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Sarastro
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 900 Localização: Brasil
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Enviada: Seg Dez 18, 2006 6:51 pm Assunto: |
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Quem não daria muito caldo para um filme seria Haydn. Fora os encontros com Mozart, a agitada travessia do Canal da Mancha e a estréia de "A Criação", só veríamos longas temporadas em Esterhaza.
Eu já assisti a um filme sobre Alma Mahler (interessante) e sei que há um sobre Gesualdo. Amadeus é divertido, com todos aqueles senões - e olha que são muitos. Ao da Amada Imortal só assisti uma vez, e lembro que não gostei.
_________________ Va, pensiero, sull'ali dorate...
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Spartaco
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 908 Localização: São Paulo - SP
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Enviada: Seg Dez 18, 2006 6:59 pm Assunto: |
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Em matéria de filmes sobre compositores, os roteiros estão longe de ser precisos; além daqueles mencionados, gostaria de lembrar "À Noite Sonhamos" (A Song to Remember) - Chopin, e "Sonho de Amor" (Song without End) - Liszt.
Assim, pelo visto, continuaremos a ter filmes que passam longe da história.
Um abraço a todos.
_________________ Spartaco Carlos Nottoli
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(berber)
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 468 Localização: California
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Enviada: Seg Dez 18, 2006 8:01 pm Assunto: |
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Bosco escreveu: |
Só o processo musical (muitas vezes puro chute do autor) é que realmente deve fascinar o leitor (e ouvinte).
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Puro chute de quem? Do Beethoven?
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Leonardo T. de Oliveira
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 448 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Seg Dez 18, 2006 8:07 pm Assunto: |
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Eu concordo totalmente com essa sua "preocupação biográfica", Bosco. Na verdade dispenso quase que cegamente biografias que não são escritas em função da "carreira" do biografado. Acho que esse eixo é fundamental pra dividir a fofoca da relevância. E não que fofoca não seja divertida..., como as anedotas que todo mundo lê com tanto interesse... Mas em termos de "relevância" é isso mesmo.
...porém..., como topo, como lugar-comum, a vida de Beethoven insinuou a exploração desses temas. Por isso prefiro dizer - e acho que a biografia do Maynard Solomon confirma muito bem - que foi uma vida facilmente romantizável sim, em todos os sentidos que nos restam.
E Sarastro,
Foi bem o que eu também lembrei com o Bruno. rsrs... Haydn ficou lá enclausurado num castelo, com uma ou outra viajada, e não fez de mais nada... Mendelssohn também, e há quem ouse pensar nisso ao fazer reclamações mais sérias sobre sua música.
_________________ Leonardo T. Oliveira
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Bruno Gripp
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 725 Localização: Belo Horizonte
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Enviada: Seg Dez 18, 2006 11:19 pm Assunto: |
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Wagner daria uma boa para uma leitura musical do Fausto, mais do que Schoenberg.
Wagner no teatro, ouvindo Don Giovanni, a cena do Jardim, aí de novo em sua casa, ao piano, compondo Das Liebesverbot, insatisfeito com uma progressão ele levanta do piano, joga a pauta no chão e murmura "eu podia ser assim". Volta ao piano e toca uns acordes, logo consiguimos reconhecer que são os primeiros compassos de "Ecco ridente in cielo", a música para no meio e ele encosta a cabeça no piano. "Nein, nein nein!". Logo em seguida, a câmera na altura do chão, aparece uma pessoa, focalizando bem os pés e a parte de baixo da perna, é uma bota preta, esta pessoa se aproxima de Wagner ao piano, veste uma capa preta também.
"Eu vi você tocando, bela música"
"mas não é minha"
"e de quem é?"
"Mozart, Rossini, Beethoven, mas nunca minha, eu não sou capaz de nada"
"o senhor é muito jovem, lhe resta muito tempo ainda na vida"
"que tempo? Na minha idade, todos eles já tinham composto algo de relevância e eu "suspira" eu sou um nada, nem capaz de tocar a porcaria desse instrumento eu sou!"
"calma meu jovem, algum dia você talvez consiga algo"
Wagner olha para o piano pensativo, toca mais dois acordes (Si e Fá, o trítono, "Diabolus in musica" importante notar que si-fá é um dos temas de Hagen, se não me engano, no Anel) "mas como?"
Só que quanod se vira, não há mais ninguém.
"
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Pádua Fernandes
Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006 Mensagens: 1229 Localização: São Paulo
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Enviada: Ter Dez 19, 2006 12:01 am Assunto: |
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Bruno, continue o seu roteiro. Quem sabe, assim poderá exorcizar o profundo fascínio que você nutre por esse compositor (o seu Demônio pessoal).
