O que você está ouvindo?

Pádua Fernandes · Enviada: Qua Jan 28, 2009 12:05 am Assunto:

Pianovski,
obrigado pela resposta. Perguntei-lhe porque comprei, quando saiu em edição mais econômica, a gravação com Gibim (tenor brasileiro que soa como uma cópia barata do del Monaco) e Nilsson (vinda direto do Walhalla para o oeste estadunidense). Mas prefiro de longe essa de Mitropoulos/Steber...
Tenho aqui uma Fanciulla ao vivo com a Tebaldi - e umas poucas outras óperas ao vivo com a grande cantora italiana. Uma caixinha da Opera d' Oro, com a marca Bravissimo!. Ao vivo, ela está inferior à gravação de estúdio. Tebaldi era um pouco curta nos agudos e não hesitava em transpor quando precisava, como fazia sempre na Traviata (mas nem assim Sempre libera fica bem na voz dela, a técnica dela não dava conta da coloratura da ária). Às vezes, ela desafina para baixo, como em uma Tosca com Gobbi e di Stefano; em outras, ela dá a nota uma oitava abaixo, como na Fedora.
A Steber nessa Fanciulla (que bela música, por sinal; eu não tenho paciência a glicose de La Bohème, mas este Puccini mais velho aprecio bastante) está bem segura, e eu, em geral (mas pouco ouvi), gosto muito do Mitropoulos em ópera italiana. Del Monaco, um tenor por quem nunca tive muito apreço, está mais empolgante nessa apresentação ao vivo do que na de estúdio, que não tenho, mas já ouvi em casa de um amigo.
Na década de sessenta, pelo que vi numa entrevista da própria Leontyne Price, a soprano chegou a cantar esse papel, mas teve que renunciar à ópera depois da estréia devido à dificuldade vocal. É um papel pesado, o que explica que tenha atraído uma certa filha de Wotan.

Adriano Menegueli · Enviada: Qui Mar 12, 2009 10:31 am Assunto: Emily Bear

Descobri esse prodígio na internet (7 anos) e não consigo parar de ouvir suas belíssimas e inacreditáveis composições. Alguém conhece Emily Bear?
Ela já ganhou prêmio de composição (ASCAP Award 2008), tocou na Casa Branca e já tem 3 CDs!

http://rapidshare.com/files/208146747/Emily_Bear_-_prod_gio.rar.html

Baixem e digam o que acham. São apenas amostras de 30, 40 segundos, mas já dá pra ter uma idéia. Todas são composições dela. Algumas ela compôs com 4 anos! Ela disse possuir mais de 120!

Alguns vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=vUx4t4W4eVY
http://www.youtube.com/watch?v=hYqYf_UfIu0
http://www.youtube.com/watch?v=dHU-csJDfIc

Acho que dessa vez Mozart renasceu mesmo...eheh

Abraços a todos!

Sarastro · Enviada: Dom Mar 15, 2009 3:02 pm Assunto:

GUSTAV MAHLER
Symphonia No. 1
Amsterdam Philharmonic Orchestra
Arpád Jóo

Uma gravação que nada prometia, mas que mostrou-se bem razoável.

Ouço-a enquanto não chega a caixa com todas as sinfonias + "A Canção da Terra", na regência do finado Gary Bertini, comandando a Orquestra Sinfônica da Rádio de Colônia (Kölner Rundfunk-Sinfonieorchester). Dizem que se trata de uma excelente caixa, vamos aguardar...

_________________
Va, pensiero, sull'ali dorate...

Guiomar · Enviada: Seg Abr 06, 2009 11:59 am Assunto:

Depois de "décadas" de distanciamento, volto hoje a postar no Presto!
Desculpem o sumiço, caros amigos.

Devo reconhecer que não sou das prestonautas mais fiéis, pois vivo fases, e essas fases são determinantes para a minha disposição em participar das discussões. Embarassed

(shame on me!!!)

A grande verdade é que tenho um gosto bastante eclético. Há períodos em que ouço mais um gênero x, há períodos em que ouço mais um gênero y... admito que nos últimos tempos (eu confesso, eu confesso!) vivi uma fase "rock n' roll".
Mas duas coisas me despertaram novamente para a música erudita: uma gravação do Michelangeli do Carnaval de Schumann, de 1968; e a curiosidade com relação ao novo cd do Nelson Freire, que comprei mais ainda não tive tempo de abrir. Alguém já ouviu?! O que acharam?!

