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As Sonatas para piano de Beethoven
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MensagemEnviada: Sáb Nov 18, 2006 5:31 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 22

A sonata Op. 22 traz mais uma vez indicios dos metodos de composicao que Beethiven iria desenvolver mais tarde. No primeiro movimento, na forma tradicional da sonata-forma, Beethoven utiliza de notas de passagem em semicolcheias ao longo do movimento.
A melodia do tema principal e' formada por uma simples terca menor (Re, Fa, Re), o que disfarca o motivo principal - o acompanhamento de semicolcheias. Esse acompanhamento aparece ao longo do movimento e e' uma forma de unificar as secoes da musica. Outra caracteristica dessa sonata e' a simplicidade dos seus temas. Beethoven nao elabora melodias misteriosas, ou cheias de acidentes, ao contrario. Os temas caem perfeitamente dentro da escala, e na coda da Exposicao, Beethoven escreve com todas as notas uma escala de fa' maior em oitavas para concluir a secao, nao sem antes apresentar o acompanhamento de semicolcheias. O desenvolvimento, como nao podia deixar de ser, comeca com o motivo do acompanhamento, e depois volta a escala em oitavas. Ao comecar o desenvolvimento com resquicios da coda, Beethoven opta por enaltecer a continuidade de musica, ao inves de iniciar uma secao completamente diferente da anterior - Mais uma de suas caracteristicas presente em obras futuras. Nesse desenvolvimento, com mudulacoes constantes, Beethoven cria varias "sequencias", ao estilo barroco, onde a textura permanece a mesma, mas algumas notas sao modificadas. Os Desenvolvimentos dos seus concertos para piano e orquestra possuem a mesma caracteristica. A Recapitulacao cai na forma tradicional, sem maiores revolucoes.

O segundo movimento e' sustentado pelas constantes colcheias no acompanhamento. O compasso composto (9/Cool ajuda a criar essa pulsacao fixa, imutavel. A melodia entao se desenvolve sobre as variacoes harmonicas desse acompanhamento. Aqui, como em outros movimentos lentos, a melodia soa improvisada com passagens cromaticas e muitas modulacoes.

O minueto tem duas partes distintas, a primeira com uma melodia simples, e a segunda com uma testura que se assemelha a um trinado. O "Minore" e' um exercicio para a mao esquerda, onde as semicolcheias dancam sem parar, quase que como um estudo.

O rondo final obedece a regra Beethoveniana - dificil tecnicamente e com uma tema cativante. Destaque especial para duas pequenas passagens onde Beethoven arpeja um acorde, nos mesmos moldes da Appassionata mais tarde. As variacoes tematicas do tema do Rondo' sao muito interessantes. Beethoven varia o ritmo, acrescenta notas de passagem, oitavas e pausas em cada passagem do tema, criando variedade e demonstrando sua enorme capacidade em manipular temas. Se alguem nao tiver tempo de ouvir a sonata inteira, aconselho a pelo menos ouvir esse rondo, que vale muito a pena.


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MensagemEnviada: Dom Nov 19, 2006 5:19 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 26

A Sonata Op. 26 traz varias caracteriticas peculiares. Desde o tema com variacoes do primeiro movimento ate' o allegro final incansavel, passando pela marcha funebre, fica claro que Beethoven tinha um sentimento especial por essa sonata.

O primeiro movimento vem em forma de tema com variacoes. Pela primeira vez em suas sonatas para piano Beethoven utiliza essa forma para abrir uma sonata. O tema e' composto por uma melodia suave e calma, onde Beethoven deixa varias possibilidades ritmicas e melodias abertas para serem desenvolvidas nas 5 variacoes subsequentes.

A primeira variacao explora a parte harmonica do tema. A melodia e' implicita, e a mao direita apresenta um "contra canto". Interessante, uma vez que o "contra-canto" vem em oposicao a um "canto" que e' implicito.

A segunda variacao traz na textura ritmica sua principal caracteristica. Beethoven usa a tecnica de maos alternadas para dar forma a essa variacao. O baixo traz a melodia, intercalada com acordes na mao direita. O tema vai se fragmentando aos poucos, se distanciando de sua forma original.

