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Piotr Ilitch Tchaikovsky
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IvanRicardo



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MensagemEnviada: Dom Ago 15, 2010 12:58 pm    Assunto: Piotr Ilitch Tchaikovsky Responder com Citação

.

Essa família ainda espera por nós:




O garotinho Piotr, à esquerda, aguarda ansioso, enquanto sua irmãzinha sentada(?) não vê mais a hora.

A hora de dedicarmos um tópico inteiro a Tchaikovsky. Há pessoas que não querem muito saber, assim como Norman Lebretch, que abomina Mozart acima de todas as coisas. Ou Mily Balakirev, que dizia que “Bach não passa de um velho petrificado, compondo matemáticas musicais”. Mas existem mamíferos aqui que o respeitam, e também o admiram, como eu. Há também Spartaco, Tiago e sobretudo o xará Ricardovsky, que deve ter gastado milhões em royalties para poder utilizar parte do nome do compositor.

Tchaikovsky é muito lembrado para os lançamentos “The Best of”, mas quem encontra uma integral sua? Uma injustiça, na minha opinião. No post http://presto.s4.bizhat.com/viewtopic.php?t=262&postdays=0&postorder=asc&start=180 , Ricardovsky iniciou uma ótima discussão, a qual precisa ser lida e colocada aqui. Ele próprio relatou que deseja ainda muito escrever.

A seguir, a lista de suas composições, que copiei descaradamente do Wikipedia:

Op. 1 Two Pieces for piano (1867)
Op. 2 Souvenir de Hapsal, 3 pieces for piano (1867)
Op. 3 The Voyevoda, opera (1868)
Op. 4 Valse-caprice in D major, for piano (1868)
Op. 5 Romance in F minor, for piano (1868)
Op. 6 6 Romances (1869), including "None but the lonely heart"
Op. 7 Valse-scherzo in A, for piano (1870)
Op. 8 Capriccio in G-flat, for piano (1870)
Op. 9 3 Morceaux, for piano (1870)
Op. 10 2 Morceaux, for piano (1871)
Op. 11 String Quartet No. 1 in D (1871)
Op. 12 The Snow Maiden (Snegurochka), incidental music (1873)
Op. 13 Symphony No. 1 in G minor Winter Daydreams (1866)
Op. 14 Vakula the Smith, (revised as Cherevichki), opera (1874)
Op. 15 Festival Overture in D on the Danish National Anthem, for orchestra (1866)
Op. 16 6 Songs (1872)
Op. 17 Symphony No. 2 in C minor Little Russian (1872)
Op. 18 The Tempest, symphonic fantasia in F minor, after Shakespeare (1873)
Op. 19 6 Pieces, for piano (1873)
Op. 20 Swan Lake, ballet (1876)
Op. 21 6 Morceaux, for piano (1873)
Op. 22 String Quartet No. 2 in F (1874)
Op. 23 Piano Concerto No. 1 in B-flat minor (1875)
Op. 24 Eugene Onegin, opera (1878)
Op. 25 6 Songs (1874)
Op. 26 Sérénade mélancolique in B minor, for violin and orchestra (1875)
Op. 27 6 Songs (1875)
Op. 28 6 Songs (1875)
Op. 29 Symphony No. 3 in D Polish (1875)
Op. 30 String Quartet No. 3 in E-flat minor (1876)
Op. 31 Marche slave in B-flat minor, for orchestra (1876)
Op. 32 Francesca da Rimini, symphonic fantasia in E minor, after Dante Alighieri (1876)
Op. 33 Variations on a Rococo Theme in A, for cello and orchestra (1876)
Op. 34 Valse-scherzo in C, for violin and orchestra (1877)
Op. 35 Violin Concerto in D (1878)
Op. 36 Symphony No. 4 in F minor (1877)
Op. 37a Piano Sonata No. 1 in G (1878)
Op. 37b The Seasons, 12 pieces for piano (1876)
Op. 38 6 Songs (1878)
Op. 39 Album pour enfants, 24 pieces for piano (1878)
Op. 40 12 Morceaux de difficulté moyenne, for piano (1878)
Op. 41 Liturgy of St. John Chrysostom, for unaccompanied chorus (1878)
Op. 42 Souvenir d'un lieu cher, 3 pieces for violin and piano (1878)
Op. 43 Orchestral Suite No. 1 in D (1879)
Op. 44 Piano Concerto No. 2 in G (1880)
Op. 45 Capriccio Italien in A, for orchestra (1880)
Op. 46 6 Vocal duets, with piano (1880)
Op. 47 7 Songs (1880)
Op. 48 Serenade in C for Strings (1880)
Op. 49 1812 Overture (1880)
Op. 50 Piano Trio in A minor (1882)
Op. 51 6 Pieces, for piano (1882)
Op. 52 Vespers, for unaccompanied chorus (1882)
Op. 53 Orchestral Suite No. 2 in C (1883)
Op. 54 16 Children's songs (1883)
Op. 55 Orchestral Suite No. 3 in G (1884)
Op. 56 Concert Fantasia in G, for piano and orchestra (1884)
Op. 57 6 Songs (1884)
Op. 58 Manfred Symphony in B minor (1885)
Op. 59 Dumka in C minor, for piano (1886)
Op. 60 12 Songs (1886)
Op. 61 Orchestral Suite No. 4 "Mozartiana" (1887)
Op. 62 Pezzo capriccioso in B minor, for cello and orchestra (or piano) (1887)
Op. 63 6 Songs (1887)
Op. 64 Symphony No. 5 in E minor (1888)
Op. 65 6 Songs on French texts (1888)
Op. 66 The Sleeping Beauty, ballet (1889)
Op. 67a Hamlet, fantasy overture in F minor (1889)
Op. 67b Hamlet, incidental music (1891)
Op. 68 The Queen of Spades, opera (1890)
Op. 69 Iolanta, opera (1891)
Op. 70 String Sextet in D minor Souvenir de Florence (1890)
Op. 71 The Nutcracker, ballet (1892)
Op. 71a The Nutcracker, suite from the ballet (1892)
Op. 72 18 Pieces, for piano (1893)
Op. 73 6 Songs (1893)
Op. 74 Symphony No. 6 in B minor Pathétique (1893)

