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As Sonatas para piano de Beethoven
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(berber)



Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Qui Fev 15, 2007 5:55 pm    Assunto: Responder com Citação

Robert,

A harmonia funcional e' que dita o "nome da nota". Numa escala de sol maior, voce vai colocar o fa' sustenido, e nao um sol bemol. Em encadeamentos de acordes, a mesma coisa. No piano, essa diferenca e' puramente teorica, sem nenhuma aplicacao sonora pratica.

Por isso em musicas mais modernas, nao faz muito sentido chamar um sol bemol de fa sustenido.

A passagem em questao esta' em mi bemol maior, mas a ambiguidade vem no fato que Beethoven "tonicizou" a dominante. Em outras palavras, Beethoven prepara o ouvinte para uma conclusao em si bemol, mas devido a estrutura e escolha de notas, o ouvinte fica meio perdido sem saber se o que Beethoven queria terminar uma secao em si bemol, ou sol bemol. Se fosse si bemol, seria realmente uma quinta aumentada (nao muito caracteristca), se fosse em sol bemol, somente um acorde invertido. E para complicar, e' uma passagem modulatoria, mas no final das contas, Beethoven realemnte traz a musica para Sol bemol maior (no compasso 45) e desvenda o misterio.

Em outras palavras, a Harmonia funcional ajuda a desnvendar essa passagem, as de Beethoven em diante a funcionalidade da harmonia foi ficando ambigua, ate; que se dissolveu completamente nas composicoes do final do sex XIX e inicio do XX.

E para deixar claro: no piano um sol bemol e' a mesma nota que um a sustenido. nao existe nenhuma diferenca auditiva ou pratica.


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Robert



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MensagemEnviada: Qui Fev 15, 2007 7:10 pm    Assunto: Responder com Citação

Amancio, Berber,

Agradeço a ajuda de vocês Very Happy . Mas notem que era exatamente disso, quer dizer da importância das funções tonais que eu me referia. Notem que logo no início da mensagem eu digo que uma possível solução seria atentar para a função harmônica, é o que Berber chama de harmonia funcional. Alias acho os termos função harmônica e função tonal. Eu prefiro função sintático-gramatical. É verdade que é pra lá de pernóstico mas é mais abrangente, uma vez que permiti estudar tanto as funções de acordes na música tonal, como também possibilita o entedimento das relações sonoras em outros sistemas, outras escalas que não as escalas maiores e menores. Por exemplo a escala por tons (do-ré-mi-fa#-sol#-La#-Dó) que, quando eu toco no meu violão (ou quando eu tento mentalizar alguma combinação dela, tem a peculiaridade de soar como se todas as notas quissessem ser a tônica. O que provavelmente tem a mesma explicação do dodecafonismo (o fato do intervalo entre as notas ser sempre o mesmo, nesse caso a segunda maior, no caso do sistema dodecafônico o semitom)

Bom fiquei com vontade de abrir um tópico sobre esse assunto. De fato perceber as diferenças funcionais é bem díficil, mas acho que depende mais de uma mudança de costume do que da capacidade auditiva. Basicamente, eu começei a me interessar sobre esse assunto por que meu irmão, que é ligado a música popular, ao comentar as músicas que gostava, falava da relação V I com os nomes preparativa e tônica. Durante algum tempo eu cheguei a pensar que a diferença era apenas terminológica. Mudei de visão certa vez que eu estava dedilhando (tocando) qualquer coisa em ré maior na minha viola enluarada e percebi que a relação que uma nota exerce com outra depende depende de qual nota é mais grave ou mais aguda. O mesmo valendo para os acordes. E pelo que eu vejo esse tipo de diferença é totalmente ignorado, negligenciado na música popular.

Na mpb e na bossa nova, os violonistas escolhem as posições dos acordes livremente sem se preocupar com as funções (geralmente escolhendo as posições mais díficeis com o intuito de impressionar, uma vez que o violão permiti tocar o mesmo acorde em várias posições). Eu até tenho problemas com meus amigos mpbistas porque toda a vez que eles vão comentar a super-harmonia de não sei qual grande compositor da MPB eles fazem se referindo as posições dificeis dos acordes. Aí eu tento explicar que o que interessa é a relação entre os acordes, é a idéia do compositor no uso daquele acorde, é o papel que o acorde tem na estrutura, etc.

