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As Sonatas para piano de Beethoven
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MensagemEnviada: Qui Nov 16, 2006 5:02 pm    Assunto: As Sonatas para piano de Beethoven Responder com Citação

Numa das primeiras provas de doutorado da Universidade de Houston, a pergunta para os candidatos de piano era reescrever os temas principais de todos os movimentos de todas as sonatas de Beethoven, com Opus, tonalidade e comentarios.

Abro esse topico para que possamos conversar um pouco mais a fundo sobre essa colecao de obras primas - o Novo Testamento de Musica Ocidental.

Sao 32 Sonatas, compostas entre 1796 e 1822, que retratam a vida desse genio musical. Sao divididas em tres fases (assim como toda sua obra) e apresentam inovacoes revolucionarias na forma-sonata.

As primeiras compostas em plena juventude, e dedicadas a Haydn. As ultimas, verdadeiros poemas musicais, incriveis em sua sensibilidade e grandiosidade.

Quais as suas favoritas? Por que? Quais as mais dificeis? Por que? Quais as mais famosas? Por que? Vamos falar um pouco dessas obras unicas do repertorio pianistico?


O piano de Beethoven


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MensagemEnviada: Qui Nov 16, 2006 5:03 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 2 numero 1

A primeira sonata de Beethoven para piano (Op. 2 numero 1) e' dedicada a Joseph Haydn. Tem quatro movimentos (allegro, adagio, minueto e prestissimo) numa ordem classica, seguindo a tradicao ja' estabelecida.
O primeiro movimento comeca com uma sequencia de notas arpejadas na tonalidade de fa menor. Muitos especialistas escreverem teses e artigos sobre a primeira nota. Se deve ser staccato, legato, etc. O tipo de articulacao dessa primeira nota ainda gera controversias.
Enfim, o primeiro movimento se desenrola tradicionalmente, com seus primeiro e segundo temas, desenvolvimento e recapitulacao. A dificuldade de execucao fica por conta da clareza e leveza de toque, nao so' nos staccatos, mas nas quialteras (triplets).

Os dois primeiros compassos do movimento apresentam o material a ser desenvolvido durante o restante da peca. O movimento se desenvolve inteiramente no motivo principal, as notas ascendentes e a resolucao das quialteras. Beethoven mostrava ja' na sua primeira sonata, o seu talento em desenvolver temas e pecas baseadas em um unico fragmento melodico ou ritmico.

O movimento termina depois de duas sequencias de notas descendentes e uma serie de acordes em fortissimo.

O segundo movimento apresenta uma dificuldade muito comum em movimentos lentos - a execucao da ornamentacao. Varios trinados, mordentes e appogiaturas recheiam a melodia desse segundo movimento. Falar sobre cada um deles aqui sai do proposito do topico, que e' uma visao geral dessas sonatas. A tonalidade do segundo movimento e' Fa' Maior (em contraste com Fa' menor do primeiro). As passagens melodicas apresentadas na melodia tambem criam uma atmosfera quase que fantasiosa.

A tradicao na forma sonata pede um movimento de danca depois do movimento lento. Beethoven, seguindo essa tradicao, apresenta um minueto/trio/minueto como terceito movimento. Voltando a Fa' menor, o minueto e' alegre, leve e simpatico. O Trio apresenta a melodia alternada entre a mao direita e a esquerda em duas vozes. A dificuldade tecnica maior aparece no final do trio, com uma passagem de sextas na mao direita.

O movimento final (prestissimo) e' de uma energia impressionante. Ja' em sua primeira sonata, Beethoven se mostra ambicioso no ultimo movimento. A tecnica necessaria para toca-lo e' grande: Arpejos constantes no baixo, acordes cheios, escalas rapidas, trinados, oitavas, etc. O pianista tem somente um momento para "respirar" - logo depois da barra de repeticao. As ultimas paginas sao um "thriller", onde qualquer descuido pode ser fatal.

A Sonata Op. 2 numero 1 inicia a serie de obras primas para o piano de Beethoven. Beethoven entra no mundo das sonatas com confianca, colocando o pe' na porta e dizendo: "Cheguei!" As sonatas subsquentes confirmariam a impressao da primeira - Beethoven havia chegado para ficar!


