Autor Mensagem
Ricardovsky
MensagemEnviada: Sáb Mai 12, 2007 11:58 pm    Assunto:

Amigo Sarastro,

O ruim mesmo nesse cd são os recitativos secos, com um cravo que parece estar meio desafinado. Como o Idomeneo é a ópera de Mozart com o menor número de recitativos (alguns críticos até percebem nisso uma influência gluckiana), até não é algo tão grave.
Sarastro
MensagemEnviada: Sex Mai 11, 2007 11:47 pm    Assunto:

Tendo em vista as opiniões favoráveis de Pádua e Ricardovsky, escutei hoje no trânsito o CD 1 do citado Idomeneo.
Começarei pelos pontos favoráveis:
- o maestro é excelente em destacar algumas dinâmicas (principalmente na abertura) e em contrastar, na mesma ária, trechos em andamento lento com os em andamento mais rápido ;
- a orquestra não soa gigantesca, e alguns instrumentos se destacam (gostei das cordas e das flautas);
- os cantores são todos bons. Me surpreendeu o Adolf Dallapozza (Idamante), dono de um timbre privilegiado e de boa técnica.
Em relação aos pontos fracos:
- não gostei muito do coro (sotaque alemão meio carregado e o baixo solista não tem voz de baixo);
- embora saiba contrastar, o maestro, quando opta pelos andamentos lentos, rege muito, mas muito pesadamente - a ponto dos cantores se arrastarem nas frases ;
- os recitativos cansam um pouco.
No final das contas, me agradou, embora seja uma versão meio pesada para se ouvir com frequência. Como veio na CME e eu já possuia outras versões mais modernas da mesma ópera, devo dizer que nesse contexto ela se torna mais interessante.
Sarastro
MensagemEnviada: Sex Mai 11, 2007 3:34 pm    Assunto:

Ricardovsky escreveu:

PS: Gosto do Idomeneo que o Sarastro citou.


Vou escutar de novo. Quem sabe não revejo meus conceitos...
Lohmax
MensagemEnviada: Qui Mai 10, 2007 11:29 pm    Assunto:

Ricardovsky escreveu:
Alguém já ouviu, por exemplo, Boulez interpretando Vivaldi? Não, porque esse sabe escolher seu repertório.


Vivaldi não sei, mas Boulez já regeu (e gravou) Händel: http://www.amazon.com/Handel-Water-Music-Royal-Fireworks/dp/B00004T1EE/ref=sr_1_3/002-5322433-1766450?ie=UTF8&s=music&qid=1178850371&sr=8-3

Abraço,
Henrique
Königin der Nacht
MensagemEnviada: Qui Mai 10, 2007 10:37 pm    Assunto:

Ricardovsky escreveu:
Na maior parte das vezes, Karajan regendo sinfonias de Mozart é uma danação. Há também aquela "célebre" gravação em que Karajan rege (e toca cravo!!!) "As Quatro Estações" de Vivaldi. Acho Karajan um grande regente, seu problema é que, por vezes, resolve adentrar (e insistir) em repertórios que não combinam definitivamente com ele. Alguém já ouviu, por exemplo, Boulez interpretando Vivaldi? Não, porque esse sabe escolher seu repertório.


Ricardovsky,

Eu lembro dessa gravação. Passou no "Concertos Internacionais", isso é de quando eu tinha uns 11 aninhos. Lembro que eu gravava todos os programas, numa voracidade dolorosa de se ver, porque era a única forma que eu tinha de ouvir música clássica.

Mesmo sendo uma aberração, a lembrança dessa época (que, no fim das contas, foi feliz, porque coincide com as últimas lembranças que tenho de meu pai) faz com que eu tenha um carinho todo especial por essa gravação, não pela qualidade, mas pela lembrança, mesmo... meu pai ficava até altas horas comigo, vendo esse programa.

Putz, eu acho que vou chorar, gente! Dá licença, vou ali no cantinho chorar um pouco!
Ricardovsky
MensagemEnviada: Qui Mai 10, 2007 4:34 pm    Assunto:

É interessante o fato dos colegas só terem citado obras operísticas. Será que a ópera é o gênero musical onde mais é possível ocorrer equívocos?

