Daniel Barenboim

luizrb · Registado em: Domingo, 12 de Novembro de 2006 Mensagens: 7

O maestro e pianista Daniel Barenboim é bastante respeitado e competente, estando até mesmo à frente da poderosa Berliner Philharmoniker. Entretanto, nunca vi alguém recomendando alguma gravação sua como um ícone, expoente dentre as demais. Suas gravações são sempre "boas" ou "aceitáveis" dentro dos padrões. Barenboim seria um "grande mediano maestro/pianista"?

Sarastro · Enviada: Seg Nov 13, 2006 7:24 am Assunto:

Luizrb,
Desde a década de '80 muitos dos chamados "grandes" se foram. Para citar apenas alguns: Karajan (1989), Bernstein (1990), Wand (2002), Giulini (2005), Carlos Kleiber (2004), Tennstedt (1998), etc. Além disso, dos nomes que surgiram, a maioria se concentrou no chamado "movimento de época", com interpretações que fazem uso de instrumentos originais - desde o pioneiro Harnoncourt, passando por Gardiner, Norrington, Hogwood, Kuijken e os mais novos Minkovski, Jacobs e cia.

Isto posto, sobraram poucos regentes da turma mais antiga e, dos que surgem, uma minoria dentre os que se destacam se ocupa do repertório sinfônico mais convencional. Daquela velha guarda, temos ainda na ativa o Masur, o Maazel, o Abbado (que passou por severas dificuldades de saúde, incluindo câncer no estômago), o Muti (que se demitiu ou foi demitido do Scala após muita turbulência), o Blomstedt, o Levine (mais focado em óperas, devido ao seu brilhante trabalho no Metropolitan NY) e mais alguns nomes que certamente esqueci.

Dentre esses, a cada ano o Barenboim tem se destacado pela constância com que se sobressai na interpretação de vários compositores: ele é capaz de propiciar boas interpretações de Mahler, de Mozart (há algumas excelentes gravações de óperas em DVD), de Wagner e de Beethoven. As grandes orquestras parecem gostar dele, prova disso é que normalmente ele está a frente de algumas delas; e, por fim, Barenboim ainda tem desenvolvido importantes atividades com orquestras jovens.
Assim, muito embora eu não tenha Barenboim como um dos "maiores regentes de todos os tempos", certamente suas interpretações são, no mínimo, seguras - o que atualmente já é muita coisa !

Por exemplo: qual regente latino-americano, nos últimos anos, alcançou metade daquilo que Barenboim já realizou ? Nenhum. O único com alguma chance de atingir esse "status" é o jovem venezuelano Gustavo Dudamel.

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Sarastro · Enviada: Seg Nov 13, 2006 11:45 am Assunto:

Doctor Marianus · Enviada: Seg Nov 13, 2006 1:33 pm Assunto:

Considero Barenboim, ao lado de Claudio Abbado, o maior regente da atualidade, com uma carreira verdadeiramente grandiosa! Alguns até podem criticá-lo enquanto pianista, mas no campo da regência, Barenboim é magistral.

Para coroar a sua grandeza, Barenboim vem se dedicando com enorme afinco a recém formada Orquestra West Divan, com jovens palestinos e judeus, orquestra que na sua companhia vem atingindo uma enorme sucesso de crítica por onde tem passado.

A lista de gravações de Barenboim é imensa e basta dizer que é o maior regente wagneriano da atualidade!
Sua integral de Beethoven muito me impressionou e basta dizer que é titular há mais de 20 anos da Staatsoper de Berlim, uma das mais importantes casas de óperas da Alemanha, Europa e do mundo.

Se alguém disser o contrário é puro ciúme e inveja, já que, até agora, nenhum conterrâneo nosso conseguiu chegar na sola dos seus sapatos.

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erreve · Registado em: Sábado, 11 de Novembro de 2006 Mensagens: 15

Não gosto do Baremboim.!

Acho-o um "iceberg". Possuo gravações dele das integrais dos Noturnos de Chopin e das sonatas para piano de Beethoven. Embora sejam técnicamente perfeitas, em termos de sentimento e sensibilidade, para o meu gosto, deixam muito a desejar.

Assisti certa vez um vídeo do Baremboim tocando o concerto número 1 de Tchaikowsky, pois até neste concerto ele consegue congelar a platéia. É claro que todos aplaudem mutissimo ao final, mas quem não se entusiasma com o final deste concerto?

Tenho gravações dele regendo a orquestra em obras de Tchaikowsky e até em concertos com a Dupré (que salva o espetáculo, sem dúvida), mas para mim o Baremboim é um geladeira.

Como disse na minha apresentação meu conhecimento e meus comentários são apenas intuitivos, baseiam-se no que sinto ao escutar determinada obra ou interpretação, não discuto a técnica dele já que, como disse, reconheço que, pelo menos no piano ele possui, mas técnica não é só agilidade é também sensibilidade e nesse respeito, para mim, em MINHA e tão somente MINHA opinião, eu considero o Baremboim um chato.