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MensagemEnviada: Qui Nov 16, 2006 5:04 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 2 numero 2


A forma tradicional da sonata para piano seguia o padrao de andamentos rapido-lento-moderato-rapido. Beethoven o quebrou com suas sonatas, mas somente mais tarde.
A segunda sonata de Beethoven para piano - Op. 2 numero 2 - tambem e' dedicada ao mestre Joseph Haydn. Essa sonata tambem possui a forma tradicional de 4 movimentos (allegro vivace, largo appassionato, Scherzo allegretto e Rondo Grazioso).

A sonata e' na tonalidade maor de la' e inicia com um ar misterioso, em piano e stacatto. Beethoven usa o material principal da sonata apresentado nos primeiros compassos para uma vez mais desenvolver a estrutura do primeiro movimento. O movimento e' rico ritmicamente com seu compasso ligeiro (2/4). O desenvolvimento da sonata apresenta uma tecnica interssante, desenvolvida por Scarlatti em suas obras para o teclado - A tecnica de maos cruzadas. Scarlatti adorava cruzar as maos para dar a impressao auditiva de tres maos tocando o piano. No desenvolvimento de sua segunda sonata, Beethoven utiliza essa mesma tecnica, alternando o tema nos extremos do piano com a mao esquerda, enquanto a mao direita realiza o acompanhamento e, semicocheias.
Outra caracteristica da musica de Beethoven aparece com mais frequencia ao longo desse movimento - a presenca de acentos. Em varias ocasioes, Beethoven usa o fp ou ffp para indicar acentos em certas notas ou acordes.
O movimento termina em pianissimo, preparando a entrada do proximo - outra caracteristica a ser notada em suas sonatas.

O segundo movimento e' de uma beleza impar. As articulacoes do baixo acompanhando uma melodia simples criam uma atmosfera muito interessante ao longo do movimento. Uma atmosfera calma, sem muita tensao, mas ao mesmo tempo muito expressiva.Durante o movimento, Beethoven demostra sua familiaridade com a escrita polifonica. Os acentos estao presentes nesse movimento, assim como a transformacao tematica.

O terceiro movimento e' bem curto e simples. Como todo terceiro movimento, esse possui uma aura simpatica e simples. Se nao me falha a memoria, Beethoven foi um dos primeiros (se nao o primeiro) a substituir o tradicional minueto por um Scherzo no terceiro movimento de uma sonata. O Scherzo (traducao - brincadeira) tem um andamento mais rapido do que o minueto, mesmo sendo em 3/4. O Reio que segue traz uma textura homofonica, com uma melodia descendente.

O ultimo movimento dessa sonata comeca com um arpejo ascendente bem rapido, iniciando um tema cheio de energia. Esse arpejo inicial e' modificado ao longo do movimento e cada vez que aparece, recebe mais notas, quebrando mais uma vez a formalidade ritmica da peca (la' pelo compasso 100, chega a ter 32 notas!). Varias passagens rapidas e acompanhamentos com saltos requerem uma tecnica apurada por parte de qualquer pianista que queira enfrentar esse movimento. Uma mencao especial vai para a secao cromatica em quialteras em stacatto.
A sonata termina delicadamente e quase subitamente em piano.

Com sua segunda sonata, Beethoven apresenta varios aspectos que marcariam suas composicoes futuras. Acentos, conxao entre movimentos, modificacoes ritmicas e cromaticismo. Um aperitivo para suas proximas criacoes.


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MensagemEnviada: Qui Nov 16, 2006 6:12 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 2 numero 3


A terceira sonata de Beethoven tambem e' dedicada a Haydn, e tambem tem quatro movimentos. Essa sonata - a ultima do Opus 2 e' em do' maior.

O primero movimento comeca com o motivo principal e ja' de cara assusta o pianista. O primeiro motivo da obra (as tercas em semicolcheias) dao um trabalhao para sairem direito. Muitos tocam com as duas maos, mas esse motivo deve ser tocado com a direita. Enfim, depois dele, Beethoven cria uma atmosfera bem energetica, com oitavas quebradas em fortissimo. Os temas sao bem separados, e tem caracteristicas bem diferentes. O primeiro, energetico, ritmico e vibrante. O segundo, lirico e expressivo. As oitavas quebradas sao uma constante nesse movimento, o que requer uma resistencia boa por parte do pianista.
No desenvolvimento, os trinados e acordes quebrados aparecem a toda hora, criando uma progressao harmonica interessante. Depois da recapitulacao, Beethoven coloca uma mini-cadencia antes de acabar o movimento. Nessa cadencia, o carater e' improvisatorio. A cadencia termina no motivo inicial mais uma vez - como se fosse uma segunda recapitulacao, ja' saindo um pouco da forma tradicional, mesmo que so' por um tempinho. O movimento acaba decisivamente em oitavas quebradas em fortissimo e dois acordes decisivos. Os acentos estao presentes em todas as partes do movimento (assim como nas sonatas anteriores).

