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Witold Szczecin
Registado em: Domingo, 3 de Dezembro de 2006 Mensagens: 22
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Enviada: Qui Dez 14, 2006 2:07 pm Assunto: Qual sua ária favorita? |
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Qual sua ária de ópera favorita?
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Pádua Fernandes
Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006 Mensagens: 1229 Localização: São Paulo
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Enviada: Qui Dez 14, 2006 2:08 pm Assunto: |
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A ária da Kundry (escrita para tenor, ela muda de sexo no fim) do quarto ato de Parsifal de Wagner.
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SérgioNepomuceno
Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006 Mensagens: 273
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Enviada: Qui Dez 14, 2006 2:14 pm Assunto: |
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pffffffff.... de novo...
eu tenho QUATOFOBIA; quem adivinhar o que é, ganha um bombom...
mas voltando ao denso assunto do tópico que tenho CERTEZa que vai bombar tamb´ém, a minha é: muñequita linda, de cabellos de oro, dientes de perlas, ojos de rubi; de preferêncxia cantada pelo Pavarotti, c/ charme latino.
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Pádua Fernandes
Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006 Mensagens: 1229 Localização: São Paulo
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Enviada: Qui Dez 14, 2006 2:28 pm Assunto: |
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SérgioNepomuceno escreveu: |
pffffffff.... de novo...
eu tenho QUATOFOBIA; quem adivinhar o que é, ganha um bombom...
mas voltando ao denso assunto do tópico que tenho CERTEZa que vai bombar tamb´ém, a minha é: muñequita linda, de cabellos de oro, dientes de perlas, ojos de rubi; de preferêncxia cantada pelo Pavarotti, c/ charme latino. |
Sei o que é, mas não gosto de bombom.
Você ainda não ouviu o flórez cantando Muñequita linda? Não tem comparação: o espanhol dele é muito melhor do que o de Pavarotti!
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SérgioNepomuceno
Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006 Mensagens: 273
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Enviada: Qui Dez 14, 2006 2:33 pm Assunto: |
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né nada!!! O do Pavarotti é melhor do qe de qualquer nativo; ele tem alma e jeitão latino, de pegador, que sai em copacabana e não tem sossego. o Ambiente torna-se + úmido quando as moiçolas o ouvem proferir muñequita liiindaaa, de cabellos de oro, dientes de perlas...ojos de rubi...
prefiro o Flórez cantando non più mestOOO.
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Witold Szczecin
Registado em: Domingo, 3 de Dezembro de 2006 Mensagens: 22
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Doctor Marianus
Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006 Mensagens: 457 Localização: São Paulo/SP
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Enviada: Qui Dez 14, 2006 2:54 pm Assunto: |
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Como o Pádua, também prefiro a ária de Kundry do Quarto Ato de Parsifal.
Tenho-a com Bernd Aldenhoff e é emocionante!
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Amancio
Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 1102 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Qui Dez 14, 2006 11:24 pm Assunto: |
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Sou mais o "Non voglio essere tostato" da Clemenza di Torquemada, do mestre Bach.
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Pádua Fernandes
Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006 Mensagens: 1229 Localização: São Paulo
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Enviada: Sex Dez 15, 2006 12:01 am Assunto: |
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Amancio,
essa ária da Clemenza (não a de Tito) é para qual registro vocal? Eu ainda não ouvi, apesar de todas as insistências do Bruno, que gosta muito desse libreto (que é sobre o personagem histórico favorito dele).
Esclarecimentos sobre a ária de tenor do último ato de Parsifal:
Como se sabe, Kundry desmaia no terceiro ato e reaparece com seu verdadeiro sexo (ela era um travesti, por isso o registro grave é tão solicitado no segundo ato, apesar das explosões no agudo) no ato de conclusão da obra, que mostra Parsifal como déspota numa ordem envelhecida e decadente. Wagner, sempre o grande crítico do poder, nesta última ópera desejou denunciar aqueles que procuram salvação num líder carismático, no caso o suposto "redentor" Parsifal - é claro que a família Wagner, querendo insidiosamente criar um culto em torno do compositor de caráter tão modesto, suprimiu essa passagem depois da estréia. Com isso, a ópera tornou-se justamente no oposto da mensagem anarquista de Wagner e o "wagnerianismo" instituiu-se como um culto mórbido. "Ich bin ein Mann. Glaubst du nicht?", a grande cena de Kundry, tornou-se um grande sucesso desde a montagem de Chéreau com Boulez em 1991, em que Kundry mata Parsifal perfurando-o com a lança numa orgia sado-masoquista (a orgia, deve-se lembrar, estava prevista por Wagner, que queria superar, e conseguiu, a tímida bacanal do Tannhäuser). Windgassen, como se sabe, foi expulso de Bayreuth no fim da década de sessenta (se bem me lembro) por ter sido o primeiro a exumar a ária.
Doctor,
e o mistério da morte de Aldenhof?
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Sarastro
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 900 Localização: Brasil
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Enviada: Sex Dez 15, 2006 12:25 am Assunto: |
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Uma que eu gosto deveras é "La vendetta è un venticello", da ópera "Le Nozze di Siviglia" do compositor Gioachino Amedeo Mozarini. Grande exemplo de ária para baixo bufo.
Na foto, o barítono Roberto Giefersone como Babartolo - Brasília - 2006, no momento em que cantava as palavras
"Come un colpo di cannone,
Un tremuoto, un temporale,
Un tumulto generale
Che fa l'aria rimbombar."
Não podemos nos esquecer de "Una furtiva pira", da ópera "Il Trovatore d'amore", na qual o herói Nemorico descreve como o olhar incandescente de sua amada Leodina Rosa Maddalena o faria tacar fogo na mãe, se necessário fosse, para consumar o casamento. Obra imortal de Giusetano Doniverdi.
