Autor Mensagem
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Qua Nov 15, 2006 12:15 pm    Assunto:

Amancio, creio que o porquê esteja veiculado ao objetivo de potencializar todos os elementos envolvidos no contexto-Maazel...(a partir disso, não é preciso dizer mais nada!)
Leonardo T. de Oliveira
MensagemEnviada: Qua Nov 15, 2006 12:06 pm    Assunto:

Ára, ára... Triboulet anda pro crime ultimamente... XD Bem que faz...

Nesse tópico só escrevo sobre esse assunto entre parênteses.

(Pronto... Então... O raciocínio foi bem simples: conversar sobre Gravações é não entender de Música? Conversar sobre Gravações é não falar de Música? Eu não falei nada disso..., em tão pouco espaço pro meu resmungo... Se eu quisesse dizer isso eu teria que idealizar uma má resenha de Gravação, e atacá-la como se ela representasse a classe toda... Os blogs e os programas de concerto por aí estão cheios desse mau exemplo, mas não imagino - em qualquer caso - que o desempenho ruim da amostragem de uma idéia seja suficiente pra condenar a própria idéia... O fato foi simples, meu Cristo sereno: Sérgio diz "Vocês não acham mais interessantes que comentários sejam feitos a respeito das gravações?", o que me lembra, para os rumos do tópico, exatamente o procedimento do resenhista que esgota o assunto Música rápido demais, e vendo que não sabe mais o que dizer parte logo pro infinito elenco do mundo das gravações. Falar sobre Gravações de óperas inclui "inesquivavelmente!" se falar sobre a Música? Ok, muito bem, fico francamente feliz por termos esse bom senso e proficiência por aqui. Mas se eu estiver plena e apaixonadamente satisfeito com a minha gravação, e esperar aprender e discutir mais sobre a relação do compositor com a sua obra, essa expectativa é frustratada com a frase do Sérgio. Mas "arre! e bendito seja!", a conversa vai indo bem, nada de 8 ou 80. Muito bem. Obrigado.)
Amancio
MensagemEnviada: Qua Nov 15, 2006 9:05 am    Assunto:

Sérgio,

Perfeitamente! Todas as gravações tem os tímpanos, a graça está em quem é que dá ênfase e quem que não dá (e porquê). Smile
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Qua Nov 15, 2006 12:02 am    Assunto:

Sempre quando leituras são discutidas, a música em si entra. Como ex., vejam o tema, que passou rapidamente p/ Elektra, de modo contextualizado. Vejam a última mensagem do Pádua e minha, e verifiquem se música pura não está sendo discutida. Pelo amor de Deus... por isso concordo c/Triboulet.
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Qua Nov 15, 2006 12:00 am    Assunto:

Eu ia responder p/ o Amancio, mas o Pádua o fez: exatamente isso. Exemplifiquei assim porque isso estava sendo discutido anteriormente.

Porém, Pádua, na 2a grande cena da Chrysothemis, que particularmente prefiro dividir em 3: nun muss es hier até du, du denn du bist stark e do nicht, schwester da Chrysothemis ao sei verflucht (seja amaldiçoada!!)
Sendo que nessa 2a subdivisão feita por mim mesmo agora (p/ facilitar minha exposição), se assemelha à pós-descoberta do Orest (a cena citada, porque também divido a pré e pós descoberta, que são completamente diferentes, e a transição é nítida no trecho orquestral de "Orest!!!", que perde volume até a nova entrada da protagonista). Mas sem dúvidas, tecnicamente a cena citada (que sofre constantes cortes), detém pelo menos 1 grande pianissimo, e sustentações de notas nas quais tem de haver controle absoluto do vibratto e volume vocal.

Voltando p/ Turandot: eu pensei em escrever outra mensagem logo após a referente ao Maazel (dizendo que obviamente TODAS continham os tímpanos citados, porém OS CRESCENDOS QUE OS EVIDENCIAM descaradamente e que são dissipados são a diferença em Maazel), porém achei não ser necessário. E as oscilações citadas por mim na mesma mensagem no 2o parágrafo, ainda nesse foram justificadas, mas com a posterior mensagem do Brnuo, ficou parecendo que eu apenas citei e não justifiquei.
triboulet
MensagemEnviada: Ter Nov 14, 2006 11:47 pm    Assunto:

Arrow
Pádua Fernandes
MensagemEnviada: Ter Nov 14, 2006 11:39 pm    Assunto:

