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Bartók - Avaliações da Crítica

 
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ZpinoZ



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MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 12:44 pm    Assunto: Bartók - Avaliações da Crítica Responder com Citação

Ando interessado nos quartetos de Bartók, desde que, no ano passado, ouvi um deles com o Alban Berg Quartet, na SCA-SP. Lendo mais sobre o compositor me deparei com várias avaliações altissonantes:

“... Bela Bartók foi um dos quatro ou cinco compositores cuja música ficou para a posteridade entre aqueles que desenvolveram a sua atividade entre 1910 e 1945.”

Grout, DJ e Paliska, CV; História da Música Ocidental - Gradiva Publicações; Pág: 699.


“Há um certo número de mal-entendidos nessa situação insólita de um músico morto na penúria e na privação, promovido postumamente ao primeiro lugar entre os compositores ‘compreensíveis.”

“Inegavelmente Bartók situa-se entre os cinco grandes da música contemporânea, ao lado de Stravinsky, Webern, Schoenberg e Berg.”

Jota de Moraes, J. – Musica da Modernidade – Editora Brasiliense; citando Pierre Boulez, pág. 165.


“[Bartók] É hoje considerado – pelos que o preferem a Stravinsky – como talvez o melhor compositor do século.”

Carpeaux, OM; Uma Nova História da Música – Editorial Alhambra, Pág. 279.


Enfim, será assim tão unânime a unaniimidade?

Z


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Bruno Gripp



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 2:10 pm    Assunto: Responder com Citação

Penso que sim. Nunca vi nenhuma crítica informada negativa a Bartók. O que não acontece com STravinsky e os vienenses...


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Laura



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MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 5:15 pm    Assunto: Re: Bartók - Avaliações da Crítica Responder com Citação

Caríssimos ZpinoZ e Bruno,

Eu conheço, sim, uma crítica (informada, como disse o Bruno) sobre Bartók. E provém justamente de um de seus maiores intérpretes, Pierre Boulez. Em seu livro "A Música Hoje" (*), ele faz algumas observações sobre vozes (no sentido de monodia, heterofonia, polifonia, etc) e diz (pgs.130-131):

"Confundiu-se um tanto apressadamente, a meu ver, uma não homogeneidade das vozes com o abandono de um dos princípios mais ricos da música ocidental: dois, ou vários 'fenômenos' evoluindo independentemente um do outro, sem deixar de manter entre si uma responsabilidade em todos os momentos. Assim se deverá conceber a transformação da noção de vozes, não encarar a sua abolição, que aniquila um dos domínios mais importantes da dialética da composição. (...) se analisarmos, por exemplo, uma faixa de freqüências por sucessões de durações, só se pode obter um simples 'preenchimento', equivalente do muito clássico arpejo. Destes arpejos trabalhados, não basta absolutamente mudar o nome para transmutar-lhes a substância que é deliberadamente pobre e imprópria para reter a sua atenção: isto acarreta, além disso, fraquezas estilísticas (confusões cromáticas à Bartok, variegação à Ravel) com as quais temos o direito de ns surpreender."

(*) publicado no Brasil pela Editora Perspectiva em 1972. Título original: Penser la Musique Aujourd'hui).

................
Eu não consigo ser suficientemente arrogante para discordar de Mestre Pierre, mesmo porque posso não ter entendido bulhufas do que ele escreveu (este trecho estava semi-conservado na minha memória há décadas e fui buscá-lo na estante somente agora). Mas do que eu já ouvi de Bartok, não tenho a impressão que ele tenha implodido a noção de vozes. Talvez Boulez estivesse se referindo a uma obra específica (tanto que fala em "confusões cromáticas").

Taí... desculpem o tamanho da mensagem.


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Bruno Gripp



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 10:08 pm    Assunto: Responder com Citação

Laura, eu também pouco entendi de Boulez. Aliás, ele como escritor é bem mais complicado de entender do que como compositor. Mas Bartók é conhecido por abolir a distinção entre modos maiores, menores e modais, o que talvez seja oq ue ele chame de confusão cromática, o que ainda não consegui entender é o que isso tem a ver com a abolição da polifonia. Mas ainda mais difícil de entender (e talvez seja culpa da tradução) é o que é essa variegação de Ravel Rolling Eyes


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Laura



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MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 10:20 am    Assunto: Responder com Citação

Bruno Gripp escreveu:
Mas Bartók é conhecido por abolir a distinção entre modos maiores, menores e modais, o que talvez seja oq ue ele chame de confusão cromática, o que ainda não consegui entender é o que isso tem a ver com a abolição da polifonia.


A tal abolição da polifonia (e a confusão cromática) podem ter a ver com o uso dos instrumentos tradicionalmente melódicos como instrumentos de percussão, não acha?


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ZpinoZ



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MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 11:33 am    Assunto: Responder com Citação

Laura e Bruno,

Somente para lembrar. O terceiro de meus excertos (Inegavelmente Bartók...) são palavras de Boulez, citadas pelo Jota de Moraes. Muito embora na continuação do texto Boulez campare Bartok com os outros quatro grandes, com deméritos para o húngaro.

O que me deixou um pouco espantado, e que motivou o tópico, foi a constatação de que, segundo minhas leituras, está se cristalizando a avaliação de Bartók como o maior compositor do século XX.

Pessoalmente gosto muito mais (uma idiossincrasia individual certamente) de Shostakovich, que escreveu um obra interessantissima dentro de um contexto politico turbulento, cerceante e arrevesado.

Mas tenho também cada vez mais gostado de Bartok, a começar pelos quartetos.

Z


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FernandoRandau



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MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 12:14 pm    Assunto: Responder com Citação

Conheço uma crítica negativa sobre Bartók vinda de Stravinsky, registrada em seu livro de conversas com Robert Craft, lançado no Brasil pela Ed. Perspectiva. Não é lá uma crítica muito interessante, pareceu-me refletir mais o ideal estético do Strawa que propriamente algo negativo em Bartók, veja só: (...) Sabia que músico ele era, tinha ouvido maravilhas sobre a sensibilidade de seu ouvido, e reverenciava profundamente sua religiosidade. Nunca, porém, pude compartilhar o gosto que demonstrou a vida inteira pelo folclore de sua terra. Essa devoção era, certamente, real e comovente, mas eu não podia deixar de lamentá-la no grande músico (...)



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F.R.
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Sarastro



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MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 1:11 pm    Assunto: Responder com Citação

O Boulez tem dessas coisas. Grandes regências, algumas boas composições, e uma imensa dificuldade em fazer-se compreensível. Wink



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Laura



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MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 1:36 pm    Assunto: Responder com Citação

1. Essa observação do Stravinsky sobre Bartok, citada pelo Randau, parece refletir mais abordagens conflitantes dos dois compositores no terreno extra-musical, né não?

2. Tenho curiosidade de ler aquele trecho do Boulez em outro idioma, porque tenho a impressão que os tradutores para o português não foram muito felizes. Alguém tem o livro?


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