Opp. 75–80 were published posthumously.
Op. 75 Piano Concerto No. 3 in E-flat (1893)
Op. 76 The Storm, overture in E minor (1864)
Op. 77 Fatum, symphonic poem in C minor (1868)
Op. 78 The Voyevoda, symphonic ballad in A minor (1893; unrelated to the earlier opera of the same name, Op. 3)
Op. 79 Andante in B-flat and Finale in E-flat, for piano and orchestra (1893)
Op. 80 Piano Sonata No. 2 in C-sharp minor (1865)


Então está aqui aberto o espaço e todos estão convidados a participar.




Editado pela última vez por IvanRicardo em Seg Ago 16, 2010 7:26 pm, num total de 1 edição
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Ricardovsky



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MensagemEnviada: Dom Ago 15, 2010 4:32 pm    Assunto: Responder com Citação

Agradeço ao Ivan pela criação do tópico. De fato, nos distantes anos 80, quando comecei a ouvir música erudita, dois compositores eram os meus preferidos: Beethoven e Tchaikovsky. Com o tempo, tornei-me um mozartiano de carteirinha, mas nunca deixei de admirar os dois. Se posso somar, para que excluir?

Tenho, aliás, uma profunda admiração pelos compositores russos. Acho que mais do que os alemães ou franceses, eles trazem em suas músicas uma tão profunda identificação com sua terra que, por vezes, soam melhores em orquestras e regentes russos. Por isso, prefiro ouvir Tchaikovsky com russos. A melhor interpretação das sinfonias do compositor que já ouvi é a que Gennadi Rozhdestvensky gravou com a Moscow Radio Symphony Orchestra. Esse regente coloca um clima pesado nos sopros (não sei explicar direito, o som fica maravilhosamente abafado) que me remete à impressão de um mundo de pessoas austeras (não tristes) em meio a um inverno rigoroso. Na Sinfonia Patética, por exemplo, isso se torna perceptível, sobretudo, no terceiro movimento, que traz aquela marcha fantástica, uma das melhores da história da música. O uso dos sopros tchaikovskianos com Rozhdestvensky é notável, contudo mais notável ainda é o efeito que esse regente consegue dar à coda do último movimento da Sinfonia Patética. Tal coda é feita numa conotação de coral, e Rozhdestvensky consegue fazer com que a orquestra soe como vozes humanas. É incrível! Uma verdadeira alucinação sonora. Ainda estou para ouvir algum outro regente que consiga um efeito tão satisfatório. Dizem que Mravinsky também é muito bom, mas nunca ouvi suas interpretações das sinfonias de Tchaikovsky. Se não me engano, a Brilliant Classics possui uma integral das sinfonias de Tchaikovsky com Rozhdestvensky. Vou até conferir, pois vale a pena comprar, principalmente porque as gravações a que me referi só tenho em vinil e nunca mais ouvi (não tenho mais toca-discos).