Amancio, é da Elektra. Depois da histeria no dueto com a ausência do pai (é musicalmente um monólogo, sei, mas teatralmente é quase um dueto e, de qualquer forma, o pai fala pela orquestra), da histeria depois com a irmã, a psicose com a mãe, o amaldiçoamento da irmã, Elektra é obrigada a enfrentar uma cena lírica e quase delicada com o irmão. É muito difícil para a soprano, que teve que berrar tanto até chegar a esse ponto.
Depois, é claro, vem a psicopatia e a morte como júbilo, e a soprano volta aos decibéis extremados (com exceção da cena em que engana o Egisto e a personagem precisa soar irônica).
Mas adoro essa ópera, desumana em mais de um aspecto!
Amancio
MensagemEnviada: Ter Nov 14, 2006 10:11 pm    Assunto:

Sérgio, considerando que sou péssimo ouvindo das óperas de Strauss Embarassed (e que ainda não conheço decór todas as óperas de Wagner EmbarassedEmbarassedEmbarassed), de que ópera é o trecho que vc citou?

Quanto às cordas de Turandot, puxa vida, é isso que faz cada gravação ter seu interesse particular. Legal é ver umf azendo arrastado e outro mais vivaz, e mais legal ainda é tentar entender o motivo. A única coisa que não pode, como disse o Bruno, é mudar a partitura.

E por falar em partitura: quanta coisa a gente não ficaria sabendo com relação à leitura de alguns intérpretes! Muita coisa está escrito lá, não é preciso estudar muito pra ver; mas a verdadeira arte de um músico está em observar isso e nos entregar de bandeja aquilo que viu. Como um Prometeus entregando o fogo proibido aos homens.
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Ter Nov 14, 2006 6:46 pm    Assunto:

Pois é exatamente o que eu disse em relação à Rossini (até mesmo exemplifiquei c/ história do chapéu, que ilustra o quanto era normal na época)
Strauss há o exemplo já citado do Böhm.

Há trechos que realmente, melhores cortados do que lá, como não o prolongamento onde está contida a seqüência Ich hör... e sim a continuação de Was kümmert mich; porém infelizmente costuma-se cortar trechos para que o intérprete tenha maior facilidade, como no também já citado trecho antes de Versteht's du's Bruder.

O motivo é ÓBVIO: após trecho com pianissimos/que demanda técnica respiratória desenvolvida(que até mesmo algumas intérpretes TÊM DE atrasar alguns segundos para uma das emissões de pianissimos, no SELIGER, que sucede denn sterb ich), alguns não têm mais capacidade de progredir em tal linha; visto que o trecho que se segue, em Verteht's du's Bruder? já retoma, com a seqüência selig tudo que é demandado vocalmente da protagonista em praticamente a ópera inteira.
Bruno Gripp
MensagemEnviada: Ter Nov 14, 2006 4:42 pm    Assunto:

Maazel apenas dá destaque a tímpanos que estão escritos. Numa orquestra do tamanho da de Turandot um tímpano pode bem passar desapercebido, isso acontece até em Mozart, por exemplo o destaque que os tímpanos ganham na entrada de Tamino na gravação de Gardiner e como ele desaparece em outras gravações, e como em tudo em questão de música, em estúdio é mais fácil conseguir tais efeitos... Puccini não é Monteverdi para ter-se o costume de mudar a partitura a tal ponto, nem um compositor do período clássico que anota na partitura "timpani ad libitum".

E as mudanças de Rossini não se dão pelo belprazer dos músicos, era assim no século XIX, mas hoje a grande maioria das variantes já existem há bastante tempo e ou são facilitações de árias dificílimas (como em Fuor del Mar de Mozart, autorizada pelo próprio compositor) ou versões de diversos cantores famosos para mostrar seu virtuosismo (como a cavatina de Rosina que tem a versão de Patti a versão da fulna, da sicrana, etc). A escolha destes trechos normalmente se dá pelos mesmos motivos.

E quanto aos cortes em Wagner e Strauss, os cortes são para diminuir a duração da ópera, encurtar um monólogo longo e repetitivo para poupar o cantor e/ou os espectadores. Alguns são autorizados e outros são costumeiros. Claro que não chega a ponto de ser como naquele famoso Tristão no Rio, quando cortaram quase o terceiro ato inteiro, o que, é forçoso reconhecer, é em ato de comovente piedade com os espectadores.
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Ter Nov 14, 2006 3:13 pm    Assunto:

Amancio, não acho que chegue a ser uma audácia. Veja: a versão do Maazel (82) é pior em termos de diferenças nesse trecho: os tímpanos, antes da descoberta de Calaf, crescem e se dissipam em dois crescendos, o que não ocorre em outras versões.
Eu tinha quase certeza a respeito das cordas, porém cometi um equívoco: no trecho que antecede a entrada de Calaf (la mia vittoria...) é a que carrega consigo a emissão de cordas. Isso ocorre em todas as outras versões. Isso, porque na versão do Mehta, por ex. da déc.70, a emissão das cordas não é tão volumosa e arrastada como na do Levine.

