Ver mensagem anterior :: Ver próxima mensagem |
Autor |
Mensagem |
Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
|
Enviada: Qua Fev 10, 2010 12:32 pm Assunto: |
|
|
IvanRicardo escreveu: |
Paulo Egídio escreveu: |
Daí ouça o op. 61 como se nunca o tivesse ouvido. Quando eu fiz isto, este concerto "oficial" de Beethoven, que sempre fora o meu preferido, ganhou uma altura ainda maior. A grandiosidade dele, que não é muito difícil de ser percebida, salta ainda mais aos olhos quando nos deparamos com seu parente precocemente abandonado. De repente os toques iniciais do tímpano viram a introdução a um mundo inigualável de nobreza. |
E você, Paulo, o que acha da versão Oistrakh/Cluytens para esse concerto? Não a conheço, mas o excesso de massa orquestral dado por Cluytens nas suas sinfonias me deixou incomodado. E como é a análise de alguém como você, que entende e toca violino, de uma obra desse gênero? As atenções tendem a se concentrar mais na participação do solista, ou as concepções do regente e orquestra são tão importantes quanto ela? |
Ivan, antes que o Paulo Egídio venha responder, permita-me dar um pitaco, estou ouvindo agora esta gravação, e se você ouvir o que o Oistrakh faz nela, vai chegar a conclusão que não importa como a orquestra esteja.
Mas mesmo assim, pelo menos pro meu gosto, está perfeita, nada diferente do que a maior parte das gravações.
Agora quanto a gravação do Heifetz, esta sim não gosto, até já comentei aqui na 1ª página deste tópico, como você mesmo disse, parece uma metralhadora. Acredito que Beethoven não gostaria se ouvisse.
abç
|
|
Voltar ao Topo |
|
Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
|
Enviada: Qui Fev 11, 2010 6:39 pm Assunto: |
|
|
O concerto de Strauss não chega ser uma obra prima, mas é legal para ouvir nas "horas vagas", o solista Boris Belkin, embora pouco citado, é um grande nome do violino:
http://www.youtube.com/watch?v=1Vrda51cyEY
abçs
|
|
Voltar ao Topo |
|
IvanRicardo
Registado em: Domingo, 2 de Março de 2008 Mensagens: 152 Localização: Gravatá-PE
|
Enviada: Qui Fev 11, 2010 8:38 pm Assunto: |
|
|
Alexandre escreveu: |
(...) estou ouvindo agora esta gravação, e se você ouvir o que o Oistrakh faz nela, vai chegar a conclusão que não importa como a orquestra esteja. |
Nossa, não concordo muito, mas talvez se eu fosse violinista provavelmente também priorizaria a atuação do violino. De qualquer forma, solista ruim com orquestra boa é mais intolerável que solista bom com orquestra ruim.
Alexandre escreveu: |
Agora quanto a gravação do Heifetz, esta sim não gosto, até já comentei aqui na 1ª página deste tópico, como você mesmo disse, parece uma metralhadora. Acredito que Beethoven não gostaria se ouvisse. |
Hum, não sei não. Talvez ele até achasse lenta. Estive ouvindo as gravações de suas sinfonias com Zinman e a Orquestra de Zurich, onde o regente se valeu de marcações do metrônomo, ou sei lá, eu não entendo bem, baseadas em anotações do próprio Beethoven. As gravações são tão ligeiras (e estranhas) que pouco dá pra respirar.
|
|
Voltar ao Topo |
|
Paulo Egídio
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 155 Localização: Maringá/PR
|
Enviada: Sex Fev 12, 2010 8:05 am Assunto: |
|
|
IvanRicardo escreveu: |
Alexandre escreveu: |
(...) estou ouvindo agora esta gravação, e se você ouvir o que o Oistrakh faz nela, vai chegar a conclusão que não importa como a orquestra esteja. |
Nossa, não concordo muito, mas talvez se eu fosse violinista provavelmente também priorizaria a atuação do violino. De qualquer forma, solista ruim com orquestra boa é mais intolerável que solista bom com orquestra ruim.