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Denise

Pádua Fernandes · Enviada: Seg Abr 06, 2009 4:18 pm Assunto:

Guiomar · Enviada: Seg Abr 06, 2009 4:53 pm Assunto:

Oi Pádua! Pra falar a verdade, desconheço essa gravação... de que se trata?

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Denise

Pádua Fernandes · Enviada: Seg Abr 06, 2009 6:25 pm Assunto:

É esta aqui:
http://presto.s4.bizhat.com/viewtopic.php?t=326

Guiomar · Enviada: Ter Abr 07, 2009 10:29 am Assunto:

Nossa, Pádua, parece interessante. Não conheço muito de perto o trabalho do The Who, embora saiba da importância deles em termos "históricos". Fiquei curiosa, principalmente porque esse é o tipo de álbum que gera polêmica, debates acalourados e opiniões que vão do péssimo ao excepcional.
Sem dúvida, um álbum a conferir!

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Denise

Carlos Pianovski · Enviada: Sex Abr 10, 2009 5:26 pm Assunto:

Ouço I Capuletti e I Montechi com Garanca, Netrebko e Calleja, com regência de Luisi, recentemente lançado pela DG (cuja e-store ainda causará minha ruína financeira).

Trata-se de uma bela gravação, realizada ao vivo em Viena no ano passado.

A regência de Luisi faz o que se espera em Bellini: serve de apoio aos cantores, com andamentos adequados e alguma beleza nas poucas passagens em que ela realmente aparece.

Calleja é um tenor interessante, que dificilmente será tão grande quanto alguns apostam, mas tem um timbre bonito, agudos fáceis, elegância de emissão.

Netrebko não tem o smalto de Gruberova, na gravação com Ricardo Mutti, sendo, talvez, o maior exemplo de cantora sobrevalorizada que temos hoje. Mas sua Julieta soa bem, com um timbre mais escuro do as outras cantoras que deixaram gravações comerciais dessa ópera, o que a torna bastante adequada especialmente para o final da ópera. Apesar de alguma aspereza habitual em ornamentos que se seguem a passagens mais difíceis (ou mais agudas), é uma das melhores performances da cantora russa.

A dona dessa gravação, porém, que monopoliza todas as atenções, é a bela mezzo soprano Elina Garanca. Apesar de alguma fragilidade no registro grave, Garanca soube construir um Romeu convincente tanto nas passagens românticas como naquelas heróicas. Sem os maneirismos irritantes de Baltsa no registro de Mutti e ainda mais interessante do que ótima Kasarova na gravação de R. Abbado , Garanca articula com a elegância e a dolceza necessárias o fraseado belcantista, sendo, porém, "viril" quando as cabaletas assim exigem, atingindo com valentia (e com voz cheia) os agudos que a partitura lhe pede. Entre as mulheres, Garanca é a mais acertada das apostas que a Universal (Decca e DG) tem feito nos últimos anos.

Saudações belcantistas

Pianovski

Bruno Gripp · Enviada: Sáb Abr 18, 2009 11:00 pm Assunto:

Faz um bom tempo que não acompanho ópera com o afinco que acomparnhava antes (bom, o piano ocupa quase todo meu interesse musical recentemente), mas venho concordar com o comentário de Pianovsky da sobrevalorização de Netrebko, um produto comercial da DG. A voz continua escura demais para os papéis que canta, os problemas de respiração abundam e o mau gosto no fraseado permanece o mesmo.

Bruno Gripp · Enviada: Sáb Abr 18, 2009 11:16 pm Assunto:

A propósito, ouço o concerto para violino de Beethoven com Kremer/harnoncourt e a insana cadência do Schnittke, como eu gosto dessa gravação.

Para quem não conhece a cadência, eis uma outra gravação com o Kremer:
ttp://www.youtube.com/watch?v=yGRKUl4TrJU

Schnittke baseou-se na cadência da transcrição do concerto para piano, o resultado é apenas marginalmente Beethoven. Como também são marginalmente Beethoven muitas das cadÊncias que vemos por aí tocadas, a do Heifetz por exemplo. Fico com a que é musicalmente superior.

Pádua Fernandes · Enviada: Dom Abr 19, 2009 3:17 am Assunto:

Carlos Pianovski · Enviada: Qua Abr 22, 2009 4:52 pm Assunto:

Ouço Madama Butterfly, na nova gravação com Angela Gheorghiu e Jonas Kaufmann, com regência de Pappano.