Essa informação sobre minha preferência de intérpretes russos para as obras de compositores russos serve ainda para mencionar mais uma crítica negativa muito difundida por aqueles que torcem o nariz para Tchaikovsky (esqueci de mencionar essa crítica no tópico da integral de Beethoven): os críticos gostam de falar que sua música é ocidental. Ora, deveriam falar, então, que Mussorgsky e Rimsky-Korsakov são orientais. Aliás, nosso Villa-Lobos, então, deveria ser chamado de europeu, pois hoje se sabe que ele aprendeu muito ao ir à França (essa história de compositor selvagem que foi à França mostrar sua genialidade foi um mito criado pelo próprio Villa-Lobos). Ao invés de chamá-lo de europeu, prefiro dizer que foi na França que ele aprendeu a ser brasileiro. Assim também Tchaikovsky, com sua formação européia, tornou-se mais russo do que muito russo. A grande genialidade de Tchaikovsky (e isso explica, em parte, o caráter universal de seu notável dom melódico) reside em saber inserir melodias populares russas em construções próprias da música erudita (dentre as sinfonias, a de núnero 2, intitulada "Pequena Rússia", é a que melhor representa isso). A acusação de não ser russo foi rebatida por Stravinsky, que dizia: "Tchaikovsky é o mais russo de todos nós". Enquanto a crítica musical reservava algumas pedras a Tchaikovsky, os grandes mestres da música o admiravam. Mahler adorava reger Eugene Oneguin, uma de suas óperas preferidas, e Prokofiev achou tão espetacular a música do balé "A Bela Adormecida" que se tornou ele mesmo um grande compositor de balé (como não associar seu "Romeu e Julieta" à obra do velho mestre?). Acho que Prokofiev ficou impressionado, sobretudo, pela orquestração, quesito em que Tchaikovsky era um mestre consumado. Aliás, de fato, esse é um talento que muito me impressiona em Tchaikovsky, mas vou deixar isso para uma próxima mensagem.




Editado pela última vez por Ricardovsky em Seg Ago 16, 2010 2:50 pm, num total de 1 edição
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Tiago Arruda



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MensagemEnviada: Seg Ago 16, 2010 12:29 am    Assunto: Responder com Citação

Criticar é fácil, elogiar é difícil.
Chama a atenção em Tchaikovsky o seu talento para criar melodias, belas melodias. Tchai era fã de Mozart e parece ter herdado este talento do "milagre que nasceu em Salzburgo", pelo menos parcialmente, pois não conheço ninguém que criasse melodias como Mozart. Mas tirando este, apenas Schubert, na minha opinião, pode ser comparado neste quesito ao Tchai.

Me lembro que uma vez, no falecido allegro, teve um tópico sobre os grandes gênios da melodia e Bruno Gripp colocou Mozart em segundo lugar, superado por Alessandro Scarlatti. Como conheço música apenas de seu filho Domenico, não posso falar sobre o pai, mas fica aí um potencial quarto gênio da melodia, pois respeito muito a opinião de Charles Martel.

Achei muito interessante uma opinião do grande Ricardo (na escola dele havia o Ricardinho, bem menor que ele - eu não participava muito do allegro, mas acompanhava as mensagens e minha memória é muito boa). Opinião a qual me refiro é quando ele diz que as obras menores de Tchai são tão famosas quanto as maiores. Isso é verdade. Talvez elas sejam até mais famosas que as maiores.

