma orquestra bem mais renomada.
Todavia, ainda estou em busca de uma gravação "top de linha": violinista de primeiro escalão, cellista idem, orquestra e regentes ibidem. Vou reler as mensagens dos colegas especialistas no concerto e selecionar uma nova gravação, a ser adquirida juntamente à Canção da Terra com Wunderlich e Klemperer que o Amancio já recomendou.

Saudações Brahmsianas.



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Laura



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MensagemEnviada: Dom Abr 26, 2009 2:22 pm    Assunto: Responder com Citação

Oistrach&Fournier&Philharmonia& Alceo Galliera (Gravação de 1956).


Tenho em K7 (EMI), gravação mais bela que eu já ouvi desse concerto..


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Amancio



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Seg Abr 27, 2009 9:26 am    Assunto: Responder com Citação

Sarastro escreveu:
gostaria muito de ler as opiniões do Paulo Egídio e do Amancio a respeito de Verhey e Starker, respectivamente. Meus ouvidos apontaram o seguinte: a violinista não é, tecnicamente, de primeiro escalão (refiro-me a Stern e Oistrakh, pelo que é possível concluir que não é demérito algum não pertencer ao primeiro escalão); Starker é superior a Ma. Gostei da interpretação dos dois, principalmente do entrosamento, algo "camerístico", por assim dizer. Eles dialogam muito bem.

Sarastro amigo, infelizmente pouco poderei contribuir. Não ouvi gravações suficientes do Starker para me sentir à vontade para falar dele; mas posso dizer que, do pouco que ouvi, ele pertence sim ao primeiro escalão. Som cheio, agudos firmes, vibrato envolvente. Da Emma Verhey, nunca ouvi nada (pelo menos por enquanto; creio que os concertos para violino de Mozart da caixa da Brilliant são com ela).


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Paulo Egídio



Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Seg Abr 27, 2009 2:33 pm    Assunto: Responder com Citação

Ela é uma violinista competente que não se compara com as lendas às quais estamos acostumados.

Já Starker é um "top ten" do século XX. Tinha um tipo de som que desagrada algumas pessoas, mas foi um monstro.


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IvanRicardo



Registado em: Domingo, 2 de Março de 2008
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MensagemEnviada: Seg Abr 27, 2009 7:27 pm    Assunto: Responder com Citação

Paulo Egídio escreveu:
Ela é uma violinista competente que não se compara com as lendas às quais estamos acostumados.

Já Starker é um "top ten" do século XX. Tinha um tipo de som que desagrada algumas pessoas, mas foi um monstro.


Inclusive eu acho, embora minha opinião não valha muito, que as melhores gravações das Sonatas para Violino e Piano Nº 7, 8 e 9 (Kreutzer) de Beethoven são da dupla Emmy Verhey e Carlos Moerdjik. Ela é a violinista mulher que mais me agradou. Muito superior, inclusive, a Anne-Sophie Mutter.


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Paulo Egídio



Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Ter Abr 28, 2009 1:10 pm    Assunto: Responder com Citação

IvanRicardo escreveu:
Paulo Egídio escreveu:
Ela é uma violinista competente que não se compara com as lendas às quais estamos acostumados.

Já Starker é um "top ten" do século XX. Tinha um tipo de som que desagrada algumas pessoas, mas foi um monstro.


Inclusive eu acho, embora minha opinião não valha muito, que as melhores gravações das Sonatas para Violino e Piano Nº 7, 8 e 9 (Kreutzer) de Beethoven são da dupla Emmy Verhey e Carlos Moerdjik. Ela é a violinista mulher que mais me agradou. Muito superior, inclusive, a Anne-Sophie Mutter.


Ouça Kyung Wha-Chung, se quiser ficar só com quem está vivo.

Se formos olhar pra trás, nossa... Santa Neveu, rogai pelos fãs de Emma Verhey. Very Happy

Ainda que, de fato, a gravação da Anne-Sophie pras sonatas de Beethoven seja estranha...


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IvanRicardo



Registado em: Domingo, 2 de Março de 2008
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MensagemEnviada: Qua Abr 29, 2009 12:10 am    Assunto: Responder com Citação

Sarastro escreveu:


Todavia, ainda estou em busca de uma gravação "top de linha": violinista de primeiro escalão, cellista idem, orquestra e regentes ibidem.


