Presto - Índice do Fórum

As Variações Goldberg e o Mistério do Três
Ir à página 1, 2, 3  Próximo
 
Novo Tópico   Responder a Mensagem    Presto - Índice do Fórum -> Fórum Geral
Ver mensagem anterior :: Ver próxima mensagem  
Autor Mensagem
Amancio



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
Mensagens: 1102
Localização: Curitiba-PR

MensagemEnviada: Sex Jan 05, 2007 12:57 pm    Assunto: As Variações Goldberg e o Mistério do Três Responder com Citação

Aí Serjão, essa é pra vc! Very Happy

Desfio aqui os comentários que fiz no Allegro sobre esta obra. Vou fazer que nem o berber e as sonatas de Beethoven, à medida que eu tiver tempo eu escrevo mais um pouquinho. É uma das minhas maiores paixões e, pra mim, a obra mais genial já escrita em todos os tempos.

Variações Goldberg BWV.988
Johann Sebastian Bach


1. A Lenda
O primeiro biógrafo de Bach conta uma história sobre o motivo desta obra ter sido escrita. Segundo ele, um nobre, o Conde Kaiserling, sofria de insônia, e nessas horas ele chamava seu cravista particular, um tal de Johann Gottlieb Goldberg, e pedia para que ele tocasse algumas peças até ele dormir. Como o repertório do jovem Goldberg não era tão grande, ao passar por Leipzig, o Conde chamou Bach e pediu para ele escrever algumas peças de exercício para o jovem cravista, alguma coisa que pudesse também diverti-lo nas noites de insônia. Mestre Bach então escreveu as Variações, que ganharam depois o nome de "Goldberg" por causa do cravista. O Conde gostou tanto que deu a Bach uma caixa com 100 luíses de ouro - caso a história fosse verdade, seria a maior gratificação que Bach teria recebido por qualquer obra sua. Nas noites de insônia, então o Conde chamava seu pupilo e pedia, "por favor, caro Goldberg, toque uma das minhas variações".

Há vários motivos para duvidar desta história. Primeiro porque a partitura não traz dedicatória, o que seria normal caso a obra tivesse sido encomendada. Segundo porque Goldberg, na época, teria 14 anos, e pouca habilidade para tocar as variações mais difíceis.

2. A Composição
Bach escreveu as variações em 1742. São 30 variações baseadas numa ária, que abre e fecha a obra. A ária já havia aparecido no livro da Anna Magdalena Bach, em 1725, só que entitulada simplesmente "Sarabande".

O título da obra, tal como aparece na primeira página da primeira edição, é: "Prática de Teclado, consistindo numa Ária com diferentes variações para cravo com dois manuais [teclados]. Preparado para a diversão de amantes da música por Johann Sebastian Bach".

Não sabemos se Bach planejava alguma coisa maior à época em que ele escreveu as variações. Alguns estudiosos porém afirmam que, anos depois, Bach planejou mostrar toda sua força contrapontística e genialidade em três grandes obras: as Variações Goldberg BWV.988, a Oferenda Musical BWV.1079 e a Arte da Fuga BWV.1080, esta última deixada incompleta. Estas três obras seriam dadas de presente a uma certa sociedade musical de Leipzig, onde Bach planejava ingressar.

PS.: As informações são todas do Data-Amancio, então me perdoem se eu errar algum nome, data ou esquecer algo importante.


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada Visitar a página do Utilizador
SérgioNepomuceno



Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006
Mensagens: 273

MensagemEnviada: Sex Jan 05, 2007 1:46 pm    Assunto: Responder com Citação

Amancio,fgiquei emocionado com a dedicatória. muito informativo e beme scrito. À PRincípio, pensei que Berg tinha virado jogador de futebol,keke, mas tu tens que chamar os pi-cra-ba, porque caso haja proposta de questões/associações etc e for depender de mim, as teclas ficarão enferrujadas. Agora tenho que voltar pras obras (operário), e tomara que com a inciativa do Amancio NÃO HAJA GREVE na nossa cRasse!! vamos lá, operários, vamos formar um sindicato sem baderna!


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada
Vitinho



Registado em: Sexta-Feira, 3 de Novembro de 2006
Mensagens: 105

MensagemEnviada: Sex Jan 05, 2007 4:51 pm    Assunto: Responder com Citação

Que ótimo, Amancio!!! Surprised

Eu me lembro que fiquei bastante impressionado e empolgado com a sua descrição sobre essa obra, que você postou tempos atrás lá no Allegro.