Na variacao seguinte a alternancia entre a melodia e o acompanhamento permanece, mas nao tao clara como na variacao anterior. O clima e' mais pesado, com a tonalidade menor. Beethoven ainda muda a articulacao entre maos, onde a esquerda tem um caracter um pouco mais percussivo do que a direita. As sincopes deslocam o "pulso" da musica, outra caracteristica encontrada em grande parte da obra de Beethoven.

Na quarta variacao, Beethoven explora as sincopes reminiscentes da variacao anterior, diluindo ainda mais o tema. Uma variante interessante vem na mao esquerda, quando Beethoven introduz uma figura ritmica (duas semicolcheias seguidas de um comclehia). Com esse motivo ritmico, o compositor traz o senso ritmico de volta, alem de nao deixar que a musica fique muito diluida.

A ultima variacao, por definicao a mais longa e tecnicamente mais dificil (pois funciona como uma Coda), apresenta uma relacao ritmica intrincada. Quialteras, semicolcheias e fusas tingem de preto as ultimas paginas desse movimento. As notas repetidas, que vem la' do inicio do tema, voltam com toda forca, criando o acompanhamento dessa variacao final.

http://www.youtube.com/watch?v=MtI2IVanXlE

O segundo movimento e' um Scherzo, que vem nos moldes dos Scherzos das primeiras sonatas. melodia simples, alguma polifonia e um trio em com uma atmosfera um pouco diferente. O interessante na confeccao dessa sonata e' que o Schrrzo vem logo depois do primeiro movimento. Na tradicional forma e uma sonata, a danca vmem sempre em terceiro lugar, logo depois do movimento lento, como que para tirar o sentimento pesado que um movimento lento sempre traz. A leveza de um minueto ou scherzo prepara o ouvinte para o final brilhante. Nao e' o caso dessa sonata. Aqui a leveza do scherzo vem logo depois de um sobrio primeiro movimento e antes da marcha funebre (quer mais pesado que isso??!). Talvez porque colocar uma marcha funebre logo depois desse movimento com variacoes seria demais, e quase impossivel de voltar a leveza necessaria para terminar a sonata. Especulacoes.... O fato e' que colocando o scherzo como segundo movimento, Beethoven ja' comeca a quebrar com o tradicionalismo da estrutura da sonata para piano.

http://www.youtube.com/watch?v=6-VSR66xETY

A marcha funebre, como toda marche funebre, e' lenta e carregada de notas pontuadas - que fazem a marcha "ser" uma marcha. Essa movimento vem com a inscricao "Marcha Funebre sobre a morte de um heroi" e traz o carater solene do inicio ao fim. Muitos especulam que essa sonata e' um preludio a terceira sinfonia (eroica) composta no ano seguinte.

http://www.youtube.com/watch?v=urD_xpEa0hk

O movimento final aparece numa serie interminavel de semicolcheias. Como em todas as outras sonatas, o movimento final requere uma tecnica apurada por parte do pianista. Nessa nao podia ser diferente. O turbilhao de notas nao para ate' o final do movimento, por vezes na mao direita, vezes na esquerda e ate' mesmo em ambas. A forma e' o rondo-sonata (abacaba).

http://www.youtube.com/watch?v=jHEiaoZxYQo

Alguns criticos diriam que com a Op. 26, Beethoven rompeu de vez com o tradicionalismo da forma sonata. Nao perdiam nada por esperar.....


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MensagemEnviada: Seg Nov 20, 2006 6:22 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 27 n. 1

A proxima sonata, a primeira dos Op. 27, inicia uma nova serie de ideias para Beethoven. Com essa sonata, Beethoven abandona a solidez da forma-sonata e alca voos mais audaciosos.
Assim como a sua "irma famosa", a sonata ao luar, essa sonata traz a inscricao "Sonata quasi una fantasia"em seu primeiro movimento. Esse movimento e' seccionado e traz varias ideias musicais diferentes. Se fossemos analisar em termos de forma-sonata, E' como se a "Exposicao" tivesse dois temas distintos, o primeiro com os acordes na mao dreita e as escalas na esquerda; e o segundo tema com a melodia acompanhada pelos acordes. Depois de apresentar esses temas sucessivamente, Beethoven muda o andamento e coloca um compasso composto -6/8- para nos apresentar o "desenvolvimento". Essa secao do primeiro movimento e' bem contrastante com o resto, com arpejos quebrados ascendentes e um monte de semicolcheias por todos os lados. O caraer instrumentas e' evidente e contrasta bastante com o carater vocal das primeiras secoes do movimento. Depois, Beethoven retorna a calma da abertura da sonata e encerra o movimento, com um "attacca subito l'Allegro", que indica a continuidade de movimentos.

