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[quote="(berber)"][size=18][b]Sonata Op. 2 numero 3 [/b][/size] A terceira sonata de Beethoven tambem e' dedicada a Haydn, e tambem tem quatro movimentos. Essa sonata - a ultima do Opus 2 e' em do' maior. O primero movimento comeca com o motivo principal e ja' de cara assusta o pianista. O primeiro motivo da obra (as tercas em semicolcheias) dao um trabalhao para sairem direito. Muitos tocam com as duas maos, mas esse motivo deve ser tocado com a direita. Enfim, depois dele, Beethoven cria uma atmosfera bem energetica, com oitavas quebradas em fortissimo. Os temas sao bem separados, e tem caracteristicas bem diferentes. O primeiro, energetico, ritmico e vibrante. O segundo, lirico e expressivo. As oitavas quebradas sao uma constante nesse movimento, o que requer uma resistencia boa por parte do pianista. No desenvolvimento, os trinados e acordes quebrados aparecem a toda hora, criando uma progressao harmonica interessante. Depois da recapitulacao, Beethoven coloca uma mini-cadencia antes de acabar o movimento. Nessa cadencia, o carater e' improvisatorio. A cadencia termina no motivo inicial mais uma vez - como se fosse uma segunda recapitulacao, ja' saindo um pouco da forma tradicional, mesmo que so' por um tempinho. O movimento acaba decisivamente em oitavas quebradas em fortissimo e dois acordes decisivos. Os acentos estao presentes em todas as partes do movimento (assim como nas sonatas anteriores). Beethoven compos o segundo movimento em uma tonalidade fora dos padroes esperados - Numa sonata em Do' maior, o segundo movimento e' em Mi maior! - atingindo um contraste interessante. Nesse segundo movimento, Beethoven coloca em pratica seu talento pela melodia e progressao harmonica. A tecnica de "tres maos" aparece aqui nesse movimento. O pianista deve cruzar as maos para obter o efeito de baixo, melodia e acompanhamento ao mesmo tempo. E tudo isso numa atmosfera bem delicada e calma. A expressividade desse movimento traduz uma das mais belas paginas da primeira fase de Beethoven. O terceiro movimento e', de novo, um Scherzo. Uma polifonia alegre cria um scherzo energetico. O motivo de tres colcheias aparece ao longo do movimento, que termina com um salto de oitava (que o pianista tem que estudar sempre para nao errar, hehe) O trio passa rapido como um trem. Os acordes quebrados em forma de arpejo subindo e descendo criam uma atmosfera instavel e sempre em movimento. A dificuldade aparece no final, com um arpejo descendente que nao da' margem a rubatos ou "perdas de tempo." O interprete pode escolher toca'-lo bem fluido (com pedal) ou bem claro, (sem pedal). Qualquer que seja a escolha, o carater deve ser mantido. A CODA desse terceiro movimento desfaz a energia acumulada no Scherzo e prepara de certo modo a entrada do Rondo final. O quarto movimento vem em forma de um rondo'. Com a caracteristica principal sendo a leveza e flexibilidade de pulso para tocars os acordes ascendentes do tema. O movimento apresenta saltos, oitavas, arpejos escalas rapidissimas, etc - enfim tudo o que for possivel para desafiar a tecnica do pianista. No final, Beethoven apresenta um de seus longos trinados (o que seria uma marca registrada das ultimas sonatas).O movimento tem varios "finais" em hesitacao, que se perdem em pausas com fermatas antes do final verdadeiro - energetico em fortissimo. Fechando o ciclo de tres sonatas Op.2, Beethoven parte da zona de conforto e tradicionalismo de Haydn e Mozart e embarca numa jornada que o levaria a reinventar a forma-sonata.[/quote]
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Novaes
Enviada: Sáb Mar 29, 2008 9:54 am
Assunto:
O Ricardovsky menciona a gravação da Waldstein de Gulda, a qual eu já admiti como sendo a interpretação ideal até o dia em que analisei com mais critérios a partitura.
Gulda é, em metade de seus momentos, um de meus pianistas preferidos. Adoro o que ele faz com o cravo bem temperado, criando toques muito distintos entre os prelúdios e as fugas, mas principalmente na beleza das fugas. Já na Waldstein de Beethoven, penso que ele extravazou demais a sua loucura (quem já o viu deve saber do que falo), principalmente no rondó. O rondó em sua gravação é "virtuosissíssimo", mas o efeito final não corresponde e em alguns dos temas ele não consegue a clareza nas notas e o ouvinte se perde no encadeamento da peça. Um exemplo é o tema que começa no compasso 62, creio que seja o segundo tema a aparecer no rondó.
