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Autor Mensagem
Amancio
MensagemEnviada: Sáb Mai 01, 2010 5:31 pm    Assunto:

Dando continuidade no assunto "Quodlibet" (mas agora com melhores recursos - como por exemplo um áudio bem trabalhado):

http://euterpe.blog.br/analise-de-obra/desmontando-o-quodlibet-variacoes-goldberg
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Seg Jan 15, 2007 9:53 pm    Assunto:

me desculpem, não é indiferença, é que passei m. fora, por isso só passei o olho, mas p/ acabar c/ a questão e notar oscilações estilísticas, ver um Kempff e em seguida Gould ou alguns --->>cravistas na 10 etc
Amancio
MensagemEnviada: Sáb Jan 13, 2007 2:20 pm    Assunto:

Valeu! Wink

10. 14 Canons sobre o baixo das Variações Goldberg BWV.1087
Por volta de 1746, quando Bach se juntou à famosa sociedade já citada anteriormente, Bach mandou pintar um quadro seu - o único que hoje se tem certeza da sua autenticidade - onde ele aparece com um sorriso maroto segurando um pedaço de papel.

Até 1974, a música no pedaço de papel era conhecida só como "Canon Triplex BWV.1076", mas...

Em 1974, foi descoberto em Strassburgo uma cópia da primeira edição das Variações Goldberg, ao que parece pertencente ao próprio Bach. Na folha final, após a inscrição "Aria da capo e fine", Bach rabiscou 14 canons (14=B+A+C+H, lembram?) usando como tema as oito primeiras notas do baixo das Variações Goldberg. (E pra ferrar, no final dos 14 canons ele ainda escreveu "etc", mostrando que as combinações ainda eram infinitas...)

Bem, estas 14 minúsculas peças representam várias combinações possíveis de canons. Por exemplo:

O Canon 1, com o tema "normal" mais o tema tocado de trás pra frente. Assim, ó:


Ou veja este:

É o canon 3, com o tema "normal" mais o tema invertido, de cabeça pra baixo:


E assim por diante, cada cânon na seqüência mais complexo que o anterior. Até que chegamos ao canon 13, o canon do retrato:

É um canon triplex (3 canons ao mesmo tempo) a 6 vozes: cada pauta deve ser lida "ao normal" e "de de cabeça para baixo".


Para posar para o retrato, Bach poderia ter escolhido estar ao lado de qualquer obra sua. Em 1746, já no final da sua vida, Bach já tinha escrito quase todas suas obras mais importantes: a Missa em Si menor, o Cravo Bem Temperado, as Variações Goldberg, concertos para vários outros instrumentos, várias Paixões (dentre elas a São Mateus e São João), cantatas... Mas, em vez de escolher alguma dessas obras, ele resolveu aparecer no quadro segurando o minúsculo pedaço de papel que representa a síntese da sua obra. Este é o mestre de Eisenach!

Os curiosos por mais informações sobre os canons, e que quiserem saber das diabruras que Bach aprontou no pedaço de papel, podem acessar:
http://jan.ucc.nau.edu/~tas3/fourteencanonsgg.html
Cada canon é apresentado na notação de Bach e numa animação, mostrando como o tema é modificado para ser apresentado nas outras vozes. Dica: percam bastante tempo vendo o Canon 14!!
Leonardo T. de Oliveira
MensagemEnviada: Sex Jan 12, 2007 2:19 pm    Assunto:

(berber) escreveu:
AInda nao entendi essa historia de ornamentacao. Quem quer tirar a ornamentacao da musica? E por que?


hahaha... Me desculpem, mas essa pergunta do berber resume bem, depois de tudo, a discussão paralela do tópico sobre ornamentação. É verdade que é importante notar que: o objeto das variações está no baixo anunciado pelo tema; que o passeio desse baixo sendo harmonizado de diferentes maneiras em todas as variações faz o conjunto lembrar a estrutura de uma passacaglia gigante mesmo; que a importância da ornamentação é exemplificada por seu papel temático no sujeito da fuga da variação No. 10; e que pensar nessa coerência "macro" e "micro" da obra - que faz com que as contas mais malucas e específicas reverberem em resultados sempre coerentes com a sua estrutura total - deve incluir também a consideração com as ornamentações, na medida que, se as proporções de ordem matemática do tema já são tão coerentemente dimensionadas com o todo da obra, as ornamentações feitas nesse tema devem igualmente ser pensadas em termo de coerência com o resto das variações. Mas, tendo essas reflexões sido despertadas, quem foi que disse em tirar os ornamentos do tema? XD

