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"Batendo as cinzas"
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Carlos Pianovski



Registado em: Terça-Feira, 14 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Sex Nov 24, 2006 2:45 pm    Assunto: "Batendo as cinzas" Responder com Citação

Nobre Prestonautas, com a licença do (ainda) ausente Avelinus Grotius, autor do título do tópico, tomo a liberdade de reinaugurar, neste novo endereço, o espaço para crônicas, críticas e comentários sobre espetáculos ao vivo.

Posto a seguir, com um mês de atraso, comentários que escrevi para o saudoso Allegro, quando ainda supunha que ele poderia voltar ao ar.




Editado pela última vez por Carlos Pianovski em Sex Nov 24, 2006 2:52 pm, num total de 1 edição
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Carlos Pianovski



Registado em: Terça-Feira, 14 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Sex Nov 24, 2006 2:46 pm    Assunto: Responder com Citação

Sim, eu quase fui reclamar com o gerente. Afinal, quando se visita Buenos Aires se espera contar com o que há de pitoresco na cidade. Ora pois, tudo o que não se espera, então, é encontrar garçons atenciosos e educados no tradicionalíssimo Café Tortoni. Onde está a proverbial arrogância portenha? Onde esse mundo vai parar? Não paguei propina alguma, por supuesto. Mas deixei para lá, pois estava quase na hora da ópera. Subi a Avenida de Mayo e ainda dei um pulo no Teatro Avenida. Estava em cartaz La Gioconda. Se não houver ingresso para amanhã no Colón, venho enfrentar um operone verista (ou quase). É o vício ... Quase no fundo do poço. Pra você ver como são as coisas: dois meses de antecedência para comprar entradas, a bolleteria não sabe lhe dizer se o elenco “A” canta no sábado ou no domingo, você compra entradas para sábado, e o elenco “A” canta em que dia? Claro! Coisa de argentino! E o pior é que para estrangeiros o ingresso custa o dobro: portenhos pagam 160 pesos, brasileiros pagam 320. Mas vá lá. Quando é que eu veria essa ópera no Brasil? Então não adianta reclamar. Coisa de argentino. O teatro está “encaixotado” para reformas. É a última ópera da temporada, ao menos no Colón. A próxima, só em maio de 2008. Bom, em novembro tem Turandot, mas me disseram vai ser em um lugar chamado Luna Park, antigo estádio destinado à “nobre arte” (e que não é a opera, por supuesto). Tudo a ver. Está na hora. Foi bom comprar o binóculo do camelô (como será que eles chamam camelô por aqui?). Nunca vi isso para vender em Curitiba, no Guaíra. Coisa de argentino? O cenário é uma grande muralha, o povo grita pelo boiardo. Sim, o coro está muito bem. Os solistas, assim assim. OK. Abre-se a muralha, ao fundo se projeta o Kremlin entre névoas, os sinos de Moscou, tudo muito, muito bom. Não ... O tenorzinho estraga tudo: quase não se ouve seu Bó- óris Feodorovitch! Mikhail Kit entra em cena. Sutil. Na verdade, até demais. Estaria poupando a voz? Não. No restante da récita, foi bem nos momentos intimistas. Saiu-se especialmente bem no final do segundo ato. Mas faltou voz quando se exigia força. Ah, mas o Pimen de Kuznetsov foi firme, expressivo. De longe, o melhor cantor da noite. Amanhã Kit o substitui. Pena. O Pimen do elenco B é melhor do que o do A. Mas quem canta o protagonista amanhã é o Kotscherga ... De resto, tudo mais ou menos. Fernando Chalabe, que cantou Dmitri, é um Bonisolli que pegou chuva e encolheu (vocalmente, sobretudo). Espalhafatoso, pouca inteligência musical. Não sabe as entradas. Fica de boca aberta esperando o sinal do maestro. E fraqueja nos agudos. Perdão, Bonisolli. Dupuy é uma Marina aceitável. Mesmo assim, esmaga o falso Dmitri. É mesmo um impostor! Acabou. Teria acabado zero a zero não fosse o coro, inspiradíssimo, e aplaudido em cena aberta no último ato. Se eu não conseguir ingresso para amanhã, tomara que o Kotscherga perca a voz. Ou que a orquestra entre em greve. Coisa de argentino.