Debussy foi um compositor importante, entre outras coisas, por ter rompido com as funções tonais, certo? Eu estava pensando na suposta influência da música de Debussy com a bossa nova....o que poderia ser um razoável explicação para o caso...É importante também que eu diga que os meus comentários eram digeridos aos costumes dos violonistas populares, não necessariamente as versões originais (que nunca tive paciência de escutar), as partituras escritas pelos próprios compositores (que acho que tem coisas mais importantes pra estudar).

Bom era isso

Abraços!




Editado pela última vez por Robert em Qui Fev 15, 2007 7:52 pm, num total de 1 edição
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(berber)



Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Qui Fev 15, 2007 7:33 pm    Assunto: Responder com Citação

Robert escreveu:
Por exemplo a escala por tons (do-ré-mi-fa#-sol#-La#-Dó) que, quando eu toco no meu violão (ou quando eu tento mentalizar alguma combinação dela, tem a peculiaridade de soar como se todas as notas quissessem ser a tônica.


Nao da' para analisar um sistema com ouvidos de outro. Nao da' para usar termos como tonica ou dominante, se vc nao esta' falando sobre o sistema tonal (escala tonal). Essa escala que vc mencionou (a de tons inteiros) nao e' uma escala tonal, portanto as notas nao podem soar como tonicas, pois nao o termo tonica nao existe nesse aspecto.

A musica de Beethoven e' tonica, portanto cabe falar sobre harmonia funcional, e encadeamento de acordes.

Se o acorde estivesse solto no ar, sem nenhuma referencia, ai; poderiamos chama-lo de qualquer coisa.


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Robert



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MensagemEnviada: Qui Fev 15, 2007 7:49 pm    Assunto: Responder com Citação

Acho que está havendo um problema de comunicação entre nós. Veja, quando eu disse que parece que todas notas queriam ser a tônica, eu estava fazendo uma brincadeira para aludir ao fato de que essa escala não é tonal ( porque se todas as notas são tônicas, logo não existe tônica). Entendeu?

E veja também que eu falo das relações sonoras em outros sistemas. Pelo contexto da mensagem (presta atenção logo no primeiro parágrafo) fica claro que eu me referia a músicas diferentes que não podem ser analisadas a luz do tonalismo (repare no limitante/ função tonal e no abrangente/ função sintático-gramatical). Ora eu disse que o termo função tonal era limitante porque NÃO serve para entender músicas feitas por outras culturas e outras épocas, que não possuem o conceito de tonalidade da música do Beethoven. Repare nessa passagem.

Espero que agora esteja tudo esclarecido

Cordialmente,
Robert


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(berber)



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MensagemEnviada: Qui Fev 15, 2007 8:28 pm    Assunto: Responder com Citação

Agora sim. E" verdade que vc nao pode achar uma tonica numa musica serialista...
A historia da harmonia e' tambem muito interessante, quando essasfuncoes comecaram a aparecer, quando foram estabelecidas, reforcadas e depois quando foram se dissolvendo e se "auto destruindo".
E isso serve de assunto para muitos topicos.


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Amancio



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MensagemEnviada: Qui Fev 15, 2007 8:48 pm    Assunto: Responder com Citação

Berber, a digressão está boa mas não esqueça de continuar a apresentação das demais sonatas de Beethoven! Rolling Eyes

Bob, é isso aí! Mas quando eu falo de "capacidade auditiva", não quis dizer de algo que nasce com vc, biológico, é algo que se desenvolve (vc chamou de "mudança de costume", também pode ser).


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(berber)



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MensagemEnviada: Qui Fev 15, 2007 9:01 pm    Assunto: Responder com Citação

Nao esqueci nao, ja' estou preparando a Op. 90...


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Bruno Gripp



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MensagemEnviada: Sex Fev 16, 2007 10:21 am    Assunto: Responder com Citação

Beethoven num daqueles caderninhos dele de quanod surdo, escreveu uma frase muito interessante, ele disse que sabia diferenciar uma música em ré bemol de uma música em dó sustenido. A questão da enarmonia pode-se considerar deste modo, depende da direção em que a música está indo e a relaçào dela com o campo harmônico anterior e seguinte. No caso do exemplo do si sustenido (não sei exatamente o que acontece) da Waldstein Beethoven usa muito relações de mediante, caso ele fosse escrever um acorde de mi maior aumentado, inserido dentro do campo de mi maior para o qual ele modula muito frequentemente, ele seria obrigado a usar si sustenido e nào dó.


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Bruno Gripp



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MensagemEnviada: Sex Fev 16, 2007 10:29 am    Assunto: Responder com Citação

Berber, sobre a origem do sistema tonal, você tem alguma boa bibliografia para indicar? Porque eu gosto muito dos compositores naquela época, inclusive que usavam armação de clave modal etc, mas gostaria de entender a harmonia deles de maneira mais profunda.


