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Autor Mensagem
Bruno Gripp
MensagemEnviada: Sex Jan 12, 2007 10:36 am    Assunto:

Conchita Supervia também começou muito cedo. Existe a história de que foi a única vez que a interprete de Octavian (Der Rosenkavalier) era mais jovem do que o papel (no papel ele tem 18 anos, creio).
Amancio
MensagemEnviada: Sex Jan 12, 2007 8:57 am    Assunto:

Paulo da Fígaro gostava muito dessa cantora também. Tanto que tinha batizado sua cachorrinha de "Conchita", em homenagem à soprano.
Ricardovsky
MensagemEnviada: Qui Jan 11, 2007 9:43 pm    Assunto:

Chegaram hoje minhas "Bodas de Fígaro" com Fritz Busch regendo a Glyndebourne Orchestra. Dizer o que? A gravação, é evidente, não se compara às gravações pós-estéreo, mas o fato de se estar diante da primeira gravação completa de "As Bodas" emociona. O som é excelente para a época, o que não quer dizer muita coisa, mas a interpretação bela e serena de Busch compensa, e, como já havia dito, a performance dos cantores traz algo de inusitado, algo que parece que foi perdido no passado. Na minha opinião, trata-se de um cd altamente recomendável.

No cd 2, há ainda um apêndice que traz árias de "As Bodas" cantadas por intérpretes legendários. Fiquei impressionado com a ária "Voi, que sapete che cosa è amor" cantada por Conchita Supervia, cantora que morreu bem jovem. A gravação dessa ária é de 1928!!! A voz dela é maravilhosa!
ftoscano
MensagemEnviada: Ter Jan 09, 2007 3:07 pm    Assunto:

Mesmo sendo Le Nozze com Jacobs uma ótima gravação, acho que sua Così Fan Tutte ficou superior em desempenho geral. Depois de conhecer tantas, considero ainda como mais eficiente o registro de Colin Davis pela Philips. Não é perfeita (não tem Janowitz ou mesmo Te Kanawa como Condessa, por exemplo), mas é a que mais me convenceu até hoje.
Ricardovsky
MensagemEnviada: Seg Jan 08, 2007 1:56 pm    Assunto:

Por que não se pode ter as duas? Se algo é histórico, sempre é interessante, nem que seja apenas por fazer parte do processo que levou a gravações melhores.
Não sou um entendedor de canto, Bruno, mas, ouvindo os cantores dessa gravação de Busch dá para notar que se trata de algo único, de um estilo do passado, que não deve ser, de modo, algum rechaçado; em suma, trata-se de um documento histórico.
Cá entre nós, você como helenista não acharia importante ter acesso aos fragmentos do Poema de Parmênides para se estabelecer uma edição crítica do mesmo ou ficaria satisfeito apenas em ter acesso a última edição crítica, feita, no caso, por Nestor Cordero? E para se estabelecer uma nova edição crítica também não é necessário saber o que os helenistas anteriores fizeram, nem que seja para criticá-los (no bom sentido)? Na minha opinião, o novo não anula o velho, nem na arte da regência e nem em qualquer outro ofício da humanidade. Não foi você que sabiamente disse uma vez que "a única coisa que evolui é escola de samba" (e eu concordo)? Esse negócio de pensar as coisas como evolução ficou no passado(ops, olha eu caindo em contradição, hehehe...). Trata-se de um pensamento positivista, ultrapassado. O que quero dizer com isso é que Rene Jacobs, por ser mais novo, não é necessariamente melhor do que Fritz Busch. Cada um foi perfeito em seu tempo.

Também não vejo o fato de ter a gravação de Fritz Busch como "escarafunchar no passado". Seria isso se eu buscasse ter todas as gravações velhas existentes. A gravação de Busch está aí para vender até hoje por ser importante. Outras não sobreviveram.
Bruno Gripp
MensagemEnviada: Seg Jan 08, 2007 1:24 pm    Assunto:

Não sei para que escarafunchar no passado se hoje você tem a gravação do Jacobs, muito mais bem informada, muito mais musical, com canto melhor (especialmente os comprimários) e som infinitamente superior.

