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Sarastro
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 900 Localização: Brasil
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Enviada: Qui Dez 07, 2006 7:51 am Assunto: Episódios embaraçosos da vida real |
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Tópico destinado ao relato de experiências nada agradáveis que ocorreram ao longo da vida dos prestonautas nas salas de concerto mundo afora.
De saída, lembro dos seguintes:
1) "Stabat Mater" de Rossini no Teatro Carlos Gomes (Vitória-ES). A execução ia bem, não obstante alguns problemas de afinação do coro. No último movimento da obra, ouve-se um grande estalo... e algumas das luminárias do palco (grandes, por sinal) começam a despencar durante a música. Antes que alguém morresse, o maestro encerra a execução.
Tempos depois, fiquei sabendo que a parte de vidro de alguns dos holofotes havia sido recentemente trocada; o material não aguentou o calor e *plác!*.
Ah, essas licitações obscuras...
2) Três sonatas para piano de Beethoven, no mesmo teatro - inclusive a "Hammerklavier". O pianista italiano Christian Leotta tocou todas as três de memória. Pena que devido à famigerada "entrada franca" o público encontrava-se excessivamente excitado, e aplaudiu entre TODOS os movimentos das três sonatas.
Ainda assim, Leotta manteve a concentração até o fim.
(Obs.: nada contra a "entrada franca". Só que em tais eventos seria imperativo fechar as portas do teatro em um dado momento e instruir o público, de modo agradável e com fins educativos, a desligar os celulares, as crianças barulhentas e só aplaudir no final das obras).
3) Mesmíssimo teatro, a Orquestra Filarmônica do ES ataca uma sinfonia de Tchaikovsky. De todas as vezes que a ouvi, esta foi uma das melhores noites: as madeiras estavam realmente inspiradas e o maestro atingiu a linguagem do compositor.
Porém, em uma pausa mais demorada... o público dos camarotes irrompe em aplausos. Quebrou o clima, mas entre mortos e feridos salvaram-se todos.
_________________ Va, pensiero, sull'ali dorate...
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Amancio
Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 1102 Localização: Curitiba-PR
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Königin der Nacht
Registado em: Terça-Feira, 5 de Dezembro de 2006 Mensagens: 524 Localização: São José dos Campos
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Sarastro
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 900 Localização: Brasil
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Enviada: Qui Dez 07, 2006 10:46 am Assunto: Re: Episódios embaraçosos da vida real |
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Amancio escreveu: |
Sarastro escreveu: |
... instruir o público, de modo agradável e com fins educativos, a desligar os celulares, as crianças barulhentas e só aplaudir no final das obras. |
Como se desliga uma criança barulhenta? |
Há meios, posso garantir.
Ahhh, sim: esqueci de citar o banimento que deveria ser imposto a qualquer um que abrisse papéis de bala no meio da música.
O que mais me deixa irritado é a tentativa da anta que o faz de ser silenciosa: vai abrindo o bagulho devagarinho... o que torna a operação demoradíssima (além de barulhenta).
Normalmente, a anta ainda olha para os lados quando o faz, para verificar se alguém ouviu. É claro que sim, TODO mundo em um raio de dez cadeiras ouviu. E eu olho feio mesmo !!!
Saudações do Sarastro Irritado
_________________ Va, pensiero, sull'ali dorate...
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Bosco
Registado em: Sábado, 18 de Novembro de 2006 Mensagens: 211
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Enviada: Qui Dez 07, 2006 4:27 pm Assunto: |
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Embaraçoso é encontrar um músico medíocre falando mal de músicos talentosos. Dá pena e vergonha de ver.
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(berber)
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 468 Localização: California
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Enviada: Qui Dez 07, 2006 4:43 pm Assunto: |
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Nossa, tenho muitas historias, mas vao ter que esperar ate' amanha./
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Leonardo T. de Oliveira
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 448 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Qui Dez 07, 2006 4:44 pm Assunto: |
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hahah! Boa, Bosco.
_________________ Leonardo T. Oliveira
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SérgioNepomuceno
Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006 Mensagens: 273
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Enviada: Qui Dez 07, 2006 5:06 pm Assunto: |
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Então tá. não posso criticar um capitão porque não consigo emitir um dó superagudo de tenor buffo deformado após a fala referente à Jesus? OK...
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Leonardo T. de Oliveira
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 448 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Qui Dez 07, 2006 7:10 pm Assunto: |
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Existe diferença entre confrontarmos o nosso senso crítico com o do intérprete e compararmos a nossa habilidade musical (?) com a do intérprete.
_________________ Leonardo T. Oliveira
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SérgioNepomuceno
Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006 Mensagens: 273
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Enviada: Qui Dez 07, 2006 9:33 pm Assunto: |
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"ui, eu acho que a Sutherland emitiu um sobreagudo final ridículo em sempre libera. Licença que eu vou ali no chuveiro..."
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Doctor Marianus
Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006 Mensagens: 457 Localização: São Paulo/SP
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Enviada: Sex Dez 08, 2006 10:09 am Assunto: |
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Já contei isso no Allegro, mas vale a pena contar de novo:
Início de 1996. Teatro Municipal de São Paulo.
Concerto em homenagem aos 100 anos da morte de Carlos Gomes.
Orquestra Sinfônica Municipal, Coral Lírico, vários solistas incluindo a grande Niza de Castro Tank e regência do nosso saudoso e maior regente de todos os tempos, Eleazar de Carvalho.