Beethoven compos o segundo movimento em uma tonalidade fora dos padroes esperados - Numa sonata em Do' maior, o segundo movimento e' em Mi maior! - atingindo um contraste interessante.
Nesse segundo movimento, Beethoven coloca em pratica seu talento pela melodia e progressao harmonica. A tecnica de "tres maos" aparece aqui nesse movimento. O pianista deve cruzar as maos para obter o efeito de baixo, melodia e acompanhamento ao mesmo tempo. E tudo isso numa atmosfera bem delicada e calma. A expressividade desse movimento traduz uma das mais belas paginas da primeira fase de Beethoven.

O terceiro movimento e', de novo, um Scherzo. Uma polifonia alegre cria um scherzo energetico. O motivo de tres colcheias aparece ao longo do movimento, que termina com um salto de oitava (que o pianista tem que estudar sempre para nao errar, hehe) O trio passa rapido como um trem. Os acordes quebrados em forma de arpejo subindo e descendo criam uma atmosfera instavel e sempre em movimento. A dificuldade aparece no final, com um arpejo descendente que nao da' margem a rubatos ou "perdas de tempo." O interprete pode escolher toca'-lo bem fluido (com pedal) ou bem claro, (sem pedal). Qualquer que seja a escolha, o carater deve ser mantido. A CODA desse terceiro movimento desfaz a energia acumulada no Scherzo e prepara de certo modo a entrada do Rondo final.

O quarto movimento vem em forma de um rondo'. Com a caracteristica principal sendo a leveza e flexibilidade de pulso para tocars os acordes ascendentes do tema. O movimento apresenta saltos, oitavas, arpejos escalas rapidissimas, etc - enfim tudo o que for possivel para desafiar a tecnica do pianista. No final, Beethoven apresenta um de seus longos trinados (o que seria uma marca registrada das ultimas sonatas).O movimento tem varios "finais" em hesitacao, que se perdem em pausas com fermatas antes do final verdadeiro - energetico em fortissimo.

Fechando o ciclo de tres sonatas Op.2, Beethoven parte da zona de conforto e tradicionalismo de Haydn e Mozart e embarca numa jornada que o levaria a reinventar a forma-sonata.


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MensagemEnviada: Qui Nov 16, 2006 7:55 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 7

A quarta sonata de Beethoven tambem segue a estrutura das tres anteriores, com quatro movimentos. Essa sonata em Mi bemol maior foi dedicada a condessa Babette Von Keglevics, por muitos considerada uma amante de Beethoven. Essa sonata tem uma caracteristica muito energetica e ate' mesmo passional em seus movimentos.

O tema do primeiro movimento inicia uma ideia repetitiva, nas colcheias da mao direita. A atmosfera alegre e jovial preenche a exposicao. Passagens rapidas em oitavas quebradas e escalas cromaticas aumentam o nivel de dificuldade desse movimento. O desenvolvimento utiliza a textura do inicio da obra, explorando o acompanhamento da mao esquerda. Beethoven modula para la menor no decorrer do desenvolvimento - e' a segunda vez que Beethoven troca a armadura de clave durante um primeiro movimento ( a primeira acontece em sua segunda sonata). O movimento longo termina de uma forma decisiva.

"Largo, com grand espressione" e' a indicacao de Beethoven para o clima do segundo movimento, que se desenrola em do maior. A escrita comedida e cheia de pausas relembra o segundo movimento da sonata Op. 2 numero 3, mas as variacoes de ritmo, articulacao e dinamica fazem esse movimento se destacar entre as paginas escritas por Beethoven em sua primeira fase. O uso contante de "tenuto" reflete a preocupaao de Beethoven em dar ebnfase a expressividade. A dificuldade tecnica reside na interpretacao e cuidado com as notas pontuadas.