Na minha opinião, muitas pessoas gostam de falar mal de Tchai por ele ser popular, muitas vezes mais popular que o compositor favorito deste fulano. Neste processo, sobra pro pobre Tchai. O mesmo acontece com Mozart, o superstar da música erudita (você merece, Wolferl!). Uma vez no allegro, um usuário disse que Mozart era bom para se ouvir enquanto se lava louças. Descobri depois que o sujeito passava o dia na pia da cozinha Very Happy !

Eu sou mozartiano desde sempre e para sempre, embora tenha a obra completa de outros compositores e a parcial de outros. Eu tenho uma frase assim: "Se Mozart for considerado o pior compositor de todos os tempos eu não me importo, desde que me deixem ouvi-lo".

Voltando a Tchaikovsky, ele era um gênio e era muito criativo, mas realmente/provavelmente não teve a formação musical ideal. Seus pais queriam que fosse advogado e não o ajudavam muito em seu sonho de ser um compositor. Com alguma frequencia Tchaikovsky é prolixo e nos deixa com aquela sensação "se essa obra fosse mais curta..." ou "se ele soubesse preencher melhor a partitura". Mas aqui vocês podem falar, "você também é prolixo, Tiago!". Pois lhes digo que fui prolixo de propósito, falando do allegro, de Mozart, do Ricardinho etc. O meu ponto é: posso ter sido prolixo, mas talvez no meio desse emaranhado de palavras haja algumas coisas interessantes. Faz sentido desconsiderar tudo o que eu escrevi porque eu me devaneei um pouco, fugi do tema? Dos grandes, Mozart foi, provavelmente, o compositor mais objetivo que existiu e eu sou fanático por Mozart. Desta forma, eu aprecio mais a objetividade que a maioria dos colegas, não é por isso que eu me privarei da belíssima obra composta por Tchaikovsky.

Saudações.


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Spartaco



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MensagemEnviada: Seg Ago 16, 2010 1:57 pm    Assunto: Responder com Citação

Caros prestonautas,


Também admiro muito a música de Tchaikovsky e embora este compositor não tenha feito parte do chamado Grupo dos Cinco, formado por compositores nacionalistas, tornou-se conhecida e admirada por seu caráter distintamente russo, bem como por suas ricas harmonias e belas melodias.


Por outro lado, para quem quiser saber algo mais sobre Tchaikovsky, recomendo ler a respectiva biografia de autoria do escritor Anthony Holden (Editora Record - imagem acima). Quando a li, achei-a bem interessante, uma vez que são narrados vários aspectos, tanto da obra quanto da vida particular do compositor, inclusive abordando o polêmico tema do homossexualismo.



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Spartaco Carlos Nottoli
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Ricardovsky



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MensagemEnviada: Seg Ago 16, 2010 2:46 pm    Assunto: Responder com Citação

Interessante, Espartaco. Não conhecia este livro. Obrigado pela indicação.

A história "verdadeira" que conheço sobre a morte do compositor é que ele não teria morrido por suicídio, tomando propositalmente um copo de água contaminada com cólera (essa é a versão mítica que aparece em muitos livros de biografias de compositores), mas sim teria sido obrigado a tomar veneno numa espécie de julgamento sumário feito por uma côrte czariana que queria evitar uma polêmica que seria causada pelo relacionamento homossexual do compositor com um jovem da nobreza. Se esta última história é a verídica (e eu acho que é), Tchaikovsky é mais um "suicidado pela sociedade". A sociedade hipócrita e preconceituosa de lugares diferentes nos privou da continuidade de obras esplendorosas de homens como Tchaikovsky e Oscar Wilde.