Alexandre escreveu: |
Agora quanto a gravação do Heifetz, esta sim não gosto, até já comentei aqui na 1ª página deste tópico, como você mesmo disse, parece uma metralhadora. Acredito que Beethoven não gostaria se ouvisse. |
Hum, não sei não. Talvez ele até achasse lenta. Estive ouvindo as gravações de suas sinfonias com Zinman e a Orquestra de Zurich, onde o regente se valeu de marcações do metrônomo, ou sei lá, eu não entendo bem, baseadas em anotações do próprio Beethoven. As gravações são tão ligeiras (e estranhas) que pouco dá pra respirar. |
Mas "soar como uma metralhadora" não se refere apenas ao andamento, Ivan.
Eu acho que já citei aqui, mas sempre vale repetir: Há gravações de Zino Francescatti, Nathan Milstein e, incrivelmente, de Arthur Grumiaux, tão ou mais rápidas que as de Heifetz. Mas quando você as ouve elas não soam tão rápidas quanto as do tio Jascha, porque o TIMBRE dos outros três que eu citei é muito diferente.
Eu nunca foi esquecer o susto que levei quando ouvi pela primeira vez uma gravação do Heifetz, num disco de vinil velho de um amigão meu, isto em 1984 ou 85. Introdução e Rondó Caprichoso de Saint-Säens e Árias Ciganas de Sarasate, com a Orquestra da RCA e Willian Steinberg. O som dele tem um timbre inexplicável, ainda hoje não ouvi nada parecido, ele parece denso, sólido. Por mais que o timbre de cada um destes antigos seja muito pessoal, sempre dá pra achar alguém que lembra um outro (inclusive, por incrível que pareça, o Oscar Borghert, grande violinista brasileiro, tinha um timbre aparentado ao do Francescatti. Quem já ouviu há de concordar). O Heifetz não, ninguém chegou perto do sujeito.
(Esta questão de timbres e volumes de som, aliás, é engraçada. A escola franco-belga de violino é caracterizada por gente que privilegiava o timbre bonito em detrimento do volume sonoro. Tinham som, claro. Mas não tão grande quanto os violinistas da escola russa, que o priorizavam. O franco-belga por excelência foi Arthur Grumiaux, que inclusive estudou em Bruxelas com Dubois. Mas, curiosamente, Francescatti se insere nesta escola pela postura geral, e foi o violinista com maior volume de som de toda esta galera da golden age, isto dito por gente que ouviu pessoalmente todos eles. E a escola russa, do "sonzão", teve Oistrakh, Heifetz, Elman, como expoentes, mas também Milstein, que tinha aquele som absurdamente cristalino e proporcionalmente menos volume que seus "pares".)
Então, o som do Francescatti era "gordo", mas muito doce, quente. O som do Grumiaux era muito fino, elegante. Aliás, ele foi o violinista elegante por excelência. O Milstein tinha aquela clareza, o som de cristal. Mas os três foram grandíssimos virtuoses, e tocavam tudo num "pau" incrível. Às vezes mais rápido que Heifetz, embora não pareça. Só ouvindo um e logo após o outro pra perceber.
|
|
Voltar ao Topo |
|
Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
|
Enviada: Seg Fev 15, 2010 9:47 am Assunto: |
|
|
Alexandre escreveu: |
O concerto de Strauss não chega ser uma obra prima, mas é legal para ouvir nas "horas vagas", o solista Boris Belkin, embora pouco citado, é um grande nome do violino:
http://www.youtube.com/watch?v=1Vrda51cyEY
abçs |
Parece que o Boris Belkin é mais conhecido pela sua estupenda performance no concerto de Tchaikovsky, é de arrepiar:
http://www.youtube.com/watch?v=degA9b44k34
|
|
Voltar ao Topo |
|
Paulo Egídio
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 155 Localização: Maringá/PR
|
|
Voltar ao Topo |
|
Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
|
Enviada: Qua Fev 24, 2010 9:04 pm Assunto: |
|
|
Sim, este vídeo não sai do meu MP4, absurdo é o termo mais apropriado para esta interpretação, não tem prá ninguém...
abçs
|
|
Voltar ao Topo |
|
Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
|
Enviada: Ter Mar 02, 2010 1:16 pm Assunto: |
|
|
Os comentários do Paulo Egídio sobre o Heifetz, me fez reouvir seu concerto de Brahms com o Reiner, na verdade minha implicância com o Heifetz é só com o Beethoven, conheci os principais concertos para violino com ele, e mesmo conhecendo outras gravações, tenho-o como um dos meus preferidos.
