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[quote="Sarastro"][quote="Paulo Egídio"] Enfim, a partir destas colocações eu queria colocar isto em discussão: Qual Brahms agrada mais? Este com a energia liberada aos roldões, das gravações rápidas ou esta represada, contida - às custas de uma enorme dificuldade -, das versões mais lentas? Como último exemplo: Reitero que pra mim a melodia mais linda da história da música é a do allegretto da terceira sinfonia, mas quando este termo, "allegretto", é lido de modo literal, o andamento perde a graça: Pra mim ele deve ser mais lento do que rápido.[/quote] Lento, na maioria das vezes; já vi as sinfonias com Norrington, que adota tempos bem rápidos e não permite quase nenhum vibrato. A música soa, na maior parte do tempo, bela (a orquestra é excelente - Stuttgart); mas em certas frases sinto que desaparecem algumas das características fundamentais do fraseado Brahmsiano, como uma certa melancolia nas melodias (jamais piegas, e não propriamente tristes - são essencialmente melancólicas) e a necessidade de fazer com que o ouvinte venha a digerir com calma algumas das frases mais longas, justamente porque Brahms não escrevia frases óbvias. Bernstein parece burilar mais as frases, ainda que perdendo alguma coesão ao longo dos movimentos.[/quote]
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IvanRicardo
Enviada: Sáb Mai 23, 2009 7:24 pm
Assunto:
Ricardovsky escreveu:
Agora, uma coisa eu tenho certeza: deve ser mais "fácil" compor algo doidão do que tocar algo doidão.
Sei lá... Às vezes eu penso que é exatamente o contrário. Quando alguém toca doidão alguém pode dizer "sensacional, que grande criatividade, uma visão inteiramente diferente da obra", entre outras atrocidades. Já compor piradão pode fazer algum sentido nas bizarrices musicais que se tem ouvido por aí. Para os grandes mestres do passado a coisa era muito mais cerebral.
Ricardovsky
Enviada: Sáb Mai 23, 2009 12:33 am
Assunto:
Na verdade, não, Laura, pois não se pode generalizar. Essa história de que todo gênio é louco é coisa do Romantismo. Há gente muito doida que não possui nenhum dom artístico assim como há gente totalmente certinha que pode fazer obras maravilhosas. Cada um é de um jeito. Há lugar no mundo para gênios como Bach cuja biografia não deixa evidente nenhuma excentricidade e Beethoven, que dispensa apresentações. Agora, uma coisa eu tenho certeza: deve ser mais "fácil" compor algo doidão do que tocar algo doidão.
Laura
Enviada: Qui Mai 21, 2009 11:28 am
Assunto:
Taí, mano Ricky. Creio que vc matou a charada.
Vc quis dizer que, pra ser intérprete, principalmente de música clássica, precisa ter domínio "físico", digamos assim? E que pra compor, pode delirar? Isso?
Ricardovsky
Enviada: Qui Mai 21, 2009 9:38 am
Assunto:
Uma comparação mais lógica seria comparar Hendrix aos compositores, ou seja, aos criadores das obras e não aos intérpretes das mesmas. Mesmo que os intérpretes encham a cara, eles precisam, como falaram Paulo Egídio e Bruno, de controle, precisão e sobriedade para interpretarem obras de grandes gênios da história da música. O Paulo falou que o Szeryng bebia, mas não ficava bêbado, isso significa que, ele, então, podia beber e tocar. Dúvido alguém conseguir tocar as partitas de Bach doidão. A música por si só já é uma doidera só (no melhor dos bons sentidos, adoro as partitas), se misturar com bebida o intérprete morre de overdose.
Agora, entre os compositores..., há cada um que deixa o Hendrix no chinelo em termos de loucura, sem nem precisar de uma drogazinha: Beethoven, Mussorgsky (esse, na verdade, tomava todas e mais um pouco), Tchaikovsky, Schumann (curioso é que sua música não reflete sua excentricidade) e outros que não me recordo.
Se o Hendrix quebrava sua guitarra depois de suas apresentações, imaginem o que ele não faria se de sua guitarra saísse de improvisso algo como as Variações Diabelli de Beethoven.
Spartaco
Enviada: Qua Mai 20, 2009 8:56 am
Assunto:
Bom dia prestonautas,
Voltando ao assunto Brahms, gostaria de colocar alguns dados biográficos deste extraordinário compositor:
Johannes Brahms
nasceu em 7 de maio de 1833, em Hamburgo na Alemanha, e faleceu em 3 de abril de 1897, em Viena na Áustria.
Filho de um contrabaixista da orquestra do teatro de Hamburgo, foi bem cedo levado ao estudo da música. Tornando-se rapidamente um exímio pianista, fez uma importante
tournée
com o violinista Eduard Remény, que lhe deu a oportunidade de conhecer Joseph Joachim, também violinista, e posteriormente Liszt (em Weimar) e Schumann (em Düsseldorf). Este último escreveu um famoso artigo, para um jornal musical, em que assinalou seu grande talento.
Sua amizade (talvez paixão) pela viúva de Robert Schumann, Clara, continuou até a morte desta em 1896.
No ano de 1862 fixou sua residência em Viena, onde viveu até o fim de sua vida, tendo nesta cidade intensificado a sua produção musical. Em 1876 ele finalmente completou sua Primeira Sinfonia, em que estava trabalhando por vários anos; ela foi descrita pelo regente e pianista Hans von Bülow como a
Décima Sinfonia de Beethoven
e ainda é assim chamada por muitos hoje em dia.
No tocante à sua obra, Brahms compôs 4 sinfonias, 2 serenatas e 2 aberturas para orquestra; 4 concertos (2 para piano, um para violino e um duplo para violino e violoncelo); música sacra, coral, liederística e pianística.