Mas, vamos falar de coisas boas. Para os desavisados, digo que esse tópico foi criado a partir da citação, num outro tópico, das críticas injustas que, comumente, acompanham o compositor. Injustas não porque sejam completamente infundadas, mas porque acompanham a maioria dos compositores, em suas obras menores e mesmo, às vezes, nas grandes. Uma das que eu citei foi exatamente a suposta inabilidade do compositor com as formas clássicas. Para refutar isso nada melhor do que analisar formalmente uma obra do compositor. Escolhi para isso a minha sinfonia predileta de Tchaikovsky, a de número 04. Gostaria de dizer antes que uma análise desse tipo foi feita uma vez no antigo Allegro pelo Amancio (infelizmente não a possuo, pois não copiei) e muito do que vou citar, com certeza, trará lembranças daquela feliz análise, na qual vou acrescentar algumas coisas que aprendi e percebi depois. Lembro aos colegas que, como não sei nada de teoria musical, minhas análises são realmente formais (vou falar, primeiramente, do primeiro movimento, que é em sonata-forma) e muitas vezes subjetivas. Vou me ater a um tempo aproximado para especificar detalhes da obra, espero ter sucesso, mas isso não é para agora. Se eu demorar a voltar é porque estou quebrando a cabeça, hehehe...

Até mais.




Editado pela última vez por Ricardovsky em Seg Ago 16, 2010 8:20 pm, num total de 2 edições
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Spartaco



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MensagemEnviada: Seg Ago 16, 2010 6:44 pm    Assunto: Responder com Citação

Caro Ricardovsky,

A situação da morte de Tchaikovsky mencionada por você é justamente a contada no livro por mim citado, sendo que o autor nos revela vários detalhes que demonstram que, provavelmente, isto tenho ocorrido. Uma delas é que o compositor estava em uma fase mais otimista, tendo ele inúmeros planos para o futuro, quando teria acontecido o tal julgamento.

No tocante à análise que você irá fazer da quarta sinfonia, que por coincidência é também a minha predileta, ficarei no aguardo da mesma e, após, poderemos discutir detalhes dessa bela obra.

Até lá e um forte abraço.



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Spartaco Carlos Nottoli
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Tiago Arruda



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MensagemEnviada: Seg Ago 16, 2010 8:20 pm    Assunto: Responder com Citação

Falando na homossexualidade de Tchaikovsky, Ivan Ricardo, o garoto Tchai é o da esquerda de quem vê a foto ou da esquerda de quem está na foto? Achei curioso como a criança que está à esquerda de quem vê a foto parece um menino vestido tal qual uma menina. Freud explica...


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Ricardovsky



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MensagemEnviada: Seg Ago 16, 2010 10:46 pm    Assunto: Responder com Citação

Pessoal, vamos por partes (igual Jack, o Estripador). Primeiramente, vou me deter no movimento número 1 da Quarta Sinfonia. Na minha opinião, esse movimento trata-se de uma das utilizações mais felizes da forma musical denominada "Sonata-Forma". Digo isso por causa do caráter contrastante do movimento que deixa tal forma muito bem marcada em todos os seus aspectos. O esquema formal da "Sonata-Forma" é o que se segue. As variantes desse esquema básico empregadas por Tchaikovsky serão comentadas na análise (e que São Amancio me ajude a não errar em demasia):

EXPOSIÇÃO:
Tema 1 (allegro)
Tema 2 (lento)
Tema 3 (allegro)

REPETIÇÃO DA EXPOSIÇÃO - a critério do compositor ou do regente.

DESENVOLVIMENTO - como o próprio nome indica, trata-se do desenvolvimento dos temas expostos (por vezes, só um dos temas é desenvolvido)

REEXPOSIÇÃO - os temas da exposição são repetidos de forma igual ou com algumas pequenas variantes.

CODA - significando "rabo", é a parte que finaliza a estrutura formal.

A Sinfonia nº 4 de Tchaikovsky busca sua inspiração na Sinfonia nº 5 de Beethoven, sendo, por isso, mais uma "sinfonia do destino". Aliás, é bom ressaltar que o primeiro movimento da Quinta de Beethoven talvez seja o exemplo mais perfeito e original do uso da sonata-forma da história da música. Mas Tchaikovsky, em sua "sinfonia do destino", se mostrou um digno continuador de Beethoven, sabendo colocar o seu toque pessoal e sua própria originalidade, numa sinfonia que possui certo caráter programático que se conhece graças a uma carta que Tchaikovsky escreveu a Nadezhda von Meck, sua protetora. O tema em fortíssimo começado pelas trompas e continuado pelos outros metais simbolizam exatamente o destino. Epa! Já estou começando, sem começar. Vamos lá.