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(berber)



Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Sex Fev 16, 2007 6:04 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 90


E enfim chegamos nas ultimas 6 sonatas de Beethoven. De agora em diante, o ouvinte necessita de uma dose extra de concentracao e conhecimento. Com essas ultimas sonatas, Beethoven cruza a fronteira da musica "tradicional" e nos revela sua alma na forma de notas.

A primeira dessas sonatas e' a Op. 90, dedicada ao Conde de Moritz von Lichnowsky. E' uma sonata misteriosa, que raramente vai cativar o ouvinte com uma unica audicao - talvez por isso nao tenha um apelido, como as outras. Essa sonata foi composta em 1814 e tem somente dois movimentos.

O primeiro movimento vem com a incricao em alemao Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck Esse palavrao pode ser traduzido como "Vivamente e com sentimento e expressao ate' o fim". O movimento tem umclima inquieto, com nuances e mudancas constantes. O elo ritmico que da unidade ao movimento vem na celula ritmica de uma seminima com uma minima. Beethoven usa essa celula ritmica ao longo da sonata com diversas finalidades: concluir uma passagem, modular entre partes, criar melodias, etc. nesse primeiro movimento, o ouvinte tem que ouvir entre as notas, numa analogia a ler nas entrelinhas, uma vez que as pausas, escolha de registros e texturas no piano e progressoes harmonicas. O movimento termina de uma maneira inesperada, sem "aviso previo", simplesmente termina.

O segundo movimento traz uma melodia cativante, e calma. E' como se Beethoven levasse o ouvinte pela mao para passear num jardim na primavera. Sem maiores preocupacoes, ou ameacas. A incricao em alemao diz: Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen, o que significa nao muito rapido, mas sempre "cantarolando". E realmente a melodia lembra uma cancao popular, com 4 compassos, bem regular e simetrica. O tema aparece ao longo do movimento (e' um rondo) sempre na mesma maneira, calmo e tranquilo, como uma peca de Schubert.
O movimento termina da mesma maneira que o primeiro, onde a musica para e pronto. Sem maiores explicacoes ou desenvolvimentos. Definitivamente uma mudanca em relacao a sonatas anteriores, e uma prova da maturidade do compositor.

Com a Op.90, Beethoven retomou o caminho das sonatas, uma vez que durante os 4 anos anteriores, ele nao havia escrito nenhuma sonata, sinfonias ou quartetos de cordas.

Como o pianista Anton Kuerti uma vez disse:

"Esses foram anos de fermentacao, de mudancas no compositor, que estava completamente surdo. Ele se vltou para o seu proprio interior, incubando uma energia criativa para as incriveis conquistas que estariam por vir."


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(berber)



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MensagemEnviada: Qui Mar 01, 2007 8:53 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 101

Com suas ultimas sonatas (a de Opus 100), Beethoven atingiu uma linguagem musical inedita. Completamente surdo, com sua vida social praticamente nula, Beethoven se fechou ao mundo exterior e compos verdadeiras obras primas. Essa tendencia ja' vinha se desenvolvendo desde a Op. 90, mas com a 101, fica clara. A sonata e' dedicada a pianista e Baronesa Dorothea Ertmann. Como curiosidade, tentaram dar um apelido a essa sonata, que nao pegou - "A Sensitiva" ( e ca' entre nos, ainda bem que nao pegou, ne'?)
Mesmo nao sendo descritiva quanto a Op. 90, cada movimento dessa sonata vem com uma descricao de Beethoven para direcionar a interpretacao.

O primeiro movimento vem com a inscricao "Etwas Lebhaft und mit innigsten empfindung", que pode ser traduzida como "Pouco vivamente, com o mais intimo dos sentimentos" (Eita traducao feia, mas fazer o que...). Em suas ultimas sonatas, Beethoven ja’ estava completamente surdo, e queria dar o maior numero de informacoes possivel para direcionar a interpretacao de suas sonatas. A tonalidade e’ La’ maior, mas Beethoven abre a sonata em mi maior, com passagens em fa’ sustenido (!?). Ritmicamente, Beethoven usa e abusa das sincopas, quebrando a estabilidade metrica da musica. Alias, essa e’ uma das caracteristicas de sua musica nas sonatas finais – O ritmo e a metrica sao liberados das estruturas formais e sisudas, criando uma liberdade e abrindo caminho para o desenvolvimento livre de melodias e harmonias. Nesse sentido, as melodias e harmonias nao ficam presas a limitacoes ritmicas e metricas., podendo se desenvolver livremente.
A evolucao harmonica desse movimento e’ impressionante. Desde o inicio, com enfase em Mi maior, Beethoven cria essa dualidade de tonalidades ate; o final, onde a sonata “acaba” em Mi, mas no finalzinho aparece um acorde de La’ maior. E’ como se fosse aquele ultimo pensamento que passa pela nossa cabeca antes de adormecermos.