Beethoven nao quer uma "pausa" entre movimentos. O pianista nao tem tempo para "descansar" ou pensar muito antes de "atacar" o Allegro. A construcao desse allegro e' interessante. Beethoven escreve acordes quebrados (tres notas) em ambas as maos. E consegue criar um movimento inteiro baseado nisso. Mais uma prova do talento do compositor que pegou um dos elementos mais basicos da musica - um acorde de tres notas - e criou um movimento inteiro de uma sonata.

Assim como nao deve haver nenhuma interrupcao entre o primeiro e segundo movimentos; entre o segundo e terceiros Beethoven tambem escreveu attacca subito.
O Adagio, curto, traz um tema muito bonito, acompanhado por acordes na mao esquerda - tupico de Beethoven. Alem da melodia sublime, Beethoven usa tambem a sincopa para quebrar a pulsacao ritmica em varias oportunidades. O adagio termina com um improviso escrito, preparando o movimento final. (Sim, aqui tamebm Beethoven escreve "attacca subito", de modo que a sontaa inteira deve ser tocada "de cabo a rabo")

O allegro vivace final e' bem movimentado, com um tema cativante e vem na forma de um elaborado rondo. O interessante nesse movimento e' como termina. Na coda final, Beethoven traz de volta o tema do Adagio, como uma reminiscencia para entao sim, acabar a sonata num final triunfante.

Beethoven quer que a sonata inteira seja compreendida como uma peca unica, como uma fantasia de varias ideias distintas. A mesma ideia o levou a escrever aquela que seria sua mais famosa sonata...


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MensagemEnviada: Seg Nov 20, 2006 6:23 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 27 n. 2

Chegamos finalmente a mais famosa sonata. Essa sonata foi muito tocada tambem na epoca de Beethoven, que chegou a dizer que ele tinha feito musicas melhores. A "Sonata ao Luar". Aquela que serviu de tema para inumeros filmes e romances so' recebeu o apelido famoso muitos anos depois da morte de Beethoven. Foi o critico Rellstab que comparou a musica a um luar no lago Lucerna. A comparacao "pegou" e aqui estamos.

Assim como na sonata anterior, o primeiro movimento vem com a indicacao "quasi una fantasia". Uma melodia melancolica e' apresentada acompanhada porum ostinato que dura o movimento inteiro. Beethoven colocou no inicio da partitura uma indicacao de "senza surdina". Os desavisados pensam que a "surdina" aqui se refere ao pedal da esquerda, o una corda. Mas na verdade a surdina a que Beethoven se referiu e' justamente o pedal da direita! No piano da epoca de Beethoven, o pedal da direita levantava os abafadores (surdinas) das cordas. Ou seja, Beethoven quer que o movimento inteiro seja tocado sem nenhuma surdina nas cordas (com o pedal da direita abaixado). Como o piano moderno nao permite isso - o nivel de projecao e' muito maior do que o piano da epoca de Beethoven, criando dissonancias indesejadas - essa indicacao serve como parametro para interpretacao e nao deve ser levada a risca (a nao ser que o pianista toque num piano de epoca). O movimento tem uma forma-sonata meio escondida, onde existe uma Exposicao, Desenvolvimento e Recapitulacao, mas a forma fica bem diluida no contexto geral. Assim como na sonata anterior, Beethoven coloca aqui um "attacca subito no final do movimento para dar continuidade a musica.