Com exceção do concerto de Beethoven, os demais principais concertos (Brahms, Tchaikovsky, Mendelssohn, Sibelius e Bruch), parecem ficar bem com a interpretação veloz do Heifetz. E voltando ao Brahms, seu som é fabuloso neste concerto, e o que ele faz na cadência então...
O Gitlis, parecia ter uma interpretação veloz assim como Heifetz, e não é a toa que dizem que Heifetz tinha-o como seu violinista preferido, não sei se é verdade. Tenho um DVD com o Gitlis tocando o concerto de Tchaikovsky, e ele toca de uma forma comparável a Heifetz neste quesito. Mas o que eu mais gosto neste DVD, é a performance dele no “La Campanella”, este também pode ser classificado (como diria o Paulo Egídio) como “absurdo”, acredito que nem mesmo Paganini tocaria de forma tão magnífica quanto ele. Se alguém duvida, vejam isso:
http://www.youtube.com/watch?v=V97yWbApDlw
abçs
|
|
Voltar ao Topo |
|
Paulo Egídio
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 155 Localização: Maringá/PR
|
Enviada: Ter Mar 02, 2010 2:38 pm Assunto: |
|
|
Alexandre, não tenho nenhuma referência sobre o Gitlis ser o predileto do Heifetz, mas o resto do teu comentário está na tampa, perfeito. Ele tem (e não "tinha", o safado continua tocando maravilhosamente aos quase 88 anos) uma agilidade incrível, e tem uma gama de sons e timbres muito difícil de se ver, o que me faz chamá-lo "o Mago". As gravações dele no auge da forma, inclusive este incrível vídeo do Tchaikovsky, impressionam. Mas ele segue tocando em alto nível. Existe um recital dele no Japão, meio recente, em que ele toca a sonata solo de Bartók sem dever nada à sua gravação da juventude, mais Chacona e Fuga da terceira sonata de Bach. Esta fuga é de arrepiar os cabelos, e ele toca como se fosse a coisa mais simples do mundo, numa velocidade e perfeição incríveis.
Sem contar que parece ser uma personalidade admirável. É Embaixador da Unesco e existem alguns vídeos emocionantes dele no youtube, inclusive "dando aula" pra crianças em algum lugar, e improvisando estilo jazz com um grupo de adolescentes em volta dele, na África do Sul.
O que ele mais difere do Heifetz é na liberdade de tempo que ele usa. Enquanto o Heifetz era de uma precisão de Big Ben, o Gitlis flutua a pulsação todo o tempo, de uma forma que pode à primeira vista parecer caótica, mas é muito organizada e meticulosa. Quem ouviu as gravações dele tocando, por exemplo, Paganini 1 e Wieniawsky 2, sabe do que estou falando. É curioso, porque ele se lança à frente exatamente nos trechos mais difíceis, parece querer nos mostrar que não é tão difícil assim, quando é, e muito! É um artista maravilhoso e original. Seu Paganini 2 é sem igual, colocando no mesmo patamar o lirismo e o diabólico.
Já o Brahms do Heifetz, ouça a gravação ao vivo com Toscanini. Dos registros de Brahms que tenho com ele, é o meu favorito. Agora, eu tive muita sorte com o Heifetz: A primeira coisa que ouvi com ele foi aquela Introdução e Rondó Caprichoso de Saint-Säens mais Árias Ciganas de Sarasate, com a Orquestra da RCA e Willian Steinberg. Talvez seja a melhor gravação dele.
Abraço.
|
|
Voltar ao Topo |
|
Paulo Egídio
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 155 Localização: Maringá/PR
|
Enviada: Qua Mar 03, 2010 7:51 am Assunto: |
|
|
E, como eu (não) estava falando,
Hoje faz 22 anos da morte do Szeryng.