Na foto, Sidney Magal como Nemorico - Padova - 1992. Nem Mario del Monaco o superou no papel.
_________________ Va, pensiero, sull'ali dorate...
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Pádua Fernandes
Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006 Mensagens: 1229 Localização: São Paulo
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Enviada: Sex Dez 15, 2006 12:37 am Assunto: |
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Sarastro,
e a ária do Saint-Preux também não é uma de suas favoritas? Principalmente se cantada pelo haute-contre brasileiro Jessé?
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Sarastro
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 900 Localização: Brasil
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Enviada: Sex Dez 15, 2006 12:54 am Assunto: |
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Sim, Pádua!
Falamos de "Dabadá, dabadabadabadá-dabadabá", ou "Concerto para Uma Voz", do imortal Saint-Preux. A interpretação de Danielle Licari, com regência do próprio compositor, não transmite toda a emoção ("à flor da pele", na gíria do mundo lírico) evocada por Jessé. Note que nosso leading haute-contre, ao mesmo tempo em que cantava, ainda tocava o piano (desde que branco e de cauda).
Na foto, o inesquecível Jessé.
Agora vocês sabem em quem Roberto Alagna se inspira quando vai ao coiffeur.
_________________ Va, pensiero, sull'ali dorate...
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Doctor Marianus
Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006 Mensagens: 457 Localização: São Paulo/SP
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Enviada: Sex Dez 15, 2006 8:12 am Assunto: |
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Caríssimo Pádua
Só uma correção: O primeiro a exumar a ária de Kundry foi Bernd Aldenhoff, que morreu misteriosamente em 1959 num acidente de carro em Munique, aos 51 anos.
Bernd Aldenhoff (* 14. Juni 1908 in Duisburg; † 8. Oktober 1959 in München)
Aldenhoff foi o maior Siegfried de todos os tempos, junto com Max Lorenz. Perto dele, Windgassem não passa de um tímido garninzé.
Reinaugurou o Festival de Bayreuth em 1951 ao lado da grandiosa Astrid Varnay, sob a regência de Knappertsbusch e Karajan.
Em 1952 voltou para somente cantar o Siegfried na regência de Keilberth, que substituiu Karajan que havia brigado com Wieland e Wolfgang. No Götterdämmerung foi substituído por um já alquebrado Max Lorenz. Ao que se sabe, os desentendimento surgiram a partir da tal "exumação" da ária de Kundry do 4º ato de Parsifal. A partir daí, Aldenhoff sumiu de cena, aparecendo aqui e ali em produções menos importantes, até morrer num misterioso acidente de carro em Munique.
Fotos:
Tem também o misterioso sumiço do meio artístico de George London, no auge de sua carreira. |
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Königin der Nacht
Registado em: Terça-Feira, 5 de Dezembro de 2006 Mensagens: 524 Localização: São José dos Campos
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Bruno Gripp
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 725 Localização: Belo Horizonte
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Enviada: Sex Dez 15, 2006 9:25 am Assunto: |
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Pádua, Doctor,
São todas as ações iniciais do temível foro, que fora criado após a morte de Strauss, em um restaurante chamado "Im Abendrot" para (nos dizeres dele mesmo) ""die Tradition des musikalischen Dramas einzulösen und zu schützen um die Zukunftsmusik zu fördern", "Libertar e preservar a tradição do Drama Musical a fim de promover a música do futuro" (NB, em um momento onde a música do futuro já era do passado, mas enfim...). Apesar do nome aparentemente simpático, é uma organização criminosa criada para promover as mistificações e enganações que foram feitas com o nome e aobra de Wagner ainda em sua vida, e nelas se incluem: a composição do monólogo do Rei Marke, boa parte das interpolações em Parsifal e o silêncio em torno de sua obra preferida Le Nozze di Sigfredo e Brunnilda ossia Così fan tutti (mais conhecida com o nome alemão de Die Hochzeit des Siegfrieds oder So machen das Alles). Esta ópera é um delicioso intermezzo bufo que deveria ser colocado entre Siegfried e o Crepúsculo dos Deuses no qual Wagner finalmente se reconcilia de vez com a tradição musical e se rende a Mozart. É uma ópera bufa de 5 horas com deliciosos conjuntos (como "Brunnilda or via sortite", Nun Brünnhilde gehen Sie doch aus" ou "Alla bella Frickanetta" "der schöne Frickchen") e algumas das árias mais bonitas já compostas, como "Si vuol ballare signore Hagen" (Wenn Sie, Herr Hagen, tanzen willst" ou "I Nibelungi non arrivano... Dove sono i bei dei" (Die Nibelungen kommen nicht an... Wo sind die schöne Götter", que são algumas de minhas árias favoritas, embora só as conheça de partitura.
Apesar dos esforços de Wagner, nenhuma dessas árias é páreo para o tour de force que é "Giunse alfin il momento di ridonar a quelli la libertà", uma imensa chaconna de 12 minutos para soprano solo, que requer intensa coloratura e saltos vocálicos quase impossíveis para a voz humana. "Non voglio essere tostato" é bom notar, é o coro inicial da ópera, em que as tercinas representam as chamas do inquisidor e o acorde de sibemol diminuto representa a personalidade sombria do facínora no final do coro, Bach introduziu, em contraponto, um tema da música rabínica da época e o efeito é assustador, ouçam a gravácão de Gardiner... Parece que Pádua gostaria bastante da encenação com Peter Sellars, que troca Torquemada por Stalin (usando inclusive uma reorquestração de, lógico, Shostakovich, o que nào aprovo).
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