Na maior parte das vezes, Karajan regendo sinfonias de Mozart é uma danação. Há também aquela "célebre" gravação em que Karajan rege (e toca cravo!!!) "As Quatro Estações" de Vivaldi. Acho Karajan um grande regente, seu problema é que, por vezes, resolve adentrar (e insistir) em repertórios que não combinam definitivamente com ele. Alguém já ouviu, por exemplo, Boulez interpretando Vivaldi? Não, porque esse sabe escolher seu repertório.

Pensei que o Bruno fosse citar "As Bodas de Fígaro" de Kleiber como um equívoco musical. Quase todo mundo acha essa interpretação fantástica, mas nosso colega vê nela uma série de lambanças. De fato, nenhuma gravação de uma obra dessa magnitude é perfeita, mas, diferentemente do que aconteceu com o Idomeneo citado pelo Sarastro, o resultado final é esplendoroso.

PS: Gosto do Idomeneo que o Sarastro citou.
Pádua Fernandes
MensagemEnviada: Qui Mai 03, 2007 3:56 am    Assunto:

Ontem, ouvindo excertos desta gravação, não pude deixar de me lembrar do tópico. Esta é a capa antiga, que mostra a heroína.



Ouvi, depois de anos, seu O patria mia. Trata-se de um esforço desesperado e inútil. Domingo, que canta Celeste Aida e o resto da ópera com um agudo geralmente duro, de novo soa plausível perto dela. A Obratzova exagera bastante.
O disco de excertos mostra mais a beleza da soprano.



A atual produção gráfica não mostra mais a Ricciarelli. Trata-se de um relançamento em uma coleção de óperas mais barata.
O Abbado, contudo, parece muito bem.
triboulet
MensagemEnviada: Sáb Dez 02, 2006 2:02 pm    Assunto:

Pádua Fernandes escreveu:
Aqui, temos um dos maiores momentos de histeria lírica na tentativa deseperada de Riccciarelli, com sua voz peso-pluma, de cantar um dos papéis mais dramáticos de todo repertório lírico. Desde a segunda frase cantada pela soprano, "E quel grido traverso stirpe", a causa está perdida. A berraria é impressionante, mas não comoveu o maestro, muito ocupado em fazer com que a sua orquestra soasse como se toda a China coubesse em Berlim.
Domingo esforça-se bastante no agudo, mas soa plausível perto da soprano.



Editando: Como se toda China coubesse em Viena - a orquestra é de lá!


Ao contrário, amanhã a rádio Cultura FM de São Paulo transmitirá O Elixir do Amor com carlo Bergonzi interpretando Nemorino... Rolling Eyes
Pádua Fernandes
MensagemEnviada: Sáb Nov 25, 2006 2:15 am    Assunto:

Aqui, temos um dos maiores momentos de histeria lírica na tentativa deseperada de Riccciarelli, com sua voz peso-pluma, de cantar um dos papéis mais dramáticos de todo repertório lírico. Desde a segunda frase cantada pela soprano, "E quel grido traverso stirpe", a causa está perdida. A berraria é impressionante, mas não comoveu o maestro, muito ocupado em fazer com que a sua orquestra soasse como se toda a China coubesse em Berlim.
Domingo esforça-se bastante no agudo, mas soa plausível perto da soprano.



Editando: Como se toda China coubesse em Viena - a orquestra é de lá!
Sarastro
MensagemEnviada: Qua Nov 22, 2006 8:11 pm    Assunto:

Pádua Fernandes escreveu:
Sarastro,
posso discordar parcialmente? Acho que esse maestro rege de forma pesada demais para Mozart. Mas a vemência de Edda Moser é interessante e Gedda soa como um rei - seu "Torna la pace" é muito bonito. O "Fuor del mar" é a versão abreviada, o que provavelmente foi opção anticoloratura do maestro, pois na mesma época ele era capaz de cantar ao vivo (eu tenho a gravação com Colin Davis) a versão longa, ao contrário de Pavarotti e Domingo, que nunca tiveram essa possibilidade.
Enfim, uma versão imperfeita, mas não de jogar fora. Não chega a ser o equívoco do Otello do Pavarotti, o Nero de Stolze (!) ou o Factotum do Domingo Factotum.