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Bruno Gripp
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 725 Localização: Belo Horizonte
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Enviada: Ter Dez 19, 2006 12:53 am Assunto: |
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Não Pádua, isso é só uma compilaçào de chavões do cinema, como estes filmes de Beethoven. It was meant to be a joke.
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Königin der Nacht
Registado em: Terça-Feira, 5 de Dezembro de 2006 Mensagens: 524 Localização: São José dos Campos
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Doctor Marianus
Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006 Mensagens: 457 Localização: São Paulo/SP
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Enviada: Ter Dez 19, 2006 7:28 am Assunto: |
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Alguns aqui se comportam como aqueles três macaquinhos: um tapando o olho, o outro a boca e o terceiro o ouvido!
Não vi, não ouvi e não gostei!
O mundo das artes não se resume a somente música!
Como o filme não vai estrear a nível nacional, poucos privilegiados poderão assistí-lo nesse primeiro momento.
O filme é europeu. Agnieska Holland é polonesa.
Cinema
Genial como sempre,
mas mais humano
Ed Harris decifra um enigma que parecia
impossível: o do íntimo de Beethoven
Isabela Boscov
Um dos mistérios mais estupendos da história da música é que o alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827) tenha composto a Nona Sinfonia, de força e complexidade indescritíveis, quando já estava surdo como uma porta. Como ele nunca foi um grande missivista e a essa altura vivia também como um recluso, sem um círculo de confidentes, faltam aos pesquisadores subsídios para entender o que se passava no íntimo de Beethoven enquanto ele compunha sua obra monumental, e como se travou sua guerra entre som e silêncio. Em O Segredo de Beethoven (Copying Beethoven, Estados Unidos/Alemanha, 2006), que estréia nesta sexta-feira no país, a diretora polonesa Agnieszka Holland oferece uma versão ficcionalizada dos fatos. Mas é uma versão tão bem arranjada, e tão atenta para com aquilo que efetivamente se sabe sobre a busca artística do compositor – por exemplo, sua crença de que o sagrado e o profano eram esferas antagônicas, mas não opostas, do espírito humano –, que, se non è vera, è ben trovata. Em outras palavras, não foi isso que aconteceu, mas bem que poderia ter sido.
Para que a platéia ganhe ingresso à intimidade do compositor, Agnieszka e os roteiristas Stephen J. Rivele e Christopher Wilkinson criaram a figura de Anna Holtz, uma jovem estudante de composição contratada como copista do mestre, para passar a limpo suas partituras. Interpretada de forma correta e discreta pela alemã Diane Kruger (antes vista como a inexpressiva Helena de Tróia), a pupila toma um tombo ao constatar quanto o gênio tem de humano. O temperamento de Beethoven é medonho, seus aposentos são imundos e seu amor opressivo reduziu seu sobrinho, Karl, a uma figura patética. Mas essa medalha tem um reverso, e Anna se fascina mais ainda do que julgava possível com quanto de genialidade e inspiração esse homem grosseiro é capaz de conter. Felizmente, o filme se esquiva de caracterizar essa atração e repulsa de forma carnal. O erotismo que corre entre Anna e Beethoven se dá num plano mais complicado, mas nem um pouco menos intenso – e é de imaginar quanto de virgindade tenha restado na moça depois de ela passar duas horas com os olhos nos olhos do mestre, durante a estréia da Nona em Viena, marcando tempo para que ele pudesse reger a orquestra sem ouvi-la (na verdade, a tarefa teria sido executada por um amigo do compositor). Na categoria das transas metafóricas, essa fica entre as mais criativas e eficazes.
