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Don Carlo (Don Carlos), de Giuseppe Verdi
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Sarastro



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Seg Jan 29, 2007 4:19 pm    Assunto: Don Carlo (Don Carlos), de Giuseppe Verdi Responder com Citação

Prezados,

este tópico se destina à discussão da ópera Don Carlo (ou Don Carlos, dependendo da versão), de Giuseppe Verdi.
Gênese complicada, várias versões montadas sob a supervisão do compositor, Don Carlo é considerada por muitos musicólogos e críticos uma das obras primas de Verdi. Contudo, outros a consideram um "acidente de percurso".
Vou consultar algumas fontes que tenho aqui e, assim que possível, começar a colocar lenha na fogueira. Conto com a participação de todos.

Saudações do Sarastro.



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Sarastro



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Seg Jan 29, 2007 4:43 pm    Assunto: Responder com Citação

Em 1863 Verdi esteve em Madri, para a estréia local da ópera "La Forza del Destino". Antes de deixar a Espanha, visitou alguns lugares de apelo turísico, entre eles o Escorial. Comentaria Verdi que:

"O Escorial (perdoe-me esta blasfêmia) não me agrada. É uma massa de mármore, existem muitas coisas ricas em seu interior, e algumas muito bonitas, incluindo um afresco de Luca Giordano que é belíssimo; mas, no todo, falta bom gosto. É sisudo, terrível, como foi o violento soberano que o construiu".

Esse soberano foi Felipe II, um dos protagonistas da ópera que nasceria quatro anos depois.


Escorial, detalhe do teto da Biblioteca

No final de 1865, Verdi e sua mulher, Giuseppina, chegaram a Paris para passar o Ano Novo naquela cidade. Em uma carta para seu amigo Arrivabene ele relatou que recebera a encomenda de uma nova ópera, baseada no Don Carlos de Schiller. O libretista seria Joseph Méry (que havia escrito uma peça utilizada como base para o libretto de "La battaglia di Legnano", ópera das menos conhecidas de Verdi).

Verdi não se sentia muito confortável em Paris: no mês de fevereiro sua impaciência era visível, como se nota no trecho de uma carta escrita ao mesmo Arrivabene...

"Não duvide! Estou vivo ! E sei que estou, porque sinto o tédio de todos estes merdas, essa cambada de chatos* que inunda Paris, pobre humanidade atormentada."
(* no original: cazzi, que literalmente significa outra coisa Embarassed ).

Além disso, Méry já estava a beira da morte, e quem adaptou a maior parte do texto de Schiller foi Camille du Locle, genro do diretor da Ópera.

Em março, Verdi deixaria Paris. Já havia composto o primeiro ato (a previsão era de uma grand opera em cinco atos); no final de junho partes do segundo e do terceiro já estavam prontos.

(continua)



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SérgioNepomuceno



Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Seg Jan 29, 2007 6:08 pm    Assunto: Responder com Citação

apenas algumas propostas rápidas,visto que agora tenho compromisso e estou c;/muita pressa: abordagem da romanza da eboli (há muito o que falar em termos de sua estrutXintérprete);a clara construção de temas umbilicalmente ligados a contextos[não é uma formação de estrut.motívica, cuidado!],suas variações e descrição;o dueto p/baixos,c/demanda incrível:desde o alcance de 2 oitavas no reg.grave+canto legato em toda a estrutura sob pressão(no reg.baixo). ISSo em termos vocais;fora o que diz respeito à cena em si.
e claro, as leituras e v´arias outras questões(mutilações e aquelas outras q todo mundo conhece,dentre outras menos abordadas)
depois vêm as especificações!! interessante tópico!
agora tehno que correr!!


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fanermaluco



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MensagemEnviada: Seg Jan 29, 2007 6:15 pm    Assunto: Responder com Citação

3 detalhes:

1) O meio da cena Filipe/Posa é musicalmente diferente na versão francesa na sua seção central (i.e., não há aquele acorde em FF(F) nos metais após "Orrenda, orrenda pace! La pace dei sepolcri!"