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Carlos Pianovski



Registado em: Terça-Feira, 14 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Sex Nov 24, 2006 2:50 pm    Assunto: Responder com Citação

Pois então. Se eu comprasse o ingresso para domingo por telefone, com meses de antecedência, pagaria trezentos e vinte pesos. Como comprei de um velhinho jubilado, paguei duzentos. Disse-me o homem - e eu, na minha inefável candura, acreditei – que queria muito assistir à opera, mas não podia, pois é muito longa, etc, etc, etc. Por supuesto! Li em algum lugar que a contribuição previdenciária, décadas atrás, não era obrigatória na Argentina. Não sei se é verdade. Por isso, hoje, para sobreviverem, dizem, os velhinhos trabalham até morrer. Ou, alternativamente, compram ingressos para o Colón com descontos para jubilados e revendem com ágio para estrangeiros que lhes paguem em dólares. É a glória do Liberalismo. Com ágio e tudo, paguei duzentos pesos, por um lugar melhor do que o de ontem. E para assistir ao elenco “A”. Tomara que o Kotscherga não tenha perdido a voz. E que a orquestra não entre em greve. Slava, Bozhe! Escapei da Gioconda e evitei o fundo do poço. O vício não chegou, pois, a prejudicar minha dignidade. Menos mal. Eis que tudo recomeça. A orquestra, novamente, ótima, bem como o coro. E todos os solistas fazem jus a seus lugares no elenco “A”. Hoje, Shuiski é o experiente Carlos Bengolea, que dá conta do recado em sua entrada na Cena da Coroação. Kotscherga está soberbo! Sua voz corre fácil pelo teatro, com expressão e autoridade. Foi assim durante toda a función. Tudo bem, Kit é melhor ator: mais sutil, menos histriônico. Afinal, esconder o rosto atrás de um livro no segundo ato, no auge da culpa por ter matado o zarievitch, foi de amargar! (quase tanto quanto escrever “de amargar”) Mas todo o grande monólogo dirigido ao filho foi lindo, assim como o tenso encontro com Shuiski foi impressionante. Do grave profundo ao registro mais alto a voz soa equilibrada. As inflexões e o fraseado são mesmo de quem domina o papel com invejável segurança. Um grande artista. E morreu melhor do que Kit. Aliás, quase esqueci de dizer: Kit não cantou Pimen, tendo sido substituído pelo ótimo Kuznetsov. Vibrante e divertido o Varlaam de Luis Gaeta (e, justiça seja feita, não se saiu nada mal o senhor Hernán Iturralde na récita de sábado). Qualidade, também, no ato polonês. O falso Dmitri, desta vez, não foi um impostor, mas um autêntico tenor spinto. O surpreendente Enrique Folger cantou fácil, mostrou bons graves, agudos heróicos e bastante musicalidade. Gostemos ou não de “Curas”, “Volontés” e assemelhados, não se pode deixar de invejar os hermanos pela qualidade média dos cantores que eles formam. E Folger é artista de boa cepa. Coisa de argentino. Tenho grande curiosidade de ouvi-lo em alguma ópera italiana. A parte de Marina foi cantada por Cecília Diaz, cantora de inegável competência. Não entendo porque não faz melhor carreira. Espero poder ver sua Amnéris na reabertura do teatro, pós-reforma. Para completar, ouviu-se um bom Rangoni na voz de Gabriel Renaud . Cena da Revolução. OK. Hoje o coro está um pouco menos impressionante, e não aplaudimos fora de hora. Claro, claro! Quase esqueci de dizer. Não roubam a moedinha do Idiota na cena da Revolução. Ele só aparece ao final, pranteando a pobre Rússia: o bom (e ousado) maestro Stefan Lano cortou, aqui, a primeira entrada do Idiota, para aproveitá-la na marcante cena da Catedral de São Basílio. Excelente opção, que preserva a grande jóia da versão original da ópera e não prejudica nem o equilíbrio cênico-musical nem o impacto da cena da Revolução. Os puristas devem ter odiado. A maioria do público, porém, nem deve ter percebido ... Bravi. De decepcionante, mesmo, só o Cabernet Sauvignon que serviram na confiteria do teatro, em um dos intervalos. Aqui os argentinos perdem para os chilenos. A glória da casa bem poderia ter sido brindada com um bom Merlot. Salud!


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Bruno Gripp



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Sex Nov 24, 2006 3:26 pm    Assunto: Responder com Citação

Caro Pianovski,
Eu e a Marcela estávamos em Buenos Aires (em Buenos Aires, Avelino, em Buenos Aires...) por esta época (eu voltei no dia 20, se não me engano, ela antes), poderíamos até assiti-la e comentar o estado de degradação da Argentina, fruto do abandono do liberalismo em face do peronismo, especialmente se compararmos com o Chile, país que visitei este ano e que fez o caminho contrário, mas enfim... Obviamente assistimos também o Boris, só que a estréia dela, no tal do Gran Abono. O cara insistiu para que eu não fosse porque era obrigatório o uso de smoking (!) e acabamos comprando o ingresso para o "paraíso" lá na ***. Mas como somos brasileiros, logo driblamos os bedéis no intervalo da primeira para a segunda cena do prólogo e conseguimos achar dois excelentes lugares vazios na platéia.