O Segundo movimento E” uma Marcha, onde Beethoven explora ao maximo a celula ritmica da colcheia pontuada seguida de semicolcheia. O movimento, apesar de camuflar uma intencao segura e grandiose, e’ na verdade muito expressivo, com uma secao intermediaria em canone melancolica e tambem muito expressiva. A caracteristiuca rimtimca do Segundo movimento contrasta muito como primeiro, criando um equilibrio na sonata.
O movimento seguinte funciona como uma intermezzo antes da conclusao da sonata. Em teoria pode ser considerado tendo “vida propria”, mas na verdade prepara o final. E”um adagio com afeto. Nesse movimento, Beethoven tambem usa o dialogo entre as vozes apresentado no segundo movimento. O tratamento melodico e’ muito elaborado, cheio de apogiaturas e floreios escritos na partitura. O adagio dura cerca de uma pagina, e’ curto mas expressivo e termina trazendo o primeiro tema do primeiro movimento de volta. Ao trazer a abertura da sonata para introduzir o movimento final, Beethoven encontrou mais uma maneira de unificar a forma da sonata, e minimizar as divisoes tradicionais que dividem a sonata em movimentos.

O movimento final vem com a inscricao “Geschwind, doch nicht zu sehr und mit Entschlossenheit” que pode ser traduzida como “Rapido, mas nao muito e com determinacao.” Nesse movimento Beethoven traz mais uma caracteristica presente em suas ultimasd sonatas – a polifonia. Esse ultimo movimento merge a forma-sonata com a fuga. Durante o movimento, cada voz tem um papel definido, as vezes acompanhando, as vezes carragando a melodia. No desenvolvimento, essas vozes criam uma fuga! A polifonia existente desde o primeiro movimento e’ levada ao extremo nesse ultimo.

A genialidade de Beethoven aqui e’ incontestavel. Desde o primeiro movimento, ele da’ dicas sobre a intencao verdadeira da sonata. Juntando as dicas, o ouvinte consegue desvendar o misterio no movimento final. Uma sonata memoravel.


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(berber)



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MensagemEnviada: Ter Mar 06, 2007 9:26 pm    Assunto: Responder com Citação

E aqui uma gravacao historica com um pianista meio desconhecido dessa sonata:

Movimento 1:
http://www.youtube.com/watch?v=8E8WrVnPY6w

Movimento2:
http://www.youtube.com/watch?v=gz2BnmowEjc

Movimento 3:
http://www.youtube.com/watch?v=pXQYbd2xnGo

Movimento 4:
http://www.youtube.com/watch?v=SNjADPY-wnQ

(E pensar que eu toquei nesse piano.....)


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Leonardo T. de Oliveira



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MensagemEnviada: Ter Mar 06, 2007 10:25 pm    Assunto: Responder com Citação

Antes de conferir os vídeos, a Sonata Op. 101 é a coisa mais romântica (esteticamente, esteticamente!) que eu conheço de Beethoven. A Marcha passa tranqüilamente por algo escrito por Schumann, ...no melhor sentido...! Very Happy



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Leonardo T. Oliveira


Editado pela última vez por Leonardo T. de Oliveira em Ter Mar 06, 2007 10:33 pm, num total de 1 edição
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Leonardo T. de Oliveira



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MensagemEnviada: Ter Mar 06, 2007 10:31 pm    Assunto: Responder com Citação

Sobre os vídeos que o berber postou, há muito tempo eu procurava por essa gravação; esse intérprete gravou poucas das sonatas de Beethoven, só as mais populares, e é sempre - como em tudo o que ele fez, bem ou mal - muito interessante de conhecer, e sempre inconfundível. Essa é a única entre as últimas sonatas que ele gravou.

Procurei por ela, até que achei no YouTube. ...mas me distraí com outras coisas e deixei pra ver depois... Até hoje tinha esquecido, e berber me lembrou. heheh. : ) Obrigado!, e vamos lá.