Bem a sinfonia tem seu início com uma introdução que é o tema do destino. Primeiro tocam as trompas e depois os trompetes e trombones, que vão tendo suas vozes interrompidas pela percussão em fortíssimo, após as cordas diluirem o que restou do som dos sopros. Genial! Tudo isso, como eu já disse, simboliza o destino.

Em 1'30 (o tempo é aproximado), começa a sonata-forma propriamente dita, com um tema principal em ritmo marcial que parece um misto de choro com um rosnado indignado. Esse primeiro tema é exposto inicialmente pelas cordas, tendo em seguida sua repetição por meio dos sopros. A partir de 2'30, esse tema passeia, com certa tranquilidade, pelos naipes da orquestra até que, em 3'20, é repetido de maneira bem forte por toda a orquestra e depois, em 4:10, aparece com mais força ainda. Essas graduações são tipicamente tchaikovskianas. Ele adora fazer a música ir subindo até um climax dramático. Em 4'30, começa uma transição mais amena que vai preparar a entrada do segundo tema da sonata-forma, conforme especificado na estrutura apresentada.

Em 5'15, o contrastante 2º tema já se mostra em sua plenitude. Ele é lúdico. Os sopros em brincadeira o expõem em ritmo de valsa, havendo ainda toques suaves de tímpanos ao fundo, como se fossem um coração batendo em delicada calma. Que contraste com o primeiro tema! Genial! Em 7'10 o segundo tema começa a subir preparando assim a entrada do terceiro tema.

O terceiro tema da exposição, que começa em 7'30, é forte como o primeiro, mas é mais festivo do que dramático, lembrando um pouco o que se terá no último movimento da sinfonia. Esse tema adquire um caráter de conclusão da exposição. Em 9'00, voltam os sopros do destino, que vão fazer a transição para o início do desenvolvimento. Não há repetição da exposição (dupla exposição).

O desenvolvimento começa, em 9'15, como um esboço. A música parece representar a dúvida de ações a serem feitas. Aos poucos, vai surgindo claramente o primeiro tema da exposição, que será o único tema a ser trabalhado no desenvolvimento, além, é claro, dos motivos do destino apresentados na introdução. Mais uma vez ocorre, em 10:45, uma subida gradual, tipicamente tchaikovskiana, que, apresentando-se cheia de páthos, vai culminar nos "sopros do destino". Adoro a dramaticidade dos desenvolvimentos de Tchaikovsky! Aqui ocorre uma luta entre cordas e sopros, em um diálogo áspero entre o tema do destino e o primeiro tema da exposição. As cordas rosnam, as trompas, trompetes e trombones gritam! Em 12'30, como se saísse vitorioso, o primeiro tema marcial aparece novamente, de forma bem clara, para fechar o desenvolvimento. Ele vai da grandeza a uma repentina interrupção que parece perguntar se a vida possui algum sentido.

Em 13'00, começa a reexposição. O primeiro tema, que foi desenvolvido não aparece, ou seja, a reexposição começa com a apresentação do segunda tema, aquele em ritmo de valsa. Ele é repetido igualzinho. Em 15'28, ocorre novamente uma transição para chegada do 3º tema, em 15'35. Repito, tudo se mostra igual ao que foi apresentado na exposição. Em 16:10, os sopros do destino vão marcar dessa vez o início da coda.

Em 16:30, a coda começa. Sua maneira inicial de ser é serena, apresentando-se como uma variação do primeiro tema (na coda do primeiro movimento da Patética, Tchaikovsky também varia o tema principal e o apresenta com um acompanhamento em pizicato, ou seja, cordas dedilhadas). A dramaticidade volta logo, pois uma nova variação do primeiro tema, assumido agora claramente como uma marcha indignada, vai levar a chegada dos sopros do destino, que são repetidos duas vezes. Por fim, em 18'00, a orquestra inteira, amparada por cordas repetidamente nervosas e estridentes, coloca fim ao movimento em pancadas que são de tirar o fôlego.