Também gosto muito dessa obra. Estou aguardando as descrições detalhadas que virão por aí das variações uma por uma.

Quem sabe o pessoal daqui se empolge e comece a fazer mais descrições de obras por aqui; era algo que acontecia com freqüência no Allegro e era bastante engrandecedor.

Falando em variações de Bach, me lembro que havia um tópico sobre a análise da Chaconne de Bach (que para mim é O maior conjunto de variações que Bach já escreveu)... é uma pena que o tópico se foi...


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada
fanermaluco



Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006
Mensagens: 596

MensagemEnviada: Sex Jan 05, 2007 5:59 pm    Assunto: Responder com Citação

No curso "Bach e o Alto barroco" do PHD R. Greenberg declara,dentre outras coisas, que:

1)As V.G. se movem de "dentro p/ fora", i.e., a ária inicial já é uma variação sobre o "ground" que é o fundamento de todas as variações subseqüentes.

2)Nocaso do 3, cada 3 grupos de variações se movem "de baixo p/ cima", i.e., a 1a apela ao "corpo", a 2a ao "coração" e a 3a ao "intelecto" (sempre um cânon), fora a var. 30.


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada
Amancio



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
Mensagens: 1102
Localização: Curitiba-PR

MensagemEnviada: Sex Jan 05, 2007 9:45 pm    Assunto: Responder com Citação

A variação 30 é um espetáculo à parte. Very Happy Mas vamos com calma, já chegamos lá.
Obrigado a todos pelos incentivos.

3. Instrumento
Bach escreveu a obra para um cravo com dois teclados, também chamados de manuais. Este cravo tinha dentro de si não 1 mas 4 conjuntos de cordas. O manual de baixo comandava 2 conjuntos de cordas de timbre mais escuro: o normal, de 8 pés de comprimento, e um outro de 16 pés de comprimento, que soava uma oitava abaixo do normal. O manual de cima comandava os conjuntos de timbre mais claro: o normal de 8 pés de comprimento e outro de 4 pés, soando uma oitava acima.

O cravo também possuía vários mecanismos, um deles de "abafador", fazendo as cordas soarem como alaúde. Um outro poderia fazer um manual comandar um conjunto específico de cordas (só as de 4', ou só as de 16'), ou conectar os dois ao mesmo tempo (4'+8', 8'+16'). Outro mecanismo juntava os dois manuais num só, possibilitando novas combinações inclusive aquela onde todos os conjuntos de cordas atuariam (4'+8'+8'+16'). Esse som é totalmente diferente do produzido por um piano ou cravo normal, pois uma simples nota soaria na oitava normal, uma oitava acima e uma oitava abaixo - somzaço!

4. Tema
Diferentemente do gênero "variações" do classicismo e romantismo, no barroco o tema a ser variado era encontrado no baixo. Então devemos encarar as variações não como "alterações" do tema, e sim diferentes maneiras de realizar (harmonizar) o baixo.

Como disse o colega fanermaluco, nesse sentido a própria Ária já é uma das variações - ou uma das formas de realizar o baixo. E curiosamente em nenhuma das variações (nem mesmo na ária) ouvimos o baixo na sua forma reduzida, apresentada abaixo:


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada Visitar a página do Utilizador
Amancio



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
Mensagens: 1102
Localização: Curitiba-PR

MensagemEnviada: Sex Jan 05, 2007 10:52 pm    Assunto: Responder com Citação

5. O barroco era binário, dual
Bach não podia trair a natureza dual do barroco, assim algumas coisas binárias aparecem na obra. Primeiro que a ária, bem como todas as variações, é dividida em duas partes (alguns intérpretes repetem cada parte, outros repetem só a primeira parte, e outros não repetem nada). Cada parte é formada por duas frases de 8 compassos, que por sua vez são formadas por duas meias-frases de 4 compassos cada. Somando tudo, a ária tem 32 compassos ao total.

Curiosamente, Ária + 30 variações + ária da capo também dá 32 "faixas". E mais curiosamente ainda, a variação que abre a segunda metade da obra (variação 16) é uma "Abertura Francesa". Xiii, péra aí, não falei ainda em como as variações estão estruturadas, né?