O segundo movimento e' um minueto com trio. Melodia simples, mas como nao poderia deixar de ser, Beethoven usa aquela mudanca ritmica com sincopas. A atmosfera e' bem leve e alegre. Eu achei um video desse movimento (umpouco seco para o meu gosto,mas da' para ter uma ideia):

http://www.youtube.com/watch?v=DOkRTxqSYg4

O terceiro movimento e' o mais extenso e "dramatico" da sonata. De uma dificuldade tecnica muito grande, esse movimento vem na sonata-forma. O tema principal e' heroico e turbulento - Um serie de acordes arpejados ascendentes rapidissimos. Ao longo do movimento, o baixo Alberti se faz presente, mantendo a ansiedade mesmo quando a melodia tem um ar mais calmo. O segubdo tema e' mais lirico e melodico. No final do movimento Beethoven apresenta uma Coda extendida (o que comeca a se tornar uma constante em sua obra para piano). Nessa Coda, ele usa acordes "quebrados" (Arpejos rapidissimos que soam, como se alguem tocasse um acorde sem tocar as notas todas juntas), o que Beethoven usaria mais tarde na Appassionata. Alem disso, na Coda Beethoven traz um pouco do carater de uma cadencia, onde o pianista "improvisa" com as harmonias ate' voltar ao tema principal para fechar o movimento. Para se ter uma ideia, aqui vai mais um video que eu achei:

http://www.youtube.com/watch?v=F6gnPRxbLbo


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luizrb



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MensagemEnviada: Seg Nov 20, 2006 9:10 pm    Assunto: Responder com Citação

Berber,

Tenho uma pequena dúvida na sonata "Ao Luar": o primeiro movimento, o Adagio, me parece ser, na verdade, um Largo. A música fica razoável num andamento de 55 bpm, sendo que o Largo abrange de 40 a 60 bpm. E agora? Errei em algum ponto ou muitos de nós foram enganados durante esse tempo todo? Very Happy


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MensagemEnviada: Seg Nov 20, 2006 10:16 pm    Assunto: Responder com Citação

luizrb,

As marcacoes de andamento sao muito relativas. Uns preferem andamentos mais rapidos e outros menos. Considere tambem a edicao que vc tem. Outra coisa a ser considerada e' a evolucao das interpretacoes, antigamente as interpretacoes eram mais "rapidas" e sem muitos rubatos, depois passamos por um periodo de muitos rubatos, muitas vezes excessivos.
O mais importante e' que a interpretacao tenha sentido e seja consistente, alem de nao desviar muito da intencao original do compositor.

Em outras palavras, use o bom senso. Alem do mais a marcacao e' Adagio Sostenuto - um Adagio mais calmo.....

Alem do mais, o nome de Sonata ao Luar nem foi dado por beethoven - Na verdade essa sonata recebeu esse apelido em 1832, dado por Ludwig Rellstab.


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MensagemEnviada: Seg Nov 20, 2006 10:20 pm    Assunto: Responder com Citação

E falando na Sonata ao Luar, aqui vai o manuscrito da primeira pagina do ultimo movimento:

[img][/img]


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MensagemEnviada: Ter Nov 21, 2006 3:34 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 28

E por fim chegamos a ultima sonata do primeiro livro.
Essa Op. 28 tem um porte consideravel e traz a evidencia mais clara de conexoes entre movimentos. Pela atmosfera calma, e primeiro tema, essa sonata tambem e' conhecida como a "Pastoral"

No primeiro movimento, Beethoven usa a nota pedal (no caso re') para dar a base para o primeiro tema. Essa nota pedal esta' sempre presente, servindo de acompanhamento, motivo, e linha melodica. O ritmo constante desse ostinato aparece ao longo da sonata inteira. O tema e' simples e soa como "metais" em intervalos de tercas, quartas, quintas e sextas. O segundo tema tem um carater mais inquieto, mas nem por isso menos "heroico", com colcheias em ambas as maos acompanhando a melodia nos extremos. Outra caracteristica e' a mudanca de pulso ritmico por meio de sincopes - comum nas sonatas. Depois do Desenvolvimento, a Recapitulacao aparece, sem maiores surpresas, e o movimento se encerra numa coda, onde mais uma vez o primeiro tema aparece. Beethoven ja' estava criando mais uma "parte" para a forma - sonata, onde depois da Recapitulacao, a Coda passa a ter uma importancia crescente.

O segundo movimento tem uma melodia muito bonita e "cheia" com acordes em legato, bem fluido. O interessante e' a articulacao escolhida por Beethoven para acompanhar essa melodia. Beethoven traz na mao esquerda semicolcheias em staccato! O efeito e' interessante e prende a atencao do ouvinte. Eventualmente esse acompanhamento se transforma num ostinato, da mesma maneira que o inicio do primeiro movimento (nota pedal - dessa vez o la'). Mais tarde no movimento Beethoven introduz passagens em fusas que invocam o carater de improviso do movimento.