O terceiro movimento nao e' um scherzo, e tampouco um minueto. Beethoven simplesmente colocou "allegro" no topo da pagina. Se bem que o tema poderia perfeitamente se encaixar num minueto, com o compasso ternario e a melodia simples em frases de quatro compassos. A segunda parte tem um inicio polifonico(como muitos trios e scherzos de Beethoven) e mantem a simplicidade. O "trio" desse movimento e' um dos meus prediletos. A atmosfera de turbulencia atingida pelos acordes quebrados so' poderia sair da pena de Beethoven. A energia nao para do inicio ao fim, e o pianista tem que ter concentracao para fazer as notas bem iguais, mas ao mesmo tempo trazer a melodia "escondida" a tona.

O rondo' final e' bem dificil tecnicamente, assim como todos os ultimos movimentos das sonatas de Beethoven. Alguns ate' dizem que esse e' o seu rondo' mais ambicioso para piano da primeira fase.O pianista tem ue ter uma resistencia grande, porque o movimento e' bem longo, e as mudancas de tecnica sao constantes. O final da sonata se dilui em uma nuvem de fusas na mao esquerda.

A sonata Op. 7 e' definitivamente uma sonata a ser estudada por qualquer pianista serio que queira entrar a fundo na obra para piano do Beethoven da primeira fase.


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MensagemEnviada: Qui Nov 16, 2006 7:56 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 10 numero 1

Com sua quinta sonata para piano, Beethoven compos sua primeira sonata com tres movimentos apenas. Sao eles Allegro molto e con brio, Adagio molto e Finale Prestissimo. Essa curta sonata e' dedicada a condessa Anna Margaret von Browne, esposa de um grande incentivador ($$) de Beethoven em seu inicio de carreira.

O primeiro movimento tem no tema principal uma mistura de energia com hesitacao. As frases sao muito curtas, e o material tematico num primeiro momento parece ser erratico e sem conexao. Um acorde para definir a tonalidade de do' menor inicia o movimento, seguido de um arpejo quebrado com notas pontuadas. Depois acordes em piano. Tudo isso com pausas no meio. Nao existe aquela melodia que fica na memoria, ou aquele clima perfeito de sonho. O primeiro movimento inicia com o que pode-se chamar de fragmentos. E" verdade que esses mesmos fragmentos vao formar o desenvolvimento da sonata. O segundo tema e' a parte mais consiustente e melodica desse primeiro movimento, que se acaba de uma maneira bem Beethoveniana, com um diminuindo na parte grave do piano e dois acordes subitos em fortissimo, como que acordando o ouvinte.

O segundo movimento em la bemol maior traz algumas caracteristicas do primeiro, como a enfase em motivos com notas pontuadas e frases curtas. A dificuldade vem na execucao dos ornamentos e passagens "improvisadas". Beethoven, grande improvisador, usa de seu talento para criar melodias novas dentro da estrutura de frases curtas desse movimento. E' o principio do Jazz...

O movimento final e' bem curto e energetico, seguindo a forma-sonata. O primeiro tema e' apresentado com um motivo ritmico em semicolcheias. Esse motivo e' repetido tres vezes, cada vez em um registro mais agudo, com as notas em oitavas. O segundo tema e' um pouco mais calmo, mais melodico, acompanhado de alguns acordes. O interessante desse final e' justamente o fim. Beethoven da' aquela parada no andamento e energia, para depois voltar com tudo e encerrar a sonata.


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MensagemEnviada: Qui Nov 16, 2006 7:56 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 10 numero 2

Essa sonata, tambem dedicada a condessa von Browne (A condessa dos Op. 10), tambem tem tres movimentos e e' uma das minhas sonatas preferidas da primeira fase. Sonata leve, mas cheia de nuances.