Amancio · Enviada: Seg Nov 13, 2006 2:24 pm Assunto:

Na minha também. Smile

Sarastro · Enviada: Seg Nov 13, 2006 2:33 pm Assunto:

Esta "frieza" de Barenboim tem suas vantagens: p.ex., na 5ª de Mahler noto que ele não cai no excesso de afetação que poderia tornar a obra doce como um sonho daqueles de balcão de padaria. Para mim, isso é uma vantagem.
Dos poucos concertos para piano e orquestra que ouvi com ele (Mozart, com a ECO, nos quais ele toca e rege), gostei do resultado. Não falo de Wagner porque não é muito a minha praia.
Lendo os comentários acima (favoráveis e contrários), me fica a impressão que na opinião dos contrários falta à Barenboim um pouco mais de emoção. Pois bem, vale aqui aquele batido princípio: não há obra no mundo da música clássica que caiba dentro de uma única interpretação apenas. Assim, voltando à 5ª de Mahler - na minha estante há lugar para a de Barenboim, a de Bernstein, a de Abbado, etc. Very Happy

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Guiomar · Enviada: Seg Nov 13, 2006 3:00 pm Assunto:

Não quero subestimar o talento de Barenboim como pianista (quem sou eu para isso?!), mas também não gostei das sonatas para piano de beethoven gravadas por ele (especialmente a op.27 n.2). É só a minha opinião...

Amancio · Enviada: Seg Nov 13, 2006 3:29 pm Assunto:

Como bem disse o Sarastro, é uma questão de interpretação. Há músicas onde a frieza e o distanciamento cai bem; há outras em que isso fica estranho.

Essa característica não é só do Barenboim, há outros músicos que se tornaram famosos exatamente por serem frios. De memória, lembro do Klemperer e do Boulez.

Leonardo T. de Oliveira · Enviada: Seg Nov 13, 2006 3:29 pm Assunto:

Pior que gostei da Fantasia Op. 17 do Schumann com ele... : P E as sonatas de Beethoven, das palhinhas que ouvi, pareceram interessantes também... Mas ameaço esse gosto mais por uma vontade de fugir de um extremo que me incomoda mais que outro: andamentos lentos e pieguismo...

Sua integral das Sonatas de Mozart é muito elogiada também, tudo claríssimo e "professoralmente" articulado (lembro justamente da escolha do Colarusso dessa gravação no seu programa, p/ comentar as obras).
E ele também tem uma gravação das Canções Sem Palavras de Mendelssohn, que ainda não consegui ouvir!, acabam sendo peças pouco gravadas por grandes pianistas.

Como regente, deixou pra trás gravações mal resolvidas com a English Chamber..., ele mesmo concordaria! Mas tem a integral de Bruckner gravada com a Filarmônica de Berlim (havia gravado antes com a Sinfônica de Chicago), que depois do Jochum e do Furtwängler já terem gravado ninguém deu muita bola... : P

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Leonardo T. Oliveira

Amancio · Enviada: Seg Nov 13, 2006 3:30 pm Assunto:

Leo, não gosto do Bruckner do Barenboim. Com Chicago o som é feio, e com Berlim é meio... frio. (risos)

PS.: Aliás, todos sabem, não sou muito fã de Bruckner. Razz

Leonardo T. de Oliveira · Enviada: Seg Nov 13, 2006 3:38 pm Assunto:

Eu gosto pontualmente de algumas coisas de Bruckner..., curiosamente a sinfonia 1 talvez seja a minha favorita. XD Mas faz mesmo muito tempo que não ouço nada dele... Se for pra ouvir, é Jochum na cabeça.

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Leonardo T. Oliveira

Laura · Enviada: Seg Nov 13, 2006 4:10 pm Assunto:

Egmont · Enviada: Qui Nov 23, 2006 9:17 am Assunto:

Assistindo o DVD EUROPA KONZERT 2006, realizado em Praga, a cidade que mais prestigiou Mozart em vida, no mesmo teatro da estréia de Don Giovanni, vendo o Barenboim reger ao piano o Concerto 22, belíssimo mas um tanto ofuscado pelos seus irmãos mais próximos, não acharia no momento ninguem mais adequado para esta honra. Alíás, como tenho todos estes EK, ousei imaginar com bastante antecedência, que para o ano Mozart 2006, o maestro convidado seria inevitavelmente o argentino-judeu, muito mais adequado para a tarefa que Rattle, Jansons, Mehta, Abbado, Boulez, só para falar dos outros normalmente escalados...
Belíssimas as inerpretações da B.P. nas sinfonias Linz e Haffner. De quebra um dos concertos para trompa, com um solista da terra!

Frieza?
Tudo bem, pode ter gente que ache o Alaska quente e o meu Ceará muito frio, mas que o homem deu seu recado, deu sim senhor, com toda certeza!

Ricardovsky · Enviada: Qui Nov 23, 2006 9:44 am Assunto:

Não vejo nenhuma frieza na interpretação que tenho de Barenboim da Sonata Apassionata de Beethoven. Para mim, ele toca essa sonata com a paixão ideal, não mais, não menos. Talvez porque eu pense que muita afetação prejudique o lirismo que há nas sonatas de Beethoven, o que me faz gostar mais de Kempff do que de outros pianistas que socam o piano. Backhauss, outro ícone entre os intérpretes de Beethoven, é mais contido do que Kempf e Barenboim juntos, e nem por isso sua interpretação deixa de ser interessante. Em Beethoven prefiro um rio que corre com sua força ideal, ao invés das tempestades e terremotos que alguns insistem em colocar nele e que, às vezes, chegam a distorcer o som da gravação.

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