Sarastro, esqueça isso. Gravação "top de linha" é a gravação que você mais gostar e acabou. Por exemplo, o Concerto para Violino de Beethoven com Heifetz, o Trio op.1 nº 3 com Beaux Arts Trio, ou a Appassionata com Backhaus. Essa coisa de nome, instrumentista de primeiro escalão, é pura balela. Uma coisa é ser virtuose, outra coisa é ter a capacidade de extrair beleza de uma partitura. Às vezes a melhor gravação foi feita pelo zé mané da esquina e você não sabe. Entre as duplas Oistrakh-Oborin, Szeryng-Haebler, Kremer-Argerich e Verhey-Moerdjik qual a pior? Pois nenhuma delas conseguiu exprimir uma Kreutzer com tanta beleza e expressividade quanto a última dupla. E aí?
Ouça tudo o que puder e escolha a que você achar melhor. Teu ouvido e teu coração vão agradecer. Tem gente que endeuza demais certos nomes, eu acho isso uma bobagem tremenda.
Quer um conselho? ouça o Concerto Duplo com Szell-Oistrakh-Rostropovich, é uma gravação estupenda, e, coincidentemente, com grandes nomes. Mas lembre-se de uma coisa: nem sempre grandes nomes fazem grandes gravações.


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Sarastro



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Qua Abr 29, 2009 7:33 am    Assunto: Responder com Citação

Meu prezado Ivan, trata-se de estatística: a probabilidade de uma gravação com cabeças coroadas ser mais bem sucedida é maior do que quando se utilizam artistas menos renomados. Não se trata de balela ou endeusamento.

Há nomes inquestionáveis - Oistrakh, Stern (não na velhice, quando gravou muito com menor qualidade), Rostropovich, Fournier, Klemperer, Rubinstein, Kempff, etc. que via de regra protagonizaram gravações de alta qualidade. São nomes que invariavelmente tem algo a dizer, algo que artistas menos capacitados não disseram ou apenas insinuaram.

Isso é uma regra em toda a espécie humana - sempre haverá aqueles que mais se destacam em determinada área. Isso é fato. Paulinho e Gil contribuiram, e muito, para o Fluminense, mas não podem ser comparados a Rivelino, Romerito ou a Assis.

Não quero dizer com isso que minha cedeteca só contempla medalhões. Muito pelo contrário - sou um ávido cliente da Brilliant e da Naxos, gravadoras que investem em nomes menos conhecidos. E vez por outra aparece alguém que nos surpreende, como o Nicol Matt (regente utilizado pela Brilliant em diversas obras sacras de Mozart), o já citado por mim Arpad Joo (ótimo maestro húngaro, que não faz feio ao lado dos conterrâneos Szell, Ormandy, Reiner, etc.), a própria Verhey (gosto dela nos concertos de Bach, com a também desconhecida Camerata Antonio Lucio), Jando, Bela Drahos e tantos outros.

Saudações Brahmsianas.



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Amancio



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MensagemEnviada: Qua Abr 29, 2009 9:04 am    Assunto: Responder com Citação

IvanRicardo escreveu:
Uma coisa é ser virtuose, outra coisa é ter a capacidade de extrair beleza de uma partitura. Às vezes a melhor gravação foi feita pelo zé mané da esquina e você não sabe.

Ivan, vc chegou a conhecer o finado site Allegro.com? Lá no fórum havia uma curiosa figura que dizia que as melhores gravações dos Concertos para Violino e Orquestra de Mozart eram as com Iwan Popov, Henry Adolph e a Camerata Slavonica, que gravavam aqueles CDs estranhos para a MoviePlay. Os amigos com mais de 10 anos de praia em CD vão lembrar bem desses nomes. Hoje todos nós sabemos que estes artistas nunca existiram; as gravadoras contratavam músicos do leste europeu para fazer estas gravações, ou até mesmo conseguiam gravações sem o registro do nome dos artistas, e aí "batizavam" os músicos com um nome genérico e lançavam no mercado.

Voltando ao assunto anterior, pergunto: a gravação que vc mais gosta é, por acaso, a primeira que vc ouviu daquela obra? Ou nem sempre? Ou é a que foi gravada mais recentemente? (já conheci pessoas com medo de chiados e estalos)


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Pádua Fernandes



Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Qua Abr 29, 2009 1:59 pm    Assunto: Responder com Citação

Sarastro escreveu:


Não quero dizer com isso que minha cedeteca só contempla medalhões. Muito pelo contrário - sou um ávido cliente da Brilliant e da Naxos, gravadoras que investem em nomes menos conhecidos. E vez por outra aparece alguém que nos surpreende, como o Nicol Matt (regente utilizado pela Brilliant em diversas obras sacras de Mozart) [...]