No primeiro movimento, Beethoven inicia o primeiro tema de uma maneira interessante. A primeira parte do tema e' meio misteriosa, meio relutante, onde as pausas criam a expectativa inicial. Ja' na segunda parte do tema Beethoven "relaxa" mais e nos da' uma melodia ascendente e sincopada, acompanhada de acordes. A musica fica "presa" no inicio, devido as pausas e as constantes repeticoes de ideais contrarias. Somente no compasso 18, Beethoven deixa a musica mais fluente, com o acompanhamento de semicolcheias na mao esquerda. A Coda da exposicao traz o humor, sempre presente na musica de Beethoven. Aqui, a tecnica das "maos cruzadas" faz com que a melodia se alterne entre o bem agudo e o bem grave, sempre acomanhada pela "turbulencia das semicolcheias da mao esquerda. E exposicao termina com tres oitavas secas. No desenvolvimento, a parte mais bonita desse movimento, Beethoven explora fragmentos dos temas, e cria uma melodia completamente nova. A sessao de oitavas quebradas intensifica a tensao natural de um desenvolvimento, onde a modulacao e' de praxe. Depois de alternar o motivo entre as duas maos, Beethoven dissipa a tensao num diminuindo de quatro compassos ate' uma grande pausa com fermata. O que se segue depois e' muito interessante...
Todos esperam a volta do primeiro tema, e por consequencia o inicio da recapitulacao, o que realmente acontece, so' que de uma maneira inesperada! A sonata e' em fa' maior, e nada mais natural que depois do desenvolvimento cheio de tensao, a recapitulacao aconteca com o tema em fa' maior. Nesse caso Beethoven traz o primeiro tema em Re' Maior?!? E vai em frente como se nada tivesse acontecido, como se a sonata fosse realmente em re' maior. Depois de concluir o primeiro tema inteirinho, Beethoven "para a musica" como se dissesse "hummmm tem alguma coisa errada por aqui" e finalmente reapresenta o tema em sol menor, modulando ate' fa' maior de novo. Ou seja, o ouvinte nao sabe se a parte em re' maior ja' e' a recapitulacao ou ainda faz parte do desenvolvimento! O restante do movimento segue normalmente, sem muitas supresas.

O segundo movimento possui um clima de misterio, com as duas maos tocando as mesmas notas na abertura. O movimento inteiro e' predominantemente piano, com pouquissimas partes fortes. Todavia, os acentos, tao caracteristicos em Beethoven, aparecem em abundancia, deslocando a metrica com enfase nos terciros tempos dos compassos. A dificuldade e' manter o controle e solidez, sem se deixar influenciar muito pelas constantes mudancas e melodias que aparecem. O movimento termina bruscamente, com dois acordes secos.

O terceiro movimento e' um dos prestos mais charmosos de Beethoven. E olhe que Beethoven nao compos nenhum "terceiro movimento" que seja mediano, podem notar que todos sao geniais, de concertos a sonatas, passando por musica de camara e sonfonias. Nesse terceiro movimento, o tema e' simples, com as notas repetidas criando um ritmo muito envolvente. O segredo aqui e' nao toca-lo rapido demais, o que faria perder todo o charme. As dificuldades tecnicas sao constantes, desde sequencias longas de oitavas quebradas ate' passagens em contraponto. A energia vai do inicio ao fim, sem tempo para respirar.

Desculpem pela extensao da mensagem, mas e' que eu me empolguei um pouco, afinal adoro essa sonata.


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fanermaluco



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MensagemEnviada: Sex Nov 17, 2006 3:13 pm    Assunto: Responder com Citação

Uma sugestão: transfira este tópico para o "obras musicais"...eu mesmo estou preparando um resuma da análise do Lorenz do Anel do Nibelungo, e vou por só lá.
Abraço!


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MensagemEnviada: Sex Nov 17, 2006 6:10 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 10 numero 3

Com essa sonata, Beethoven voltou a formula de quatro movimentos, sendo o primeiro rapido, o segundo lento, o terceiro uma danca e o quarto presto. Essa sonata tambem foi dedicada a "Condessa dos Op. 10". E traz uma energia contagiante do inicio ao fim.

O primeiro movimento abre com oitavas ascendentes, numa abertura sem maiores introducoes. Algo como - Cheguei, estou aqui! O primero tema segue com um jogo de piano-forte entre as secoes. O segundo tema apresenta a ja' tradicional melodia na mao direita e o acompanhamento na esquerda. Modulacao para La' maior, e uma pre-indicacao do que seria mais tarde a Waldstein la' pelo compasso 55. O movimento e' longo, assim como a sonata. As principais dificuldades aqui estao nas oitavas constantes (um pianista inexperiente vai ficar cansado antes da recapitulacao), nos acordes quebrados (movimento de rotacao do pulso e' fundamentl) e na atencao em nao correr demais. O movimento e' presto, mas se vc tocar muito rapido, perde toda a tencao ritmica, que e' essencial. O final da Exposicao funciona como uma ponte para a repeticao da mesma ou para o desenvolvimento. EM outras palavras, vc nao percebe onde a secao acaba. O primeiro movimento e' cheio de nuances, com partes rapidas e energeticas, partes como se fosse um coral e ate' um pouco "impressionistas" no final.