O Scherzo do terceiro movimento e' bem curo e simples. Como que uma ponte que tira o ouvinte da densidade do segundo movimento e o prepara para o "thriller" do ultimo. Nesse scherzo Beethoven traz de volta a caracteristica ritmica daqueala nota pedal do primeiro movimento. O motivo formado por duas seminimas seguidas de uma pausa aparece ao longo de todo o Scherzo. O trio relembra a textura do segundo movimento, com a mao esquerda realizando um acompanhamento similar.

O rondo final dessa sonata, como nao poderia deixar de ser, e' dificil tecnicamente e traz uma melodia alegre e cativante. Ainda mais com o compasso 6/8. Nesse rondo, Beethoven traz o ostinato do acompanhamento do primeiro movimento de volta. Dessa vez nao somente com uma unica nota, mas expandindo-o intercalando-o com outras notas. A Coda final toma forma propria, exemplificando a importancia dada por Beethoven a essa parte da sonata.


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MensagemEnviada: Ter Nov 21, 2006 8:57 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 31 n. 1

A primeira sonata do segundo livro, e' tambem conhecida como a sonata do "Tchibum"... Ja' explico. No primeiro movimento, Beethoven explora ao maximo um motivo ritmico pontuado (semicolcheia ligada a uma colcheia pontuada). Essa celula ritmica (que soa como um "Tchibum") aparece em todo o movimento. O Primeiro movimento e' apresentado como muita energia, passagens em semicolcheias em ambas as maos percorrem o teclado inteiro, exigindo uma tecnica apurada do pianista. O segundo tema e' alegre e, assim como o primeiro, sincopado. No desenvolvimento de algumas sonatas, Beethoven explora somente uma parte da exposicao (seja o inicio do primeiro tema, seja o material da ponte, a Coda ou segundo tema) Nessa sonata, ele decidiu desenvolver o material com as semicolcheias - justamente a parte dificil.... Criando quase que uma nova exposicao, pela organizacao dos temas apresentados. Na Recapitulacao, Beethoven troca o segundo tema de lugar com a ponte, numa maneira muito interessante. Na Exposicao, a parte das semicolcheias funciona como uma ponte entre os temas. Na Recapitulacao, como uma ponte entre o segundo tema e a Coda. O motivo provavel e' o seguinte: Como o trecho das semicolcheias foi muito explorado no Desenvolvimento, coloca'-lo logo depois do primeiro tema na Recapitulacao seria muito repetitivo. A solucao foi "atrasar" um pouco a volta desse trecho para antes da Coda. Coisas de genio...

O Segundo movimento e' como se fosse uma cadencia num concerto para piano imaginario. Ja' comeca com um trinado e cheio de "improvisacoes escritas". Algumas ideias desse movimento foram aproveitadas por Brahms em suas rapsodias para piano. O movimento e' longo e muito lirico, com uma serie interminavel de acordes acompanhando a melodia. Antes do final do movimento, Beethoven cria uma Cadencia dentro de um trinado, como um devaneio. Muito bonito e vale a pena ouvi-lo com atencao.

O rondo final e' mais um daqueles de tirar o folego, cheio de variacoes ritmicas e melodicas. O tema e' simples, mas pianistas: nao se deixem enganar - Esse movimento e' dificil com Arpejos, Oitavas quebradas, sincopes, polirritimia, etc. Beethoven so' da' uma folga no fim, na forma de um Adagio para o pianista retomar o folego para a coda, um Presto de uma pagina que encerra a sonata em acordes em fortissimo e em pianissimo (como um eco).


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Laura



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MensagemEnviada: Qua Nov 22, 2006 5:14 pm    Assunto: Responder com Citação

Obaaa! Tempestade à vista!


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MensagemEnviada: Qua Nov 22, 2006 8:57 pm    Assunto: Responder com Citação

E antes qe o pessoal fique desanimado com tantas "sonatas", quero diezer que isso aqui e' somente uma ideia geral de cada uma. Podemos discutir em detalhes cada sonata, ou grupo de sonatas.
Em outras palavras, queria colocar uma "introducao" com uma visao geral de cada sonata para podermos discuti-las em profundidade (ou nao) depois.