Concordo. As interpretações de Brahms (que escreveu peças bem difíceis para coro a cappella, e muito lindas - esse compositor também era genial nesse campo) do Chamber Choir of Europe regidas por Nicol Matt são, em geral, fantásticas. E também as dos coros do Mendelssohn.


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IvanRicardo



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MensagemEnviada: Qua Abr 29, 2009 7:50 pm    Assunto: Responder com Citação

Antes de mais nada, peço desculpas pela grafia errada da palavra endeusa, foi mal (obrigado Sarastro!).

Amigo Amancio, vamos lá. Conheci pouquinho do excelente Allegro. Cheguei a me cadastrar, mas logo depois ele virou pornografia, culpa minha, talvez. Sou uma espécie de ouvinte inconformado (eu acho que todos nós aqui somos assim), sempre em busca da gravação ideal. Ao ouvir uma obra, sempre penso que alguém fez melhor, então eu corro e ouço mais. Gosto muito de comparar gravações, para tentar entender todas as possibilidades da obra.

Possuímos uma personalidade musical, e por isso temos certa afinidade com alguns modos de execução. De maneira geral, prefiro obras executadas com maior rapidez, mas isso não é regra. Priorizo a clareza, a força expressiva, o respeito à partitura, mas fundamentalmente a beleza. Incomoda-me realmente os chiados e estalos, pois interferem na clareza do som. Há uma tendência natural que escolhamos a primeira gravação que ouvimos, pois escutando-a várias vezes acabamos condicionando nossos ouvidos e cérebro para aquele modo de demonstração da obra. Não caio nessa armadilha orgânica. Poucas vezes a primeira é a minha preferida, é o caso do Concerto Triplo com Karajan, Rostropovich e Cia.

Pois é isso.


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Sarastro



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MensagemEnviada: Qua Abr 29, 2009 11:49 pm    Assunto: Responder com Citação

IvanRicardo escreveu:
Incomoda-me realmente os chiados e estalos, pois interferem na clareza do som.


Nesse sentido, tenho meus dias de saudosista - como fui criado na era do vinil, os "clicks & pops" nem sempre me desagradam.
Pefiro ouvir uma "sonzeira", e isso é particularmente importante em compositores que trabalham com maiores massas sonoras, como Mahler e Bruckner. Mas isso não é uma regra absoluta. Um dos meus CDs preferidos é uma cópia de um vinil que fizeram para mim de um discos do David Munrow, que apresenta alguns simpáticos estalos.



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[Mário]



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MensagemEnviada: Qui Abr 30, 2009 12:54 am    Assunto: Responder com Citação

Olá pessoal!

Depois de um longo inverno, estou de volta, pelo menos por um instante.

Apenas pra dizer que apesar de conhecer pouco de sua obra, Brahms cada dia mais me conquista com ela. Eu sou apaixonado pelos intermezzos pra piano (não que eu conheça apenas isso, hehe Laughing )

Desculpe minha ausência, mas pelo menos no momento está um pouco difícil de participar ativamente aqui, espero ser um membro ativo novamente, em breve.

[]s aos colegas prestonautas Very Happy


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Amancio



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MensagemEnviada: Qui Abr 30, 2009 8:47 am    Assunto: Responder com Citação

Legal, Ivan! Posso não concordar contigo, mas vejo que vc tem coerência na escolha das gravações. Wink


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Paulo Egídio



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MensagemEnviada: Qui Abr 30, 2009 11:18 am    Assunto: Responder com Citação

Pois é, Ivan.

A indireta possivelmente foi pra mim, e até te devo desculpas pela brincadeira que pode não ter transparecido assim no meu úlitmo post. Antes de eu tentar opinar, deixa eu te contar umas coisas:

1) Tenho um amigo, professor de violino de uma UF, que estudou fora do país. Quando ele estava terminando o mestrado fez, pra ele, uma gravação em estúdio da sonata 1 de Bach pra violino solo. Fez com todos os recursos da época, ou seja, quase 30 anos atrás e, se você ouve, diz que o cara é um monstro, um violinista de primeira linha, quando ele é um cara comum, que evidentemente toca bem, mas nada que faria você viajar 500 km pra assistir.

2) Tem uma orquestra mequetrefe aqui no sul do Brasil que grava CDs com frequência. A qualidade da orquestra é mediana mas, graças aos recursos de estúdio usados na mixagem, o som dos CDs é lindo. Neste caso fica algo artificial porque precisa de uma pletora de recursos (risos), mas engana muito bem.

Ivan, engenharia de som hoje é algo que beira as raias do absurdo. Em música popular - infelizmente, erudita também - é comum corrigir-se desafinação de algum instrumentista ou cantor no estúdio, sem necessidade de regravação.