De resto, acho mesmo que o texto do Amancio, pra além de lançar alguma luz sobre a estrutura geral da obra, tem nos seus cálculos uma prova de que Bach possuía, seja intuitiva ou racionalmente, uma intenção muito coerente com o todo da obra, e de uma maneira tão certeira que as proporções anunciadas no tema acabam se refletindo em diversas claves no decorrer das variações. Esses cálculos podem ser desde uma descoberta de preocupações que estavam presentes na composição da obra - e que portanto são de um engenho válido de ser notado artisticamente (como a preocupação com o gênero de cada variação) -, a até mesmo um bom exercício de compreensão da nossa parte sobre a estrutura das variações.

Assim sendo, dá-lhe Amancio! Very Happy
Amancio
MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 9:44 pm    Assunto:

9. Quodlibet
Quodlibet é uma expressão em latim que quer dizer "como você quiser", ou "do jeito que você queira". Nos séculos XVII e XVIII, era uma brincadeira musical também conhecida como fricassée na França, misticanza na Itália e ensalada na Espanha, e provavelmente era muito praticada na casa da família Bach.

A brincadeira consistia em escolher, primeiro, uma música "base", geralmente um coral luterano mais sério. Enquanto uma pessoa cantava a melodia do coral, outras vozes deviam se somar à primeira porém cantando outras melodias, em formato de canon. A diversão estava em harmonizar essa bagunça toda e fazer música de um conjunto de músicas isoladas.

Quodlibet também existia nas artes plásticas. O quadro abaixo, pintado por Samuel van Hoogstraten em 1666, também se chama "Quodlibet" e junta no mesmo quadro vários objetos pessoais do autor. Por aí dá pra se ter uma idéia de como soavam as músicas.


Voltando às Variações Goldberg, depois de vários canons e exercícios virtuosísticos, Bach fecha sua grande obra com uma variaçãozinha simples e minúscula de apenas 16 compassos. Quando a gente poderia esperar alguma coisa grande, monumental, um gran finale, Bach nos surpreende e nos presenteia com uma pequena pérola, uma modesta brincadeira, um quodlibet. Enquanto o baixo canta o tema "Goldberg", as três vozes de cima se divertem com duas canções populares (para a época), "Ich bin so lang bei dir nicht gewesen" e "Kraut und Rüben haben mich vertrieben".



A primeira canção poderia ser traduzida como "Eu estive tanto tempo longe de vc, volte aqui, volte aqui, volte aqui". Seria talvez uma referência à ária, ao retorno da ária? Talvez... Mas esta canção também é uma Kehraus, a última dança que se tocava num baile (hoje diríamos "a saideira"). É Bach nos dizendo "a festa acabou, as variações acabaram".

Já a segunda canção é um trecho de uma canção popular conhecida como Bergamasca. Vários compositores já haviam escrito fantasias e caprichos em cima dela, Buxtehude, Frescobaldi. Aliás, Frescobaldi tinha escrito variações em cima do tema, bastante difíceis, e escreveu no título "quem tocar esta Bergamasca não terá aprendido pouco" - seria uma homenagem do alemão ao italiano?

Alguns estudiosos também percebem semelhanças entre passagens do Quodlibet e a Cantata dos Camponeses BWV.212. Aqui também podemos dizer, quarendo, invenietis...
Amancio
MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 7:53 pm    Assunto:

Sérgio,
Creio que a apresentação das partituras é bastante pertinente, pois a liberdade do intérprete está apenas na execução dos ornamentos, o restante ele não pode mexer.

Berber,
Ralph Kirkpatrick chama as primeiras variações de "forma livre", ou "variações de caráter independente" - talvez assim fique melhor para entender. Eu diferencio bastante as primeiras variações das segundas, pois as segundas, por mais parecidas que sejam com danças, são sempre de um caráter bastante técnico, como um exercício de agilidade mesmo, e assim distancia-se das formas barrocas tradicionais, como a fuga, a abertura, danças, a ária, o coral.
(berber)
MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 5:42 pm    Assunto:

Amancio,

Citação:
A primeira variação do grupo é dança ou forma barroca.