No site www.henrykszeryng.net, na guia de fotos, selecionando as fotos pessoais, chega-se a uma imagem do túmulo dele. Linda foto, com uma homenagem a ele e a parte final da Chacona de Bach.
Hoje é dia de ouvir o tio Henryk.
|
|
Voltar ao Topo |
|
Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
|
Enviada: Ter Mar 09, 2010 10:36 pm Assunto: |
|
|
Paulo Egídio escreveu: |
... se bem que acabo de ouvir as gravações do Ricci, do Rosand, do Kogan e... do próprio Sarasate aqui. Como esse espanhol sem-vergonha tocava rápido, pqp.
O Kogan é assustador, pra variar. Mais rápido que Ricci e qualquer outro. E com aquela limpeza absurda, e som gordo, que o caracterizava. |
É uma pena não se achar mais a gravação do Kogan tocando o Capricho Basco, desde que ouvi e vi pela primeira vez ele tocando uma peça do Shosta num bônus de DVD (aquele do Heifetz tocando Mendelssohn), fiquei maravilhado com sua limpeza de som. Mas na falta desta gravação, vou ficar com a do Ricci mesmo...
O vídeo do Kogan que me refiro é este aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=bA8gDIMcK-M
|
|
Voltar ao Topo |
|
Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
|
|
Voltar ao Topo |
|
Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
|
Enviada: Seg Jun 14, 2010 9:14 pm Assunto: |
|
|
Nunca havia lido nada sobre o Shönberg (ou Shoenberg), aproveitei esta oportunidade para ver algo no Wikipédia, e achei isto, se for verdade, é bem funesto:
"Arnold era fascinado pela numerologia. Este fascínio o perseguiu por toda sua vida, pois ele pensava que poderia saber o futuro através de complexos calculos numéricos. E estes calculos o levaram a uma certa obsessão "zagállica" pelo numero 13. Arnold tinha nascido em 13 de setembro de 1874 e por conta disso, era perseguido pela idéia constante de que o numero 13 estaria diretamente ligado à sua morte. Como os numeros sete e seis somam 13, Arnold Schonberg resolveu acreditar que ele iria morrer quando fizesse 76 anos de idade. Ao verificar o calendário, Arnold viu horrorizado que o dia 13 de julho cairia numa sexta-feira.
Quando aquele fatídico dia chegou, Arnold tentou ludibriar a morte, permanecendo deitado durante todo o dia, para desespero de sua mulher, que não aceitava aquelas "maluquices". Arnold dizia para todos que estava decidido a passar o dia inteiro na cama, de modo a evitar eventuais acidentes. Poucos minutos antes da meia noite, sua esposa foi ao quarto dele para brincar com ele, pois nada de ruim havia acontecido. Ao chegar no quarto, ela encontrou Shonberg deitado. Ele olhou para a esposa e pronunciou apenas "harmonia" e então morreu.
A hora de sua morte foi 23:47, 13 minutos antes da meia-noite, numa sexta-feira 13, no seu septuagésimo sexto ano de vida."
abçs
|
|
Voltar ao Topo |
|
Amancio
Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 1102 Localização: Curitiba-PR
|
Enviada: Seg Jun 14, 2010 9:57 pm Assunto: |
|
|
Curioso. Poderia jurar que era invenção de alguém, mas esta história está contada por várias fontes, sendo citada inclusive por um livro do Lebrecht. |
|
Voltar ao Topo |
|
Alexandre
Registado em: Domingo, 25 de Fevereiro de 2007 Mensagens: 205 Localização: Americana SP
|
Enviada: Qui Dez 02, 2010 8:06 pm Assunto: |
|
|
Mais um absurdo de interpretação, Kremer em um fragmento de uma sonata de Ysaye, segundo comentário de alguém, trata-se de uma competição em Bruxelas em 1.967.
Detalhe, Grumiaux como um dos jurados:
http://www.youtube.com/watch?v=Ky1pyS7dvWk&feature=related
abçs
|
|
Voltar ao Topo |
|
|