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Laura
Registado em: Sábado, 4 de Novembro de 2006 Mensagens: 1021 Localização: São Paulo - Brasil
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Enviada: Dom Fev 11, 2007 2:55 pm Assunto: |
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ZpinoZ escreveu: |
Laura,
Um melhor título, com base na extensão do filme, poderia ser: “Tudo Que Eu, Luchino Visconti – Il Conte Rosso, Tenho Para Dizer Sobre Ludwig II - Re di Baviera”.
No entretanto, quando quem tem algo a dizer é Il Conte Rosso, vale a pena se deleitar com o discurso traduzido em imagens. Muitos poucos diretores têm a autoridade e competência de Visconti para recomposição de época. O conhecimento e a sensibilidade dele são tão certeiros e precisos que mesmo a dinâmica da narrativa é transformada e adaptada às limitações do que foi possível reconstituir. Mais ainda, ele transcende estas restrições e usa dessa manobra para injetar nas seqüências um certo distanciamento, respeitoso e elegante, que o olhar outrora já teve.
Se pensarmos na cena da destituição de Ludwig. Os homens severamente vestidos de preto com os alados guardas-chuva negros, esperando obstinadamente sob a chuva renitente. O ritmo moroso e resignado, o enquadramento distanciado e reflexivo (e convenientemente embaralhado para facilitar a reconstituição). Tudo isso pouco a pouco vai umedecendo nossa sensibilidade e sedimentando a verossimilhança.
Similar, porém com outro objetivo e muito mais perfeccionista, só Kubrick, em Barry Lyndon, que se persignou em reproduzir e capturar até a iluminação artificial usada no tempo do romance. Sem contar os enquadramentos baseados no retângulo áureo, fotografados com as cores de Corot.
Também, a leitura que Luchino faz da vida de Ludwig é intrigante, remete ao Calígula de Camus. Ou seja, a discussão do poder absoluto como o mais eficaz dos alucinógenos. Curioso é que todos aqueles adictos do pleno poder elegem alguém como referencia, como baliza, como interlocutor e árbitro de seus atos perante a História. Nero escolheu Petrônio (por isso Arbiter); Nicolau II, Rasputin; Ludwig, para sorte de nós que gostamos de música, Wagner.
Ricardovsky já disse: “Esse Wagner, na minha opinião, é a melhor interpretação que já vi de um compositor.” Eu complemento: que dupla! Wagner (Trevor Howard) e Cosima (Silvana Mangano) mais von Bulow para atrapalhar! Visconti tece tão bem as inter-relações entre o trio que a gente acaba convencido de que os sentimentos e emoções que perpassavam o triângulo só poderiam ser exatamente aqueles mostrados na tela.
Relembro, apesar de terem demasiadas coisas em comum, era somente a visão de Visconti sobre Ludwig. Na Alemanha, sobretudo os bávaros, me diziam: se você quer conhecer Ludwig, leia a Historia, não acredite no filme.
Sobre as músicas, você entende mais que eu.
Z |
Pois essa msg me inspirou e comprei o DVD. Será o programa de hoje à noite.
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ZpinoZ
Registado em: Sexta-Feira, 24 de Novembro de 2006 Mensagens: 600 Localização: São Paulo
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Enviada: Seg Fev 12, 2007 1:51 pm Assunto: |
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Puxa,
Estou aprensivo com tanta responsabilidade.
Espero muito que goste o tanto que eu gostei.
E, depois, fale-nos sobre a música.
Z
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Ricardovsky
Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 697 Localização: Teresópolis - RJ
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Enviada: Ter Fev 13, 2007 3:09 pm Assunto: |
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Laura,
Sem querer contar o filme, mas dizendo uma coisinha: a cena em que Cosima é acordada, em seu aniversário, por uma pequena orquestra regida por Wagner, é de arrepiar. A música, se não me falha a memória, é o Idílio de Siegfried. Momento mágico da história do cinema. Acho que nem o próprio Wagner conseguiria ser tão Wagner.
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Pádua Fernandes
Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006 Mensagens: 1229 Localização: São Paulo
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Enviada: Ter Fev 13, 2007 10:55 pm Assunto: |
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Ricardovsky escreveu: |
Laura,
Sem querer contar o filme, mas dizendo uma coisinha: a cena em que Cosima é acordada, em seu aniversário, por uma pequena orquestra regida por Wagner, é de arrepiar. A música, se não me falha a memória, é o Idílio de Siegfried. Momento mágico da história do cinema. Acho que nem o próprio Wagner conseguiria ser tão Wagner. |
Isso mesmo. O Idílio de Siegfried (minha obra preferida de Wagner) foi um presente para Cosima.
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