No geral, Kotcherga é um dos melhores baixos russos da atualidade e seu Boris não deixou a desejar a nenhum Boris que já ouvi, cantou aquele monólogo do segundo ato de forma maravilhosa e apesar de (naturalmente) um pouco cansado na morte, saiu-se muito bem também. E sua vantagem em relação aos da antiga (Chaliapin, Nesterenko, Christoff) é que ele canta com a versão original, que tem muito mais música. Mikhail Kit é um baixo de ótima qualidade também, e saiu-se fantástico como Pimen (como ele cantou tanto Boris quanto Pimen, talvez tenha se cansado ao longo da semana), gostei do Pseudo-Dmitri e de Marina, apesar de não me lembrar muito deles agora, me lembro entretanto que o Rangoni me desagradou bastante, que o balé do ato polonês estava ridículo (sendo sumariamente vaiado pelo Colón) e a dupla de monges teve um ótimo Varlaam e um péssimo Misail (na platéia era difícil ouvi-lo). O cantor de Shuiski tamb'me não agradou, mas Xenia, Fiodor e a ama fizeram muito bem aquele início adorável do segundo ato. O regente elegeu tempi um pouco ralentados em relação ao que estou acostumado, mas a orquestra e o coro (fora as indecisões da última cena) estiveram muito bem. Essa escolha de cortar a "segunda' intervenção do idiota é relativamente padrão na interpretação do Boris, deve-se fazer isso para salvar a cena magnífica que abre o segundo ato, eu fiquei de dedos cruzados e fazendo figa para que ela começasse, e quando os baixos e cellos começaram fazendo aquelas figuras fiquei plenamente satisfeito (aquele momento em que o povo canta "prodai nam chleeeeba, chleeeeeeba, chleba bayar christa rada..." é uma das coisas mais bonitas que conheço).

Nesta récita que vimos houve entretanto dois imprevistos típicos de estréias: o maestro começou a tocar a música do primeiro ato antes do fim da troca de cenário (bem safado, diga-se de passagem, talvez o Mariinsky tenha vendido sua "budget production") e teve que voltar tudo, não antes sem alguns apupos da platéia. E o coro teve uma ou outra entrada ligeiramente adiantada na cena final, mas nada absurdo. Foi em geral uma ótima apresentaçãoo, talvez a melhor que eu tenha visto ao sul da linha do equador.

Em Buenos Aires ainda vi os Músicos do Louvre regidos por Marc Minkowski tocarem o balé de Idomeneo e as sinfonias 40 e 41 de forma magnífica (que vigor, que beleza das cordas, os timbres das madeiras estavam esplêndidos!). E aqui em BH vi uma apresentação do Castelo do Barba-Azul em... alemão (na certa apostaram que húngaro não era uma língua que o público mineiro entenderia, portanto se valeram do muito conhecido por nossa elite alemão). Mas deixo isso para depois.

Quanto aos vinhos argentinos, o Cabernet-Sauvignon padece de algo parecido com os vinhos ibéricos, não sei o que há com o solo que deixa a uva com excesso de tanino e gosto de couro. O Malbec (uva menos nobre, è vero) sai-se melhor no clima de Mendoza e normalmente é o vinho argentino recomendável.

Abraços ao som da segunda melhor ópera russa de todas: O amor pelas três laranjas.
Bruno


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Carlos Pianovski



Registado em: Terça-Feira, 14 de Novembro de 2006
Mensagens: 156

MensagemEnviada: Sex Nov 24, 2006 4:59 pm    Assunto: Responder com Citação

Salve, salve, caro Bruno Gripp.

Sim, a piadinha sem graça sobre o Liberalismo foi para você (provocação que só se faz entre amigos). Aliás, meu diagnóstico sobre a Argentina é em parte diferente do seu, mas deixemos isso para lá ...

Achei que os cenários, embora simples, não prejudicaram nem acrescentaram nada ao espetáculo. Diante das aberrações que se tornam regra hoje, é melhor assitir a uma ópera com uma encenação "neutra".

O tenor Enrique Folger se saiu com grande desenvoltura como o falso Dmitri. Não se trata, é certo, de um papel desafiador - um cantor mediano consegue se destacar. Até por isso fiquei curioso para saber como ele se sairia cantando algo mais difícil.

Quem cantou Shuiski na récita a que você assistiu? Achei Bengolea vocalmente bom. Não sei se foi a comparação com a coisa horrorosa que cantou na noite anterior, mas ele me agradou. Cenicamente, porém, foi inssosso.