6. Estrutura Geral da Obra (ou O Mistério do Três, parte I)
As 30 variações podem ser divididas em 10 grupos de 3 variações cada. Dessa forma, podemos notar uma outra estrutura em grupo:

Primeira variação do grupo: uma Dança ou forma barroca
Segunda variação do grupo: uma toccata, como um exercício virtuosístico
Terceira variação do grupo: um canon / o quodlibet.

As primeiras variações de cada grupo são danças ou formas barrocas. Então, por exemplo, temos:
Variação 1: polonaise
Variação 4: passepied
Variação 7: giga francesa (ou siciliana)
Variação 10: fughetta
Variação 13: coral ornamentado, ou ária com flauta (alguns estudiosos chamam esta variação de "a serenata")
Variação 16: Abertura Francesa (a segunda parte é uma fuga, igual como nas aberturas francesas)
Variaçao 22: alla breve

As segundas variações de cada grupo são exercícios para teclado, em geral mais difíceis de serem executados que as demais variações. Duas delas também lembram danças: a variação 8 parece uma courante, e a variação 11 lembra uma giga italiana. As outras estão mais para toccatas e invenções a 2 e 3 partes.

As terceiras variações são canons. Canon, para quem não sabe, é uma forma contrapontística onde uma segunda voz "ecoa" ou "repete" uma primeira voz depois dela já ter começado - porém este "eco" ou "repetição" deve ser literal, a segunda voz deve repetir exatamente a primeira, enquanto ela continua tocando. Se eu pudesse representar graficamente, seria mais ou menos assim:

A voz toca esta simpática melodia que é o tema completo e fim.
.........A voz toca esta simpática melodia que é o tema completo.


Nas Variações Goldberg, porém, há uma variedade muito maior de cânons. O primeiro cânon é em uníssono (se a primeira voz toca dó-ré-mi-dó, a segunda tocará depois dó-ré-mi-dó), porém o segundo cânon é em intervalo de segunda (se a primeira voz toca dó-ré-mi-dó, a segunda tocará depois ré-mi-fá-ré), o terceiro é em intervalo de terça (dó-ré-mi-dó, mi-fá-sol-mi), e assim por diante até o nono canon, em intervalo de nona. Porém, quando todos esperam um canon em décima na última variação, Bach surpreende e apresenta um quodlibet, uma espécie de "salada mista" musical. Falarei dele bastante depois, ele merece.

Enfim, a partir de tudo isso conseguimos montar a estrutura geral da peça:

01 - Ária

02 - Variação 1 (polonaise)
03 - Variação 2 (invenção a 3 partes)
04 - Variação 3 (canon em uníssono)

05 - Variação 4 (passepied)
06 - Variaçao 5 (toccata)
07 - Variação 6 (canon em segunda)

08 - Variação 7 (giga francesa)
09 - Variação 8 (courante)
10 - Variação 9 (canon em terça)

11 - Variação 10 (fuguetta)
12 - Variação 11 (giga italiana)
13 - Variação 12 (canon a quarta em contrarium motum, lembra uma musette)

14 - Variação 13 (coral)
15 - Variação 14 (toccata)
16 - Variação 15 (canon a quinta em contrarium motum, andante)

17 - Variação 16 (abertura francesa)
18 - Variação 17 (toccata)
19 - Variação 18 (canon a sexta)

20 - Variação 19 (minueto)
21 - Variação 20 (toccata)
22 - Variação 21 (canon a sétima, allemande)

23 - Variação 22 (alla breve)
24 - Variação 23 (toccata)
25 - Variação 24 (canon a oitava, invenção a 3 partes)

26 - Variação 25 (adagio, ou ária de cantata)
27 - Variação 26 (sarabanda)
28 - Variação 27 (canon a nona, invenção a 2 partes)

29 - Variação 28 (toccata)
30 - Variação 29 (toccata)
31 - Variação 30 (quodlibet)

32 - Aria da capo




Editado pela última vez por Amancio em Sáb Jan 06, 2007 9:01 am, num total de 1 edição
Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada Visitar a página do Utilizador
SérgioNepomuceno



Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006
Mensagens: 273

MensagemEnviada: Sex Jan 05, 2007 11:09 pm    Assunto: AMANCIO, ANDRE E TODOS Responder com Citação

Teclas enferrujadas à parte- a famosa questãoda ária como detentora da carga temática p/ variações (ISOLADA) ou como uma é interessante> veiculação ou não da ornamentação. Acontece que se veiculada, p/ que COERêNCIA seja mantida, as variações seguem o padrão da ornamentação seguido na exposição da ária,ou seja, trat´a-la como 'mera'variação, seguindo ESSA lógica, não seria apropriado (ver. Var. 7,por ex.-pontuação ritm; presente ou não? Relacionar c/ a empregada na exposição d ária..). P/ começar, trouxe essa questão pra ver se rende uma boa discussão, c/ apenas uma via de raciocínio p/ ser rebatida de modo mais dinâmico. (gente, nossa amada köNigin que me fez interessar por isso, ela nem deve se lembrar!!!)