Mas todas as variacoes sao compostas em formas barrocas, nao? Estao para que diferenciar? Se todas as primeiras variacoes de cada grupo fossem dancas, tudo bem, mas nem todas as primeiras sao dancas, e alem disso, muitas segundas tambem sao (casos da 9 e da 12).

AInda nao entendi essa historia de ornamentacao. Quem quer tirar a ornamentacao da musica? E por que?
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 11:20 am    Assunto:

AMancio, há um complicador na siua interpretação que transforma minha questão em erro crasso. como? peguemos como ex. a var. 10. NÃO HÁ COMO omitir-se A ornamnetação (pressupõe-se todas),visto que parte dela está umbilicalmente ligada à descrilção do sujeito(linha do baixo que incia-se em sol-1a seção etc etc). A questão é tão estilística, mas tão estilística, que a apresentação das paertituras acima é até pertinente, mas complicada, visto que há oscilações interpretativas, e é justamente o abordado (minha referência geral p/ analisar trechos das variações é Gould, PORÉM seria impossível fazê-lo sem outros; há distinções desde ornamntação ao andamento)

quanto à sarabanda- não sei se seriam 'alguns' intérpretes que se recusam a relaxar o tempo p/ que uma '''linha'' seja estabelecida c/ a anterior (25); eu particularmente NUNCA ouvi. Há sempre o rompimento pelo citado em minha últ. mensagtem.(favor indicarem exemplos)
Amancio
MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 10:52 am    Assunto:

Me desculpem o tamanho das imagens, acho que vai bagunçar um pouco o layout da página.

Esta é a primeira página da ária. Notem que ornamento é o que não falta nela: tem mordentes, apogiaturas, aqueles "C com cobrinha" (são "trinados com prefixo"), arpejos e o "S deitado" (esqueci o nome).


Esta é a primeira parte da fughetta. O sujeito (nos quatro primeiros compassos) também tem várias cobrinhas diferentes nas notas - é um ornamento diferente do outro.



E por fim a variação 7, também cheio de cobrinhas:



Pelo que entendi, Sérgio está dizendo que, se remover a ornamentação da ária, tem de remover a ornamentação também nas outras variações. Eu digo que se vc remover a ornamentação, vc estará mutilando a música, cortando quase metade da música fora.
Amancio
MensagemEnviada: Dom Jan 07, 2007 10:22 am    Assunto:

Bem lembrado, berber! Só lembre que no barroco tudo é dança, até movimento de concerto.

A primeira variação do grupo é dança ou forma barroca. As tais formas barrocas aparecem nas variações 10 (fughetta, ou pequena fuga), 13 (coral), 16 (abertura francesa) e 25 (adagio). Isso mata uma das questões.

A segunda variação do grupo é mais um exercício virtuosístico, um arabesco, uma peça de andamento mais rápido, "fogos de artifício" do solista. Nesse sentido se encaixam as três variações que vc citou. Porém a dificuldade de execução da variação 8 não nos impede de ver nela uma courante, que é uma dança de andamento rápido, a 3/4. A variação 11, em compasso 12/16, também lembra uma giga movimentada. Já a 26 tem as características rítmicas de uma sarabanda (3/4, semínima-semínima pontuada-colcheia), mas para ser uma sarabanda completa só falta a ela um ritmo mais lento, que alguns intérpretes recusam a lhe dar.

Quanto à questão do Sérgio, vou procurar a partitura na internet, já explico melhor.
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 11:37 pm    Assunto:

BERBER, ´QUE MARAVILHA DE INTERVENÇÃO!!!
o andamento da var. 26, de fato, rompe c/ o executado na var.25. Para complicar a questão, há quantidade imensa de appoggiaturas. p/ que houvesse uma continuidade na linha (referente à no 25) o andamento teria de ser no mínimo razoavelmente + arrastado. mas é por ele mesmo que vem o nome...
(berber)
MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 11:31 pm    Assunto:

Amancio escreveu:
[b][size=18]5.Segunda variação do grupo: uma toccata, como um exercício virtuosístico

26 - Variação 25 (adagio, ou ária de cantata)
27 - Variação 26 (sarabanda)
28 - Variação 27 (canon a nona, invenção a 2 partes)


A Sarabanda daqui nao "quebraria" essa segunda regra?
(berber)
MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 11:26 pm    Assunto:

Amancio escreveu:
[b][size=18]6. Estrutura Geral da Obra (ou O Mistério do Três, parte I)
As 30 variações podem ser divididas em 10 grupos de 3 variações cada. Dessa forma, podemos notar uma outra estrutura em grupo:

Primeira variação do grupo: uma Dança ou forma barroca
Segunda variação do grupo: uma toccata, como um exercício virtuosístico
Terceira variação do grupo: um canon / o quodlibet.

