Autor Mensagem
Pádua Fernandes
MensagemEnviada: Sex Fev 08, 2008 3:30 pm    Assunto:

Não é questão de perdão... Mas o gosto pode mudar, assim como as namoradas! Tudo é questão de se estar aberto para o novo. Vejam a reflexão, na Recherche, do Swann sobre a Odette - de que ela não era o seu tipo...
ZpinoZ
MensagemEnviada: Sex Fev 08, 2008 10:02 am    Assunto:

[quote="Pádua Fernandes"]
ZpinoZ escreveu:
Laura escreveu:


Pessoalmente acho que era só o namorado/marido mudar seu gosto musical. Razz

Z

É mais fácil mudar de namorada do que mudar de gosto. Até porque se muda de namorada de acordo com o gosto...


Pádua,

Me perdoe o lapso. Você tem inteira razão. Não se muda o gosto.

Z
Laura
MensagemEnviada: Sex Fev 08, 2008 9:43 am    Assunto:

No contexto do livro, a discussão rock X música de câmara era só um jeito dos noivos disfarçarem outros conflitos que se localizavam bem mais abaixo que os ouvidos.
Pádua Fernandes
MensagemEnviada: Sex Fev 08, 2008 3:21 am    Assunto:

[quote="ZpinoZ"]
Laura escreveu:


Pessoalmente acho que era só o namorado/marido mudar seu gosto musical. Razz

Z

É mais fácil mudar de namorada do que mudar de gosto. Até porque se muda de namorada de acordo com o gosto...
ZpinoZ
MensagemEnviada: Qui Fev 07, 2008 10:12 am    Assunto:

Laura escreveu:
Acabei de ler um livro - "Na Praia", de Ian McEwan - em que a personagem principal é violinista e toca num quarteto em Londres. O namorado/marido gosta de rock. E ao tentarem se aproximar dos gostos musicais um do outro...


Pessoalmente acho que era só o namorado/marido mudar seu gosto musical. Razz

Z
Pádua Fernandes
MensagemEnviada: Qua Fev 06, 2008 2:56 am    Assunto:

Creio, Laura, que a finalidade não é musical, mas hipnótica. É preciso suspender o julgamento musical e entrar em transe para ficar no clima.
Laura
MensagemEnviada: Ter Fev 05, 2008 4:31 pm    Assunto:

Acabei de ler um livro - "Na Praia", de Ian McEwan - em que a personagem principal é violinista e toca num quarteto em Londres. O namorado/marido gosta de rock. E ao tentarem se aproximar dos gostos musicais um do outro, a violinista sai com a seguinte análise:

"...ela admitiu que o que não suportava era a bateria. Se a melodia era tão elementar, em geral uma cadência simples de quatro tempos, por que tinha que haver essa batida implacável, todo esse estrondo e estardalhaço, para marcar o ritmo? Qual era o objetivo, se já havia uma guitarra rítmica e, muitas vezes, um piano? Se os músicos tinham que ouvir uma marcação, por que não usavam um metrônomo?'
Roman de Fauvel
MensagemEnviada: Sex Jan 25, 2008 5:18 pm    Assunto:

Cadê o Bruno Gripp quando se mais precisa dele?
Pádua Fernandes
MensagemEnviada: Sáb Jan 12, 2008 9:38 pm    Assunto:

CID escreveu:


Veio-me à mente A hora da estrela, de Clarice Lispector, onde o narrador agradece a vários compositores clássicos por terem eles "atingido zonas assustadoramente inesperadas". Que zonas seriam essas? Que importância teria a manifestação delas no desenrolar da narrativa?


Isso aparece na narrativa: a única coisa belíssima, lemos no livro, da vida da Macabéa foi a ária do Elixir cantada por Caruso.
CID
MensagemEnviada: Sáb Jan 12, 2008 9:12 pm    Assunto:

Sem querer interromper os comentários acerca de Doutor fausto e Contraponto, mas percebi que nenhum escritor(a) brasileiro foi comentado, talvez por falta mesmo do tratamento da música nas obras de autores nacionais.

Do que me lembro, posso citar um conto de Machado de Assis que aborda a questão da impossibilidade de expressão de uma perspectiva pessimista e com uma ironia amarga. Chama-se Cantiga de esposais e é sobre um padre que tenta compor (ou concluir, não me lembro) uma música e não consegue. Após rasgar a partitura, ouve num canto de pássaros a melodia que ele estava procurando e vai dormir, amanhecendo morto.

Clarice Lispector parece tratar o mesmo tema de modo diferente. Em A hora da estrela , o narrador, Rodrigo S. M., agradece a vários compositores clássicos por terem eles "atingido zonas assustadoramente inesperadas". A meu ver, essas "zonas ocultas" parecem ter feito o narrador notar sua própria dificuldade de descrever a história de Macabéa, vindo daí os questionamentos sobre o ato de escrever presentes no livro.

Cabe destacar também o aproveitamento que a poesia concreta fez da música de compositores de Vanguarda, especialmente da Segunda Escola de Viena, com destaque para Webern. Na série de poemas poetamenos, por exemplo, Augusto de Campos cria um equivalente da "Klangfarbenmelodie" na poesia, utilizando, ao invés de timbres, frases, palavras, sílabas, letras e cores.

Um abraço a todos
CID
ZpinoZ
MensagemEnviada: Ter Jan 01, 2008 11:10 am    Assunto:

Bosco escreveu:
Eu citaria outro grande livro: Contraponto de Aldous Huxley. A existência de Deus é revelada na audição da op.132 de Beethoven.

Retomando um tema antigo...