2)O tema na trompa que introduz 0 1° ato da versão de 1884 tem os mesmos intervalos da 1a frase do 3ceto "Trema per te, falso..."

3)Há uma relação entre um material disponível na versão integral abbado e o requiem (?)


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Elimar



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Localização: Ipatinga - MG

MensagemEnviada: Seg Jan 29, 2007 6:36 pm    Assunto: Responder com Citação

Sarastro,

Já li sobre esta ópera na revista Classic CD chamando a mesma de "o mico de Verdi".
Tenho vontade de conhecer Don Carlo (conheço apenas alguns trechos).
Alguma gravação a sugerir?


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Sarastro



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Seg Jan 29, 2007 6:51 pm    Assunto: Responder com Citação

fanermaluco escreveu:
3 detalhes:
3)Há uma relação entre um material disponível na versão integral abbado e o requiem (?)


Fanermaluco,
você por acaso se refere ao lamento que Carlos (na versão francesa) canta após a morte de Posa, que foi posteriormente aproveitado na Lacrymosa do Requiem ? Tal trecho pode ser visto em:
http://youtube.com/watch?v=iOykaddy4CE

Elimar,
creio que ao longo da discussão diferentes gravações serão indicadas. No seu lugar, eu aguardaria algum tempo antes de adquirir uma em CD, visto que não há uma versão de Don Carlo que "aniquile" completamente as demais.
Editando: esqueci de dizer que, ao aguardar mais tempo, provavelmente o Elimar poderá analisar os prós e contras das diversas indicações - se eu indicar a versão do Solti, alguém pode dizer que não gosta de um determinado cantor dessa versão devido a isso ou aquilo, etc. (meio óbvio, mas achei melhor fazer a ressalva).

Já em DVD, no YouTube é possível encontrar trechos de algumas das disponíveis: essa com Alagna/Van Dam/Mattila/Hampson/Meier/Pappano particularmente me agrada, apesar de ter seus pontos fracos (p.ex.: Van Dam não tem os graves mais aterradores do mercado, e Meier às vezes soa meio deslocada).



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Sarastro



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MensagemEnviada: Seg Jan 29, 2007 7:07 pm    Assunto: Responder com Citação

Complementando:
até o presente momento, baseei-me na obra abaixo...
Osborne, Charles. Verdi: A Life in the Theatre. London, England: Weidenfeld and Nicolson, 1987.
Sempre que necessário citarei as fontes, para que o tópico fique mais completo. Obviamente, por não se tratar de um estudo acadêmico, devo incluir relatos retirados das mais diversas fontes (revistas, artigos na Internet, livretos de CDs, etc.) - mas sempre com o devido cuidado. Afinal, vai que alguém disse por aí que o verdadeiro autor de Don Carlos não foi Verdi, e sim Madame Lolita, cantora decadente do mini-teatro de Busseto... Wink



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SérgioNepomuceno



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MensagemEnviada: Seg Jan 29, 2007 10:09 pm    Assunto: Responder com Citação

pappano e abbado exploraram a ópera ao extremo nesse sentido; outro ex.é o dueto entree Filipe e 'posa' apresentado integralmente.
A principal razão da quantidaded de cortes na ópera é o conceito verdiano de parola scenica. O próprio dueto citado acima tm 3 versões;uma mais amputada que a outra,em prol justamente da não desconexão do enredo(deformação em sua evoluç~ao) pela música. ISso atyé em Mozart.

e quanto às questões propostas? a da romanza da eboli,por ex., que indica que a mezzo tem de executar cadenzas, tem de se adequar à pressão exercida sob tessitura alta, mas ao mesmo tempo executar emissão de peito eficiente. quando se fala na personagem,v em: 'o don fatale'!!mas a romanza tecnicamente falandp abriga uma dificuldade superior, embora essa esteja presente na 2a seção de don fatale, 'oh,ciel; e carlo?" e as seqüências un dì mi resta, que culminam no dificílimo desfecho,também em tessitura altíssima; inclusive estilisticamente falando pode-se(stignani) ou não(Bumbry) sustentar a nota q evolui ascendentemente antes da pausa anterior `a sua últ. fala.

quem se habilita a explorar as outras propostas??