O segundo movimento (Largo e Mesto) tem uma figura ritmica interessante. O movimento e' em compasso duplo (6/ e traz acentos no primeiro, terceiro, quarto e sexto tempos. Aqui Beethoven tambem explora o seu talento em improvisacao, modificando o tema melodicamente ao longo do movimento. Os acentos (fp) aparecem por todos os lados, e Beethoven chega ate' mesmo a colocar ffp, para acentuar ainda mais o efeito desejado. O final e' bem "pastoral" com a musica se diluindo ate' o re' no baixo.

O terceiro movimento e' um minuetocommuitas sincopes, acentuando o ritmo caracteristico da danca. No meio do minueto, Beethoven apresenta uma caracteristica que ele proprio exploraria ao extremo em obras futuras: o trinado continuo sobre uma melodia (ou fragmentos de melodia). Em suas ultimas sonatas, Beethoven utiliza esse artificio do trinado continuo para criar uma atmsfera especial, assim como em muitas de suas cadencias para concertos. O trio e' fluido (como os trios anteriores) e explora a tecnica das "tres maos" que falamos anteriormente. A dificuldade e' exatemente criar a fluidez necessaria ao movimento sem interromper a linha melodica.

O final e' muito interessante. Beethoven usa uma formula ritmica (usada mais tarde por Brahms em seu scherzo) no inicio, com tres semicolcheias sendo que a segunda cai no primeiro tempo do compasso. O movimento e' cheio de dificuldades tecnicas, com escalas, arpejos acordes quebrados (baixo alberti) entre outras coisas. Assim como no primeiro, o pianista que tocar esse movimento muito rapido vai cair no erro comum de escolher velocidade ao inves de tensao ritmica. Ao longo das paginas do ultimo movimento, encontramos varias secoes, varias partes, com ideias diferentes. O que e' facil para dividir e estudar, e' dificil para tocar como um todo.

Nessa sonata, Beethoven deixa a mostra uma pequena parte do que viria ser mais tarde a sua linguagem revolucionaria para o instrumento.


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MensagemEnviada: Sex Nov 17, 2006 6:12 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 13 - Pathetique

Essa sonata e' a primeira, entre tantas, com um apelido. A "Sonata Patetica" e' ainda hoje, junto com a "Sonata ao Luar" uma das mais famosas e populares musicas de Beethoven. Essa obra foi vista com muitas reservas quando foi composta devido ao alto grau de ousadia por parte de Beethoven. Uma obra revolucionaria, diziam alguns. Uma obra de um compositor maluco, diziam outros.

Ja' no primeiro movimento Beethoven traz caracteristicas revolucionarias. Um acorde forte estabelece a tonalidade e inicia uma secao muito expressiva, que funciona como uma introducao. As nuances sao muito sutis, mas criam uma atmosfera nunca antes experimentada numa sonata para piano - quase uma fantasia. Numa rapida escala cromatica descendente no final da primeira pagina, Beethoven enfim inicia o primeiro movimento, num andamento rapido = Allegro molto e con brio. O "primeiro tema" por assim dizer e' formado de sextas e tercas ascendentes acompanhadas por oitavas no baixo, funcionando como um tremolo, o que cria uma tensao quase palpavel. A energia nao se dissipa ao longo do movimento e esta' presente em todas as secoes: desde a secao onde a mao direita e' responsavel pela melodia e baixo (secao dificl com os saltos muito rapidos) ate' a parte onde Beethoven aumenta a tensao incrivelmente, la' pelo compasso 90, num crescendo intenso utilizando todos os extremos do piano. No final da exposicao, Beethoven usa o material do tema principal para a coda, que finda essa secao de uma maneira completamente "nao-conclusiva". O desenvolvimento tambem inicia-se com uma introducao ao modo da Exposicao. O material e' o mesmo e surpreende pela modulacao, com uma introducao em sol menor para uma conclusao em mi menor, onde o tema principal retorna.
O desenvolvimento termina com uma passagem em colcheias descendentes que se desencadeia na Recapitulacao. A recapitulacao ocorre de maneira normal ate' o final do movimento, onde Beethoven traz o metarial do inicio do movimento para o desfecho final. Como se fosse um novo inicio, Beethoven traz a introducao e o inicio do primeiro tema para encerrar o movimento de uma maneira abrupta. E' interessante tambem notar que Beethoven deixa o ultimo compasso em branco, com uma fermata, como se desse um tempo grande para o pianista descansar e mudar completamente a atmosfera para o inicio do segundo movimento.