No tocante ao Rangoni do "abono vespertino" (domingo), reitero: achei uma boa performance, sem erros, e com boa caracterização dramática. Iturralde tinha menos voz, mas não foi nada mal).

Quanto ao Malbec, bem lembrado. Mas perceba que, por alguma razão, o Merlot agentino, embora se trate de uma casta mais próxima do Cabernet Sauvignon, não tem os mesmos taninos incômodos, e um ótimo bouquet.

Abraços, ao som do Boris revisado por Korsakov (sacrilégio!)

Pianovski


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Bruno Gripp



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
Mensagens: 725
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MensagemEnviada: Sex Nov 24, 2006 8:19 pm    Assunto: Responder com Citação

Pianovski,
O Shuiski do Gran Abono (ao qual se recomenda ir de smoking mas eu fui com um mero paletó e uma camisa amarrotada e minha companhia de jeans e camiseta, rs) foi Carlos Bengolea, achei-o caprino, audível, mas com um timbre feio, voz de Pistola, também não gostei de sua intervenção no segundo ato, inteiramente em descompasso com o tremendo Kotcherga, bom talvez parte dos cantores estivesse nervosa, ou ainda insegura com um papel novo, em uma língua estranha, com uma sustentação menos segura da orquestra, isto acontece.

E você chegou a ver a Gioconda? Sei que há um outro teatro razoável de ópera, melhor talvz do que as nossas daqui de BH, mas nunca tive coragem de ir...

Abraços ao som da sinfonia militar de Haydn.

Bruno


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Sarastro



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
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Localização: Brasil

MensagemEnviada: Sáb Nov 25, 2006 12:24 am    Assunto: Responder com Citação

Carlos Pianovski escreveu:
Fernando Chalabe, que cantou Dmitri, é um Bonisolli que pegou chuva e encolheu (vocalmente, sobretudo). Espalhafatoso, pouca inteligência musical. Não sabe as entradas. Fica de boca aberta esperando o sinal do maestro. E fraqueja nos agudos. Perdão, Bonisolli.


Algumas críticas dos hermanos a El Bonisollito:
"Fernando Chalabe: Radamés es un referente de bravura verdiana. Sin embargo, su accionar nos pareció inexpresivo desde su aria inicial (temida por muchos cantantes). Su voz pareció un tanto desgastada, sin extensión, desordenada en su emisión y, en definitiva, incolora. Quizás no estaba en buena forma para afrontar las exigencias reconocidas de su personaje."

"Fernando Chalabe ha recogido durante los últimos años de su extensa carrera una serie ininterrumpida de malas críticas, que podría resumir en: “emisión engolada, falta de refinamiento, agudos tirantes, mala pronunciación italiana”, lo cual afirmamos todos los que le hemos escuchado. Por esto: ¿Es el Radamés que merece el Teatro del Libertador?"

No mesmo link, há uma foto do tenor. E não é que lembra o Bonisolli ???
http://www.cantolirico.com/index2.php?option=content&task=view&id=336&pop=1&page=0



_________________
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Pádua Fernandes



Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006
Mensagens: 1229
Localização: São Paulo

MensagemEnviada: Sáb Nov 25, 2006 1:34 am    Assunto: Responder com Citação

Ai! Como queria ter visto o Boris. Mas assisiti, em Buenos Aires, a uma noite dedicada a Stravinsky no Colón (As Bodas, Rouxinol, Petrushka) e a esse programa do Minkovski aqui em São Paulo. Quando tiver algum tempo e estiver sem sono, escrevo a respeito.


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Carlos Pianovski



Registado em: Terça-Feira, 14 de Novembro de 2006
Mensagens: 156

MensagemEnviada: Sáb Nov 25, 2006 1:38 pm    Assunto: Responder com Citação

Bruno, não tive essa impressão sobre Bengolea na récita de domingo. Talvez, ressalto, minha opinião tenha sido "viciada" pela comparação com o horrível cantor da noite anterior (que fez Misail no domingo). Além disso, eu já tinha uma opinião positiva sobre ele desde 2004, quando cantou um Loge bem correto.

Esqueci de comentar sua observação acerca do provável cansaço de Kit. Pode ser mesmo. Tanto que ele não cantou Pimen no domingo, como era previsto. Lembro que, em 2004, quando assisti seu Wotan, achei a voz bastante sólida, lamentando, porém, pela falta de estilo.

Acabei não assistindo La Gioconda no Teatro Avenida, uma vez que cheguei sexta à noite e retornei ao Brasil na madrugada de domingo para segunda. Fui especialmente para ver o Boris, pelo que utilizei apenas o final de semana (eu nao teria como ficar mais tempo, pois, lamentavelmente, não estava em férias). Duas argentinas muito simpáticas que assistiram ao Boris no domingo falaram bem das produções do Teatro Avenida. Ano que vem, por exemplo, tem o Holländer (e Folger cantará Erik). Mesmo assim, não irei assistir. Acho que voltarei a BA só em maio de 2008, para a Aida (na reabertura da Colón) ou para alguma ópera de Wagner (andaram, prometendo um novo Ouro do Reno para aquele ano).

