Autor Mensagem
Doctor Marianus
MensagemEnviada: Ter Jan 29, 2008 3:58 pm    Assunto:

Ricardovsky escreveu:
Taí um regente excelente: Michael Gielen. Pouco comentado, sem estrelismos e muito mais talentoso do que muito regente badalado.


O primeiro disco que ouvi de Michael Gielen era um vinilzão com a Eroica de Beethoven. Detestei, nunca tinha ouvido nada tão ruim! Mas acredito que a causa era a qualidade técnica do disco, já que a orquestra era nada mais nada menos que a Wiener Staatsoper Orchester (ou Filarmônica de Viena num de seus muitos codinomes da década de 50 e 60).

Hoje eu o admiro firmemente. Sua integral de Beethoven em DVD é, em muitos aspectos, muito superior a de Abbado e a Filarmônica de Berlim.

E essa integral de Mahler só veio reforçar minha admiração por ele.
CID
MensagemEnviada: Ter Jan 29, 2008 11:41 am    Assunto:

Citação:
Seria interessante saber se Roberto de Regina a gravou, pois seria mais um para a lista das comparações. E já digo de antemão: adoro as interpretações dele.


Roberto de Regina gravou um CD com algumas sonatas de Domenico Scarlatti, mas a obra citada não consta:

http://www.paulus.com.br/lojavirtual/secoes/detalhamento.php?id=297&produto=Musicas&cat_produto=produtos_musicas&produto_dir=musicas&categoria=Erudito%20Nacional&id_cat=1

Ainda sobre essas sonatas, há um outro CD, dessa vez com Nicolau de Figueiredo, com elas (mas também sem a L413):

http://www.lojaclassicos.com.br/detalhe.asp?isbn=cla004&cat=01

Além de ter ganhado um prêmio com o disco, descobri após uma pesquisada no Google que o cravista já se apresentou com conjuntos como Europa Galante e maestros como René Jacobs, além de ter gravado pra a Harmonia Mundi. Poderíamos comparar também essa gravação, se alguém a conhece. Mas com esse histórico, deve ser coisa boa...

Quanto a Michael Gielen, interessante isso que Doctor Marianus falou. Nunca ouvi Gielen regendo Mahler, mas esse "realce do pré-modernismo" deve ser marcante, já que o maestro é especialista na Seguda Escola de Viena (inclusive, há uma interpretação fantástica dele das Cinco Peças para Orquestra de Schoenberg no youtube). No mais, faço minhas as palavras de Ricardovsky a respeito dele.
Ricardovsky
MensagemEnviada: Seg Jan 28, 2008 5:34 pm    Assunto:

Taí um regente excelente: Michael Gielen. Pouco comentado, sem estrelismos e muito mais talentoso do que muito regente badalado.
Doctor Marianus
MensagemEnviada: Seg Jan 28, 2008 3:51 pm    Assunto:

Estou ouvindo e comparando as integrais das sinfonias de Mahler na visão de Michael Gielen e Pierre Boulez.
Ambos os regentes são da mesma escola (por assim dizer) e despem Mahler do seu caráter trágico e lamentoso (Bernstein e Tennstedt, por exemplo) para realçar o pré-modernismo de sua obra.
Michael Gielen, ao contrário de Boulez, não teve ao seu dispor alguma das melhores orquestras do planeta como Filarmônica de Viena, Sinfônica de Chicago, Cleveland, e pôde contar somente com a excelente, diga-se de passagem, Orquestra da Rádio de Freiburg e Baden Baden (uma orquestra para duas cidades, interessante isso).
A meu ver, isso reverteu em vantagem para Gielen que conseguiu uma coesão interpretativa, o que se perdeu um pouco na integral de Boulez, já que é impossível comparar o som da Filarmônica de Viena (as melhores interpretações) com a Sinfônica de Chicago ou Cleveland.
As interpretações de Gielen soam extremamente mais transparentes que as de Boulez, sem perder o vigor interpretativo e o brilhantismo do som da sua excelente orquestra.
Pádua Fernandes
MensagemEnviada: Seg Jan 28, 2008 3:05 pm    Assunto:

Ricardovsky,
de fato, não se pode avaliar o que foi Karl Böhm por suas gravações pré-tumulares, como é o caso dessa nona infeliz.
Ricardovsky
MensagemEnviada: Seg Jan 28, 2008 2:16 pm    Assunto:

Laura,

Infelizmente não conheço essa sonata. Vou ouví-la agora no youtube. Seria interessante saber se Roberto de Regina a gravou, pois seria mais um para a lista das comparações. E já digo de antemão: adoro as interpretações dele.

Bem, como estou meio maluco com a chegada da minha Integral Beethoven, é evidente que ando comparando as gravações que agora me chegaram com aquelas que já possuía. A impressionante Nona com Furtwangler, ao mesmo tempo austera e alegre, forte e introspectiva (não me perguntem como ele consegue isso, ainda mais numa gravação ao vivo) vale a pena comparar com qualquer outra interpretação da Nona de Beethoven. Mas proponho, sobretudo, que se compare essa Nona com a de Toscanini, por exemplo, por se tratarem de regentes contemporâneos. As diferenças são gritantes. Toscanini é tão rápido que até parece esses intérpretes que tocam com instrumentos originais, ao passo que Furtwangler é lento, apresenta a música de forma contemplativa, sem pressa, às vezes, com algumas pausas, que dão até a impressão de que a música acabou.

Outra proposta é comparar a Nona de Furtwangler com um regente que a interpreta de forma tão lenta quanto ele: Karl Bohm, à frente da Filarmônica de Viena, na sua gravação de 1981 (na coleção da Deutsche Gramophone que saiu nas bancas tem essa gravação). Perdoem-me os fãs de Bohm (eu mesmo o respeito muito), mas, enquanto Furtwangler consegue extrair da orquestra uma grandiosidade imensa, Bohm só consegue ser um poço de desânimo, principalmente, no último movimento, em que dá a impressão que o coro está cantando com desdém.

Olha que Furtwangler faz tudo isso sem estéreo e sem recursos de gravação (a gravação é ao vivo).

Eu poderia estar mencionando isso no tópico da Integral Beethoven, mas esse tópico criado pela Laura é muito interessante.
Laura
MensagemEnviada: Dom Jan 27, 2008 3:42 pm    Assunto: Que intérpretes você está comparando?

Confrades, temos o privilégio de viver numa época em que vários intérpretes de uma mesma obra estão ao alcance de um "click". Basta entrar num site de venda de CDs e pronto: lá estão, por exemplo, Toscanini, Bernstein, Abbado, Kleiber, Furtwängler e Dudamel à nossa disposição - nem que seja através de uma pequena amostra grátis -
executando a mesma Sétima Sinfonia de Beethoven em várias concepções distintas.

Proponho que se registrem aqui as comparações que fizermos. Não com o objetivo de estabelecer rankings ou votações de maiores e melhores, mas para que as diferenças sejam mostradas e até valorizadas.

Começo por uma pequena jóia: a Sonata em ré menor L 413 (ou K.009), de Domenico Scarlatti. Escutei com:
- Dinu Lipatti
- Arturo Benedetti Michelangeli
- Mikhail Pletnev

e assisti no You Tube com:
- Nairi Grigorian (http://www.youtube.com/watch?v=yYXi4iqjrmg a partir de 2'58") e
- um tal de Lukaspin no cravo (http://www.youtube.com/watch?v=PJXEdFl9SHc)

Pletnev delira, viaja. Lipatti e Michelangeli são límpidos. Grigorian (uma espanhola de origem armena) dá uma interpretação muito especial, requintada, moderna. E o Lukaspin revela a essência da obra (ao cravo, mas sem muita ornamentação).

Não consigo terminar sem declarar que Lipatti, pra mim, é imbatível.

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