Quanto à diferenças, há diversas,: desde crescendos que culminam em notas altíssimas em algumas Rosinas em la fortunata (normalmente as sopranos); passando pela omissão do trecho que antecede Was bluten muss e Versteht's du's Bruder etc em Elektra, à sopranos que utilizam da seqüência Belohne dich no Rapto para empregarem uma ornamentação maior (o que destrói a linha melódica) etc etc. Mas no caso do Barbeiro(Rosina), há aquela história "da apresentação" que a soprano fez para Rossini, em que ele foi "re-apresentado" para a ária (a história engraçada do chapéu); Elektra, Böhm diz ter havido autorização por parte de Strauss etc.

Mas e então? O que têm a dizer à respeito das questões propostas por mim na última mensagem? (principalmente em relação aos dois segmentos de leituras da protagonista) Há argumentos interessantes referentes às leituras de ambos os lados, que estão diretamente ligados ao enredo/libretto em si. Já leram a entrevista c/ a Marc?
Amancio
MensagemEnviada: Ter Nov 14, 2006 12:58 pm    Assunto:

SérgioNepomuceno escreveu:
... nas pausas de Turandot, que antecedem intervenção/resposta do Calaf, há a presença da percussão. Em versões como as do Levine, há cordas envolvidas...


Alguém tem a partitura aí para dar uma olhada? A diferença estaria numa partitura "revista por fulano de tal"? Seria uma grande audácia do Levine alterar assim a partitura do Puccini (ou talvez a audácia dos outros estaria em suprimir as cordas). Ou talvez nem uma coisa nem outra, apenas maestros que gostam de ressaltar o inaudível.
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Ter Nov 14, 2006 12:32 pm    Assunto:

Adorei essa da Cicarelli.
NEM 8 NEM 80; por isso trago uma discussão, que envolva leituras/contexto-enredo-libretto etc

Muitos já devem ter notado que na proclamação dos enigmas, a maioria das versões, nas pausas de Turandot, que antecedem intervenção/resposta do Calaf, há a presença da percussão. Em versões como as do Levine, há cordas envolvidas, talvez para que potencialize os elementos que circundam o contexto. Há outras diferenças, que pulam aos olhos e têm um motivo, que muitas vezes estão diretamente relacionadas à própria leitura da protagonista (principessa di gelo ou humana) e ao contexto. É uma questão interessante.

Alguém mencionou a Marc, mas esqueceu de dizer o tipo de leitura optado por ela, que é semelhante à da Caballé. Ou por ex., há a Sutherland, que estudou anos p/ que desprovesse de sua interpretação quaisquer resquícios bel cantistas como sabemos etc. Questões do gênero: como a leitura se caracteriza vocalmente; qual sua relação com o contexto (a Marc explica detalhadamente em entrevista-relação com revelação: del primo pianto >>quanto ho visto morire per me...etc); possíveis relações com o restante dos elementos de tal produção etc. merecem ser exploradas, seria interesante.

Então o pontapé inicial está dado...
fanermaluco
MensagemEnviada: Seg Nov 13, 2006 6:22 pm    Assunto: Cicarelli...

Na verdade a Katia é cicarelli mesmo, pois ela fez com a turandot publicamente aquilo q fizeram com a Daniela na praia...
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Seg Nov 13, 2006 5:25 pm    Assunto:

Falar de gravações não é ''''ELENCAR'''' performances, ou seja, enumerá-las, apenas citar e fazer um comentário óbvio ou vago, como "ME agradou; é muito bom; é razoável; ME tocou, X é muito bom etc". Isso é péssimo, para ser eufêmico. A discussão da música EM SI está diretamente ligada à <verdadeira> discussão de leituras (não vou usar o termo gravações mais), como no exemplo dentre infinitos que dei acima, que envolve a objetividade, não a (por vezes ridícula) subjetividade.
Fala-se da ópera (e muitíssimo) ao (realmente) se falar das leituras.
Mas então a questão está encerrada; realmente discuti-la aqui é nonsense.
Entendo sua colocação, e de fato, ela é aplicável em mais de 90% dos casos.

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