Sarastro, obrigado pelos links. "El Bonisollito" é mesmo muito fraco. Nao sabia uma entrada sequer de cor. Aspirava muito antes, ficava de boca aberta, segurando o ar e olhando para o maestro (às vezes muito antes da hora). No heróico tema por meio do qual Dmitri diz a Marina que irá conquistar Moscou ele falhou vergonhosamente. Idem na repetiçao do tema na cena da revoluçao. Emissão tosca, falta de uniformidade nos registros, curto. Enfim, bastante ruim.

Caro Pádua, por favor, escreva sobre as obras de Stravisnki que assistiu no Colón.

Abraços

Pianovski


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Carlos Pianovski



Registado em: Terça-Feira, 14 de Novembro de 2006
Mensagens: 156

MensagemEnviada: Qua Jan 17, 2007 9:28 am    Assunto: Responder com Citação

Tudo bem que eu fiquei aborrecido por ter perdido o Harnoncourt. Afinal, ouvir duas partes do Oratório de Natal de Bach com o Concentus Musicus de Viena, mais Christine Scheffer, Bernarda Fink e Werner Güra, é oportunidade que não se repete facilmente. Mas eu já tinha comprado ingresso para o Tristan, e estava louco para ver a Deborah Polaski, pelo que acabei ficando pelos lados da Staatsoper. Viena gera mesmo dilemas inusitados, especialmente para quem vive em meio à agitada agenda musical da terra das Araucárias ... Mas não adianta, um “operário” – wagneriano, para piorar as coisas - sempre sabe o que vai escolher em um caso como esse.
O pior é que essa coisa de ópera é um vício maldito, que não enjoa nunca. Três noites seguidas, e só não fico frustrado por não ter ido à Staatsoper em uma quarta noite consecutiva porque domingo que vem tem Wozzeck em Lisboa. Na sexta eu já havia assistido às Bodas de Figaro, com a regência de um maestro que tinha idade para ser Cherubino (Phillipe Jordan). Não foi nada mal, é certo, (na verdade, a orquestra da Staatsoper toca mesmo sozinha ...), mas não se pôde deixar de observar as imperfeições no final do segundo ato, sobretudo algumas entradas no tempo errado, que me deixaram bastante incomodado, já que essa é, de toda a ópera, minha cena favorita. O quarto ato, porém, foi todo deslumbrante. Desde o “L’ho perduta, me meschina”, docemente cantado por Ileana Tonca, até o estupendo conjunto final, tudo se desenvolveu no mais alto nível – para o que também contribuiu a manutenção do tradicional corte das “árias do sorvete” (mesmo porque não servem sorvetes na ópera de Viena). Até mesmo Erwin Schrott, com sua aparência e talento dramático de jogador de futebol argentino, e a jovem romena Laura Tatulescu (Suzana) se saíram muito bem em suas respectivas árias – digo “até mesmo” porque Tatulescu foi fraca no primeiro ato, com defeitos de projeção e inflexões pouco inspiradas (melhorou bastante no segundo e no terceiro atos), e Schrott tem boa voz, mas sua emissão é um pouco irregular e lhe falta o fraseado maleável, refinado e bem-humorado que se espera de um grande Figaro. A Condessa foi uma tal de Krassimira Stoyanova. Tudo bem, tudo bem, eu admito: ela cantou com grande competência (embora tenha respirado fora de hora em um momento do “Porgi amor”, mas essa observação fica por conta do pequeno Beckmesser que existe em cada um de nós). Mas a verdade verdadeira, sou obrigado a confessar, é que cheguei no teatro e assisti toda a récita com grande e irresistível antipatia contra a cantora. Também pudera: até a véspera, achei que ouviria Dorothea Röschmann. Escolhi a récita do dia 12 para ouvir Dorothea Röschmann. Comprei meu ingresso na primeira fila, ao centro, para ver e ouvir Dorothea Röschmann. É natural a decepção ao ler no programa o nome de uma Stoyanova de quem eu nunca havia ouvido falar. Mas sejamos francos: ela se saiu muito bem. O “Dove sono” foi mesmo muito bonito (com as longas passagens em p e pp demonstrando adequado controle de emissão) e, na cena final do quarto ato, Stoyanova contribuiu com grande desenvoltura para o inesquecível conjunto que se ouviu naquela noite. Dr. Bartolo (Ain Anger) e Marzelina (Daniela Denschlag), entretanto, ficaram muito abaixo do resto elenco. Já o Don Basílio de Michael Roider foi ótimo. Belo, também, o canto delicado e seguro da jovem Michaela Selinger, como Cherubino. Voz pequena, mas bonita e adequadamente trabalhada.
Falta alguém? Ah sim, o Conde! Ao lado de Röschmann, o nome de um certo Simon Keenlyside chamava minha atenção quando comprei meu ingresso no site do teatro. Bom ... seria suficiente dizer que foi a melhor interpretação que já ouvi desse papel? Que foi melhor que as gravações, ao vivo ou em estúdio, do lendário Fischer-Dieskau? Ou talvez seja necessário dizer que Keenlyside consegue reunir, em seu mais elevado grau, todas as qualidades que se espera de um grande Conde de Almaviva, sobretudo resolvendo a difícil equação entre expressão dramática e fluidez melódica do canto mozartiano? Ou, ainda, ressaltar que, com belo volume, ele canta com a naturalidade de quem está a conversar? Ou, quiçá, mencionar que não poupou voz em momento algum, mantendo, desde o primeiro instante em que pisou no palco até a última nota, a excelência da emissão, rica em harmônicos, uniforme nas passagens de registro, com projeção perfeita, musicalidade e qualidade timbrística invejável? Pensando bem, acho que basta dizer que, ao vivo, Keenlyside cantou ainda melhor que na soberba gravação regida por René Jacobs. Dito isso, cheguem os senhores às suas próprias conclusões.


