Marília Pêra interpretando... Florence Foster Jenkins?

Amancio

Em: http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/2009/06/04/ult4326u1311.jhtm

04/06/2009 - 12h32
Marília Pêra encena história de cantora notória por desafinar em "Gloriosa"
ADRIANA TERRA
Da Redação

A história da norte-americana Florence Foster Jenkins, cantora da década de 1940 famosa por sua voz desafinada, é apresentada em São Paulo a partir desta sexta-feira (5) na comédia musical "Gloriosa". Marília Pêra vive a excêntrica mulher que cantava mal a ponto de se tornar uma atração disputada nos palcos de Nova York.

"[Florence era] uma mulher com muita paixão e sem talento algum", resume Marília. "Pessoas importantes pagavam para vê-la errar", conta. "Ela era maluca, acreditava no barato dela que não deu certo", acrescenta Eduardo Galvão, ator que faz o pianista parceiro de Florence no espetáculo. Completa o elenco a atriz Guida Vianna, que vive três papéis em "Gloriosa": o de empregada, de amiga de Florence e de mulher que humilha a cantora em um recital.

Para compor a personagem, Marília Pêra conta que teve de fazer um trabalho de desconstrução. "Estudei a vida inteira para cantar direito. Eu até achava que seria um trabalho fácil [desafinar], mas tive que aprender as árias e tons corretamente para depois ouvir os diretores dizerem: 'Desculpe, mas você está afinando'", diverte-se. "Estudei as partituras corretas para fazer errado. Diariamente eu mudo as desafinações", conta a atriz.

"Gloriosa" tem direção de Charles Möeller e Cláudio Botelho, dupla que assina grande parte dos musicais da atualidade, como "Noviça Rebelde" e "Beatles Num Céu de Diamantes". A peça adapta texto do inglês Peter Quilter e mostra a trajetória de Florence como cantora, o que ocorreu quando ela já tinha 41 anos, após a morte do pai, sujeito da alta sociedade que se opunha à vontade de ser artista da filha.

Florence realizou recitais para os quais vendia ingressos pessoalmente, a fim de evitar que jornalistas assistissem ao evento e surgissem eventuais críticas. Formou parceria com o pianista Cosme McMoon, músico que tocava em restaurantes e aceitou acompanhar Florence pois precisava ganhar algum dinheiro. Aos 76 anos, fez recital para um grande público na famosa casa de shows Carnegie Hall, no qual trocou de roupa inúmeras vezes -- seu figurino era, também, excêntrico --, desafinou o quanto pôde e foi mais uma vez motivo de risadas. Um mês após o ocorrido, a cantora morreu.

"A pergunta que a gente [no elenco] se faz sempre é: ela tinha noção do que era e se fazia de louca ou não?", coloca Marília, para quem Florence não foi uma cantora fracassada, mas "um sucesso a seu modo".

"Gloriosa" fez temporada no Rio de Janeiro até o último mês de março. Em São Paulo, a peça fica em cartaz de 5 de junho a 2 de agosto no teatro Procópio Ferreira. Veja abaixo horários e preços da comédia musical.

"GLORIOSA"
Quando: de 5/6 a 2/8. Quintas e sábados, às 21h; sextas, às 21h30; e domingos, às 18h
Onde: teatro Procópio Ferreira (r. Augusta, 2823, Jardins. Tel.: 0/xx/11 3083-4475)
Quanto: R$ 70 (quintas), R$ 80 (sextas e domingos) e R$ 90 (sábados)

Amancio · Enviada: Qui Jun 04, 2009 6:17 pm Assunto:

Pra quem não tem idéia de quem seja Foster Jenkins:
http://www.youtube.com/watch?v=eM0ly2WTSlw

Tem fotos da peça lá no site!

Pádua Fernandes · Enviada: Sáb Jun 06, 2009 12:41 am Assunto:

Como ela, tão sábia, afirmava, "os críticos podem dizer que eu não poderia cantar uma música, mas nunca que eu não a cantei!"

Pádua Fernandes · Enviada: Ter Ago 25, 2009 11:50 pm Assunto:

Vi a peça. O texto é fraco e minimiza todos os momentos sombrios da história - não sei se a "adaptação" enfraqueceu o original, ou se já era assim. Resta uma comédia sem cérebro, como certos programas humorísticos de tevê (as intervenções da empregada de Jenkins são de uma estupidez cênica notável), e só desperta algum interesse por causa do forte carisma da atriz.
Marília Pêra e Florence Jenkins tinham vozes bem diferentes: Jenkins não tinha grave algum, e Pêra não é soprano (na interpretação final da peça, ocorre a incongruência de vermos anunciada uma soprano, mas Pêra canta com a voz que tem, na altura de contralto).
Pêra lembra-se de desafinar, mas cuida da dicção, o que é um erro: em geral, não é possível determinar nem mesmo em que idioma Jenkins cantava, mas a atriz é sempre inteligível.
Há um momento, porém, em que a atriz chega bem perto do brilhantismo antimusical e antivocal de Jenkins: a interpretação da segunda ária da Rainha da Noite, bem perto do final da peça. A tradução visual das passagens em staccato da ária é inventiva.

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