Tinha lido faz muito, muito tempo Contraponto de Aldous Huxley, nestas férias de Natal revolvi reler. Trata-se de uma exposição multifacetada da aristocracia inglesa entre guerras, em conseqüência fala-se da Música que eles consumiam, Na verdade, precisamente, duas obras: Suíte em Si Menor para Flauta e Cordas, opus BWV 1067, de Bach; e o Quarteto de Cordas N. 15, opus 132, de Beethoven, especialmente o terceiro movimento, a famosa Canção Lídia.

A primeira, Bach, serve de música de fundo a um momentoso baile numa riquíssima mansão onde são apresentados todos os incontáveis personagens que transitaram pelo romance. E interessante Huxley falar o tempo todo em pastoras e pastores, como “contraponto”, da sofisticada e blasé, aristocracia britânica.

En passant, uma coisa boa das Integrais é isso: falou, na hora a gente consulta a obra.

A segunda, Beethoven, quase fecha o livro, e, além de servir como ponto relevante da trama para encerramento do romance, é apresentada (o Terceiro Movimento) como manifestação da existência de Deus.

Comparando Contraponto de Huxley e Doutor Fauto de Thoman Mann, no que se refere à Música, existe uma diferença fundamental, de natureza, de estrutura narrativa do romance. No inglês a Música é, digamos, "incidental", uma elemento da cultural. Enquanto no alemão constitui o cerne mesmo do enredo.

Edição para um adendo muito importante:

Sei que Contraponto é conhecido como uma espécie de Jazz-Litteratura, e também que reivindicam que ele tenha uma estrutura de Sinfonia, ou seja, que a coleção de temas/moivos do romance são retomados e retrabalhados continuamente. Entretanto acho que isso não fica evidente para um leitor desavisado, que não tenha essa infomação préviamente.


Entretanto existem curiosas similitudes entre os dois livros: uma é a dolorida morte, o “sacrifício” de um garoto, apresentando cheio luzes, de aspectos positivos e extrema simpatia; outra um crime gratuito e intempestivo, quase desnecessário, porque, rigorosamente, à margem da trama; e por fim e mais interessante, o Bosco já havia apontado no inglês, porém em ambos os autores, o Quarteto de Cordas N. 15 de Beethoven é escolhido para evidenciar a existência de Deus.

Nada sei dizer sobre o resto, mas anjos existem,em 15/12/2005, na Sala São Paulo, eu vi um deles cantar no Elias de Mendelssohn.

Z
ZpinoZ
MensagemEnviada: Sex Ago 24, 2007 11:27 am    Assunto:

Piras escreveu:
... Mas é claro que quem conheceu Herr Kroger e Doctor Von Aschembach deveria também ser apresentado a Herr Leverkuhn. O problema é que, mal o conhecendo, já desgosto do sujeito...

Muito interessantes suas considerações, me permita comentá-las.

Mas será que esse "desconforto não muito bem explicado" que sentimos em relação à Leverkuhn não foi premeditado por TM, e, mais que isso, um traço sutil e brilhante de sua contrução de personagens?

Veja, no Doutor Fausto, desde o primeiro parágrafo, o narrador esta fazendo um discurso de justificação. Desde o início, ele na própria tessitura da escritura, na parciomônia com que avança informações, nos induz a pensar que ele esta tentanto "salvar" um monstro, um pecador sem remissão, um desviado, um trangressor.

Z
Piras
MensagemEnviada: Sex Ago 24, 2007 1:23 am    Assunto:

Engraçado! Eu nunca consegui reconhecer no Vinteuil nem Franck, nem Debussy. Talvez seja pelo fato citado pelo Pádua: o Proust fala antes de personalidades do mundo musical que de música propriamente dita. No fundo, no fundo, acho que ele não era lá um entendido no que respeita ao assunto (no que respeita ao assunto...). No À sombra das raparigas em flor, o segundo volume do Em busca do tempo perdido, há algumas referências a uma atriz muito famosa, a Brema, na qual pode ser facilmente reconhecida a Sarah Bernhardt. O problema é que, em Proust, nunca sabemos se estes personagens correpondem a uma figura real ou a um compósito delas.

*-*-*-*-*-*
Sou muito apegado ao Thomas Mann, mas o seu único grande romance que não li foi exatamente o Doutor Fausto. Senti uma repulsa inexplicável e invencível pelo texto, apesar de todos os testemunhos próximos a seu favor. Mas é claro que quem conheceu Herr Kroger e Doctor Von Aschembach deveria também ser apresentado a Herr Leverkuhn. O problema é que, mal o conhecendo, já desgosto do sujeito...
Leonardo T. de Oliveira
MensagemEnviada: Sex Jun 01, 2007 2:55 pm    Assunto: Re: "

Laura escreveu:
(...)

1. Hum... parece que há controvérsias sobre a tal sonata a que o Amancio se refere. No artigo "L'homme et la Musique Dans Un Amour de Swann", em http://www.french.pomona.edu/MSAIGAL/CLASSES/FR185/FALL96/aaldoory-mhunter , as autoras dizem que a sonata mencionada é de Gabriel Fauré - e não a de César Franck.

(...)


Uma vez vi na TV um documentário sobre Proust, e eles selecionaram umas cenas de alguma produção inglesa do "Em Busca do Tempo Perdido" que usava a sonata pra violino do César Franck como trilha pra tal sonata do Vinteuil. Mas fiquei curioso com esse texto indicado pela Laura! É uma especulação engraçada, no mínimo como exercício de interpretação do romance. : P
Amancio
MensagemEnviada: Qua Mai 09, 2007 5:03 pm    Assunto:

Königin der Nacht escreveu:
Fica no ar uma pergunta... O que é "novela"???????? Wink

É algo que minha mãe assiste naquela caixa luminosa da sala. Cool

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