Enfim, a partir de tudo isso conseguimos montar a estrutura geral da peça:

01 - Ária

02 - Variação 1 (polonaise)
03 - Variação 2 (invenção a 3 partes)
04 - Variação 3 (canon em uníssono)

05 - Variação 4 (passepied)
06 - Variaçao 5 (toccata)
07 - Variação 6 (canon em segunda)

08 - Variação 7 (giga francesa)
09 - Variação 8 (courante)
10 - Variação 9 (canon em terça)

11 - Variação 10 (fuguetta)
12 - Variação 11 (giga italiana)
13 - Variação 12 (canon a quarta em contrarium motum, lembra uma musette)

14 - Variação 13 (coral)
15 - Variação 14 (toccata)
16 - Variação 15 (canon a quinta em contrarium motum, andante)

17 - Variação 16 (abertura francesa)
18 - Variação 17 (toccata)
19 - Variação 18 (canon a sexta)

20 - Variação 19 (minueto)
21 - Variação 20 (toccata)
22 - Variação 21 (canon a sétima, allemande)

23 - Variação 22 (alla breve)
24 - Variação 23 (toccata)
25 - Variação 24 (canon a oitava, invenção a 3 partes)

26 - Variação 25 (adagio, ou ária de cantata)
27 - Variação 26 (sarabanda)
28 - Variação 27 (canon a nona, invenção a 2 partes)

29 - Variação 28 (toccata)
30 - Variação 29 (toccata)
31 - Variação 30 (quodlibet)

32 - Aria da capo


Amancio, nao entendo uma coisa, vc disse que cada grupo de 3 variacoes comeca com uma danca, certo? Mas veja bem:

01 - Ária

02 - Variação 1 (polonaise)
03 - Variação 2 (invenção a 3 partes)
04 - Variação 3 (canon em uníssono)

05 - Variação 4 (passepied)
06 - Variaçao 5 (toccata)
07 - Variação 6 (canon em segunda)

08 - Variação 7 (giga francesa)
09 - Variação 8 (courante) - Essa e' uma danca tambem
10 - Variação 9 (canon em terça)

11 - Variação 10 (fuguetta) - Fuguetta nao e' uma danca
12 - Variação 11 (giga italiana) - Outra danca

13 - Variação 12 (canon a quarta em contrarium motum, lembra uma musette)

14 - Variação 13 (coral)
15 - Variação 14 (toccata)
16 - Variação 15 (canon a quinta em contrarium motum, andante)

17 - Variação 16 (abertura francesa)
18 - Variação 17 (toccata)
19 - Variação 18 (canon a sexta)

20 - Variação 19 (minueto)
21 - Variação 20 (toccata)
22 - Variação 21 (canon a sétima, allemande)

23 - Variação 22 (alla breve)
24 - Variação 23 (toccata)
25 - Variação 24 (canon a oitava, invenção a 3 partes)

26 - Variação 25 (adagio, ou ária de cantata)
27 - Variação 26 (sarabanda) - Sarabanda e' uma danca
28 - Variação 27 (canon a nona, invenção a 2 partes)

29 - Variação 28 (toccata)
30 - Variação 29 (toccata)
31 - Variação 30 (quodlibet)

32 - Aria da capo
SérgioNepomuceno
MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 11:22 pm    Assunto:

não é """um tipo""". Pára de implicar; leia novamente( a 'tradução' do Amancio, pliftch). AGora, seu ataque baixo da soprano-soprano foi péssimo, vc está num ´nível de irritabilidade e vontade de desbancar, QUE CHEGOU QUASE AO PONTO DE DIZER QUE EU DISSE QUE 'J. SUTHERLAND' ACOMPANHAVA 'KURT MOLL' AO PIANO!!!!!!
Isso foi quase uma grosseria; vamos atacar c/ base!
Bruno Gripp
MensagemEnviada: Sáb Jan 06, 2007 11:13 pm    Assunto:

Bom, vamos ver se entendi, se um tipo de ornamentaçào é feito na ária, deve-se acompanhar esse tipo de ornamentação na obra inteira?

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