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Bruno Gripp



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Qua Jan 17, 2007 10:25 am    Assunto: Responder com Citação

Pianovsky,
Também vi Keenlyside como Conde em viena há dois anos e ele foi magnífico de fato. Agora, qualquer coisa é melhor do que DFD em Mozart.


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Carlos Pianovski



Registado em: Terça-Feira, 14 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Qui Jan 18, 2007 4:09 pm    Assunto: Responder com Citação

Para a segunda noite, poucas eram minhas expectativas e talvez, por isso, eu tenha saído satisfeito ao final da opera. Apesar de amar Cosí fan tutte, tive receio de que o elenco não fizesse justiça ao grande Mozart. Afinal, os únicos cantores que eu já havia escutado eram Ildebrando D’Arcangelo (Don Alfonso) e Ricarda Merbeth (Fiordiligi): o primeiro, conhecido de várias gravações, não é propriamente um nome empolgante (além do que cantaria um papel pequeno); a segunda eu já ouvira como Elisabeth, no Tannhäuser nas transmissões do Festival de Bayreuth, e seu desempenho anunciava resultados pouco auspiciosos na difícil personagem mozartiana. Sobre o tenor Saimir Pirgu eu já havia lido alguma coisa. Já sobre Elina Garanca (Dorabella), confesso minha ignorância: nunca tinha ouvido falar. Acho, porém, que ouvirei bastante daqui para frente (digo que “acho”, pois dois anos atrás escrevi o mesmo sobre a wagneriana Nina Warren, que cantou excelente Brünhilde em Buenos Aires e, até hoje, não saiu do anonimato). A jovem e bela Garanca (pronuncia-se algo como “Garantsha”, mas, infelizmente, não sei como colocar o circunflexo invertido sobre o c) é dotada de uma bonita voz, sobre a qual tem evidente domínio. Não pareceu possuir um grande volume, mas sabe projetar a voz muito bem. Canta com refinamento estilístico, sem arestas, ataca as notas com elegância, revela a pureza timbrística essencial ao bom canto mozartiano e sabe fazer as passagens de registro. Além disso, fez do dueto “Il cuore vi dono, bel idol mio”, ao lado de um competente Adrian Eröd (Guglielmo), o ponto alto da récita – muito embora, curiosamente, o público não tenha aplaudido com muita ênfase o delicado refinamento que os cantores ofereceram à interpretação.
O tenor Saimir Pirgu projeta muito bem a voz, tem algum domínio de estilo (embora seu “Tradito, schernito” tenha sido pouco inspirado, ainda que enfático), mas o timbre não é dos melhores, ao menos para Mozart. Como a voz tem volume, talvez funcione bem no repertório italiano.
A Despina de Simina Ivan tinha timbre insosso, pouco volume e projeção defeituosa. O que ela está fazendo na Staatsoper? Ildebrando D’Arcangelo soou por demais austero, com um fraseado duro e inadequado ao personagem. Inadequada também é a voz de Ricarda Merbeth para cantar Mozart. É certo que chegou viva ao final da ópera, cantou com dignidade e até teve momentos de brilho – foi surpreendentemente bem, por exemplo, na difícil coloratura da instância final do “Per pietá bem mio perdona” – mas era evidente sua dificuldade em manter a qualidade do som na passagem do grave para o agudo e deste para o grave (o que ficou claro no “Comme scoglio”), além de lhe faltarem a fluência melódica e o “esmalte” exigíveis nesse repertório. Mesmo assim – vejam como são as coisas! - foi a mais aplaudida. Enfrentar Fiordiligi foi um ato de bravura, e os vienenses parecem gostar disso (o que viria a se confirmar na última noite, em Tristão e Isolda).
Por fim, no tocante à regência de Julia Jones, destacam-se os tempi bem escolhidos, com conservadorismo, mas bastante corretos (sem nenhuma surpresa extraordinária como nos apronta o notável René Jacobs) e o preciso controle dos conjuntos, com um resultado final altamente satisfatório.
No saldo final, uma performance que não ofendeu Mozart, ofereceu momentos de verdadeiro brilho e que revelou ao menos uma cantora promissora. Pagou-se o ingresso.