Como diria o Comendador da vice-campeã: "Lasciate i morti in pace".
Ricardovsky
MensagemEnviada: Seg Jan 08, 2007 12:05 pm    Assunto:

Está é "As Bodas" regida por Fritz Busch, verdadeiro tesouro histórico:





E este é o link da Saraiva para se escutar trechos do cd e comprar:

http://www.livrariasaraiva.com.br/pesquisaweb/pesquisaweb.dll/pesquisa?ID=C91D27337D701071711300427&FILTRON1=X&ESTRUTN1=0304&PALAVRASN1=figaro&image2.x=19&image2.y=8
Ricardovsky
MensagemEnviada: Seg Jan 08, 2007 11:52 am    Assunto:

Continuando o texto de Michael Tanner:


"E é preciso que isso aconteça, pois nossas simpatias vão imediata e decididamente para o resoluto e prático Fígaro, a princípio visto medindo o tapete para o quarto destinado a ele e sua futura esposa; enquanto isso, Susanna admira-se no chapéu que ela mesma fez para as bodas. Os dois representam um modelo de afeição total e generosa; enquanto o Conde, patrão de ambos, é um homem arrogante, farisaico, ardiloso, lascivo e, acima de tudo, fonte das mágoas da Condessa. Esgueirando-se entre esses quatro personagens, temos o desenfreado Cherubino, garoto de 17 anos e desesperado por toda mulher que vê; ele está particularmente apaixonado pela Condessa, que não lhe é totalmente indiferente. Cherubino tem o hábito de surgir onde é menos desejado, especialmente pelo Conde, e as confusões resultantes disso constituem os momentos mais engraçados da obra. Mas esses dois homens agitados ganharam árias de Mozart que não só nos permitem saber o que sentem, mas também nos sentirmos temporariamente em suas peles. Cercando este grupo central, temos o licencioso Basílio, clérigo e professor de música, o pomposo Bartolo e a arrogante Marzellina, determinada a tirar Susanna do caminho e reclamar Fígaro para si mesma, até descobrir, no sexteto do Ato II, o favorito de Mozart entre todos que havia composto, que Fígaro é seu filho - e de Bartolo! - há muito desaparecido.

Muito já se falou sobre a subversão política das "Bodas de Fígaro", que havia sido proibido enquanto peça, pois nela Fígaro tem uma longa fala contra a aristocracia. Ela é substituída na ópera por uma ária criticando as mulheres por sua inconstância. O imperador José II, cuja política liberal tornou a vida em Viena muito mais fácil, pediu a Mozart que lhe mostrasse como era sua ópera, e depois de o compositor tocar parte da música, pediu-lhe calorosamente que prosseguisse.
O tenor irlandês Michael Kelly, que esteve numa das primeiras execuções em Viena, escreveu em suas "Memórias" como a orquestra ficou impressionada com a música, gritando "Bravo, bravo, grande maestro!", para satisfação de Mozart. As apresentações, contudo, conheceram menor sucesso, mas a ópera deslanchou em Praga, e quando foi reencenada em Viena, três anos depois, recebeu uma recepção muito mais calorosa.
O século XIX não lhe devotou muita atenção; apesar do que se possa dizer sobre nossa terrível época, pelo menos reconhecemos o valor transcedental desta obra - que apela para as nossas mais poderosas expectativas com relação à confiança, à vitalidade do espírito ameaçado pela injustiça social e à força da persistência aliada à habilidade, neste último caso o casamento entre Fígaro e Susanna."


No próximo parágrafo, Michael Tanner começa a falar das gravações, o que culminaria nas escolhas que apresentei na mensagem que abriu o tópico:

"Desde que a ópera teve uma gravação completa pelo elenco de Glyndebourne em 1934, sob a admirável regência de Fritz Busch - uma gravação que ainda dá prazer, mas sem recitativo, o que a priva de continuidade dramática -, ela passou a ter excelentes gravações. Em uma obra com tantos papéis importantes, sempre há uma tendência à desigualdade, especialmente porque muitos deles são tão exigentes. Se o regente tiver um firme controle dos andamentos relativos dos conjuntos, se for um homem de teatro e se os cantores forem razoavelmente bons, a impressão geral será de maravilhosa animação e de profunda psicologia.
Felizmente, tem havido gravações em que esses critérios foram suficientemente seguidos para que sobrevivam. O que é mais estranho, dado que "As Bodas de Fígaro" é uma ópera italiana, é o fato de, aparentemente, os italianos não serem os mais confiáveis para sua realização. Apenas um dos regentes das minhas cinco gravações favoritas é italiano, e mais popular no exterior que em seu país.
A tendência é de os artistas que se destacam no repertório sinfônico saírem-se melhor nas óperas de Mozart, e também nas de Wagner, e por motivos similares. Por fim, "As Bodas" foi recentemente colonizada pela brigada da execução de época, mas acho suas gravações seriamente deficientes - e no caso de Gardiner, encontramos um humor muito brando, bem oposto às verdadeiras intenções da obra."