Ufa!




Editado pela última vez por Ricardovsky em Ter Ago 17, 2010 10:31 am, num total de 2 edições
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Ricardovsky



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MensagemEnviada: Ter Ago 17, 2010 10:02 am    Assunto: Responder com Citação

Se alguém está curioso para saber qual é a gravação que estou ouvindo para fazer minha análise, ei-la:










Trata-se de mais um cd em que um maestro russo (Mikhail Pletnev) rege uma orquestra russa (Russian National Orchestra). Muito bom, com aquele sabor russo que eu gosto. Eu vi que na Amazon tem gente que não gosta (muitos adoraram), talvez até por causa da regência "invernal" russa a qual me referi. O Tchaikovsky dos russos é mais austero e sério e menos romântico e talvez isso desagrade os que estão acostumados com o Tchaikovsky de Karajan (muito bom dentro de sua proposta).


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Amancio



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MensagemEnviada: Ter Ago 17, 2010 11:20 am    Assunto: Responder com Citação

Alô amigos, alô Ricardovsky,

A análise que vc se refere, a que eu publiquei no Allegro, ela não era minha: era do próprio Tchaikovsky! Eu tenho em casa e vou resgatá-la para publicar aqui, é uma carta que o compositor mandou para sua amiga e protetora, Nadezhda von Meck. Esta carta é importante porque é o único escrito que Tchaikovsky deixou falando sobre algum significado extra-musical em suas sinfonias. Graças a ela, sabemos hoje que as sinfonias falam sobre a luta de um homem contra seu destino (o mesmo programa da Quinta Sinfonia de Beethoven).



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Amancio



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MensagemEnviada: Ter Ago 17, 2010 11:08 pm    Assunto: Responder com Citação

Tá lá a carta!

http://presto.s4.bizhat.com/viewtopic.php?t=376



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Ricardovsky



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MensagemEnviada: Qua Ago 18, 2010 8:35 pm    Assunto: Responder com Citação

Oi, Amancio! Como vai?

Muito legal essa carta de Tchaikovsky que você mandou. Contudo, Amancio, não sei se você se lembra, mas eu me referia a uma análise que você fez sim do primeiro movimento da Quarta Sinfonia. Não lembra não? Você até utilizou a gravação da Deutsche Grammophon Collection para mencionar o tempo em minutos que era a mesma que nós dois possuíamos (Abbado com a Wiener Philharmoniker).

Amancio, estou preparando o restante de minha análise. O primeiro movimento, que era o mais complexo, foi tranquilo porque já sabia se tratar de uma sonata-forma. O terceiro movimento também é tranquilo, pois se trata de uma forma ABA, bem simples. O quarto também já estou acostumado com este tipo de forma, pois se trata de um movimento de variação. Só me encontro um pouco na dúvida com o segundo movimento. Acho que se trata de uma forma ABCAB com uma coda final. Isso procede? Se for isso mesmo, então está tranquilo, mas, se não for, me dê uma luz. E pode corrigir ou complementar (tanto você quanto os outros colegas) à vontade minhas análises, pois não sou dono da verdade (pelo contrário, estou aqui mais para aprender do que para ensinar).


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Amancio



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MensagemEnviada: Qui Ago 19, 2010 11:32 am    Assunto: Responder com Citação

E aí Ricardovski! O segundo mov é ABA também, como o terceiro. Talvez o que vc esteja chamando de "B" seja o tema auxiliar, o que é gerado a partir do tema principal (o do oboé). Nesse sentido, ficaria assim: (ABAB)-C-(ABA), mas veja que continua tendo uma parte contrastante central, como um "ABA".

Segue em frente porque estou curioso em ver como vc encara o quarto movimento! Às vezes me parece uma forma sonata de três temas, com a reexposição trocando a ordem de apresentação... mas também poderia ser um rondó. Não lembro da dessa análise que vc falou, aliás, nem lembrava que eu tinha essa gravação do Abbado (até fui conferir no meu cadastro aqui). Seria interessante saber como é que eu pensava essa obra anos atrás. Smile



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Ricardovsky



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MensagemEnviada: Qui Ago 19, 2010 8:02 pm    Assunto: Responder com Citação

Obrigado pela dica, Amancio. Vamos ver como eu me saio no segundo movimento.