Concerto gratuíto. Fujo como o diabo da cruz desse tipo de evento, mas como seria apresentação única, muní-me de coragem e encarei a parada. Teatro lotadíssimo, gente saindo pelo ladrão. Até que consegui um lugar legal, 1ª fila do Balcão Nobre.
O concerto estava transcorrendo normalmente, muita emoção, um evento inesquecível.
Lá pelas tantas começo a notar um burburinho nos "andares de cima": uma senhora trazia consigo uma criança, bem novinha (1 ano ou menos) que resolveu se cansar do concerto e começou a fazer barulho. Um senhor que sentava ao lado resolveu reclamar. A mãe deu à criança um brinquedo enorme e nada de ela ficar em silêncio. O vizinho se cansou daquela algazarra e resolveu partir prá briga. Começou o maior fuzuê, gente gritando, criança chorando... Tudo isso em meio a uma ária cantada por Niza. Um dado momento só vi o brinquedo da criança voar em cima de alguém na platéia. Como o barraco estava maior que a música, Eleazar de Carvalho parou o concerto, virou-se para a platéia e deu o maior sabão nos bagunceiros, algo do tipo "vocês estão pensando que estão onde? Em algum estádio de futebol? Isso aqui é uma igreja e estamos em meio a uma cerimônia! Façam o favor de ficarem em silêncio!!!!!" Após isso os funcionários do Teatro acorreram ao local, retiraram os incômodos expectadores e o concerto pôde se seguir, onde o silêncio era tanto que seria possível ouvir uma agulha cair no chão!
Saudades do temperamental e grandioso Eleazar de Carvalho. Imagine ele em meio aos malditos celulares que infestam as salas de concertos hoje em dia! |
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Amancio
Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 1102 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Sex Dez 08, 2006 11:59 am Assunto: |
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Colarusso também tinha dessas aqui em Curitiba, regendo a Sinfônica do Paraná. Lembro de uma segunda sinfonia de Tchaikovsky, logo no solo de trompa inicial uma criança me abre um berreiro, Colarusso pára e desce-lhe o sabão, só ouvimos depois o barulhinho apressado de passos se retirando do teatro.
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Leonardo T. de Oliveira
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 448 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Sex Dez 08, 2006 12:22 pm Assunto: |
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Me sinto realizado ao ler histórias desse tipo. Continuem.
_________________ Leonardo T. Oliveira
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SérgioNepomuceno
Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006 Mensagens: 273
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Enviada: Sex Dez 08, 2006 12:58 pm Assunto: |
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Muitos devem conhecer a história do Vickers,que interrompeu Tristão e berrou para a platéia:"SHUT UP WITH YOUR DAWN COUGHING!!!!"
Isso é registrado...
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FernandoRandau
Registado em: Sábado, 18 de Novembro de 2006 Mensagens: 100 Localização: Recife - PE
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Enviada: Sex Dez 08, 2006 1:12 pm Assunto: |
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No Recife, pra variar, ocorre o contrário... vamos aos fatos:
Teatro Santa Isabel e Orquestra Sinfônica do Recife - divulgada como uma das mais antigas do país, e cujo retorno é um dos públicos mais esvaziados do país - numa noite de Tchaikovisky e Villa-Lobos. Havia outro compositor nas peças, mas não me recordo. Pois bem:
Lá pelas tantas, após o primeiro movimento da suíte do Quebra-Nozes, aplausos. Típico, acabei me acostumando e até minha companhia feminina entra na onda, mas eu tímido que sou fico na minha e juro para mim que quando terminar isso explicarei a ela de forma pedagógica e simpática porque não se aplaude entre essas pausas.
Porém, um senhor que estava sentado logo na primeira fila e que se vestia como senhor (paletó, chapéu, e um rosto de anos 50) achou que não precisava esperar até o fim, e muito menos ser pedagógico - menos Piaget, mais Pinochet. Na terceira vez, se não me engano em que houve apalusos ele se levanta de sua cadeira (pude ver perfeitamente que eu estava em camarote) e não grita, mas direi, "projeta a voz" para que o teatro inteiro ouça: MINHA GENTE, NÃO SE APLAUDE AGORA, SOMENTE NO FINAL DA PEÇA ORAS!
Tensão. Dois segundos de silêncio absoluto de orquestra e público. Para logo em seguida vaias e mais vaias ao senhor. Recomeça a música, até o fim não se ouvem mais aplausos. Terminada a peça, o maestro pega o microfone - sim, aqui além de batuta o maestro tem como instrumento um microfone para discursar antes da peça - e diz essas palavras tais, se não me falha a memória:
"- Pessoal, senti um certo conflito aqui no público devido aos aplausos. É verdade que muitos aplausos entre as pausas podem nos desconcentrar, mas sabemos também que é a forma como vocês prestigiam nós artistas. No passado era absolutamente comum aplausos o tempo todo, depois é que veio essa pompa de não aplaudir..."
E ele entra ainda em considerações sobre a vontade de aplaudir no meio de sinfonias com um movimento do meio entusiástico, ou de não aplaudir o final, por exemplo, da Patética de Tchay... o final d eseu discurso é que detona tudo:
"- Mas se vocês quiserem aplaudir, manifestarem que estão gostando, é claro que não tem problema, podem aplaudir."
A platéia gosta e aplausos e mais aplausos. E o senhor que sentava lá na frente? Só lhe restou descumprir sua etiqueta nesses eventos, pegou seu terno, e ainda no meio da peça que a orquestra tocava, ele se foi...
_________________ F.R.
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