A EMI, quando do lançamento do "Tristan" com Placido Domingo (gravação que, no futuro, derá conhecida como "Isolde", com Nina Stemme), anunciou ao mundo que esse seria o último registro de um CD de ópera realizado em estúdio pela tradicional gravadora.

Desde então, lançaram outras óperas pelo selo Virgin, que pertence ao mesmo grupo, mas nada pela EMI.

Eis que a promessa se descumpre em alto estilo: Madama Butterfly com Gheorghiu e Kaufmann ombreia facilmente com os melhores registros da ópera de Puccini.

O maior mérito é de Angela Gheorghiu. Talvez não seja um exagero apontá-la como a maior soprano dos nossos tempos, ao menos no repertório italiano e francês mais tradicional. Brilhou no palco como Mimi, Violeta, Manon, Juliette, Margherite, entre outras. Gravou uma Tosca muito boa (que não sei se consegue repetir ao vivo ...).

A sua Cio-Cio-San é comparável às grandes, como Tebaldi, Callas, Scotto e Freni. Chama a atenção a capacidade de, como Mirella Freni, cantar cuidadosamente as miniaturas da partitura, as passagens mais delicadas e, ao mesmo tempo, quase como Callas e Tebaldi, brilhar nos momentos dramaticamente mais intensos.

Além disso, canta todos os agudos (ao menos em estúdio ...), inclusive o dó opcional ao final de sua delicada ária de entrada. A romena deixa uma Butterfly, sem dúvida, marcante pelo somatório de virtudes - que se forem repetidas no palco, onde ainda não cantou o papel, farão dela uma intérprete histórica da trágica personagem japonesa.

Nos papéis de apoio, Capitanucci não compromete como Sharpless, um personagem que não exige muito de seus intérpretes. Mesmo assim, sua emissão por vezes estranha e timbre que em um ou outro momento chega a lembrar vagamente Fernando Corena nos permitem acreditar que ele não é o barítono italiano pelos qual todos estamos esperando (logo, logo o "italiano" Hvorostowsky" entrará em decadência, e sobrará quem? O espanhol Carlos Alvarez e Roberto Frontalli estão um degrau abaixo. Carlo Guelfi está alguns andares abaixo ...).

Shkosa é uma Suzuki maternal e com boa voz. Aguardemos outras performances.

Kaufmann é a maior promessa entre os tenores ... wagnerianos. A cada vez que o escuto fico mais impressionado com a qualidade do seu timbre (lembra um Vickers jovem e com voz mais redonda), com a capacidade de alternar com desenvoltura passagens viris e melodias sutis e delicadas. Tudo isso se apresenta na sua performance no limitado papel de Pinkerton.

Mas não se pode deixar de notar que ele não é o cantor mais adequado para o papel. Soa escuro demais em vários momentos (é a voz de Vickers ...), e seu dó ao final do primeiro ato está para lá do limite ...

Devemos, é certo, agradecer à EMI por não ter chamado Roberto Alagna (ou, quem sabe, à DECCA, por não tê-lo liberado). O marido de Gheorghiu (é assim que ele deveria ser mais conhecido) é costumeiramente decepcionante (e irritante) nos papéis italianos (as vaias no Scalla forma prá lá de justas!), embora tenha algum brilho no repertório francês.

Mas nome mais adequado para fazer, hoje, o cafajeste marinheiro americano seria o de Marcelo Giordani, apesar de alguns buracos no registro médio. Cabe reconher, porém, que Kaufmann, apesar de menos talhado para o papel, é, a rigor, muito mais cantor do que Giordani.

Por fim, a regência de Pappano soa, nesse registro, menos burocrática que o habitual, mas é o ponto mais frágil da gravação, sobretudo em comparação com Karajan, Serafin ou Bartoletti. Mesmo assim, não consegue destruir a bela performance dos cantores.

Saudações puccinianas

Pianovski

Sarastro · Enviada: Qua Abr 22, 2009 11:38 pm Assunto:

Sarastro · Enviada: Qua Abr 22, 2009 11:50 pm Assunto:

Esqueci de colocar o que estava ouvindo.

Die Winterreise, de Schubert.
Robert Holl, baixo-barítono;
Naum Grubert, piano.

Após ouvir essa belíssima gravação, fui pesquisar maiores detalhes e descobri algo que NÃO me surpreendeu: o holandês Holl estudou com o imenso Hans Hotter.

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Va, pensiero, sull'ali dorate...

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