Por vezes isto gera exageros desnecessários, coisas de engenheiros e/ou músicos malucos: Shlomo Mintz é um baita violinista, dos maiores hoje, e não precisava ter gravados os 24 caprichos de Paganini com tantas emendas, em alguns casos quase nota por nota, em nome de uma limpeza de som que ele não tem ao vivo, segundo mais de um amigo que teve a oportunidade de vê-lo me contou. O extinto Quarteto de Cleveland também não precisava de uma sonoridade de estúdio tão artificial, eram todos grandes músicos e usavam 4 stradivaris.

Então, acreditar em gravações modernas é, na maioria das vezes, acreditar em fotos de photoshop. Muito lá não é real. Emma Verhey é uma virtuose, estudou com gente graúda, foi finalista do Tchaikovsky, mas a sonoridade das gravações te fazem superestimá-la. Para um viciado em perfeição de estúdio, valorizar a Kreutzer dela em relação à do Szeryng com a Haebler parece natural, mas estes naquela gravação utilizaram - propositalmente - microfones muito distantes, e talvez haja algum demérito na mixagem final das gravações. Quase tudo que Oistrakh gravou foi mal gravado, soa distante, afinal ele vivia no leste europeu comunista. E há tanta gente que não gosta do Kremer quanto que gosta. Já pra quem quer ouvir sonzão na caixa recomendo ouvir a Kreutzer ao vivo do Szeryng com Grafmann, que é a melhor dentre as cerca de 25 gravações que eu tenho. E não porque parece que tem um microfone dentro do violino, mas porque eles tocam muuuuuuuuito rápido e num vigor incrível, e não é comum ouvir o Szeryng tocando no limite da velocidade. Então eu gosto pelo meus motivos, mas você ia adorar pelos seus.

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Então, Ivan, não me entenda mal. Eu estou pegando no teu pé, sim, estou te provocando, sim, mas a intenção é boa.

O que eu discuto é: Qual o critério pra avaliar gravações? A quantidade de "Photoshop" que elas têm? Daí, fique à vontade, mas saiba que está apreciando algo que na maioria das vezes não existe.

Você sempre poderá dizer que "gosto não se discute", mas se discute, sim, desde que existam critérios para tanto. Quer um critério? Tio Menuhin me ajuda: Ele diz naquele DVD "The Art of Violin" que a gigantesca maioria dos violinistas hoje possuem um vibrato. Como a gente brinca, as nuances hoje são duas: "Ligado" e "desligado". Ele fala isto para enfatizar a gama impressionante de nuances do Enescu, mas faz a gente pensar. O vibrato é um movimento que muito facilmente - mesmo entre grandes violinistas - vira algo mecanicamente meio sem controle. E é um recurso tão importante que um violinista do porte do Salvatore Accardo, por ter um vibrato estranho, tem um som considerado sem graça por muita gente, apesar de timbristicamente ser lindo.

Veja os professores da Verhey: Hermann Krebbers e Wolfgang Schneiderhan, dois maravilhosos violinistas, spallas de grandes orquestras. E estudou um ano com David Oistrakh, que foi um monstro. Os três tinham muito mais nuances de vibrato do que ela.

Agora, isto é um mal da atualidade: Perlman, Zuckerman, Mintz, violinistas fenomenais, têm poucas nuances de vibrato. Já Gidon Kremer tem mais do que Oistrakh, seu maravilhoso professor.

Que diferença faz?

Eu não bebo álcool então a comparação fica forçada, mas meu professor compara a apreciação do som com a apreciação de vinhos. Há quem prefira vinhos com menos toques disto e daquilo, mas estes não são os enólogos. Quem procura conhecer *realmente* vinhos tem que apurar o paladar a ponto de reconhecer uma gama enorme de notas de aroma e olfato, diferenciados e sutis.

Então, reconhecer as nuances absurdas de timbre e vibrato de um Heifetz (que tem gravações que dá a impressão de que, em 3 compassos, ele muda de violino 5 vezes), Oistrakh, Milstein ou Kremer faz com que apreendamos melhor a profundidade com que eles visualizam uma música. Educa o nosso ouvido, como enólogos educam olfato e paladar.

Eu sei que escrevi e sempre escrevo demais, mas é que minhas posições não são baseadas em "acho" isto ou aquilo. Eu pensei muito pra chegar nelas, abandonei coisas pelo caminho e incorporei outras. Assim, entenda minhas brincadeiras como provocações, sim, mas tenha a certeza de que está deixando de aproveitar boa parte do melhor da música por conceitos ilusórios.

Abraço.


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