Sintam-se livres para falar sobre a articulacao da primeira nota da Sonata Op. 2 numero 1 ou sobre o pedal da Sonata ao Luar....
O importante e' participar.


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MensagemEnviada: Sex Nov 24, 2006 5:22 pm    Assunto: Responder com Citação

Laura essa e' proce:

Sonata Op. 31 n. 2 (Tempestade)

Bem, de agora em diante muitas sonatas tem apelidos. Tempestade, Les Adieux, Appassionata, Waldstein, etc etc. Muitos desse nomes foram dados muitos anos apos da morte de Beethoven.
Na Tempestade, uma das minhas sonatas favoritas, Beethoven cria a atmosfera de uma "tempestade" em cada movimento de uma maneira diferente.
NO primeiro movimento, apos uma abertura suave em forma de um acorde quebrado e um arpejo em adagio, a "tempestade" aparece por meio de notas repetidas descendentes e fulminantes. Logo depois desse tema, outro acorde quebrado em adagio retoma um clima miserioso. Dai' em diante, Beethoven traz o tema da tempestade de uma maneira incontida. As ideias e temas se sucedem ate' o final da Exposicao. Mencao especial para o efeito de "3 maos" logo nofinal da primeira pagina, onde o baixo dialoga com a melodia aguda (ambos tocados na mao esquerda) enquanto a mao direita adiciona tensao por meio de um tremolo. O movimento inicial tem varias secoes, divididas por momentos de calmaria. Nesses momentos de calmaria, Beethoven cria melodias (ou acordes) muito expressivos, principalmente na Recapitulacao, onde o acorde quebrado que da' inicio a sonata e' extendido como um devaneio melodico.

http://www.youtube.com/watch?v=-WAvo4A4ANE

O segundo movimento tambem comeca com um acorde quebrado, mas aqui, o clima e' bem mais calmo e sereno, a nao ser pela lembranca da tempestade que ainda esta' por perto. As "trovoadas" aparecem na mao esquerda, por meio de oitavas quebradas em piano - Um efeito muito dificil de ser realizado, mas quando bem tocado, lindo! Atencao especial para as pausas. Aqui um pianista pode literalment destruir com os pes o que construiu com as maos.

http://www.youtube.com/watch?v=U1kOYH12ddo

O terceiro movimento vem numa torrente de notas e emocoes. Desde a primeira nota, Beethoven nos presenteia com um tema de 4 notas, que e' desenvolvido ao maximo ao longo do movimento, que vem na forma de um Rondo sonata (ja' discutido anteriormente). E" um moto perpetuo que termina de uma forma surpreendente - Nao vou dizer como, mas vc pode conferir aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=q3WtjsFIVAM


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Laura



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MensagemEnviada: Sex Nov 24, 2006 6:52 pm    Assunto: Responder com Citação

Brigada, berber! Wink Para retribuir, passo o link de uma gravação da Tempestade em fortepiano, interpretada por um certo Steven Lubin (Real Player):

pnm://media.cc.columbia.edu/music/humanities/cd5003/track07.rm
pnm://media.cc.columbia.edu/music/humanities/cd5003/track08.rm
pnm://media.cc.columbia.edu/music/humanities/cd5003/track09.rm

PS: Revirei o arquivo do Allegro (indicado pelo Bruno) atrás de um tópico específico sobre a Sonata Tempestade, mas não achei. Sad


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MensagemEnviada: Sex Nov 24, 2006 7:02 pm    Assunto: Responder com Citação

Muito obrigado, mas nao consegui abrir os seus arquivos.

O interessante na tempestada e' que os movimentos sao muito interligados, mesmo que na primeira "passada" isso nao seja tao evidente.

O pedal tem que ser usado com muito cuidado em todos os movimentos - Da' ate' para seguir as indicacoes de Beethoven, mas com muito cuidado e precisao, senao fica uma bagunca.

A dificuldade do terceiro movimento e' toca-lo em 3/8! Muitas vezes soa como binario e isso arruina a musica.


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MensagemEnviada: Sex Nov 24, 2006 7:06 pm    Assunto: Responder com Citação

Tente com este outro link:
rtsp://kola.cc.columbia.edu/music/humanities/cd5003/track07.rm


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