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Amancio

Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006 Mensagens: 1102 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Dom Mai 20, 2007 12:42 pm Assunto: |
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(berber) escreveu: |
E' o caso do "se nao tivessemos o feio, o bonito nao existiria". O legal e' que o "bonito" varia e cada pessoa faria uma lista propria das obras a serem "eliminadas". Como o consenso nao seria geral, e' melhor a profusao do que a escassez. |
Bravo!
Às vezes eu me pego conversando com o Paulo Egídio sobre um assunto paralelo ao deste tópico. Ele, como professor de um instrumento (e eu como aluno de outro) vemos no desenvolvimento de um músico uma sucessão de peças a serem estudadas. Digo, começa-se com sonatas e concertos fáceis, e a dificuldade vai aumentando progressivamente. E então percebemos que certos compositores e/ou obras, por mais que não sejam obras primas, tem um papel fundamental na construção da técnica e musicalidade de pianistas, violinistas, violoncelistas... mas também conjuntos, como quartetos de cordas, strings ensembles e orquestras sinfônicas. É por isso que, quando enfrentamos uma sonata de Brahms depois de uma longa caminhada, conseguimos reconhecer facilmente uma obra prima sem que ninguém precise nos dizer ou justificar isso.
Assim... melhor profusão do que escassez. Viva nosso infinito mundo finito!
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Leonardo T. de Oliveira
Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006 Mensagens: 448 Localização: Curitiba-PR
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Enviada: Sex Jun 01, 2007 2:10 pm Assunto: |
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Acho que o que existe de mais interessante pra se pensar na questão desse tópico é em quando o conjunto da obra de um compositor começou a importar; a ponto dele não apenas coletar as suas obras e enxergar nelas uma "linhagem" e uma "herança" - representada no seu conjunto como um verdadeiro "ciclo" -, mas também a compor inspirado pelo ideal artístico da originalidade, que o levasse a procurar soluções exclusivas em cada obra, pontuando em cada uma delas uma realização representativa dentro do seu conjunto.
E quando foi, eu mesmo pergunto e me reconheço curioso?
Tenho a impressão de que aquela conversa que tipifica o romantismo, dizendo que ele era "subjetivo" e que era a "arte da burguesia", já acaba levando a gente a pensar por um caminho importante pra essa questão, talvez começando a sair da obviedade: a individualidade do artista a partir do século XIX...
Não imagino que no século XVIII ou mesmo antes o talento do artista não fosse reconhecido, ou que o seu prestígio não fosse um elogio individual... Mas acho que é tanto na independência de uma classe sem "herança de casta" - ou seja, a burguesia vinda das brigas da revolução francesa de que o indivíduo, desde o seu nascimento, não deve ser menos importante que nenhum outro - quanto na formação de um mercado moderno de arte, onde o artista já era mais "free lancer" e podia pensar em representar a si mesmo, que o século XIX trouxe essa consciência tão moderna e essa auto-censura tão rigorosa pela idéia da originalidade.
"Originalidade" não quer dizer que foi de um momento pro outro que o artista se preocupou em dizer o que ainda não havia sido dito..., mas sim tem a ver com a relação do artista com a sua tradição e a sua atitude em reconhecer, primeiro, que não são apenas as condições culturais que podem mudar os rudimentos da tradição, mas também a vontade, a influência e o gênio do artista, e, em segundo, que a sua individualidade, de importante, pode merecer a reformulação da linguagem da sua arte.
E a partir disso muita coisa muda..., e a importância da originalidade é uma das virtudes artísticas mais reconhecíveis pra nossa própria cultura hoje em dia!
_________________ Leonardo T. Oliveira
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Paulo Egídio
Registado em: Quinta-Feira, 16 de Novembro de 2006 Mensagens: 155 Localização: Maringá/PR
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Enviada: Sex Jun 01, 2007 3:01 pm Assunto: |
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Amancio escreveu: |
(berber) escreveu: |
E' o caso do "se nao tivessemos o feio, o bonito nao existiria". O legal e' que o "bonito" varia e cada pessoa faria uma lista propria das obras a serem "eliminadas". Como o consenso nao seria geral, e' melhor a profusao do que a escassez. |
Bravo!
Às vezes eu me pego conversando com o Paulo Egídio sobre um assunto paralelo ao deste tópico. Ele, como professor de um instrumento (e eu como aluno de outro) vemos no desenvolvimento de um músico uma sucessão de peças a serem estudadas. Digo, começa-se com sonatas e concertos fáceis, e a dificuldade vai aumentando progressivamente. E então percebemos que certos compositores e/ou obras, por mais que não sejam obras primas, tem um papel fundamental na construção da técnica e musicalidade de pianistas, violinistas, violoncelistas... mas também conjuntos, como quartetos de cordas, strings ensembles e orquestras sinfônicas. É por isso que, quando enfrentamos uma sonata de Brahms depois de uma longa caminhada, conseguimos reconhecer facilmente uma obra prima sem que ninguém precise nos dizer ou justificar isso.
Assim... melhor profusão do que escassez. Viva nosso infinito mundo finito! |
Apenas para reiterar, de fato este é um assunto recorrente entre este meu padrinho de casamento e eu.
O que seria de nós, professores de violino, sem os concertinos de Rieding, Seitz, Sitt, Accolay... não dá pra ensinar alguém a tocar violino com Suzuki, por mais que se queira. Estas obras que citei são menores, mas fundamentais para levarmos à frente nossos alunos.
Sei que não é exatamente o ponto focal do tópico, mas vale o comentário.
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