O segundo movimento representa uma das paginas mais belas ja' escritas na musica. A melodia suave, acompanhada pelas harmonias que somente poderiam ter saido da pena de Beethoven criam uma atmosfera de tranquilidade e calma impressionante. O movimento se desenvolve baseado na tecnica de variacao, onde o tema permanece ali, quase imutavel, mas com o acompanhamento se modificando a cada vez. Para alunos iniciantes e' uma otima peca para desenvolver a nocao do cantabile, onde vc tem que dividir a melodia e o acompanhamento numa mesma mao.

O terceiro movimento, o rondo' e' mais uma prova daquela velha frase que Beethoven nao compos um rondo' mais ou menos, todos sao fenomenais. A forma aqui e' o do rondo-sonata, onde Beethoven mistura as formas do rondo (ABACADA) e da sonata, criando uma forma nova. No rondo-sonata, ABACABA, as secoes A,B,A representam o primeiro e segundo temas, sendo B o segundo tema. A secao C representa o desenvolvimento. A recapitulacao tambem apresenta A,B,A, onde B vem na tonalidade original, como em uma forma sonata normal. As secoes sao bem definidas, e criam mais um atrativo a essa fenomenal obra de arte.

Com essa sonata, principalmente o seu primeiro movimento, Beethoven abriu as portas para o futuro - ninguem depois de ouvir essa obra - poderia fechar os olhos para as possibilidades de expressao apresentadas aqui.


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Amancio



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MensagemEnviada: Sáb Nov 18, 2006 12:46 pm    Assunto: Responder com Citação

Só de lembrar do segundo movimento, já me sobem lágrimas aos olhos. A Sonata Patética é uma das maiores obras do gênio de Bonn!


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MensagemEnviada: Sáb Nov 18, 2006 4:02 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 14 numero 1

Depois do sucesso e impacto da sonata Op.13, Beethoven compos uma serie de duas sonatas "curtinhas". A serie da Op. 14. Consideradas as "sonatas faceis" na verdade nao sao tao faceis assim.

O primeiro movimento vem no tradicional Allegro. O primeiro tema tem uma melodia bem simples, acompanhada por acordes na mao esquerda. E" no segundo tema que Beethoven traz a inovacao com um cromaticismo bem elevado, alem de uma textura polifonica. No Desenvolvimento, a sonata assume ares mais ambiciosos, com uma melodia dramatica acompanhada de acordes quebrados na mao esquerda. Na Recapitulacao, Beethoven substitui os acordes da mao esquerda por escalas ascendentes, modificando a atmosfera do primeiro tema. Na Recapitulacao, o tema e' apresentado em acordes cheios, e sob uma tensao crescente, resultante das escalas ascendentes no baixo. Na Coda o material do primeiro tema volta para encerrar o movimento de uma maneira bem suave, em pianissimo.

O segundo movimento vem na forma de um Allegretto em mi menor. (Ah, a sonata e' em Mi Maior.) A atmosfera desse movimento lembra uma forca insistente, indo sempre a frente. Com um tema simples, mas bem trabalhado, Beethoven repete a ideia principal varias vezes durante o movimento, sempre modificando-a um pouco, seja na extensao do teclado, ou no acompanhamento. O movimento segue com um "Maggiore" que nada mais e' do que um "segundo tema" em do maior que modula de volta a mi. A Coda tambem leva a uma conclusao em pianissimo, lembrando o primeiro movimento.