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada
Amancio



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
Mensagens: 1102
Localização: Curitiba-PR

MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 8:55 am    Assunto: Responder com Citação

Sérgio, tenho a impressão que as idéias se atropelam na sua cabeça e a confusão gerada faz os dedos se atropelarem no teclado. Cool Poderia ser um pouco mais claro? A ornamentação é a mesma na ária e nas variações, não há diferença.


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada Visitar a página do Utilizador
Amancio



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
Mensagens: 1102
Localização: Curitiba-PR

MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 10:37 am    Assunto: Responder com Citação

7. "9+1" (ou O Mistério do Três, parte II)
Agora que já temos a visão da estrutura geral da obra, podemos fazer as viagens numerológicas que me assustam. (risos)

São 30 variações, divididas em 10 grupos de 3 variações. De todas elas, apenas 3 são em tonalidade menor (Sol menor); são elas o canon a quinta (variação 15), o canon a sétima (variação 21) e o adagio (variação 25). Curiosamente, a relação entre os números das variações aproxima-se da razão áurea, mas vamos deixar isso de lado. Cool

Se são 3 variações menores, sobram 27 variações em tom maior (Sol Maior), e 27=9x3, ou, se preferirem, 3x3x3. Há uma relação de 9 variações em tom maior para cada 1 variação em tom menor.

Olhando rapidamente por cima dos grupos, percebemos que a regra de caracterização do grupo é meio falha. Afinal, se a terceira variação do grupo deve ser um cânon, há uma "falha", o quodlibet. Se a primeira variação do grupo é uma dança, há uma "falha", a variação 28 é mais virtuosística do que propriamente uma dança. E quanto às variações virtuosísticas, qualquer audição simples vai mostrar que a Variação 2 é muito mais contrapontística (até parece um canon, na verdade) do que um exercício de agilidade. Assim, para essa simples regra de formação dos grupos, há 9 acertos e 1 falha. Três tipos de variações, então são 27 acertos e 3 falhas. 9+1, 27+3, os números se repetem.

8. Os Canons (ou O Mistério do Três, parte III)
Agora vamos ver os canons em mais detalhes. Eles sempre aparecem como terceira variação de cada grupo, assim cada cânon é uma variação cujo número é múltiplo de 3 - por exemplo, canon a segunda é variação 6, canon a sexta é variação 18, etc. E o número da variação é o intervalo do canon multiplicado por 3. Rapidamente:

Canon 1 [Variação 3] - canon a unissono
Canon 2 [Variação 6] - canon a segunda
Canon 3 [Variação 9] - canon a terça
Canon 4 [Variação 12] - canon a quarta
Canon 5 [Variação 15] - canon a quinta
Canon 6 [Variação 18] - canon a sexta
Canon 7 [Variação 21] - canon a sétima
Canon 8 [Variação 24] - canon a oitava
Canon 9 [Variação 27] - canon a nona

Todos os canons são a 3 vozes (2 vozes em canon + baixo), com exceção do canon 9 que é a 2 vozes, sem baixo. Os canons a 3 vozes, se somados [1+2+3+4+5+6+7+8] dá 36, um múltiplo de 3, ou se preferirem os numerologistas, 3+6=9. A exceção é justamente o canon de número 9.

Apenas dois canons são em tom menor, os canons 5 e 7. Numerologicamente, 5+7=12, outro múltiplo de 3, ou se continuarmos somando, 1+2=3. Não vou somar aqui as exceções (os canons em tom maior), acreditem, as exceções também resultam em múltiplos de 3.

Dois dos canons são em contrarium motum, ou seja, em vez da segunda voz repetir exatamente a primeira, ela a repete ao contrário: se a melodia da primeira voz sobe (dó-ré-mi), a melodia da segunda desce (dó-si-lá) e vice versa. Os canons em contrarium motum são o 4 e 5, e somando 4+5 dá 9 (sem comentários).

