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Novo filme sobre Beethoven
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Amancio



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Seg Dez 25, 2006 10:34 pm    Assunto: Responder com Citação

Bem, fui assistir. Nos créditos, muitos nomes com Csaba, Ferenc, Laszlo, deve ser alguma parceria húngara.

O filme tem várias partes onde ele claramente se inspira no Amadeus. Aliás, no trecho onde a Anna briga com Deus no convento, parece até uma citação textual da cena de Salieri discutindo com o crucifixo na parede. Nesta cena eu comecei até a pensar que a cópia poderia ser proposital, afinal o título do filme é "copying"...

A primeira parte do filme foca na preparação da estréia da Nona Sinfonia (a gravação que se ouve é a do Haitink com Schreier), com o climax no concerto de estréia. Aí percebi o que a Laura tinha comentado, sim, o cara do som não soube cortar bem a música. E, sim, a mesma cena no Minha Amada Imortal é melhor do que aqui.

Depois disso vem uma "segunda parte" no filme, focando muito mais a intimidade do compositor e na composição da Grande Fuga. Praticamente todo o restante do filme se passa apenas a dois. Tem bonitas cenas, mas tudo parece andar em círculos, o filme não anda.

Boa parte do motivo do filme deixar a desejar vem da própria personalidade rabugenta do compositor, que não se desenvolve e permanece a mesma do começo ao fim. Diferente de Amadeus, onde nosso herói conquista o público pela alegria de viver. Como se simpatizar com alguém que maltrata a todos e se acha o máximo em tudo?

Falando agora da parte mais interessante, a música até que está bem servida. Os quartetos são interpretados pelo Tacacs, ouve-se bastante o Adagio do Quarteto 1, a Grande Fuga, o Op.131, o Adagio do Op.132. As sonatas para piano vem pelas mãos de Ashkenazy, uma de violino é ouvida com o Oistrakh. Talvez renda um bom álbum, como rendeu o Amadeus.


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Ricardovsky



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Ter Dez 26, 2006 10:35 pm    Assunto: Responder com Citação

O nome do filme deveria ser "Copying Amadeus".


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ZpinoZ



Registado em: Sexta-Feira, 24 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Ter Dez 26, 2006 11:03 pm    Assunto: comentando Responder com Citação

Alguns comentários acerca de “Copyng Beethoven”.

O cinema não é bom para biografias. Talvez porque o peso da imagem é inversamente proporcional à insustentável leveza da palavra. A encenação tem uma gravidade e concretude que deixa pouco espaço para a imaginação. Inclusive, entre os muitos méritos de “Cidadão Kane” está, certamente, provar que toda cinebiografia é falaz, vã e traiçoeira.

Sobram os documentários, que, com suas longas seqüências de depoimentos, sempre, inexoravelmente, resultam parciais e circunstanciados. Natimortos.

Existem exemplos, poucos, de filmes que, pelo inusitado, pelo viés inesperado, iluminam e elucidam aspectos de uma vida. Mostram a incomensurável grandeza, complexidade ou transcendência de um gênio, de um artista. Por exemplo “Le Mystère Picasso” de Clouzot ou “Di Cavalcante” de Glauber. Acho que é o mais próximo que é permitido chegar de uma biografia.

Assim é irrelevante analisar “Copyng Beethovem” nessa chave.

Por outro lado, é uma manobra legitima da autora propor uma interpretação para o buraco-negro, o mito em expansão Beethoven. Mesmo que para isso tome todas as licenças poéticas que precisar: introduzir personagens, mitigar a surdez, intervir na cronologia e tudo o que for exigido. Porque ninguém, ligeiramente informado, pode seriamente acreditar que a diretora tivesse, ingenuamente, buscando uma biografia veraz. Para isso existem os livros, melhormente parrudas teses de doutorado, textos definitivos.

Assim Beethoven, com todas as suas particularidades e idiossincrasias, funciona na cultura ocidental como os mitos na Grécia antiga, eram paradigmas, arquétipos. Lembrando que o importante nas tragédias não era a história, o enredo (estes todos conheciam, e eran mesmo relembrados antes das apresentações). Mas importava como o autor explorava a psicologia, a beleza do discurso, os desdobramentos morais e filosóficos etc.

No filme é isso que a autora faz, comenta, “copia” o mito Beethoven. Eu não gostei do resultado. Salvam-se a recomposição da época (a bela sequência da apresentação da Nona), os diálogos, a interpretação de Ed Harris (um ator sempre surpreendente: "Pollock", "As Horas"...). Enquanto trama, para ficar dentro do mesmo horizonte de eventos, até o abúlico “Immortal Beloved” é melhor.

Mas o pecado mortal da diretora é surrupiar cenas de Amadeus. Cheguei a desculpá-la, enfim, como a madre superiora era ex-aluna de Salieri, a cena poderia ser um gancho, uma homenagem, uma desastrada citação. Mas, ledo engano, era má fé. E, enquanto em Milos Forman a trecho marca um ponto de flexão do enredo, o plágio é gratuito, deletério, deslocado e forçado. E a solução do ditado da música na cama? Quase impudicamente chupada.