Enfim, ele tem seus momentos desagradáveis, mas ainda assim possui o mérito de seus momentos de genialidade que fazem valer a pena ouvir as sonatas e tudo o mais.
Fiquem bem.
Pádua Fernandes
Enviada: Qui Mar 27, 2008 3:03 pm
Assunto: Re: Dois ou três?
Juarez escreveu:
Este aqui seria o segundo?
Nos reviews da Amazon um cara diz que ele gravou três, e que este acima seria o terceiro...
Sim, essa é outra das encarnações da segunda integral. Ele
quase
gravou três... A primeira tentativa, leio nas notas à integral que tenho, compreendeu gravações feitas entre 1926 e 1945, em discos de 78 rotações, mas não chegou ao fim. Na década de 50, vinda a era do LP, ele completou a integral em mono cuja capa indiquei acima; só em 1995 elas foram relançadas, em cd.
A capa que você indicou é das gravações em estéreo, ou seja, a segunda integral que ele completou, a mesma de que Ricardovsky fala logo acima, em outra encarnação discográfica: as gravadoras gostam de mudar projetos gráficos.
Uma terceira integral viria somente em nova encarnação do próprio Kempff.
Ricardovsky
Enviada: Qui Mar 27, 2008 1:59 pm
Assunto:
Caro Juarez,
Esta é a integral das sonatas que possuo com Kempff, que, creio eu, é a segunda integral dele:
As gravações, em estéreo, são de 1964 e 1965. A caixa possui 9 cds que são, na minha opinião (há gente que não gosta da interpretação), uma viagem ao paraíso. Trata-se do tipo de interpretação de Beethoven que eu gosto: meticulosa e sem excessos. A Waldstein e a Apassionata têm uma interpretação ímpar, sendo minhas gravações preferidas dessas sonatas (a op. 111 prefiro o Schnabell da Integral Beethoven da Brilliant Classics), mas afirmo, se você deseja um Beethoven cheio de "páthos", não procure Kempff, apesar dele não ser desprovido, de modo algum, de paixão, sendo, na verdade, contido em prol de uma beleza sensorial mais detalhista. A transição do segundo para o último movimento da Waldstein é feita com um aumento lento e gradativo da altura do som, coisa que não vi ainda em outros intérpretes, pelo menos, não da mesma maneira (isso é imperceptível em Bakhauss e não é tão claro no Gulda). Já o primeiro movimento da Apassionata possui alguns toques rápidos e vibrantes por trás de um andamento sereno, que, infelizmente, por meu desconhecimento de técnica pianística, não posso precisar direito o que é, só poderia mostrar o que quero dizer com a música tocando. Bem, é isso. No caso de você preferir um Beethoven mais poderoso e enfático, basta ouvir as também excelentes interpretações de Gulda ou Baremboin (esses "descem" o dedo
).
Esta caixa possui vários comentários na Amazon. A maioria do pessoal a adora, mas você perceberá que não se trata de uma unanimidade, uns não a apreciam.
Serviço completo: eis o link para compra do box pela Amazon com as respectivas resenhas (enfatizo que não pesquisei preço, acho até que o box deve estar mais barato em outras lojas):
http://www.amazon.com/Beethoven-Complete-Sonatas-Ludwig-van/dp/B000001GCC
Na Amazon, de 29 comentadores, 23 deram nota máxima ao box (5 estrelas), um sujeito deu 4 estrelas, outro deu 3 estrelas, três deram 2 estrelas e um maluco deu apenas 1 estrela, recomendando a integral de Jeno Jando pela Naxos. Nada contra Jando, pianista que gosto muito, mas ele vai ter que comer muito feijão ainda para chegar ao nível de Kempff.
Juarez
Enviada: Qui Mar 27, 2008 1:24 pm
Assunto: Dois ou três?
Este aqui seria o segundo?
Nos reviews da Amazon um cara diz que ele gravou três, e que este acima seria o terceiro...
Pádua Fernandes
Enviada: Qua Mar 26, 2008 3:45 pm
Assunto:
Exatamente, Kempff gravou duas integrais: a primeira, na década de 50, a segunda, na de 60. O segundo foi gravado em som estéreo.
Esta é a capa do primeiro ciclo:
O segundo foi lançado também pela DG.
Juarez
Enviada: Qua Mar 26, 2008 11:22 am
Assunto: Kempff
Alguém sabe se o Kempff possui dois ciclos das sonatas de Beethoven? Pensei só haver um, mas, faz algum tempo, ouvi duas gravações dele de uma mesma sonata e que me pareceram ligeiramente diferentes.