O movimento começa com um solo de oboé acompanhado das cordas em pizzicato. Esse é o tema A. Em 0'44, o tema A é repetido com as cordas acompanhadas pelos sopros. Em 1'18, começa uma transição derivada do primeiro tema, nas cordas, em repetições que parecem lembrar o movimento das ondas do mar. Foi isso que eu pensei se tratar de um segundo tema, mas fiquei na dúvida por não perceber uma mudança substancial de caráter. Amancio, é realmente esse tema que você chama de auxiliar? Em mais uma subida gradual tipicamente thaikovskiana, tal passagem, em suas ondulações, vai adquirindo um ar de grande páthos, no momento em que os sopros ao fundo vão sustentanto e fortalecendo as cordas. Aos poucos, numa inversão, tal passagem começa a se extinguir. Em 2'25, o tema A é mais uma vez repetido nas cordas, com um acompanhamento bem variado ao fundo, com cordas, pizzicato e sopros, respectivamente. Em 3'00, novamente surge a transição, mas, dessa vez, a ondulante subida é interrompida, em 3'40, pelas madeiras, o que concede uma faceta mais delicada ao conjunto. As cordas as complementam.

Uma curta passagem de contrabaixos, em 3'50, grave e suave, prepara a entrada, em 4'00, do tema B, de caráter otimista. Tal tema vai aos poucos ganhando corpo. Em 4'40, ele já se encontra trajado de violinos efusivos (perdoem-me as metáforas, elas são, muitas vezes, as minhas armas para compensar a ausência de um conhecimento musical mais aprofundado). Belo exagero de violinos, instrumento bem carcterístico da emoção própria do romantismo, e, por isso mesmo, instrumento bem ao gosto do pós-romântico Tchaikovsky. Em 5'00, os tímpanos entram na festa, e também os sopros de maneira mais enfática. Os tuttis tchaikovskianos duram bastante tempo. A partir de 5'30, o tema B vai baixando e ficando mais lento, como se o esforço gerado pelo otimismo desse lugar a um certo cansaço (não cansaço de tristeza, sem sentido figurado aqui).

A música vai sumindo, até que, em 6'00, o tema A ressurge desse "quase nada", nas cordas, com firulas de sopros ao fundo. Em 6'40, aparece novamente a transição derivada do tema A, mas dessa vez ela não sobe muito. Ao invés disso, ela dá lugar a um delicado diálogo, em 7'10, entre as madeiras e as cordas. Forma-se daí um transição que vai sumindo até uma pausa.

Volta o oboé do início do movimento, em 8'30, apresentando o tema A, com acompanhamento das cordas, primeiramente em pizzicato e depois em fluência. Acho que a coda começa em 9'00, quando a música fica diferente do que havia sido apresentado no início, com a apresentação do tema A em variações de maneira bem suave (tem muito a ver, na verdade, com aquela derivação do tema A, mas numa completa metamorfose, lenta e delicada, sem páthos e com pouca ondulação). O fato é que, desde a reentrada do oboé, a obra havia adquirido um ar de conclusão. Tem-se, assim, um caráter cíclico marcado não só pelo tema, mas pelo instrumento, o oboé (tema A e oboé do início - tema A e oboé do fim). O finalzinho apresenta uma nota longa de oboé (genial) com pizzicatos graves. O interessante uso do pizzicato nesse movimento já prepara o que vai acontecer no movimento seguinte, em que tal recurso deixa de ter um papel de coadjuvante e passa a assumir um papel de protagonista.


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Amancio



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MensagemEnviada: Qui Ago 19, 2010 9:00 pm    Assunto: Responder com Citação

É isso aí! Wink

Quanto ao trecho "otimista" (a parte contrastante central), creio que é a parte onde, na carta à Nadezhda, Tchaikovsky diz: "Houve momentos felizes quando o sangue moço fervia e a vida era aprazível".

PS.: O instrumento que fecha o final é o fagote, não o oboé.



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