Mas de nada adiantaria fazer um filme tão engenhoso sobre Beethoven se seu protagonista não fosse crível. É aí que falham as cinebiografias do compositor, como Minha Amada Imortal, com Gary Oldman. E é precisamente aí que Agnieszka acerta em cheio. Em seu filme, o americano Ed Harris faz por Beethoven aquilo que, dois anos atrás, o suíço Bruno Ganz fez por Adolf Hitler em A Queda – de alguma forma, ele compreende o que está no âmago de seu personagem e o ilumina por dentro. Acredita-se que Beethoven não tenha sido sempre irascível como o foi em seus últimos anos, quando enfrentou a tortura da surdez e as exigências sobre-humanas que impôs a si mesmo e a sua obra. Consta que, na juventude, foi expansivo e generoso para com músicos e amigos. Harris, um ator que costuma se preparar de forma obsessiva, faz de seu velho Beethoven uma soma de tudo o que ele possa ter sido no decorrer da vida – um homem temperamental, rude e egoísta, mas também sensual, vulnerável e até divertido. Acima de tudo, ele localiza nessa bagunça espiritual a origem da contribuição indestrutível de Beethoven: a convicção de que a beleza passa longe do bonito, do organizado e do agradável, como se postulava então. A beleza está no tumulto, na mistura do vulgar e do sublime de que os homens são feitos. Ao suceder em dar forma a essa convicção, Beethoven quebrou as amarras do classicismo e libertou a arte. Faltava, até hoje, alguém capaz de dar forma ao homem que pensou essa idéia. Não falta mais. |
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Amancio
Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 1102 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Ter Dez 19, 2006 7:38 am Assunto: |
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Bosco escreveu: |
e o desejo do ouvinte capenga de comprar o cd da Nona sinfonia (só a parte coral, claro). |
Dos trechos que vi do trailler, parece que o filme vai retratar a sinfonia inteira, e não somente a parte coral. Aleluia! Finalmente alguém pensou!
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Ricardovsky
Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 697 Localização: Teresópolis - RJ
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Enviada: Ter Dez 19, 2006 8:16 am Assunto: |
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É, após a mensagem do Doctor, vamos esperar o filme...
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Spartaco
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 908 Localização: São Paulo - SP
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Enviada: Ter Dez 19, 2006 8:27 am Assunto: |
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Caros prestonautas,
Como disse anteriormente, temos que esperar o filme para após fazermos qualquer crítica ou elogio.
No entanto, dificilmente um filme que trata de um assunto histórico segue corretamente os fatos. Isso não desmerece a produção (vide o filme "Amadeus").
Assim, vamos ver primeiro o referido filme.
Um abraço a todos.
_________________ Spartaco Carlos Nottoli
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Sarastro
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 900 Localização: Brasil
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Enviada: Ter Dez 19, 2006 8:52 am Assunto: |
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Vejam, o filme não necessariamente deve ser fiel aos fatos para que nos interessemos por ele. Mas se o diretor resolve enveredar por caminhos extremamente fantasiosos (vide o caso de "Amadeus"), precisa ser hábil para que o filme não fique chato ou vulgar (como "Minha Amada Imortal").
Embora apenas 10% do filme correspondesse à verdade, Amadeus teve o mérito de utilizar uma ampla trilha sonora (me lembro que eram 3 discos de vinil) e de ter despertado o interesse de muita gente em relação à Mozart. Claro, ainda hoje dá trabalho explicar aos "iniciados" que Mozart não era alcoólatra, nem demente, nem tinha aquela risadinha escalafobética (e que Salieri, que se matou alguma coisa deve ter sido algum antepassado da Sachertorte, era até um bom compositor).
Estou curioso em relação ao filme da diretora polonesa. Espero que ela faça um bom trabalho.
Quanto ao troféu "campeonato de chavões", NADA nesse mundo superará o Carlos Gomes interpretado (ahn?) por Paulo Betti na minissérie "Chiquinha Gonzaga". Betti, que não tem NENHUMA semelhança física com Gomes, aparecia e... "lá, lá, lá, iá, lá, lááááááá..." ao fundo se escutava o tema romântico de "Sento una forza indomita" (quando Cecilia canta: Ma deh! Che a me non tolgasi la candida tua fe; vivi, o Pery, ten supplico, pel padre mio, per me!...")). No ar, um clima romântico entre Gomes e La Gonzaga...
_________________ Va, pensiero, sull'ali dorate...
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Ricardovsky
Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 697 Localização: Teresópolis - RJ
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Enviada: Ter Dez 19, 2006 9:02 am Assunto: |
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O problema é que o povão vê esses filmes e fica achando que entende pra caramba de Mozart e Beethoven.
Nietszche uma vez disse: "Nunca confie naquele que só leu um livro." O que dizer, então, de quem nem livro leu, mas viu um mero filme?
Eis livros indispensáveis para se entender o homem Beethoven e sua época:
COPPER, Barry (org.). "Beethoven - um compêndio." (vários autores) Jorge Zahar.
LOCKWOOD, Lewis. "Beethoven'. Codex
KERMAN, Joseph & TYSON, Alan. "Beethoven" (Série The New Grove). L&PM.
SOLOMON, Maynard. "Beethoven". Jorge Zahar.
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triboulet
Registado em: Quarta-Feira, 8 de Novembro de 2006 Mensagens: 592 Localização: Brasil
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