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fanermaluco



Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Ter Jan 30, 2007 10:52 am    Assunto: Responder com Citação

Srarastro,
Como te disse, não conheço a peça suficientemente bem, ou seja, o 3° detalhe foi mais uma pergunta...

E fica mais uma pergunta: D. Carlo(s) seria o ápice do desenvolvimento de certos padrões da Grande ópera francesa?

Característico disto é a cena do Auto-da-fé - Há uma sucessão de eventos musicais/cênicos (Celebração popular/sacerdotes/inimigos[i.e., elementos marginais]). inicia-se a cena propriamente dita, que é interrompida por um elemento individual contrastante (D. Carlo(s), embaixadores flamenngos; depois do conflito e da resolução do mesmo, retoma-se o procedimento musical/cênico, ainda q de forma concentrada, com uma """coda""" (voz angélica).

Que tal procedimento é, escarrado e cuspido o da Aida não é surpresa..o q talvez seja surpresa é encontrar estes "registros fósseis" (no melhor sentido possível da palavra) no cortejo nupcial da Elsa e na cena de apresentação de Brünnnhilde no Crepúsculo.


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Sarastro



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
Mensagens: 900
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MensagemEnviada: Ter Jan 30, 2007 11:45 am    Assunto: Responder com Citação

Faner,

Verdi teve, como já foi dito, uma série de problemas com Don Carlo. E via de regra as óperas que lhe traziam muitos problemas o deixavam bastante enfastiado - com episódios de depressão profunda (quando preferia se isolar na villa em Santa Ágata), normalmente acompanhados de infecções na garganta - sintoma da queda de sua imunidade. Assim, ele se conformou com as reduções impostas à ópera, ainda que isso representasse o "sepultamento" de muita música boa que ele havia composto.
Partindo disso, é fato que a versão mais comum de Don Carlo (a milanesa em 4 atos) não traz o lamento entoado por Carlos, diante de Felipe II, após a morte de Rodrigo. Não há - pelo menos até onde eu sei - nenhuma citação explícita por meio da qual possamos saber se tal corte estimulou Verdi a reaproveitar o tema do lamento no Requiem, mas a hipótese é tentadora.

Sobre a questão da grand-opéra (creio que o acento agudo seja no "e"), quando Verdi aceitou a encomenda teve que se submeter às tais convenções exigidas pela Opéra de Paris - 5 atos, ballets, grandes cenas com coro.

A grande cena é justamente a do Auto-da-fé, dentro desse padrão que você citou: depois que a situação de conflito gerada por Carlo e pelos deputados flamengos é resolvida pela intervenção de Felipe e Posa, a resolução cênica ocorre com a retomada do coro, cantando o mesmo tema de exaltação do início da cena. A Voz Celestial foi um brilhante recurso de Verdi para criticar o clero, coisa que ele sutilmente fez em algumas de suas óperas (lembremo-nos dos sacerdotes em Aida e de Fra Melitone na Forza do Destino): enquanto o Coro dos Inquisidores murmura palavras de condenação,

Morran, morran! giusto è il rigore
Dell'Immortal.


a Voz Celestial entoa as palavras

Volate verso il ciel, volate, pover'alme,
V'affrettate a goder la pace del Signor
!

em um claro sinal de que se a Igreja não oferece clemência, alguma Força Superior o fazia (lembremo-nos que Verdi, desde que se uniu com Giuseppina Strepponi de modo bastante "informal" para os padrões religiosos da época, nunca demonstrou qualquer fervor religioso - embora tivesse suas crenças particulares, compatíveis com o Cristianismo).