Laura
Enviada: Sex Mar 14, 2008 11:09 am
Assunto:
Bruno Gripp escreveu:
...Mas essas palestras do Schiff, um dos meus pianistas vivos preferidos, são sensacionais, muito obrigado!
Também quero agradecer o Novaes. Esse link é o máximo! Schiff analisando todas as sonatas p/ piano de Beeth e ainda por cima dando umas canjas!
Repito aqui pra quem ainda não acessou:
http://music.guardian.co.uk/classical/page/0,,1943867,00.html
Bruno Gripp
Enviada: Ter Mar 11, 2008 11:38 pm
Assunto:
Aliás, tem uma passagem linda no Dr. Fausto, um dos poucos trechos verdadeiramente memoráveis dessa romance que é um fracasso, que o narrador faz uma longa digressão sobre o último movimento daquela que é, secretamente, a sonata preferida de todos, ie. a op. 111.
Mas essas palestras do Schiff, um dos meus pianistas vivos preferidos, são sensacionais, muito obrigado!
Bruno Gripp
Enviada: Ter Mar 11, 2008 11:33 pm
Assunto:
Novaes escreveu:
Mas gostei de ele atribuir falas à melodia de alguns dos temas, por exemplo tem uma sonata em que o tema "fala": "lud-wig-van-bee-tho-ven".
Acho muito possível mesmo, lembre-se da sonatada Les Adieux, que na partitura original está escrito em cima das primeiras notas: Le-be Wohl, que é o tema do primeiro movimento, duas semínimas comuns e uma semínima pontuada, aliás, é uma peça linda e estou completamente apaixonado por ela.
Laura
Enviada: Ter Mar 11, 2008 3:30 pm
Assunto:
É possível ouvir esse Paul Lewis tocando a op.111
de gratis
na Deutsche Welle:
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2762774,00.html
Novaes
Enviada: Sáb Fev 16, 2008 7:26 am
Assunto:
Que bom! O link é
http://music.guardian.co.uk/classical/page/0,,1943867,00.html
Fiquei bastante cético em relação ao andamento que ele impõe a algumas sonatas, Principalmente a Op.27 No.2.
Mas gostei de ele atribuir falas à melodia de alguns dos temas, por exemplo tem uma sonata em que o tema "fala": "lud-wig-van-bee-tho-ven". O engraçado é que toda vez que eu as ouço agora, não consigo parar de pensar nas supostas falas.
Amancio
Enviada: Sex Fev 15, 2008 10:50 am
Assunto:
Novaes escreveu:
Como eu não sei se posso postar links aqui, sugiro apenas que utilizem sites de busca com os termos Guardian Unlimited Schiff.
Pode postar sim sim!
Novaes
Enviada: Sex Fev 15, 2008 9:23 am
Assunto:
Ahoy! Pensei em compartilhar com vocês algo que encontrei pesquisando sobre as sonatas de Beethoven. No site Guardian Unlimited há gravações de uma exposição do Andras Schiff sobre as 32 sonatas de Beethoven, algo intitulado de Lecture Recital. Está em inglês, e Schiff tem um humor um tanto ácido e maldoso quando se refere a alguns pianistas, compositores ou críticos. Ainda assim é uma publicação das idéias que formam a interpretação de um pianista renomado sobre Beethoven e acho que vale a pena conhecer.
Como eu não sei se posso postar links aqui, sugiro apenas que utilizem sites de busca com os termos Guardian Unlimited Schiff.
Fiquem bem!
(berber)
Enviada: Seg Fev 04, 2008 6:41 pm
Assunto:
Se foi aluno do Brendel, pode colocar ai que deve saber tocar as sonatas de Beethoven...
Pádua Fernandes
Enviada: Seg Fev 04, 2008 3:19 pm
Assunto:
Laura escreveu:
Genteenn! Qui qui eu ovui no rádio! Um cara chamado
Paul Lewis
tocando a no.10, op.14/2, de um jeito FANTÁSTICO! E vejam que, como eu toco essa sonata, tratei de ouvir com trocentos intérpretes.
Quem é esse? Berber, vc conhece? Vi que ele gravou a integral de sonatas de Beethoven pelo selo Harmonia Mundi e que é/foi pupilo de Alfred Brendel:
O Schubert dele também me agrada bastante. Veja que ele não estará por aqui nos próximos meses:
http://www.harmoniamundi.com/others/artistes_agenda.php?artist_id=1744
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