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Carlos Pianovski



Registado em: Terça-Feira, 14 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Sáb Jan 20, 2007 12:38 pm    Assunto: Responder com Citação

Permitam-me confessar uma tolice, típica de um wagneriano: não consegui dormir de sábado para domingo na expectativa de ouvir Tristão e Isolda. O que posso fazer? Assistir pela primeira vez ao vivo a mais perfeita expressão da arte operística (o genial Mozart que me perdoe) é algo que mexeu comigo. E ver Deborah Polaski, mesmo tendo ouvido falar de sua decadência nos últimos anos, é algo verdadeiramente especial. Eu bem sabia que não se poderia esperar uma performance de sonho, já que Seiffert, ao que tudo indicava, enfrentaria dificuldades. Apesar de ser ele o grande Lohengrin destes tempos, não é preciso ser muito astuto para reconhecer a grande distância que existe entre as exigências vocais que Wagner impõe aos intérpretes do filho de Parsifal e aquelas que fazem do Tristão um desafio vencido por poucos. E de fato, a diferença se impôs.
No primeiro ato, fui surpreendido com a voz firme e escura com que Seiffert entrou em cena. Surpreendeu-me, também, ver que ele tem um volume maior do que eu imaginava, enfrentando e sobrepujando com valentia a opulenta (e magnífica) massa orquestral dirigida por Leif Segerstam. A cena final do primeiro ato foi o ponto culminante da récita, com um grande desempenho de todos os cantores e uma regência acima da média. Anunciava-se uma performance de primeiro nível. Todavia, apesar da regência monumental e do belo desempenho de quase todos os cantores, o resultado final ficou um tanto abaixo disso: infelizmente, por melhor que sejam o regente, Isolda, o Rei Marke, Kurwenal, etc, a ópera depende, para seu êxito integral, de um grande Tristão. Seiffert chegou a parecer que chegaria lá. Ficou no “quase”.
Mas deixemos isso para depois. Primeiro, falemos do que realmente vale à pena: Deborah Polaski. O pequeno Beckmesser diria: gritou os agudos no “Mir lach das abenteuer/ Fluch dir verruchten, etc”, calou alguns outros e perdeu afinação em um verso do Liebestod. Irrelevante. Uma artista que canta o “Vom seinem Lage/blick’t er her/nicht auf das Schwert/nicht auf die Hand/er sah mir in die Auge” como Polaski cantou no domingo não precisa nem continuar a récita: pode esperar os emocionados agradecimentos do público e ir embora com o dever cumprido. Deborah Polaski domina os segredos do canto wagneriano. Sabe que ao mesmo tempo em que precisa valorizar a linha melódica, precisa cantar com “Mud”, com valentia. Sabe que precisa valorizar cada sílaba, enfatizar as consoantes, sem prejudicar a beleza do som que emite. Sabe “o que” fazer e sabe “como” fazer. E faz. Com uma voz que se projeta facilmente por todo o teatro, o soprano canta um excelente primeiro ato, surpreendendo pela capacidade de alternar melancólica ternura com fúria incontida – exatamente o que se espera de uma grande Isolda. Apesar de revelar um certo cansaço, cantou o segundo ato com desenvoltura, fazendo um bonito liesbesduet. No terceiro ato, foi comovente seu “Ich bin’s, Ich bin’s, süssester Freund”. O liebestod foi inesquecível, cantado com grande delicadeza, quase todo “em surdina” – o que é um desafio para o controle de emissão de uma cantora de voz pesada como Deborah Polaski. A capacidade de projeção vocal de uma cantora pode ser bem observada nesses momentos: apesar de cantar em p e pp, sua voz era ouvida perfeitamente, mesmo com a expressividade da regência de Leif Segerstam. Terminou com um longo e maravilhoso “welche Lust” em ppp. Ao final, fiz algo que acho um tanto ridículo, mas foi irresistível: juntei-me ao grupo de chatos que esperam os cantores na lateral do teatro para pegar um autógrafo da prima donna. Afinal, Polaski bem vale um “mico”. Diga-se, aliás, que ela foi simpaticíssima, apesar de um certo ar de quem tem consciência de seu estrelato.
Quanto aos demais cantores, ouviu-se um expressivo Rei Marke na voz de Kurt Rydl (dono de grande volume e um timbre muito mais marcante do que parece nas gravações) e um ótimo Kurwenal de Peter Weber. A Brangaene de J. Baechle não começou bem, nitidamente poupando a voz. Melhorou depois, e fez um bom segundo ato, destacando-se, sobretudo, pela segurança no agudo. Resta comentar sobre o Tristão.