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Leonardo T. Oliveira
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(berber)



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MensagemEnviada: Qui Mar 08, 2007 7:47 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 106

A Sonata Op. 106 e’ a mais longa de todas as sonatas de Beethoven. Nao por acaso, Beethoven chamou-a de A Grande Sonata Para o Piano com Martelos. Tambem conhecida no seu titulo em alemao “Hammerklavier.” Essa e’ uma das obras mais dificeis para piano de todos os tempos. Sua duracao e’ equivalente a de uma sinfonia, com mais de 40 minutos de musica. Essa sonata, para muitos representa a linguagem tipica de Beethoven em seu terceiro periodo. Caracteristicas como trinados longos, incorporacao da fuga em formas classicas, continuidade de movimentos e expansao da forma aparecem nas outras sonatas para piano da mesma epoca. Cada movimento e’ mais lindo que o outro, mas vamos por partes…

No primeiro movimento, Beethoven ja’ traz a escrita polifonica que caracteriza essas ultimas sonatas. Os acordes iniciais anunciam um movimento energico e grandioso, o que nao e’ completamente apresentado. Constantes mudancas de tempo e “rallentandos” mostram que Beethoven queria se comunicar ao maximo com o interprete. O Movimento apresenta varias nuances tecnicas, como oitavas quebradas, escalas em tercas, saltos de duas oitavas e muita polifonia, inclusive com uma fuguetta no meio do desenvolvimento.

O Segundo movimento vem na forma de um Scherzo. Beethoven traz de volta o Scherzo como parte da sonata, revivendo suas primeiras sonatas, so’ que nesse caso a linguagem e’ diferente. Existem constantes mudancas de metrica, e variacoes harmonicas (numerosas demais para esse espaco curto). Enquanto o tema principal e’ um tanto alegre e “saltitante”, o Trio e’ mais sombrio e traz o acompanhamento do tema (que passa de mao em mao) em quialteras. Um interludio em Presto (e depois prestissimo) traz de volta o tema inicial. Nesse movimento, Beethoven tambem traz uma passagem de tremolo, somente para aumentar o efeito de tensao antes da volta do Scherzo (Compassos 113 e 114). Na Coda, Beethoven traz uma explosao final de energia em forma de oitavas em fortissimo, para depois dissipar a energia e dar passagem ao movimento seguinte.

O Adagio e’ uma das paginas mais expressivas na obra de Beethoven, lado a lado com o da Op.110, mas com a vantagem de ser um retrato do compositor. Digo que se alguem ainda tem duvidas da genialidade de Beethoven, do carater, da magia de sua musica, essa pessoa tem que ouvir esse movimento. A expressividade reflete como um espelho a alma de Beethoven, nao so’ com a melancholia (que predomina por exemplo no movimento lento da Op.110), mas com a esperanca, luta, tristeza, bravura, etc. Enfim, mais tecnicamente falando, esse movimento traz melodias que poderiam ser confundidas com os mais expressivos noturnos de Chopin. E’ um movimento que exige concentracao do interprete e do ouvinte, portanto nao recomendo alguem que queira “ouvir somente por ouvir”. Outro aspecto e’ a constante mudanca entre “una corda” e “tutte le corde” na partitura. Com essas indicacoes de pedal, Beethoven queria explorar as diferencas de timbre que o “piano de martelos” era capaz.

O ultimo movimento traz uma fuga espetacular. Devido a estrutura, experimentacoes harmonicas, variedade tematica e outros elementos, essa fuga vem no mesmo patamar da “Grande Fuga” do quarteto de cordas e a da Missa Solene. O inicio do movimento vem na forma de um Largo, que e’ na verdade uma introducao para a fuga. Essa introducao e’ bem fragmentada, com diversas secoes, (assim como a nona sinfonia) com ideias, andamentos e texturas diferentes. Muitas mudancas de metrica e tonalidade ate’ que o “Allegro Risoluto” aparece para dar inicio a fuga, que e’ uma “fuga a tres vozes, mas com liberdades…” (de acordo como proprio Beethoven). A Fuga e’ imensa e requer uma resistencia incrivel por parte do pianista. Vem em varias secoes, com inversoes de temas, modulacoes e o trinado que e’ parte integrante do tema. No meio da Fuga, Beethoven da’uma colher de cha’ para o pianista e durante uns 25 compassos ele apresenta uma secao mais calma em seminimas. Porem, logo depois o carater inquieto retorna para encerrar o movimento.

E’ verdade que essa e’ uma sonata pouco tocada, pela sua dificuldade incrivel, mas pela sua importancia e peso na obra geral, deveria ser ouvida e estudada por cada um aqui.


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