Agora, mal não faz. Se toda a informação que o presuntivo público tiver sobre o compositor for àquela proporcionada por esse filme, mesmo assim, ele estará soberbamente apetrechado para operar culturalmente com o mito Beethoven. Acredito que estará muito acima daquilo que a mídia ordinariamente proporciona. Senão, quem mandou não consultar uma enciclopédia.

Quando à edição da música, isso a Laura sabe muito mais que eu.

Z


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SérgioNepomuceno



Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006
Mensagens: 273

MensagemEnviada: Ter Dez 26, 2006 11:13 pm    Assunto: Responder com Citação

ah, gente, se vocês deixassem esse empenho pra outros lugares. Estão o jogando no lixo, porque o filme é UM LIXO, uma droga; monótono e não é digno de comentários. Desperdício do tecido epitelial, e tenham consciência que a ninfetinha e banhadora do Beethoven pode causar L.E.R à longo prazo. "AHhhh, foi ela!! Wash me, you fucking hooker!"


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Pádua Fernandes



Registado em: Terça-Feira, 7 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Ter Dez 26, 2006 11:17 pm    Assunto: Responder com Citação

Zpinoz,
não vejo sentido em dizer que o documentário é um gênero natimorto. Essa condenação global de um gênero soa antes como um preconceito do que uma avaliação pensada e medida.

Infelizmente, ou não, deixarei de ver a obra em questão porque, após a anencefalia generalizada do filme que essa diretora fez sobre algo que ela achava que era a vida e a obra de Rimbaud, prometi não ver mais nada dela. Trata-se de um filme sobre poetas (Verlaine aussi) sem poesia (ou, quando ela aparece, é cortada - frases são cortadas de forma que perdem o sentido) e com erros factuais (e sobre a obra).
Como eu gosto de Beethoven, prefiro não me irritar.


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ZpinoZ



Registado em: Sexta-Feira, 24 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Ter Dez 26, 2006 11:54 pm    Assunto: Responder com Citação

O contexto, Pádua, observe, é "enquanto cinebiografia". E nesse sentido acho mesmo que é natimorto.

Por outro lado, recomendo que todos vejam a obra. Eu não gostei muito. Não julgo que seja um grande é memorável filme. Mas vou revê-lo várias vezes, se não por outros, pelos motivos que enunciei.

Afinal eu vejo todos os Ésquilos, Shakespeares, Ibsens que aparecem... As vezes até por uma unica imterpretação.


Sergio,

A questão que procurei levantar e que comentei, acredito, esta alguns furos acima de sua linha de tiro.

Mas encerro aqui meus comentários.

Z

Ps


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Amancio



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Qua Dez 27, 2006 8:14 am    Assunto: Responder com Citação

ZpinoZ, parabéns pela crítica! Gostei de ler!


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Ricardovsky



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Qua Dez 27, 2006 9:30 am    Assunto: Responder com Citação

Também gostei, parabéns (principalmente da parte que fala de tragédia grega).


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Laura



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MensagemEnviada: Qua Dez 27, 2006 1:29 pm    Assunto: Re: comentando Responder com Citação

ZpinoZ escreveu:
Alguns comentários acerca de “Copyng Beethoven”.
Assim Beethoven, com todas as suas particularidades e idiossincrasias, funciona na cultura ocidental como os mitos na Grécia antiga, eram paradigmas, arquétipos. Lembrando que o importante nas tragédias não era a história, o enredo (estes todos conheciam, e eran mesmo relembrados antes das apresentações). Mas importava como o autor explorava a psicologia, a beleza do discurso, os desdobramentos morais e filosóficos etc.

No filme é isso que a autora faz, comenta, “copia” o mito Beethoven.


Taí, graças ao seu comentário, caiu a ficha: o filme é vazio! Visualmente bonito, mas vazio. Tem a profundidade de um pires.

Ao contrário de outros filmes biográficos - lembro agora do divino O Homem Urso, de Herzog - a diretora não explorou "a psicologia, a beleza do discurso, os desdobramentos morais e filosóficos". Nem o etc.

Quanto aos cortes, parecem feitos por DJ's de baladas de pré-adolescentes aniversariantes.

Obrigada pela crítica do filme, Zpinoz.


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SérgioNepomuceno



Registado em: Segunda-Feira, 13 de Novembro de 2006
Mensagens: 273

MensagemEnviada: Qua Dez 27, 2006 2:02 pm    Assunto: Responder com Citação

amiguingo, hã-hã, acima da linha de tiro do fórum.
Senhoras e senhores, procurem re-ouvir nabucco y otras cosas.
Cordialmente,
Sérgio.


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ZpinoZ



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MensagemEnviada: Qua Dez 27, 2006 8:20 pm    Assunto: Responder com Citação

Agradeço ao Amancio, Ricardovsky e Laura pela leitura e atenção.