Parte essencial de sua produção é o seu catálogo de música de câmara, que compreende 3 quartetos de cordas, 3 quartetos para piano e cordas, 4 quintetos (2 para cordas, 1 para clarinete e cordas, 1 para piano e cordas), 2 Sextetos para cordas, 2 sonata para clarinete e piano, 3 para violino e piano, 2 para violoncelo e piano, 3 trios com piano e outros 2 para formações diversas, além de outras peças para 2 pianos e para piano a 4 mãos.
Espero, com esse pequeno resumo, demonstrar o imenso valor de um dos maiores compositores de todos os tempos.
Um abraço a todos.
Amancio
Enviada: Qua Mai 20, 2009 8:50 am
Assunto:
Pádua Fernandes escreveu:
Já que a tônica deste tópico é repetir sem variar, fugindo, em termos formais, à música de Brahms...
Mas poderia ser uma passacaglia, como o finale das Variações Haydn: o baixo-tema se repete, sempre com uma firula diferente a mais.
Pádua Fernandes
Enviada: Qua Mai 20, 2009 12:44 am
Assunto:
Já que a tônica deste tópico é repetir sem variar, fugindo, em termos formais, à música de Brahms...
Pádua Fernandes escreveu:
Sim, o Hendrix praticou uma arte de vanguarda de que há poucos paralelos na música clássica.
Bruno Gripp
Enviada: Ter Mai 19, 2009 10:22 pm
Assunto:
A diferença é que o Szeryng e o Björling eram bons apesar de encher a cara post hoc sed non propter hoc, o Hendrix fez aquilo
porque
ele estava drogado.
IvanRicardo
Enviada: Ter Mai 19, 2009 9:04 pm
Assunto:
Caramba, eu estava completamente por fora mesmo. Jamais eu poderia imaginar que esse povo era assim tão chegado a encher a cara. O mundo se acaba e eu nem fico sabendo. Já pensou?
Paulo Egídio
Enviada: Ter Mai 19, 2009 7:18 pm
Assunto:
Laura escreveu:
Alexandre escreveu:
Amancio escreveu:
IvanRicardo escreveu:
Esses caras do rock geralmente só tocam movidos a álcool ou outros alucinógenos.
E o Szeryng? (risos)
O Szeryng tomava umas e outras?
Não, Alexandre, vc não entendeu...
O Stern é que tomava umas e outras, por causa de uma certa Mlle Guarnieri, que o deixou pra trás não entendi bem quando por causa de um concerto duplo... Dizque tinha até um triângulo com um certo Robert, vê se pode.
O meu compadre e a Laura estão impossíveis...
Alexandre e Ivan,
o Szeryng entrava mamado no palco, ao menos nos últimos anos de vida. Testemunhas afirmam que ele bebia quanto queria e não ficava bêbado, e pode ser verdade, porque a primeira palavra que me vem à cabeça quando penso nas interpretações dele é sobriedade (paradoxo dos paradoxos). Tenho um CD no qual o promotor de um concerto dele na Itália em 1977 fala a respeito disto. Aliás, o CD é o registro do concerto, com o pianista Eugene Bagnoli: Sonata 1 de Beethoven, sonata 1 de Brahms e... Partita 2 de Bach.
Pra não fugir do tópico e tomar uma bronca: o Brahms é divino.
Pádua Fernandes
Enviada: Ter Mai 19, 2009 5:19 pm
Assunto:
Nossa? E o Björling?... Daqui a pouco, vão dizer que só aos anjos é permitida a música clássica.
Editando: é melhor nem lembrar dos compositores...
Laura
Enviada: Ter Mai 19, 2009 3:19 pm
Assunto:
Alexandre escreveu:
Amancio escreveu:
IvanRicardo escreveu:
Esses caras do rock geralmente só tocam movidos a álcool ou outros alucinógenos.
E o Szeryng? (risos)
O Szeryng tomava umas e outras?
Não, Alexandre, vc não entendeu...
O Stern é que tomava umas e outras, por causa de uma certa Mlle Guarnieri, que o deixou pra trás não entendi bem quando por causa de um concerto duplo... Dizque tinha até um triângulo com um certo Robert, vê se pode.
Alexandre
Enviada: Ter Mai 19, 2009 12:43 pm
Assunto:
Amancio escreveu:
IvanRicardo escreveu:
Esses caras do rock geralmente só tocam movidos a álcool ou outros alucinógenos.
E o Szeryng? (risos)
O Szeryng tomava umas e outras?
Amancio
Enviada: Ter Mai 19, 2009 9:00 am
Assunto:
IvanRicardo escreveu:
Esses caras do rock geralmente só tocam movidos a álcool ou outros alucinógenos.
E o Szeryng? (risos)
IvanRicardo escreveu:
E digo mais uma coisa: aquelas estripulias de Hendrix tinham pouquíssima coisa de arte.
E o Stockhausen?
Ou melhor... e o Cage?
IvanRicardo
Enviada: Ter Mai 19, 2009 12:41 am
Assunto:
Pádua Fernandes escreveu:
Um momento Hendrix de Isaac Stern!
Rapaz, eu vou dizer uma coisa, não me leve a mal não, mas eu não acho muito bacana esse tipo de comparação não. Esses caras do rock geralmente só tocam movidos a álcool ou outros alucinógenos. E digo mais uma coisa: aquelas estripulias de Hendrix tinham pouquíssima coisa de arte. Eu conheço bem o rock'n'roll, sou um fanzaço do Led Zeppelin, mas esses homens da música erudita fazem parte de outra história. Se eu fosse Stern detestaria essa comparação.
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