O terceiro movimento traztoda a dificuldade tecnica nao encontrada nos dois outros. O tema desse Rondo traz arpejos descendentes em quialteras na mao esquerda e um tema que lembra o primeiro tema do primeiro movimento na mao direita. Ate; mesmo a sucessao de escalas descendentes rapidas lembra o segundo tema do primeiro movimento. Aqui o "Rondo-sonata" tambem se faz presente, com uma secao bem dramatica funcionando como desenvolvimento. Nessa secao, muito modulatoria, Beethoven muda a armadura para somente um sustenido (Sol maior e posteriormente Si, para voltar ao tema em Mi). A coda fecha essa curta, porem preciosa sonata de uma maneira que se tornaria constante em Beethoven No final (assim como na Patetica) beethoven traz o tema inicial do rondo' como se fosse mais uma passada do tema. Contudo ele muda abruptamente a direcao da musica para enfim encerra'-la.
Beethoven usa esse mesmo desfecho na 5 sinfonia, na Patetica e em muitas outras obras. Esse desfecho abriria posteriormente o caminho para mais uma de suas "revolucoes" musicais, com um segundo desenvolvimento na sonata, logo apos a recapitulacao, mas isso e' coisa para mais tarde....


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MensagemEnviada: Sáb Nov 18, 2006 4:04 pm    Assunto: Responder com Citação

Sonata Op. 14 numero 2

Nessa segunda sonata do Opus 14, Beethoven volta ao tradicional forma allegro - Andante - Allegro assai (Scherzo). A segunda sonata dedicada a Baronesa Josefa von Braun e' simples, mas contem passagens bem elaboradas.

O primeiro movimento comeca com uma figura ritmica interessante, onde o ouvinte nao sabe ao certo onde esta' o "Downbeat" da musica. Beethoven, que adorava brincar com a percepcao ritmica do ouvinte, inicia a sonata no segundo tempo de um compasso 2/4, deslocando todo primeio tema em "meio compasso" e criando a impressao de que o baixo entra no inicio de cada compasso. O pianista tem que entender essa dualidade e coloca'-la em pratica na interpretacao. O movimento e' cheio de "armadilhas ritmicas" com sincopas, polirritmia, acentos em off beats, etc. O movimento e' apresentado tradicionalmente, sem muitas inovacoes quanto a forma. Na coda, Beethoven traz de volta o tema principal - outra "tradicao" em suas sonatas.

O segundo movimento e' muito legal de se ouvir e tocar. Com o ataque seco e as pausas entre acordes, Beethoven cria uma atmosfera de uma marcha para a abertura. O movimento traz varias "ideias" que sao repetidas cada passagem ate' a passagem final, onde Beethoven explora mais uma vez seu talento em desenvolver ideias. Uma passagem em semicolcheias traz de volta o tema inicial da marcha para enfim terminar o movimento.

O Scherzo final tambem apresenta variacoes ritmicas que pregam truques no ouvinte. O tema vem em fragmentos, onde o material principal e' com uma escala ascendente. Essa "indecisao" dura ate' o compasso 70, onde a musica finalmente "pega" e se desenvolve com um pouco mais de fluidez. Mas mesmo assim, Beethoven nao deixa de lado a complexidade ritmica, com acentos nos tempos fracos. Essa secao funciona mais ou menos como o Trio do Scherzo. Beethoven intensifica essa complexidade ate' o final da peca, onde a polirritimia aparece entre o acompanhamento e a melodia. O final, surpreendente, dilui a musica gradualmente ate' a ultima nota no baixo.

Mais uma sonata onde Beethoven "pratica" suas caracteristicas ao compor para o piano, sendo que a complexidade ritmica e' a mais evidente nesse caso.


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Laura



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MensagemEnviada: Sáb Nov 18, 2006 5:05 pm    Assunto: op.14/2 (coda) Responder com Citação

Gostaria de acrescentar que o 2o. movimento é um tema com variações, mas com uma característica genial: o tema, isto é, a sua melodia, permanece praticamente inalterado. O que Beethoven desenvolve nesse movimento é quase que exclusivamente o ritmo e a decomposição de acordes.

Essa sonata é muito especial, apesar de pouco conhecida. Do meu pequeno repertório, talvez seja a obra que mais gosto de estudar. Por isto, sugiro aos pianistas e pianeiros que a ouçam e a leiam.


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(berber)



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MensagemEnviada: Sáb Nov 18, 2006 5:30 pm    Assunto: Responder com Citação

Laura, parabens por ter essa perola no seu repertorio!


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