Um único canon é totalmente em intervalo descendente - ou seja, em vez da segunda voz repetir X notas acima, ela repete X notas abaixo. É o canon 3, em terça. Quando a primeira voz canta dó-ré-mi-dó, em vez da segunda voz cantar mi-fá-sol-mi (3 notas acima), ela canta lá-si-dó-lá (3 notas abaixo).

Três canons alternam trechos em intervalo descendente com trechos em intervalo ascendente. São eles: canon 4, canon 8 e canon 9 [4+8+9=21, e 2+1=3].

Há 3 canons em compasso composto: os canons 1, 8 e 9 [1+8+9=18, e 1+8=9].

Ainda falando de compasso, são 3 canons em compasso binário [5, 6 e 9], 3 em compasso ternário [2, 4 e 8] e 3 em compasso quarternário [1, 3 e 7]. Puxa, se somar não dá 3, né? Mas olhe que interessante: Bach gostava muito de brincar assim com números, tanto que chegou a atribuir um número para cada letra [A=1, B=2, C=3, etc] e somou seu próprio nome [B+A+C+H, 2+1+3+8], resultando no número 14. Não é coincidência que A Arte da Fuga sejam 14 fugas, ele gostava mesmo desse número. Mas voltando às Goldberg, se pegarmos as variações de compasso ternário (ó o 3 de novo), são elas: 2, 4 e 8. Coincidentemente, 2 + (1+3) + 8 dá 14, o número de Bach.

E tudo isso é verdade? Mistééééério.... Rolling Eyes
Bach escreveu ao final da Oferenda Musical: Quaerendo, invenietis. Procure que vc encontrará.


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada Visitar a página do Utilizador
Sarastro



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
Mensagens: 900
Localização: Brasil

MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 11:37 am    Assunto: Responder com Citação

Amancio escreveu:
Bach escreveu ao final da Oferenda Musical: Quaerendo, invenietis. Procure que vc encontrará.


É por essas e outras que Bach é Bach.



_________________
Va, pensiero, sull'ali dorate...
Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada
SérgioNepomuceno



Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006
Mensagens: 273

MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 12:23 pm    Assunto: Responder com Citação

não, Amancio.Você não entendeu. a linha de raciocínio aprwsentada por mim, que NÃO é necessariamente defendida por mim foi a seguinte-a denominação de 'mera' variação adquirida pela ária segundo o Andre(citando Robert Greenberg),segundo a linha de que se a ornamentação fosse ofuscada na ária(sim!! não é toda vez que lá estão) não seria coeretnte; na ocorrêNCIA de tal fato, temos por exempl a OMISSÃO dos adornos dos compassos que ilustram o sujeito na var. 10; o mesmo c/ a pontuação ritmícsa da var. 7(na 'evolução' dobaixo) etc etc. oU seja, a '''matriz''', se opcionalmente tivesse o recurso dos ornamentos omitido, exerceria influência sobre os exs. citados?(isso é muito usual, não é suposição nenhuma, por favor!!)

repetindo- Não é necessariamente esse o segmento entre os dois que envolve a questã levantada pelo Andre que concordo, foi uma linha de pensamento ÚNICA p/ 'apimentar' e instigar o fórum e ver a contra-argumentação

Amanhã às 21h já estarei no aeroporto p/ viajar pro Nordeste,vou ficar por lá por um semana. nEsse tempo é muito provável que nã possA participar do fórum, MAS há milhões de outras questões que gostaria de DISCUTIR c/ vcs; há como sustentar debate em algumas delas. DEsde a questão prposta e outras referentes à função da '''abertura francesa''' já citada (M. INTERESSANTE!!) atééé algo que nuncs parou de me intrigar até hoje quando se diz respeito à var. 30...etc etc. ODeio favoritas, mas as variações goldberg/ paixão segundo s. matheus, talvez sejam 'meu' Bach.


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada
Bruno Gripp



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
Mensagens: 725
Localização: Belo Horizonte

MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 2:13 pm    Assunto: Responder com Citação

Sérgio,
Sem querer ser chato, mas eu não consigo entender nada do que você escreve. Parece que você arranha as idéias mas não consegue desenvolvê-las, experimente escrever com mais calma, mais didática e ler suas mensagens. E penso que você também não entendeu o que o fanermaluco falou, o tema está no baixo, a ária é por si uma variação do tema, então uma ornamentação a mais na ária não modificaria em nada o curso da música.