Z


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Ricardovsky



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Qua Dez 27, 2006 10:33 pm    Assunto: Responder com Citação

Só por curiosidade, gostaria de mencionar que a melhor cinebiografia que eu já vi foi "O Homem Elefante" de David Linch. Esse filme é perfeito. Profundamente filosófico e poético, consegue convencer qualquer um.

Acho que o importante numa cinebiografia não é que ela seja fiel à realidade (isso foi muito bem mostrado pelo nosso colega SpinoZ), mas sim que ela convença a audiência. O segredo para isso é o trabalho do diretor do filme. Amadeus tem Milos Forman e por isso é um filmaço. O Mozart dele, mesmo que não seja igual ao da realidade (ninguém, na verdade, poderia dizer hoje como nosso gênio era), funciona perfeitamente dentro do enredo do filme. Outro filme excelente, mesmo que muitos não concordem, é Alexandre; mas por quê? Porque tem a mão de um diretor talentoso como Oliver Stone. A coragem (em mostrar o homossexualismo na antiguidade e conseguir associar o amor de Alexandre por Haephestion ao de Aquiles por Pátroclo) e a maestria dele nas cenas grandiosas fazem o filme funcionar.


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Laura



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MensagemEnviada: Qui Dez 28, 2006 9:05 am    Assunto: Responder com Citação

Por falar em filmes biográficos, o que vocês nos dizem de Ludwig, de Luchino Visconti, com aquele monte de Wagner e Schumann?


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Ricardovsky



Registado em: Segunda-Feira, 6 de Novembro de 2006
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MensagemEnviada: Qui Dez 28, 2006 9:32 am    Assunto: Responder com Citação

Eu acho esse filme de Visconti genial. E o ator que faz o papel de Wagner parece ser a própria reencarnação do homem. Esse Wagner, na minha opinião, é a melhor interpretação que já vi de um compositor.


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ZpinoZ



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MensagemEnviada: Qui Dez 28, 2006 6:31 pm    Assunto: Responder com Citação

Laura,

Um melhor título, com base na extensão do filme, poderia ser: “Tudo Que Eu, Luchino Visconti – Il Conte Rosso, Tenho Para Dizer Sobre Ludwig II - Re di Baviera”.

No entretanto, quando quem tem algo a dizer é Il Conte Rosso, vale a pena se deleitar com o discurso traduzido em imagens. Muitos poucos diretores têm a autoridade e competência de Visconti para recomposição de época. O conhecimento e a sensibilidade dele são tão certeiros e precisos que mesmo a dinâmica da narrativa é transformada e adaptada às limitações do que foi possível reconstituir. Mais ainda, ele transcende estas restrições e usa dessa manobra para injetar nas seqüências um certo distanciamento, respeitoso e elegante, que o olhar outrora já teve.

Se pensarmos na cena da destituição de Ludwig. Os homens severamente vestidos de preto com os alados guardas-chuva negros, esperando obstinadamente sob a chuva renitente. O ritmo moroso e resignado, o enquadramento distanciado e reflexivo (e convenientemente embaralhado para facilitar a reconstituição). Tudo isso pouco a pouco vai umedecendo nossa sensibilidade e sedimentando a verossimilhança.

Similar, porém com outro objetivo e muito mais perfeccionista, só Kubrick, em Barry Lyndon, que se persignou em reproduzir e capturar até a iluminação artificial usada no tempo do romance. Sem contar os enquadramentos baseados no retângulo áureo, fotografados com as cores de Corot.

Também, a leitura que Luchino faz da vida de Ludwig é intrigante, remete ao Calígula de Camus. Ou seja, a discussão do poder absoluto como o mais eficaz dos alucinógenos. Curioso é que todos aqueles adictos do pleno poder elegem alguém como referencia, como baliza, como interlocutor e árbitro de seus atos perante a História. Nero escolheu Petrônio (por isso Arbiter); Nicolau II, Rasputin; Ludwig, para sorte de nós que gostamos de música, Wagner.

Ricardovsky já disse: “Esse Wagner, na minha opinião, é a melhor interpretação que já vi de um compositor.” Eu complemento: que dupla! Wagner (Trevor Howard) e Cosima (Silvana Mangano) mais von Bulow para atrapalhar! Visconti tece tão bem as inter-relações entre o trio que a gente acaba convencido de que os sentimentos e emoções que perpassavam o triângulo só poderiam ser exatamente aqueles mostrados na tela.

Relembro, apesar de terem demasiadas coisas em comum, era somente a visão de Visconti sobre Ludwig. Na Alemanha, sobretudo os bávaros, me diziam: se você quer conhecer Ludwig, leia a Historia, não acredite no filme.

Sobre as músicas, você entende mais que eu.

Z




Editado pela última vez por ZpinoZ em Qui Dez 28, 2006 7:13 pm, num total de 2 edições
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