Bem, esse é o texto, interessante não só para aprender como também para questionar. Só uma curiosidade, a gravação mencionada acima de Fritz Busch encontra-se disponível. É bem fácil de se achar, trata-se de um cd duplo do selo Naxos. Eu comprei a minha lá na Saraiva, mas ainda não chegou. Se alguém quiser ouvir trechos, a loja virtual da Saraiva os disponibiliza. A gente estranha um pouco o estilo de canto dos intérpretes, mas depois acha tudo uma maravilha. A gravação impressiona pela qualidade. Daqui a pouco eu posto o link para a compra.
Laura
MensagemEnviada: Seg Jan 08, 2007 9:49 am    Assunto:

Pelo Google, achei que a ópera "La mère coupable" é de Darius Milhaud.
Laura
MensagemEnviada: Seg Jan 08, 2007 9:13 am    Assunto:

Tradução pá-pum, sem revisão:

1792: O outro "Tartufo" ou a "Mãe que aprontou", drama; semi-fracasso. Reprise triunfal em 1797. Beaumarchais retorna com um gênero que ele aprecia, o drama. Na última peça da trilogia, o casal Almaviva encontra-se ameaçado por um novo Tartufo, M. Bégearss (pode-se reconhecer sem dificuldade o anagrama do último inimigo de Beaumarchais, o advogado Nicolas Bergasse). Esse último, de acordo com Fígaro, pensa em "separar o marido da esposa, casar com a pupila e tomar os bens de uma casa que se deteriora."

Editando/completando:
A peça acaba com o fracasso dos desígnios sombrios de Bégearss e o triunfo da moral, já que Fígaro declara: "cada um cumpriu à risca o seu dever (...) Ganha-se muito, nas famílias, quando se expulsa um mau elemento." Evidentemente, essa peça não tem o charme leve e alegre das duas comédias anteriores, mas Beaumarchais avalia que ela representa bem a seqüência das duas comédias, como ele escreveu no prefácio de "A Mãe que aprontou": "Pensei então (...) que poderíamos dizer ao público: 'Para depois de rir bastante, no primeiro dia, no Barbeiro de Sevilha, da juventude agitada do Conde de Almaviva, a qual é praticamente a mesma de todos os homens'."
Amancio
MensagemEnviada: Seg Jan 08, 2007 8:44 am    Assunto:

Da ópera não sei, mas a peça do Beaumarchais se chama "La Mère Coupable". Alguns dados sobre ela:

1792 : L’Autre Tartuffe ou la Mère coupable, drame ; demi-échec. Reprise triomphale en 1797. Beaumarchais renoue avec un genre qu’il apprécie, le drame. Dans la dernière pièce de la trilogie, le couple Almaviva se trouve menacé par un nouveau Tartuffe, M. Bégearss ( on reconnaît sans difficulté sous l’anagramme le dernier ennemi de Beaumarchais, l’avocat Nicolas Bergasse ). Ce dernier, selon Figaro, entend " séparer le mari de la femme, épouser la pupille et envahir les biens d’une maison qui se délabre. " La pièce s’achève sur l’échec des noirs desseins de Bégearss et le triomphe de la morale, puisque Figaro déclare : " chacun a bien fait son devoir […] On gagne assez dans les familles quand on expulse un méchant. " Cette pièce n’a évidemment pas le charme léger et gai des deux comédies précédentes, mais Beaumarchais considère qu’elle est bien la suite des deux comédies, comme il l’écrit dans la préface de La Mère coupable : " J’ai donc pensé […] que nous pouvions dire au public : " Après avoir bien ri, le premier jour, au Barbier de Séville, de la turbulente jeunesse du comte Almaviva, laquelle est à peu près celle de tous les hommes.
http://www.alalettre.com/beaumarchais-biblio.htm