Em algumas produções somente Carlo escuta a Voz Celestial - isso até que faz sentido, pois além de ser o elemento de oposição ao establishment representado por Felipe e pelo Inquisidor, Carlo tinha alguns problemas no sistema nervoso - que ficam explícitos no dueto com Elizabetta:

O prodigio! Il mio cor s'affida, si consola;
Il sovvenire del dolor s'in vola,
Il ciel pietà sentì di tanto duol.
Isabella, al tuo piè morir io vo' d'amor...
(Cade privo di sensi al suolo)


Ora, o que faria Carlo cair sem sentidos no solo, senão a sua epilepsia (historicamente fiel aos fatos) ? Não nos esqueçamos que os epilépticos, nos tempos da Espanha de Felipe II, não eram vistos como pessoas plenamente "normais"...

Enfim, considero o Auto-da-fé um dos maiores momentos dessa ópera, e enquanto representante de uma das convenções da grand-opéra talvez o ápice disso.

Sobre as comparações com Wagner, passo a bola para você. Smile



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ftoscano



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MensagemEnviada: Ter Jan 30, 2007 12:06 pm    Assunto: Responder com Citação

Erico,

Aproveitando a oportunidade, o que você acha da gravação abaixo?

Estou pensando em comprá-la...



GIUSEPPE VERDI

Don Carlos
Erste Gesamtaufnahme in der originalen
französischen Fassung
First recording of the original French version
Première intégrale en Français
Ed. originale in francese

Domingo · Ricciarelli · Valentini
Terrani · Raimondi · Nucci · Ghiaurov
Murray · Coro e Orchestra del
Teatro alla Scala · Claudio Abbado

CD |D|D|D| 415 316-2 |G|H 4|
4 Compact Discs
______________________________

Nela há também o seguinte apêndice:

1. Prelude et Introduction: L'hiver est long (3. Akt, 1. Szene)
2. Introduction et Choeur: Que de fleurs - Pour une nuit me voilà Reine (3. Akt, 1. Szene)
3. Le Ballet de la Reine (3. Akt, 1 Szene)
4. J'ai tout compris (4. Akt, 1. Szene)
5. Mon fils, reprenez votre épée - Qui me rendra ce mort? (4. Akt, 2. Szene Final)
6. Oui, pour toujours - Ah! Sois maudit! Artisan d'une oeuvre détestée! ( 5. Akt Final)



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SérgioNepomuceno



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MensagemEnviada: Ter Jan 30, 2007 12:39 pm    Assunto: Responder com Citação

a questão do fanermaluco não envolve apenas as convenções de determinado teatro ´p/ que a ópera seja apresentada. assim tem até o famoso caso de TÄnnhauser. DOn carlos é considerada uma grand opera francesa do período da 2a metade do séc.XIX. Historicamente falando,esse gênero tem subdivisões, que datam desde a 1a metade do séc. citdo até o final do mesmo (últimos 15-20 anos);entrou em decadência pelos 'conceitos' debussyanos, musicalmente falando.. D.Carlo(s) se enquadra em algo em torno da 2a fase de sua evolução.

quanto à epilepsia:não há qualquer fidelidade na peça de schiller; é sabvido que a única eviDÊncia da doença na óepra é esse momento.
EM breve abordo algumas das outras questões propostas, mas é algo coletivo;contribuam quando souberem.
o Frederico at´e poderia falar mais a respeito do concetio de parola scenica em MOzart[essa possível relação é m.interessanrte]. há alguns exemplos bem interessantes...


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Sarastro



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MensagemEnviada: Ter Jan 30, 2007 1:10 pm    Assunto: Responder com Citação

ftoscano escreveu:
Erico,

Aproveitando a oportunidade, o que você acha da gravação abaixo?