Pádua,
confesso que não fui muito longe nesse Idomeneo. As duas toneladas que Schmidt-Isserstedt (de quem tenho boas gravações) imprime logo no início da partitura me desanimaram.
Levando em conta seus comentários, analisarei esses aspectos que você citou - depois que eu terminar a audição do Mitridate da mesma coletânea (CME Brilliant Classics).
Pádua Fernandes
MensagemEnviada: Qua Nov 22, 2006 6:33 pm    Assunto:

Sarastro,
posso discordar parcialmente? Acho que esse maestro rege de forma pesada demais para Mozart. Mas a vemência de Edda Moser é interessante e Gedda soa como um rei - seu "Torna la pace" é muito bonito. O "Fuor del mar" é a versão abreviada, o que provavelmente foi opção anticoloratura do maestro, pois na mesma época ele era capaz de cantar ao vivo (eu tenho a gravação com Colin Davis) a versão longa, ao contrário de Pavarotti e Domingo, que nunca tiveram essa possibilidade.
Enfim, uma versão imperfeita, mas não de jogar fora. Não chega a ser o equívoco do Otello do Pavarotti, o Nero de Stolze (!) ou o Factotum do Domingo Factotum.
Sarastro
MensagemEnviada: Ter Nov 21, 2006 10:36 pm    Assunto:

O elenco reunido para a gravação era excelente (não vejo cantor aí que não seja gabaritado para cantar Mozart). A orquestra, de primeiríssima linha.
O maestro era tido como especialista em Mozart.
A música dispensa comentários.
Enfim, tudo para dar certo.


Idomeneo - Opera seria in tre atti, KV 366
Idomeneo, King of Crete - Nicolai Gedda (tenor)
Idamante, his son - Adolf Dallapozza (tenor)
Arbace, confidant of the King - Peter Schreier (tenor)
Ilia, daughter of King Priam in Troy - Anneliese Rothenberger (soprano)
Elettra, daughter of King Agamemnon of Argos - Edda Moser (soprano)
High Priest of Neptune - Eberhard Büchner (tenor)
Voice of Neptune - Theo Adam (bass)
Priest - Günther Lieb
Chor des Leipziger Rundfunks
Staatskapelle Dresden/Hans Schmidt-Isserstedt
Recorded 1972


Foi tudo por água abaixo.
Sarastro
MensagemEnviada: Ter Nov 21, 2006 10:22 pm    Assunto:

Alguém pode ter gostado. Na minha opinião, nessa gravação, "l'orgoglio di Modena sepolto è in mar"... Com alguma benevolência, Nucci escaparia.

Bruno Gripp
MensagemEnviada: Ter Nov 21, 2006 8:20 pm    Assunto: Aberrações discográficas

Acho que no allegro já houve um tópico nesse estilo. Depois de saber que o Requiem de Mozart por Thielemann vem por aí e sua potencial bomba, abro este foro para discutir aqueles discos que não deveriam ter sido gravados. Evidentemente nào falo de gravações com artistas ruins, mas erros clamorosos de interpretação, escolha de repertório (neste caso evidentemente mais aplicável a cantores), etc. Dentre estas posso citar as que me vêem à mente:

"O barbeiro de sevilha" de Claudio abbado com ninguém menos do que PLACIDO DOMINGO como o papel título, sim Domingo sempre quis cantar tudo, mesmo o que não estivesse em seus alcances vocálicos, e para obter isto ele sempre foi ajudado pelos avanços recentes em engenharia de som, dizem que ano que vem ele vai cantar um papel que sempre o agradou nesta ópera mas até hoje nào cantou: Rosina.



A famosa e infame Coroação de Poppea regida por ninguém menos do que HERBERT VON KARAJAN. Edição espúria dos manuscritos de Monteverdi, seleção vocálica mais do que inadequada e evidentemente o oceano estilístico que separam a Coroação de Poppea da Sinfonia Alpina.



Alguém tem mais lembranças?

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