Se alguém fala francês, poderia traduzir os trechos mais picantes para nós? Do que entendi, Beaumarchaus tira um sarrinho do seu inimigo e advogado, Bergasse. Ele faz a separação do casal Almaviva-Rosina e ela se casa com o pupilo (Cherubino?).
Königin der Nacht
MensagemEnviada: Seg Jan 08, 2007 8:34 am    Assunto:

triboulet escreveu:
Bem...felizes para sempre, na verdade não foram...a sequência dessa trama pode ser vista na ópera "A mãe culpada"...alguém lembra o nome do compositor?
Na sequência da história, ainda seguindo texto de Beaumarchais, Rosina encontra-se grávida...de Cherubino, ao que me parece... Cool


Como é que é?????
Amancio
MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 10:05 pm    Assunto:

Do Kobbé, sobre o finale do segundo ato:

"Este finale é uma das culminâncias da obra cênica de Mozart. A variedade de motivos, andamentos e tessituras não tem paralelo; coerente e verossímil, a caracterização em momento algum está subordinada a imperativos musicais; o nível de inspiração mantém-se todo o tempo extremamente alto; e a coisa toda é levada apenas com a participação dos nove protagonistas, sem coro ou quaiquer efeitos cênicos. Ao mesmo tempo, um prodígio de engenhosidade e um modelo de simplicidade."

Dá vontade de chorar só de lembrar.
triboulet
MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 9:34 pm    Assunto:

Arrow
Ricardovsky
MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 9:26 pm    Assunto:

Passo agora a transcrever o texto de Michael Tanner:


"Quando Mozart escreveu "As Bodas de Fígaro" em 1785, talvez em apenas seis semanas, ele estava no auge de seus poderes, capaz de fazer com uma facilidade desconcertante qualquer coisa que quisesse. Ela não possui apenas um enredo bem elaborado, mas é também, em termos musicais, muito mais complexa que qualquer ópera anterior e que a maioria das posteriores. Graças, em parte, a ter-se baseado em uma peça excepciolnalmente boa, a comédia do mesmo nome do francês Beaumarchais, e em parte à notável habilidade de Lorenzo da Ponte - o "libretista libertino" (sendo esta sua primeira colaboração com o compositor) -, o que temos nas "Bodas de Fígaro" são personagens animados por paixões arrebatadas e plausíveis, e trazidos à vida de maneira tão convincente pela música inspirada e investigadora de Mozart que passamos a conhecê-los tão bem quanto qualquer personagem de um grande romance.
Embora existam muitas árias famosas nas "Bodas", sua mais notável diferença com relação às predecessoras, e uma das grandes chaves de seu sucesso, é a quantidade e a qualidade de seus conjuntos. Os primeiros dois números depois da Abertura são duetos, o clímax dramático do Ato I é um trio; existe um outro trio, ainda mais tenso, no Ato II, e o final desse ato é enorme, durando cerca de 20 minutos. Na sequência, a combinação entre caracterização perfeita, uma tensão dramática quase insuportável e uma forma musical de suprema elegância atribui à obra a condição de um dos maiores milagres da arte. Nada no restante da composição consegue equiparar-se a isto, embora o final do IV Ato se aproxime bastante dele, conseguindo, nos últimos minutos, uma profundidade, à medida que cada personagem da ópera se junta a uma espécie de hino de perdão, que mostra como eram intensas as aspirações de Mozart com relação à humanidade. Não existe nenhuma outra ilustração mais gráfica, do que a música acrescentada às palavras e à ação, como o momento do "dia de loucura" - (como indica o subtítulo da obra) - passado pelo Conde perseguindo Susanna, a camareira de sua esposa. Quando o lúbrico aristocrata é apanhado em uma situação moralmente comprometedora suas palavras são "Condessa, perdoa-me", e sua esposa replica "Eu sou mais gentil e digo sim". À medida que Mozart vai pondo essas palavras em música, a concessão do perdão, o mais difícil dos atos, vai nos comovendo cada vez mais, com a beleza da música expressando a beleza do gesto da Condessa.
Esse é um exemplo do quanto "As Bodas" pode nos comover, mas a maior parte deste longo drama musical - embora seja uma comédia que provoca muitas gargalhadas e ainda mais sorrisos - está cheia de ansiedade. Graças à abertura, que Mozart compôs por último, pouco antes da estréia, o compositor nos assegura desde o início que as coisas vão acabar bem."


Esses são os três primeiros parágrafos do texto, amanhã coloco o resto.

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