Domingo · Ricciarelli · Valentini
Terrani · Raimondi · Nucci · Ghiaurov
Murray · Coro e Orchestra del
Teatro alla Scala · Claudio Abbado


O que eu acho ? Que ainda preciso adquiri-la para opinar. Wink

Posso dizer o seguinte: nas outras gravações (inclusive ao vivo) que conheço, Domingo se saiu bem no papel de Carlos... mas a perspectiva de ter Raimondi no papel de Philippe me assusta (aqui, Ghiaurov canta o Inquisidor - na gravação de Karajan eles invertem os papéis).

Acredito que alguém entre os demais prestonautas possa opinar com maior confiabilidade.

Aqui, escuto a versão com Siepi (Filippo II), Eugenio Fernandi (um razoável Don Carlo), Bastianini (Posa), Jurinac (Elisabetta), Simionato (Eboli), Festival de Salzburg, Herbert von Karajan - ao vivo, 26 de julho de 1958. Com todos prós e contras de uma versão ao vivo, fascinante.



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Bruno Gripp



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MensagemEnviada: Ter Jan 30, 2007 1:59 pm    Assunto: Responder com Citação

fanermaluco escreveu:
Srarastro,
Como te disse, não conheço a peça suficientemente bem, ou seja, o 3° detalhe foi mais uma pergunta...

E fica mais uma pergunta: D. Carlo(s) seria o ápice do desenvolvimento de certos padrões da Grande ópera francesa?

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Que tal procedimento é, escarrado e cuspido o da Aida não é surpresa..o q talvez seja surpresa é encontrar estes "registros fósseis" (no melhor sentido possível da palavra) no cortejo nupcial da Elsa e na cena de apresentação de Brünnnhilde no Crepúsculo.


Muito interessante esse último detalhe. Talvez eu tenha dúvidas quanto ao seguindo, mas quanto ao primeiro é bstante pertinente.

Quanto a pergunta, a afirmação de Don Carlos ser o ápice da Grand Opéra é em questão cronológica ou de qualidade? É bom lembrar que Les Troyens é uma Grand Opera (apresenta inclusive esse padrão no terceiro ato (festa pública, confissão de Dido a Anna, invasão dos inimigos, cena pública resumida) e creio que em termos de qualidade é bem superior a Don Carlos (eu diria a qualquer ópera de Verdi, mas bom, não quero ser polêmico).


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ftoscano



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MensagemEnviada: Ter Jan 30, 2007 2:50 pm    Assunto: Responder com Citação

Serginho,

Com prazer poderei comentar sobre Mozart. Mas gostaria de saber qual a fonte da expressão "parola scenica" de Verdi que você tem como referência e o que diz esta fonte sobre o assunto. Não a encontrei no Grove, nem em outros dicionários. Assim poderemos verificar uma possível relação com mais clareza.

Se for algo referente ao que você chamou de "desconexão do enredo" e "deformação em sua evolução pela música", esta preocupação não nasceu em Verdi. Desde Monteverdi, observamos diversas posturas na relação entre texto e música. O próprio Monteverdi, já no começo do século XVII, procurava com o maior cuidado uma expressão musical para cada sentimento, para cada emoção humana, para cada palavra e cada fórmula de linguagem. Esta postura é antiga, como se vê. Indo para a segunda metade do século XVIII, Mozart, em sua juventude, diria em certa carta ao pai que "a poesia deve ser sempre filha obediente da música". Mesmo assim, Mozart pulou a muralha da ópera séria italiana (onde essa subordinação do texto à música era mais forte) e foi buscar na ópera francesa (que ainda se mantinha próxima a Monteverdi) um equilíbrio para construir o seu drama musical. A teoria dessa reforma foi bem redigida por Gluck, mas foi Mozart que, na prática, conseguiu concretizar a consolidação do drama musical. Mozart conseguiu unir de forma mais eficaz a preocupação de Monteverdi com a palavra ao tratamento extremamente refinado da música instrumental.



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Frederico Toscano
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