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Carlos Pianovski



Registado em: Terça-Feira, 14 de Novembro de 2006
Mensagens: 156

MensagemEnviada: Seg Jan 22, 2007 3:05 pm    Assunto: Responder com Citação

É preciso falar com franqueza, para não ser injusto: além de ter sido irrepreensível no primeiro ato, Peter Seiffert começou bem o liebesduet, ainda que um pouco encoberto pela orquestra em uma ou outra passagem - o que não é nenhum demérito, pois, ao que consta, isso acontecia até mesmo com Melchior e Flagstad (além do que, Segerstam não teve nem um pouco de pena dos cantores: queria que seu grande “instrumento musical” soasse soberano, eloqüente, revelando toda a beleza do tecido orquestral wagneriano, no que obteve pleno êxito). A emissão continuava viril e firme, tendo ele enfrentado com valentia todo o pesado trecho inicial do dueto (sem nenhum corte). A certa altura, em um “seiner Tristan”, aparentemente sem maiores dificuldades, uma escorregadela. Mas tudo continuou bem, o “So starben wir” não foi nada mal – inferior, porém, ao que faz Heppner, para citar um cantor em atividade – e a nova explosão sonora do final também foi uma prova bem ultrapassada por Seiffert, que não se deixava ofuscar por Polaski nem sufocar pela orquestra. Cantou muito bem toda a passagem que se segue ao monólogo do Rei Marke, e tudo caminhava para um terceiro ato surpreendente para os que olhavam esse Tristão com ceticismo. Mas como é triste ser obrigado a reconhecer a razão do cético! O despertar de Tristão manteve o nível dos atos anteriores, até que chegou o “Noch losch das Licht nicht aus”, com o “Mein Kurwenal, du trauter Freund”: a partir daí, a voz de Peter Seiffert literalmente se esgarçou. A emissão foi se tornando a cada momento mais miserável, apitava nos agudos, raspava na garganta várias e várias vezes, revelando, minutos depois, verdadeira rouquidão (!). Aos gritos, o tenor tentava suplantar a orquestra e aniquilava mais ainda a pouca voz que lhe restava. Ciente de que sua voz estava totalmente deteriorada, a tensão tomou conta de Peter Seiffert, que errou incontáveis vezes a letra da ópera, chegando a esquecer dois ou três versos seguidos, cantando (ou melhor, berrando) qualquer coisa que lhe vinha à mente. Nunca antes um Tristão sofreu tanto para morrer! Finalmente, o último olhar dirigido a Isolda, e cessa o sofrimento de Tristão, do cantor e do público. Bem, talvez para o público não tenha havido tanto sofrimento, já que, ao final, quase toda a Staatsoper urrava desvairada por Peter Seiffert. Atiraram-lhe flores – e, não, não era uma coroa fúnebre – e aplaudiam incessantemente. Com as devidas desculpas pelo lugar-comum, não é possível deixar de pensar que, mesmo em Viena, a maioria do público vai à opera para aplaudir muito mais “sangue, suor e lágrimas” do que verdadeira música ...
Sobre Harnnoncourt, Scheffer, Fink e Güra, não fiquei sabendo como foi. Se alguém encontrar alguma crítica negativa, dando conta de que Scheffer ficou afônica ou que os músicos entraram em greve, tenha a bondade de postá-la aqui. Caso, todavia, encontre alguma página laudatória, por favor, guarde-a para si!


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SérgioNepomuceno



Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006
Mensagens: 273

MensagemEnviada: Qua Jan 24, 2007 5:01 pm    Assunto: Responder com Citação

cArlos, parabéns!!! sua apreciação é ótima, textos m. bem escritos!
falando em Tristão, vc bem que poderia ter entrado naquele tópico da divisão 'int´rpretes e gravações' morto há quase 2 meses. Depois se quiser, dê uma passada lá; ainda pode gerar ótimas discussões.

abraço!


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