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada Windows Live Messenger
Amancio



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
Mensagens: 1102
Localização: Curitiba-PR

MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 9:14 pm    Assunto: Responder com Citação

Não, Bruno, o Sérgio citou duas variações (7 e 10) que tem sim ornamentos no baixo. Pelo que entendi, ele diz (ou o estudioso diz) que, para ser coerente, toda ornamentação do baixo (na ária e nas variações) deveria ser omitida na obra inteira. O que eu já considero um sacrilégio, pois destrói completamente o sujeito da fughetta (variação 10) - a ornamentação é tudo, não só aqui mas em todo o barroco.

O que é interessante de mencionar é de que a ornamentação no barroco era algo "tão óbvio que ninguém anotava". É por isso que hoje, em cada gravação que vc escuta, há uma ornamentação diferente. Há arpejos que começam do agudo pro grave, outros do grave pro agudo, só para citar um simples exemplo. Estou de frente para a partitura aqui, há muitas maneiras de se tocar, dependendo de como se interprete um ornamento ou outro (começando de cima? começando de baixo? com que velocidade? todas as notas com mesmo valor de tempo?). Outro problema comum era que um mesmo ornamento era executado de maneiras diferentes dependendo do lugar (Alemanha, França, Inglaterra, etc) e do ano (1670, 1710, 1740).

É com base nisso que eu julgo a ausência ou presença de um ou outro ornamento na música.

Sobre o texto, ainda falta falar sobre a magia do Quodlibet, os 14 canons sobre Goldberg Ground e a famosa pintura do Bach segurando um papelzinho minúsculo. A seguir. Wink


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada Visitar a página do Utilizador
SérgioNepomuceno



Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006
Mensagens: 273

MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 10:27 pm    Assunto: Responder com Citação

Bruno,vc definitivamente não entendeu a proposta; não estou falando do '''tema do baixo''', inclusive O CITEI NA QUESTÃO ESPECÍFICA (ornamnetação). tEnho quase certeza que o Amancio entendeu, mas o que me deixou na dúvida foi a falta do "se" em sua mensagem, ou seja, "se na descrição DA ÁRIA a ornamentação for omitida...."; fora isso, a questão é basicamente essa, perfeito.
quem não entendeu, favor ouvir var. 7 (PONTUA~ÇÃO RÍTMICA) e 10 (descriç~ao do sujeito inicialmente declarado no baixo em sol, COMO JÁ CITEI) novamente, estabelecendo relação c/ a presença ou não da ornamentação na ária.
Não estou arranhando nada; a questão é simples, 1 linha de raciocínio refutável etc etc. sÓ demanda-se algo: ouvir o citado, daí entende-se facilmente.


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada
Bruno Gripp



Registado em: Quinta-Feira, 2 de Novembro de 2006
Mensagens: 725
Localização: Belo Horizonte

MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 10:28 pm    Assunto: Responder com Citação

Brigado Amancio por traduzir o Nepomucenês.

E realmente, omitir a ornamentação na var. 10 é transformar a fuga em uma não-fuga.

Bom, toda passacaglia que já ouvi na vida (e como disse alguém de cujo nome não me lmembro, as Goldberg são uma passacaglia em tamanho família) possui ornamentaçào escrita no baixo. Na minha humilíssima opinião, a ornamentação não dilui a identidade harmônica, mas a afirma de maneira mais forte, tremolo, apoggiatura, antecipações, etc (naturalente falo mais de procedimentos de ornamentação do período clássico que é minha ária).


Voltar ao Topo
Ver o perfil de Utilizadores Enviar Mensagem Privada Windows Live Messenger
Mostrar os tópicos anteriores:   
Novo Tópico   Responder a Mensagem    Presto - Índice do Fórum -> Fórum Geral O fuso horário em uso é GMT - 3 Horas
Ir à página 1, 2, 3  Próximo
Página 1 de 3

 
Aceder a:  
Enviar Mensagens Novas: Permitido.
Responder a Tópicos: Permitido.
Editar Mensagens: Não permitido.
Excluir Mensagens: Não permitido.
Votar: Não permitido.


Powered by phpBB © 2001, 2002 phpBB Group
Theme created by Vjacheslav Trushkin
Web Hosting Directory


Start Your Own Video Sharing Site

Free Web Hosting | Free Forum Hosting | FlashWebHost.com | Image Hosting | Photo Gallery | FreeMarriage.com

Powered by PhpBBweb.com, setup your forum now!
For Support, visit Forums.BizHat.com